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PERCOLAÇÃO E ADENSAMENTO NOS SOLOS

1° PERIODO DE 2014

Capilaridade nos solos e suas implicações na Engenharia Civil

Cristian Yair Soriano Camelo


Universidade Federal do Rio de Janeiro
Departamento de Engenharia Civil
cysorianoc@unal.edu.co

Abstract: This document presents a brief description of the mechanism of capillarity as physical
phenomenon of fluids, taken from a literature review with particular interest in the water, the object of
analysis in this course. Problems and implications that can occur in civil engineering projects in terms
of the consideration of negative pore pressures are then posed. Finally a mitigation measure of
capillarity and the respective findings of this literature review are presented

Keywords: Capillarity, Pore pressures, Civil Engineering.

1 Capilaridade nos solos


Capilaridade é um exemplo do mecanismo de tensão
superficial nos líquidos. Basicamente o processo de
capilaridade é resumido pelo fato de que a água pode
ser elevada e mantida a certa altura da linha de
pressão atmosférica num tubo capilar de pequeno
diâmetro.
1.1 Mecanismo da capilaridade
A capilaridade é uma combinação de forças de
adesão e coesão. Há substancias sólidas que têm uma
superfície eletronegativa e atraem o oxigeno na parte
eletropositiva das moléculas de água. Os efeitos da Figura 2. Forças atuantes numa coluna de agua
adesão (atração das moléculas de agua, neste caso por capilar ( Kovacs, 1981).
uma superfície sólida) são maiores do que a atração
entre as moléculas de água (coesão). Por isso, é Onde,
possível que a agua possa ascender ao longo da W = peso da coluna de água
superfície sólida do tubo capilar; na interfase água, ar
e superfície sólida, forma-se um angulo menor que T = Tensão superficial
90° ( Figura 1) Patm = Pressão atmosférica
a = angulo do menisco na interfase água, superfície
sólida e ar
Na figura 2 é apresentada a distribuição das pressões
na coluna de agua capilar, acima do nível de pressão
atmosférica, as pressões são negativas, embaixo deste
nível as pressões são hidrostáticas positivas. Em
. consequência, as pressões de poros em qualquer
elevação da coluna de água são o produto da altura
Figura 1. Efeitos capilares da coesão e adesão
medida desde o nível de agua sob pressão atmosférica
( Shames, 1995).
( nível freático em solos ) e seu peso específico.
Olhando de uma forma mais cuidadosa, há uma série
No caso dos solos, a capilaridade produz uma
de forças que actuam sobre a coluna de água capilar,
elevação da agua acima do nível freático. A altura
conforme mostrado na Figura 2.
que pode ser atingida é inversamente proporcional ao
tamanho das aberturas dos sólidos na interface ar-
água.
No Quadro 1, apresentam-se resultados de ensaios de
capilaridade e as faixas de alturas que podem ser
atingidas por diferentes solos não coesivos.

Figura 3. Rachaduras longitudinais na Rodovia


Apasco Irapuato (Rico y Del Castillo, 1995)

