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Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
Marco Legal
Objetivos
• Apresentar e discutir o marco legal da ergonomia, suas definições e aplicação das
normas regulamentadoras do trabalho, bem como suas interações.
• Trazer à luz do conhecimento do aluno as premissas da “Comunicação de acidente de
trabalho” – CAT.
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o
último momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo,
você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou
alguns dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns
de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além
de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço
de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE
Marco Legal
Introdução ao Tema
Um dos principais objetivos, no mundo de hoje, é a produção máxima com um custo
mínimo e, recentemente, com o menor uso de recursos possível.
Alguns autores afirmam que, nesse momento, a sociedade mundial passa pela terceira
onda da Revolução Industrial, que é a “onda da tecnologia”. Para “refrescar” a memória,
a “primeira onda” foi a da bomba hidráulica e da máquina a vapor. A “segunda onda”
foi a do aço e da energia elétrica.
Os dias de hoje nos trazem uma realidade, em que vivenciamos “vários momentos”
ao mesmo tempo. É quase um “choque histórico”! Temos ao nosso redor organizações
que utilizam trabalho infantil e escravo. Os telejornais e documentários não nos deixam
esquecer dessa realidade! Outras organizações subjugam seus trabalhadores com tom
coercitivo e exploratório, burlando a lei e corrompendo a fiscalização. Existem, ainda,
organizações, nos dias de hoje, que são verdadeiros exemplos de “boas práticas” nas
ações que realizam...
Com isso, podemos pensar nos conceitos de segurança e de ergonomia que podem
e devem atuar em conjunto com um fator imprescindível na redução dos custos: a
tecnologia e a sustentabilidade.
Existem normas que definem essa relação que são conhecidas como Normas
Regulamentadoras do Trabalho e derivam da Consolidação das Leis do Trabalho
sancionada pelo, então, Presidente da República Federativa do Brasil, Getúlio Vargas,
em 1943.
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Já afirmamos anteriormente que o conceito de ergonomia remonta a história do homem
na Terra. O trabalho para o homem nômade era sair à caça para garantir sua sobrevivência.
Bem mais tarde, quando surge o trabalho remunerado, ou seja, o trabalho humano
assalariado, aparece também a preocupação com eficiência, competitividade, lucros e,
talvez, a exploração do trabalhador. Muitas vezes, a preocupação com lucros rouba a cena
de tal forma que não há espaço para preocupação com o trabalho humano nem com as
condições de trabalho. Com o passar do tempo e o desenvolvimento da sociedade, houve
a necessidade de formalizar, em forma de lei, as relações entre empregador e empregado.
1 ·· Trabalho Assalariado
3 ·· NR’s
4 ·· NR-17 - Ergonomia
6 ·· CAT
Leitura Obrigatória
Surgimento do Trabalho Assalariado
Nos primórdios da Idade Média, com o progresso das cidades e o uso do dinheiro,
os artesãos tiveram opção de abandonar o trabalho na lavoura e viver do seu ofício. No
início, dependiam exclusivamente do seu trabalho e familiares para obtenção do seu
sustento e abastecer a necessidade de uma população pequena, mas crescente. Aos
poucos, as cidades foram crescendo e a demanda aumentando, o que implicou em uma
contratação de mão de obra, trazendo à tona os aprendizes, os quais trabalhavam em
troca de alimento ou até mesmo dinheiro e alguns obtinham recursos para abrirem sua
própria oficina. Com isso, os detentores dos meios de produção (oficina, ferramentas)
passaram a acumular riquezas.
Seguindo a linha do tempo, com o mercantilismo cada vez mais forte, nasce a
necessidade de aumentar os níveis de produção e, com isso, surge a Revolução Industrial.
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Foi nesse cenário que, por engano ou não, houve a exposição do trabalho humano
na forma de longas jornadas de trabalho, até 18 horas por dia, trabalho feminino e
infantil além de algumas organizações exporem seus trabalhadores a castigos físicos.
