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Recife - PE
2018
Ana Karine Santos Dantas
Bruno Diego de Morais
Recife – PE
2018
SUMÁRIO
1.1 INTRODUÇÃO
Entende-se por empuxo de terra a ação horizontal produzida por um maciço de solo
sobre as obras com ele em contato. O empuxo pode ser entendido também como sendo a
resultante da distribuição das tensões horizontais atuantes em uma estrutura de contenção.
O empuxo de terra tem importância fundamental para obras como muros de arrimo,
cortinas de estacas-prancha, construção de subsolos, encontro de pontes, entre outras, pois a
partir da determinação de seu valor é possível realizar as análises necessárias para elaboração
do projeto. O valor do empuxo de terra, assim como a distribuição de tensões ao longo do
elemento de contenção, depende da interação solo-elemento estrutural durante todas as fases
da obra. O valor e a distribuição do empuxo, ao longo das fases construtivas da obra, varia
com a ocorrência dos deslocamentos horizontais.
Onde:
𝜎′𝑣 = tensão principal horizontal efetiva;
𝜎′𝑣 = tensão principal vertical efetiva;
𝑘0 = coeficiente de empuxo no repouso;
𝑢 = poro-pressão.
i. Ensaio com controle de tensões, tal que h=0. Este ensaio pode ser feito em uma
célula triaxial medindo-se as deformações axial e volumétrica e alterando as
tensões garantindo que axial=vol.
ii. Ensaios de campo: pressiométrico, ensaio dilatométrico e pelo ensaio piezocone
sísmico; Instrumentação de campo (células de pressão).
Observa-se, no entanto, amolgamento do solo pela introdução de elementos para
realizar o ensaio ou coletar as amostras, com isso o valor de k0 está sujeito a incertezas.
Bishop realizou ensaios triaxiais (com h=0) em areias uniformes (porosidade: n =
40%)q que mostraram que em solos normalmente adensados k0 é constante, já em solos pré-
adensados k0 varia com o valor de OCR (razão de pré-adensamento). Como pode ser visto na
Figura 1, no primeiro carregamento o k0 permaneceu constante e variou no descarregamento,
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atingindo valores maiores que 1 (linha azul na figura). Assim, o coeficiente de empuxo varia
com o nível de tensões e a trajetória do carregamento.
Figura 1 – Variação de k0
Figura 3 – Exemplos de empuxos de natureza ativa: (a) muro de gravidade; (b) muro de contenção.
O solo está sob equilíbrio plástico quando todos os pontos estão em situação de
ruptura.
Seja uma massa semi-infinita sob as condições a seguir:
Condição geostática;
Solo seco;
Não coesivo.
As tensões atuantes em uma parede vertical, imaginária será calculada com base em:
𝜎′ℎ0 = 𝑘0 𝜎′𝑣0 + 𝑘0 𝛾𝑧 (3)
Em que:
𝜎′ℎ0 = tensão efetiva horizontal inicial;
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Como pode ser observado nas figuras acima, mantendo-se a tensão efetiva vertical
constante e diminuindo-se progressivamente a tensão efetiva horizontal chega-se ao estado
ϕ′⁄
limite ativo e a ruptura ocorre em superfícies planas com inclinação de 45º + 2; e
mantendo-se a tensão efetiva vertical constante e aumentando-se progressivamente a tensão
efetiva horizontal atinge-se o estado limite passivo e a ruptura ocorre em superfícies planas
ϕ′⁄
com inclinação de 45º − 2.
𝜙′⁄
aproximadamente plana com inclinação de 45º ± 2. No caso da rotação ser pelo topo a
superfície de ruptura não é plana e os pontos de plastificação estão localizados ao longo da
superfície de ruptura, internamente a massa não atinge o limite de plastificação.