Quadro 1. Ensaios de capilaridade (Lane e


Washburn, 1946). 2.3 Aumento da tensão efetiva
As poro-pressões negativas ocorrem na zona capilar,
2. Implicações na Engenharia Civil por tanto, aumentam as tensões efetivas, melhorando
da capilaridade nos solos as condições de estabilidade.
Não obstante, as contribuições em termos de
resistência ao cisalhamento das pressões negativas
Em solos expansivos e colapsíveis, que estão acima
acima do nível freático não são consideradas,
do nível freático, ocorrem pressões de poros
assumindo que elas são iguais a zero.
negativas e se o balanço de entrada e saída da água
permanece constante, os problemas de expansão e As dificuldades associadas com a medição das poro-
colapso não estão presentes. No entanto, se existirem pressões negativas e sua incorporação nos análises de
alterações no conteúdo de umidade no solo, serão estabilidade, são as principais razões para esta
produzidas mudanças nas pressões de poros, prática. É bastante razoável supor que as pressões
aumentos do volume nos solos expansivos e negativas são zero em situações nas que a maior parte
diminuição do volume nos solos colapsíveis. da superfície de deslizamento esta sob o nível
freático.
2.1 Problemas de compactação
No entanto, há casos nos quais é importante ter em
Alguns solos como siltes não plásticos, areias muito consideração as poro-pressões negativas, como
finas, quando se compactam em áreas onde o nível quando o nível de água é mais profundo e não há a
freático é alto, atraem agua capilar à superfície e certeza da localização da superfície de deslizamento
tornam-se friáveis com a perda quase total de sua (Figura.4).
resistência.
2.2 Rachaduras em aterros Além disso, as poro-pressões negativas devem ser
consideradas em estudos de “back analysis” quando
Em locais com forte ação climática (longas se deseja analisar menanismos falha em encostas de
temporadas de chuvas seguidas de temporadas secas), solos secos ou parcialmente saturados.
é possível imaginar que no final da estação, os
materiais do aterro tenham um alto conteudo de agua
pela ação combinada dos efeitos naturais e a
capilaridade, de modo que quando começar a estação
seca seja produzida uma forte evaporação do solo
exposto, que ocorrera principalmente nos taludes de
corte do aterro gerando contrações volumétricas e
rachaduras longitudinais ( Figura 3 ).

2
3 Conclusões

 Os exemplos mostrados acima mostram que


há muitas situações práticas que envolvem
solos não saturados que precisam de um
conhecimento das condições de percolação,
câmbios de volume e características de
resistência ao cisalhamento.

 Os câmbios da resistência ao cisalhamento


nos solos geralmente traduzem mudanças
nos fatores de segurança.

 Em casos de taludes, as poro-pressões


negativas produzem sucção, aumentando as
tensões efetivas.
Figura 4. Talude com nível freático profundo
(Fredlund e Rahardjo, 1993).
 Os tipos de problemas nos quais as poro-
2.4 Elevações do nível freático sob lagoas pressões negativas têm ganhado maior
de retenção de resíduos (Mounding) atenção são aqueles que têm relação com
argilas expansivas.
Materiais residuais de operações mineiras e
industriais são armazenados como líquidos em diques
de baixo nível. Os locais ideais para estas estruturas
são aqueles que têm solos onde o nível freático é
profundo. Não obstante, os solos acima do nível Referências Bibliográficas
freático têm poro-pressões negativas e podem estar
parcialmente saturados ( figura 5). [1] Shames, Irving H. Mecánica de Fluidos. ( Mc
Graw Hill, 1995), pp 24.
Muitas vezes tem sido assumido que, enquanto as
poro-pressões, mantenham-se negativas, há pouco ou [2] Lambe William. Soil Mechanics (Jhon Wiley
nenhum movimento de fluidos para baixo a partir da and Sons, 1969), pp 245, 246.
lagoa de retenção. No entanto, nos últimos anos, tem- [3] Fredlund D.G, Rahardjo H. Soil Mechanics for
se observado que podem ocorrer elevaçoes do nível Unsaturated Soils (Jhon Wiley and Sons, 1993),
freático embaixo da lagõa, mesmo que os solos pp 3, 6.
intermédios estejam não saturados. Por tanto, grandes
quantidades de residuos de contaminantes das aguas [4] Charles WW, Menzies B. Advanced Soil
podem percolar ao longo dos solos, embora as Mechanics and Engineering (Taylor and
pressões de poros negativas sejam mantidas. Francis, 2007), pp 207).
[5] Kovacs W.D, Holtz R. An introduction to
geotechnical engineering (Prentice Hall, 1981),
pp 168, 169.

Figura 5. Exemplo de elevações do nível freático


pela percolação ao longo de um solo não saturado.

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