Mesmo com a Administração Científica de Taylor essas questões não foram amenizadas.
Além disso, frequentemente e equivocadamente, muitas pessoas acreditavam que era o
“taylorismo” que impunha essa dinâmica ao trabalho. Em resposta ao taylorismo veio
Elton Mayo com o “Efeito Hawthorne”, conforme apresentado anteriormente.
Com o fim da escravidão, houve necessidade de mão de obra que começou a vir
da Europa para suprir a necessidade no campo, uma vez que o Brasil da época era
essencialmente agrícola. Com a nossa Revolução Industrial, começou a migração desta
mão obra do campo para as cidades, da mesma forma as condições de trabalho eram
precárias, mas no caso do Brasil, havia uma diferença, os migrantes europeus tinham
ideais, trazendo, assim, um movimento sindical para luta contra abusos.
Este decreto foi assinado em pleno Estádio de São Januário (Vasco da Gama), lotado
de trabalhadores comemorando esta conquista.
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Normas regulamentadoras do trabalho
As Normas Regulamentadoras (NRs), embora estejam contidas no Capítulo V,
Título II, da CLT, foram aprovadas somente em 08 de junho de 1978, através da
Portaria N° 3.214.
NR 1 - Disposições Gerais:
As NRs são de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos
órgãos públicos de adminsitração direta e indireta, que possuam empregados regidos
pela Consolidação das Leis do Trabalho - (CLT). A NR1 estabelece a importância,
funções e competência da Delegacia Regional do Trabalho.
NR 2 - Inspeção Prévia:
Todo estabelecimento novo, antes de iniciar suas atividades, deverá solicitar aprovação
de suas instalações ao órgão do Ministério do Trabalho e Emprego.
NR 3 - Embargo ou interdição:
A Delegacia Regional do Trabalho, à vista de laudo técnico do serviço competente que
demonstre grave e iminente risco para o trabalhador, poderá interditar estabelecimento,
setor de serviço, máquina ou equipamento, ou embargar a obra. (CLT, Artigo 161,
incisos 3.6|3.4|3.7|3.8|3.9|3.10).
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NR 8 - Edificações:
Esta NR estabelece requisitos técnicos mínimos que devam ser observados nas
edificações para garantir segurança e conforto aos que nelas trabalham.
NR 10 - Serviços em Eletricidade:
Esta NR estabelece os requisitos e condições mínimas exigidas para garantir a segurança
e saúde dos trabalhadores que interagem com instalações elétricas, em suas etapas
de projeto, construção, montagem, operação e manutenção, bem como de quaisquer
trabalhos realizados em suas proximidades.
NR 14 - Fornos:
Esta NR estabelece os procedimentos mínimos, fixando construção sólida, revestida
com material refratário, de forma que o calor radiante não ultrapasse os limites de
tolerância, oferecendo o máximo de segurança e conforto aos trabalhadores.
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NR 16 - Atividades e Operações Perigosas:
Esta NR estabelece os procedimentos nas atividades exercidas pelos trabalhadores que
manuseiam e/ou transportam explosivos ou produtos químicos, classificados como
inflamáveis, substâncias radioativas e serviços de operação e manutenção.
NR 17- Ergonomia:
Esta NR visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de
trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar
um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente, incluindo os aspectos
relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos
equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização
do trabalho.
NR 19 - Explosivos:
Esta NR estabelece os procedimentos para manusear, transportar e armazenar
explosivos de uma forma segura, evitando acidentes.
NR 25 - Resíduos Industriais:
Esta NR estabelece os critérios para eliminação de resíduos industriais dos locais de
trabalho, através de métodos, equipamentos ou medidas adequadas, de forma a evitar
riscos à saúde e à segurança do trabalhador.
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NR 26 - Sinalização de Segurança:
Esta NR tem por objetivos fixar as cores que devam ser usadas nos locais de trabalho
para prevenção de acidentes, identificando, delimitando e advertindo contra riscos.