Figura 9 – Estados Plásticos: (a) translação (b) rotação pela base (c) rotação pelo topo – estruturas lisas
A condição de muro liso raramente ocorre na prática. Com o muro deslocando, acunha
de solo também é deslocada gerando tensões cisalhantes entre o solo e o muro. No caso ativo,
o peso gera empuxo que é resistido pela resistência ao longo do contato solo-muro e pela
resistência na superfície de ruptura. Com isso, o valor do empuxo considerando a situação de
repouso é reduzido. No caso passivo ocorre o inverso.
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2.1 INTRODUÇÃO
O solo é homogêneo;
O solo é isotrópico;
A superfície do terreno é plana;
A ruptura acontece em todos os pontos do maciço simultaneamente;
A ruptura ocorre sob o estado plano de deformação;
O contato da estrutura de contenção com o solo é perfeitamente liso, isto é, não há
mobilização de resistência no contato solo-muro: δ= 0; essa hipótese acarreta que a
direção do empuxo de terra é paralela à superfície do terreno;
A parede da estrutura de contenção é vertical.
O solo atinge a condição ativa de equilíbrio plástico quando no caso de deslocamento
de afastamento, as tensões horizontais são reduzidas ao valor da tensão principal menor (σ’ha)
sem alteração da tensão vertical. Quando esta tensão é atingida, por maiores que sejam os
deslocamentos não é possível reduzir mais o valor da tensão. Nesse caso, o coeficiente de
empuxo ativo, ka, representa a relação entre a tensão efetiva horizontal e vertical:
𝜎′ℎ𝑎
𝑘𝑎 = (4)
𝜎′𝑣
𝜎1 −𝜎3
𝜏𝑓 = cos 𝜙′ (6)
2
𝜎1 +𝜎3 𝜎1 −𝜎3
𝜎𝑓 = − sen 𝜙′ (7)
2 2
Temos:
𝜎1 −𝜎3 𝜎1 +𝜎3 𝜎1 −𝜎3
cos 𝜙′ = 𝑐 ′ + ( − sen 𝜙′) tg 𝜙′ (9)
2 2 2
Em que:
1−𝑠𝑒𝑛 𝜙′ 𝜙′
𝑘𝑎 = = 𝑡𝑔2 (45˚ − ) (11)
1+𝑠𝑒𝑛 𝜙′ 2
Em que:
1+𝑠𝑒𝑛 𝜙′ 𝜙′
𝑘𝑝 = 1−𝑠𝑒𝑛 𝜙′ = 𝑡𝑔2 (45˚ + ) (14)
2
No caso de tensão total (𝜙 = 0), os coeficientes de empuxo são iguais a 1 e as equações são:
𝜎ℎ𝑎 = 𝜎𝑣 𝑘𝑎 − 2𝑆𝑢 (16)
Considerando:
Solo homogêneo;
Solo seco;
c'=0.
ℎ 𝛾ℎ2 𝑘𝑝
𝐸𝑝 = ∫0 𝑘𝑝 𝛾𝑧𝑑𝑧 = (20)
2
Nos dois casos o ponto de aplicação é situado a uma profundidade de 2/3h (para
maciço homogêneo).
Solo Coesivo
Em solos coesivos, as tensões efetivas horizontais incorporam uma parcela constante
de -2𝑐′𝑘𝑎𝑐 para o caso ativo e de 2𝑐′𝑘𝑝𝑐 para o caso passivo.
𝜎′ℎ𝑎 = 𝜎′𝑣 𝑘𝑎 − 2𝑐′𝑘𝑎𝑐 (21)
No caso ativo, a parcela negativa faz com que a distribuição de empuxos se anule a
uma determinada profundidade (𝑧0 ). Acima dessa profundidade as tenões efetivas horizontais
são negativas como mostra a Figura 15.
21
Figura 15 – Distribuição de Empuxos ativos (c’≠0) em caso de solo sem água e sem sobrecarga
Com isso:
2𝑐′
𝑧0 = 𝛾′√𝑘 (24)
𝑎
Em que:
𝛾′ é em termos efetivo, ou seja, na presença do nível d’água 𝛾 ′ = 𝛾𝑠𝑢𝑏 .