NR 28 - Fiscalização e Penalidades:
Esta NR estabelece que fiscalização, embargo, interdição e penalidades, no cumprimento
das disposições legais e/ou regulamentares sobre segurança e saúde do trabalhador,
serão efetuadas obedecendo ao disposto nos decretos leis.
Para fins de aplicação desta NR, considera-se atividade agroeconômica, aquelas que,
operando na transformação do produto agrário, não alterem a sua natureza, retirando-
lhe a condição de matéria-prima.
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Para fins de aplicação desta NR, entende-se como serviços de saúde qualquer
edificação destinada à prestação de assistência à saúde da população e todas as ações
de promoção, recuperação, assistência, pesquisa e ensino em saúde em qualquer
nível de complexidade.
Espaço confinado é qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação humana
contínua, que possua meios limitados de entrada e saída, cuja ventilação existente
é insuficiente para remover contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou
enriquecimento de oxigênio.
NR 35 -Trabalho em Altura:
A NR-35 estabelece os requisitos mínimos e as medidas de proteção para o trabalho
em altura, como o planejamento, a organização e a execução, a fim de garantir a
segurança e a saúde dos trabalhadores com atividades executadas acima de dois metros
do nível inferior, onde haja risco de queda.
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Documentos complementares
• ABNT NBR ISO/CIE 8995 1:2013 – Iluminação de ambientes de trabalho
(interno). Vigente a partir de 21/03/2013.
• Convenção OIT 127 - Peso máximo das cargas que podem ser transportadas
por um só trabalhador.
Importante
Em função do momento atual, em que o consumismo e globalização estão em alta e as
indústrias necessitando de um aumento de produtividade, os turnos de trabalho estão cada
vez mais comuns, criando problemas com efeitos na saúde e vida social. Então, poucas
pessoas se adaptam adequadamente às alterações dos “relógios biológicos”. Veja:
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o dia, tendo, normalmente, sua mínima de manhã e sua máxima à noite. Isto
coincide com outras mudanças no sistema circulatório, nos tecidos, nas atividades
hormonais e cerebrais que estão adequadas para o trabalho durante o dia e sono
durante a noite.
• Este ritmo biológico não se inverte completamente na mudança dos turnos. Sabe-
se que a adaptação completa não acontece, mesmo depois de várias semanas.
Esta é a razão pela qual o trabalho noturno é mais penoso e porque o sono do dia
é mais curto e menos compensador que o sono normal da noite.
• O trabalho em turno deve ser programado e adaptado para evitar que o trabalhador
se isole socialmente. Para melhorar as condições dos trabalhadores por turnos, é
recomendável agir em duas áreas:
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Imagine-se em uma situação, na qual você seja convidado ou convocado para planejar
a estruturação da implementação da ergonomia em uma organização.
O tema é complexo, todavia, nesse momento, no que diz respeito, somente às normas
regulamentadoras, vamos propor um “caminho inicial” para atender aos requisitos
legais sem, com isso, se perder na complexidade de aplicação de todas as normas
regulamentadoras do trabalho.
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Vamos propor uma modelo de análise/aplicação, partindo das normas de apliação
geral para, posteriormente, partir para as normas de aplicação específicas.
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NR-4
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SESMT
NR-17 NR-5
ERGONOMIA CIPA
NR-7
PCMSO
Figura 2 – Interação entre as normas regulamentadoras de trabalho – Imagem gerada pelo autor
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A identificação dos riscos e sua criticidade serão “dados de entrada” para as seguintes
normas regulamentadoras:
· NR-4 SESMT - Serviços especializados em engenharia e medicina do trabalho;
· NR-5 CIPA – Comissão interna de prevenção de acidentes;
· NR-6 EPI’s – Equipamentos de proteção individual;
· NR-7 PCMSO – Programa de controle médico e saúde ocupacional;
· NR-15 Atividades e operações insalubres;
· NR-17 Ergonomia (contemplada diretamente na NR-9 como “risco
ambiental”.