4𝑐′
ℎ𝑐 = 𝛾′√𝑘 (27)
𝑎
22
A região de tração não deve ser considerada em projeto, reduzindo a tensão horizontal.
Ao contrário, deve-se assumir que a sua existência pode acarretar num possível
preenchimento por água na trinca. Neste caso a presença da água gera um acréscimo de tensão
horizontal igual a 𝛾𝑤 𝑧0 .
Recomenda-se nestes casos, duas alternativas de distribuição de empuxo. A primeira
opção considera um diagrama aproximado eliminando a região de tração. A outra opção
combina diagrama aproximado com o empuxo da água preenchendo a trinca de tração.
As equações são válidas para solo homogêneo e o empuxo total é calculado por metro
linear.
Maciço com nível freático
No caso de existência de um nível freático, o problema pode ser resolvido
adicionando-se a parcela da água:
𝐻 𝐻
𝐸𝑎 = ∫0 (𝑘𝑎 𝜎′𝑣 − 2𝑐′𝑘𝑎𝑐 )𝑑𝑧 + ∫0 𝑢(𝑧)𝑑𝑧 (32)
𝛾′𝐻 2 𝑘𝑎 2
𝛾𝑤 𝐻𝑤
𝐸𝑎 = ⌊ − 2𝑐′𝐻𝑘𝑎𝑐 ⌋ + (33)
2 2
Figura 17 – Aplicação do método Rankine (1) Diagrama referente ao solo acima do nível freático; (2) Diagrama
referente ao solo abaixo do nível freático; (3) Diagrama das pressões hidrostáticas.
O diagrama (1) refere-se ao solo acima do nível freático. A tensão horizontal cresce
com a profundidade até a altura do nível d’água. A partir daí, o diagrama permanece
constante, já que o estrato superior pode ser considerado como uma sobrecarga
uniformemente distribuída de valor k(h-hw). O diagrama (2) é referente ao solo abaixo do
nível freático. O diagrama (3) é o das pressões hidrostáticas. Ressalta-se que, uma vez que se
trata do mesmo solo, o diagrama resultante apresenta uma quebra no nível freático, mas não
uma descontinuidade.
𝐸𝑝 = 𝛾𝑧𝑘𝑝𝛽 (40)
√1+𝑠𝑒𝑛2 𝜙−2𝑠𝑒𝑛𝜙′𝑐𝑜𝑠𝜃𝑝
𝑘𝑝𝛽λ = 𝑐𝑜𝑠𝛽 (42)
cos 𝛽+√𝑠𝑒𝑛2 𝜙′−𝑠𝑒𝑛2 𝛽
𝐸𝑎 = 𝛾𝑧𝑘𝑎𝛽λ (43)
𝐸𝑝 = 𝛾𝑧𝑘𝑝𝛽λ (44)
Em que:
𝑠𝑒𝑛 𝛽
𝜃𝑎 = 𝑠𝑒𝑛−1 (𝑠𝑒𝑛 𝜙′) − 𝛽 + 2𝜆 (45)
𝑠𝑒𝑛 𝛽
𝜃𝑎 = 𝑠𝑒𝑛−1 (𝑠𝑒𝑛 𝜙′) − 𝛽 + 2𝜆 (46)
𝐻 𝛾′ℎ2 𝑘𝑝
𝐸𝑝 = ∫0 (𝑘𝑝 (𝛾 ′ ℎ + 𝛥𝑞) + 2𝑐′𝑘𝑝𝑐 )𝑑𝑧 = + 2𝑐′ℎ𝑘𝑝𝑐 + 𝑘𝑝 𝛥𝑞ℎ (48)
2
27
Chega-se a:
𝑠𝑒𝑛2 (𝛼−𝜙)
𝑘𝑝 = 2 (50)
𝑠𝑒𝑛 (𝜙+𝛿)𝑠𝑒𝑛(𝜙+𝛽)
𝑠𝑒𝑛2 𝛼𝑠𝑒𝑛(𝛼+𝛿)[1−√ ]
𝑠𝑒𝑛 (𝛼+𝛿)𝑠𝑒𝑛(𝛼+𝛽)
1
𝐸𝑝 = 2 𝛾𝐻 2 𝑘𝑃 (51)
A hipótese de não haver atrito entre o solo e o muro, adotada pela teoria de Rankine,
raramente ocorre na prática. Com o deslocamento do muro, a cunha de solo também se
desloca, criando tensões cisalhantes entre o solo e o muro.
No caso ativo, o peso da cunha de solo causa empuxo no muro e este será resistido
pelo atrito ao longo do contato solo-muro e pela resistência do solo ao longo da superfície de
ruptura. Com isso, ocorre uma redução no valor do empuxo se considerada a condição em
repouso. No caso passivo, ocorre o processo inverso.
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Haverá, portanto rotação das tensões principais, que antes atuavam nas direções
vertical e horizontal e a resultante do empuxo terá uma inclinação δ, relativa ao ângulo de
atrito solo-estrutura. Adicionalmente, a superfície de ruptura passa a ser curva, como mostra a
Figura 22. Nesta figura, observa-se que a curvatura é mais acentuada para situação passiva,
isto é a rugosidade do contato da parede pouco afeta a condição ativa, com isso a superfície de
ruptura pode ser admitida como reta.
Figura 22 – Curvatura da superfície de ruptura: (A) caso ativo; (B) caso passivo
Figura 23 – Cunha de solo: adesão (cw) e ângulo de atrito da interface solo-estrutura (δ).
Figura 24 – Método de Coulomb, caso ativo, c’=0; (a) esforços atuantes; (b)equilibrio de forças
1
𝐸𝑎 = 2 𝛾𝐻 2 𝑘𝑎 (54)
Solo Coesivo
A teoria de Coulomb pode ser estendida para solos coesivos, introduzindo a parcela de
adesão cw. Assume-se que trincas de tração possam se desenvolver até uma profundidade Zo,
a qual é estimada de acordo com a teoria de Rankine (Equação 24) e as superfícies potenciais
de ruptura se desenvolvem conforme mostra a Figura 26. As forças atuantes na cunha ABCD
são:
I. Peso da cunha W;
II. Reação entre a parede e o solo (P), com inclinação ;
III. Força devido a componente de adesão: Cw cw EB;
IV. Reação R no plano potencial de deslizamento, atuando a um ângulo em relação à
normal;
V. Força no plano potencial de deslizamento devido a parcela de coesão C c' BC .
Figura 26 - Método de Coulomb, caso ativo, solo seco, c’>0: (a) esforços atuantes; (b) diagrama de forças
Presença de água
No caso de existir nível freático, o problema pode ser resolvido adicionando-se a
parcela de água. Uma superfície potencial de ruptura plana e a distribuição de poro pressão
atuante ao longo do plano AB, determinada pela rede de fluxo. Os esforços atuantes na cunha
são originados por:
I. Peso da cunha W;
II. Reação entre a parede e o solo (P), com inclinação ;
III. Reação R no plano potencial de deslizamento, atuando a um ângulo em
relação à normal ao plano;
IV. Resultante das pressões de água atuante ao longo da linha AB.
Figura 27 - Método de Coulomb, caso ativo, presença de água, c’=0: (a) rede de fluxo; (b) esforços atuantes e
diagrama de forças
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2.4.5 Sobrecarga
3.1 INTRODUÇÃO
Figura 33 - Cortina em balanço; (a) Deformada da cortina; (b) distribuição das tensões obtidas da teoria da
elasticidade e plasticidade; (c) Diagrama simplificado.