Perceba que, de acordo com a figura, não somente a NR-9 dá início a todo o ciclo de
implementação das normas regulamentadoras, como fornece elementos para a gestão
das demais normas de maneira que se retroalimentem continuamente, mantendo o
modelo atualizado, vivo.
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Recomendações gerais:
Em face dos aspectos legais envolvidos, recomenda-se que sejam tomadas algumas
precauções para o preenchimento da CAT, dentre elas:
·· Não assinar a CAT em branco.
·· Aoassinar a CAT, verificar se todos os itens de identificação foram devidos e
corretamente preenchidos.
·· O atestado médico da CAT é de competência única e exclusiva do médico.
·· O preenchimento deverá ser feito à máquina ou em letra de forma, de
preferência com caneta esferográfica.
·· Não conter emendas ou rasuras.
·· Evitar deixar campos em branco.
·· Apresentar a CAT, impressa em papel, em duas vias ao INSS, que reterá a
primeira via, observada a destinação das demais vias.
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1ª via – ao INSS;
2ª via – à empresa;
Para este trabalhador, compete ao OGMO e, na sua falta, ao seu sindicato preencher
e assinar a CAT, registrando nos campos “Razão Social/Nome” e “Tipo” (de matrícula)
os dados referentes ao OGMO ou ao sindicato e, no campo “CNAE”, aquele que
corresponder à categoria profissional do trabalhador.
No caso de segurado especial, a CAT poderá ser formalizada pelo próprio acidentado
ou dependente, pelo médico responsável pelo atendimento, pelo sindicato da categoria
ou autoridade pública.
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Neste caso, a CAT também será obrigatoriamente cadastrada pelo INSS.
A CAT poderá ser apresentada no Posto do Seguro Social – PSS mais conveniente
ao segurado, o que jurisdiciona a sede da empresa, do local do acidente, do atendimento
médico ou da residência do acidentado.
Deve ser considerada como sede da empresa a dependência, tanto a matriz quanto a
filial, que possua matrícula no CGC ou no CNPJ, bem como a obra de construção civil
registrada por pessoa física.
Comunicação de reabertura
As reaberturas deverão ser comunicadas ao INSS pela empresa ou beneficiário,
quando houver reinício de tratamento ou afastamento por agravamento de lesão de
acidente do trabalho ou doença ocupacional comunicado anteriormente ao INSS.
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Comunicação de óbito:
O óbito decorrente de acidente ou doença ocupacional, ocorrido após a emissão da
CAT inicial ou da CAT reabertura, será comunicado ao INSS através da CAT comunicação
de óbito, constando a data do óbito e os dados relativos ao acidente inicial. Anexar a
Certidão de Óbito e, quando houver, o laudo de necropsia.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
CLT interpretada.
MACHADO, Costa. CLT interpretada. Editora Manole, 2º edição. São Paulo. 2009.
Leitura
Constituição Federal Interpretada
Inicie suas leituras pelo capítulo II da Constituição (Dos Direitos Sociais) Art. 7°, incisos
XXII, XXIII, XXVIII e XXXIII, ou seja, da página 64 a 65 e 67 a 69 da obra de Costa
Machado, Constituição Federal Interpretada, disponível na Biblioteca Virtual Universitária.
Para acessar esta obra, Acesse o link a seguir.:
Disponível em: https://goo.gl/cEZamh
CLT
Inicie suas leituras pelo capítulo V do Seção II a V da CLT, ou seja, da página 33 a 37,
CLT - 2016, disponível na Biblioteca Virtual Universitária.
Para acessar esta obra, Acesse o link a seguir.:
Disponível em: https://goo.gl/cEZamh
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Referências
BARNES, R. M. Estudo de movimentos e de tempos: projeto e medida do trabalho.
São Paulo. Editora Blucher, 1977.
Sites Visitados
[1] http://www.abergo.org.br - Acessado em maio de 2016.
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