A tensão horizontal efetiva ativa na base da escavação (P’a), na areia é dada por:
𝑃′𝑎 = [𝛾ℎ1 + (𝛾𝑠𝑎𝑡 − 𝛾𝑤 )ℎ2 ]𝑘𝑎 (55)
A distância da base da escavação até o ponto de tensões nulas (Ponto O) fica definido
como (a):
𝑃′𝑎
𝑎= (57)
(𝛾𝑠𝑎𝑡 − 𝛾𝑤 )(𝑘𝑝 − 𝑘𝑎 )
Em que:
𝑅𝑎 = resultante do empuxo ativo atuante acima do ponto de tensões nula (ponto O).
Aspectos de projeto
ii. O dimensionamento estrutural é feito com base no cálculo do momento fletor máximo,
o qual ocorre na profundidade, onde o cortante é nulo.
A tensão horizontal total ativa no ponto A, na base da escavação (pa), na argila é dada
por:
[𝑝𝑎 ]𝐴 = 𝑞 − 2𝑆𝑢 (61)
Na base da cortina, as regiões ativa e passiva se invertem e, com isso, tem-se, no caso
não drenado:
[𝑝𝑝 − 𝑝𝑎 ]𝐵 = 𝑞 + 4𝑆𝑢 (64)
Em que:
𝐷 = ficha;
𝑅𝑎 = resultante do diagrama de pressões acima do nível de escavação;
𝑞 = tensão vertical ao nível da escavação;
𝑆𝑢 = resistência não drenada do solo;
Aspectos de projeto
𝑅𝑎
ℎ′ = (66)
4𝑆𝑢 − 𝑞
Em que:
46
Na condição do apoio livre (free earth support), a ficha é pequena e a ação passiva do
solo sobre a ficha não é capaz de promover uma restrição efetiva às deformações (e rotação)
na cortina como mostrado na Figura 36. Dessa maneira, o empuxo (Ra) é equilibrado pela
reação (empuxo passivo) ao longo da ficha (esforço P’) e pela reação do apoio (T).
Na condição do apoio fixo (fixed earth support), a ficha é longa o suficiente para
exercer uma restrição efetiva às deformações (e rotação) da cortina como mostrado na Figura
37. Tem-se apenas um esforço adicional (P’) que também auxilia no equilíbrio, acarretando a
redução dos esforços de flexão na parede quanto dos esforços transmitidos ao apoio.
Figura 39 – Cortina com um nível de apoio – método do apoio fixo: (A) linha elástica; (B) distribuição de
momentos; (C) distribuição de empuxos.
Em que:
𝑀 = momento fletor;
𝐸 = módulo de elasticidade;
𝐼 = Momento de inércia;
O dimensionamento das cortinas de apoio fixo, pode ser calculado no pelo método da
viga substituta. Nesse método considera-se que o ponto de inflexão (profundidade onde as
tensões horizontais são nulas) corresponde a um apoio fictício (rótula).
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Como mostrado na Figura 40, a cortina é subdividida em dois tramos AB e BD, ambos
considerados vigas isostáticas.
Considera-se que o empuxo resultante no pé da cortina, é concentrado no ponto D. A
ficha deve ser determinada de modo a prover uma reação R. no nível B da viga substituta
inferior, que supere a reação, nesse mesmo nível importa pela viga superior.
Para esse método, os autores sugerem uma redução no coeficiente de empuxo passivo
(Ep) de até 1,3, para ɸ ≥ 25º, e de até 1,6, para ɸ ≤ 25º.
O cálculo da carga no apoio, T, pelo equilíbrio de momentos em torno do ponto B da
viga substituta superior (AB).
𝑇(ℎ𝑡 + 𝑎) = 𝑅𝑎 𝑦′ (73)
Em que:
𝑅𝑎 = resultante do diagrama de empuxo ativo;
𝑦′ = ponto de aplicação dessa resultante em relação ao ponto B;
(75)
6𝑅
𝑦−𝑎 =√
(𝑘′𝑝 − 𝑘𝑎 )𝛾
Em que:
𝑘′𝑝 = é o coeficiente de empuxo passivo minorado;
No caso de cortinas com vários níveis de apoio, as pressões de terra não podem ser
calculadas pelas terias de Rankine e Coulomb, uma vez que o padrão de deslocamentos não
satisfaz as hipóteses dessas teorias.
Nessa modalidade a medida que as estroncas vão sendo instaladas, elas restringem os
deslocamentos do solo junto a parede, consequentemente os maiores movimentos ocorrem
nos trechos inferiores, ainda não escorados.
Dessa maneira, os empuxos na parte superior da cortina desenvolvem tensões
horizontais que se aproximas da condição de empuxo no repouso, ou mesmo a superam,
gerando tensões mais elevadas. A restrição ao deslocamento no trecho superior da parede
provoca uma redistribuição das pressões de terra por arqueamento vertical.
As cortinas escoradas ao contrário dos muros de gravidade estão sujeitas a influência
de heterogeneidades local, dessa forma, qualquer estronca pode romper-se individualmente,
sobrecarregando as estroncas vizinhas, desencadeando um processo de ruptura progressiva.
Atualmente, divide-se os escoramentos em dois tipos:
3.2.4.1.1 Areias
Para fins de cálculo, adota-se a base da escavação como sendo também uma estronca,
e os resultados de várias obras, mostraram haver uma distribuição de pressões de terra
aproximadamente parabólica, sendo o valor máximo localizado em torno da meia altura da
escavação.
3.2.4.1.2 Argilas
Nas argilas, Terzaghi e Peck (1967), identificaram que o intervalo de tempo entre a
escavação e a instalação da estronca causam variação nos diagramas aparentes de pressões de
terra.
Além disso, também foi constatado que o valor individual de cada nível de estronca
pode variar bastante em cada seção como resultado das heterogeneidades locais. Dessa
maneira, não se deve basear o projeto no registro de uma única estronca.
A resultante de empuxo (Pa) em uma cortina estroncada em argila mole a média, sob
condição não drenada (ɸ=0), pode ser determinada por:
52
1 2 (76)
𝑃𝑎 = 𝛾𝐻 𝑘𝑎
2
Em que:
4𝑆𝑢 (77)
𝑘𝑎 = 1 −
𝛾𝐻
Essa equação é válida desde que 𝑁 = 𝛾𝐻/𝑆𝑢 < 4. Porém, devido a variação no
diagrama de empuxo aparente entre diferentes verticais de uma escavação e entre escavações
de diferentes regiões Terzaghi e Peck (1967), recomendam o emprego de uma envoltória de
empuxo aparente mostrada na Figura 9, em que:
4𝑆𝑢 (78)
𝑘𝑎 = 1 − 𝑚
𝛾𝐻
Sendo m =1, exceto para argilas normalmente adensadas, quando N > 4; nesses casos,
m < 1.
Figura 42 – Envoltória de empuxo aparente em argilas: (A) argilas moles a média; (B) argilas rijas.
Figura 43 – Método do apoio fixo: (A) deslocamento; (B) empuxo; (C) diagrama de momentos.
Figura 44 – Posição do apoio fictício (ponto C) do método do apoio livre: (A) deslocamento; (B) empuxo; (C)
diagrama de momentos.
i. Desprezar o diagrama passivo, substituindo seu efeito por uma resultante (RC);
ii. Calcular as reações de apoios (A, B, C) da viga superior, por meio de soluções
da hiperestática;
iii. Comparar o valor calculado de Rc com a resultante do diagrama passivo
disponível [Rc]d:
a) Se Rc ≤ [Rc]d – o método do apoio livre se aplica;
b) Se Rc > [Rc]d – o método do apoio livre não se aplica. Nesse caso, o cálculo deve
ser refeito considerando o trecho inferior, em balanço, e o diagrama de empuxo
aparente, retangular, abrangendo toda a extensão da cortina. A área desse diagrama
equivale à área resultante da soma dos diagramas ativo e passivo disponíveis.
55
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA