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15 anos a crescer

De clínica a hospital em década e meia. Aquilo que começou com um investimento modesto e equipamento
em segunda mão, chega agora a atender 40 utentes por dia. Falamos do Hospital Veterinário do Seixal.
Ricardo Martins

HOSPITAL VETERINÁRIO DO SEIXAL

Tudo começou com um

«investimento modesto

e equipamento em segunda mão»,

revelou Ana Perdigão, médica

veterinária, directora clínica

e proprietária do Hospital

Veterinário do Seixal

A ponte é uma passagem para a outra margem. todos os projectos que trazem algo de útil e proveito- os cuidados de saúde tecnicamente mais avançados a
Assim afirmavam melodiosamente os extintos Jafu- so para o meio onde se inserem. Em 2001 foi adqui- animais de companhia, com compaixão e dedicação,
mega, na década de 80 do século passado. E “outra rida outra loja no mesmo prédio onde funcionava o prestando o melhor apoio, formação e informação aos
margem” é também uma das usuais designações atri- centro, tendo assim sido feita uma ampliação às ins- seus donos».
buídas pelo centralismo lisboeta à margem sul do rio talações. E com maiores instalações, mais profissio- Situado junto ao quartel dos bombeiros do Seixal,
Tejo. No entanto, e lembrando polémicas recentes, o nais são necessários, pelo que nesse início de milé- o hospital está implantado numa área de 600 m2, com
“deserto” não está tão despovoado quanto isso. O nio o centro contava com três médicos veterinários e parque de estacionamento e área exterior para ani-
Seixal comprova isso mesmo, ou não fosse elucidati- três auxiliares. mais. Dos espaços cobertos propriamente ditos, com
va a promoção de vila a cidade ocorrida em 1993. Um uma superfície de 300 m2, destacam-se os três con-
ano depois era plantada a semente daquilo que viria Promoção em 2006 sultórios, o bloco operatório, a sala de preparação e
a ser um hospital. Foi nesse ano que surgiu a Clínica exames, o laboratório, a área de farmácia, e sala de
Veterinária do Seixal, e tudo começou com um «inves- Em 2006 dá-se o ano da grande mudança, com a radiologia, e uma área de recepção onde se inclui um
timento modesto e equipamento em segunda mão», transferência para novas instalações e consequente espaço infantil. O hospital dispõe também de 25 bo-
como revelou Ana Perdigão à VETERINÁRIA ACTUAL, promoção do espaço à denominação de Hospital Ve- xes de internamento, divididas da seguinte forma:
médica veterinária, directora clínica e proprietária do terinário do Seixal. Entre os seus quadros está ago- cinco na área de recobro pós cirúrgico; 13 na sala de
hospital. ra uma equipa permanente de quatro médicos vete- internamento geral; três na sala de internamento para
A aposta traduziu-se então num horário alargado rinários, três técnicos auxiliares e uma recepcionista. doenças infecto-contagiosas; e, por fim, quatro boxes
de 50 horas por semana, com hospitalização e aten- Além disto, colaboram também três médicos veteriná- ao ar livre.
dimento de urgências. Entretanto, o negócio começou rios em consultas de especialidades. Nas palavras de Com um serviço de urgência de 24 sobre 24 horas
a evoluir, como seria desejável que acontecesse com Ana Perdigão, a grande missão do hospital é «prestar através de atendimento telefónico, as instalações es-
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HOSPITAL VETERINÁRIO DO SEIXAL


A grande missão do hospital

HOSPITAL VETERINÁRIO DO SEIXAL


é «prestar os cuidados de saúde

tecnicamente mais avançados

a animais de companhia, com

compaixão e dedicação, prestando

o melhor apoio, formação

e informação aos seus donos»

tão abertas também em horários alargados. Nos dias


úteis funciona das 9h às 21h, enquanto que ao sába-
do está aberto das 9h às 18h, e no domingo das 10h
às 13h. Conta sempre com a presença permanente de
dois médicos veterinários, que ocupam dois dos con-
sultórios. O terceiro consultório disponível é utilizado
para tratamentos e pensos, que normalmente são re-
alizados por uma técnica auxiliar. Este espaço é tam-
bém o local a utilizar para a entrada de situações de
emergência. Isto tudo para atenderem clientes que
podem atingir os 40 por dia, e nunca menos de 20.
ocorre com relativa frequência em iguanas e tartaru- que acontece noutros países, ainda não estão gene-
Tudo culpa dos utentes gas. ralizados em Portugal os seguros de saúde para ani-
Não fugindo à regra que é (felizmente) cada vez mais, «por vezes os donos tem dificuldade em fazer
Em declarações à VETERINÁRIA ACTUAL, Ana Perdi- mais frequente, o hospital dá uma grande importân- face a custos inesperados, comprometendo a realiza-
gão afirma que «tivemos uma evolução grande nestes cia às adopções de animais. Segundo a directora, ção de exames diagnósticos ou procedimentos tera-
15 anos». E isso deveu-se «ao nosso trabalho e à fide- «algumas pessoas contactavam-nos porque tinham pêuticos mais complexos e dispendiosos».
lidade e apoio os nossos utentes». Só assim se con- animais para dar para adopção, enquanto outras pes- Apesar de existirem casos de maior desapego aos
seguiu passar de «pequena clínica a hospital». E o de- soas nos procuravam porque pretendiam adoptar um animais, ou de impossibilidade financeira para reali-
sejo é o de «continuar a evoluir no sentido de uma animal de companhia, assim surgiu a ideia de colocar zar os procedimentos necessários, também existem,
prestação de cuidados de saúde cada vez melhores este espaço no site». Trata-se de uma zona apelidada felizmente, situações contrárias. Encontra-se em tra-
e, à medida que a equipa cresce, conseguir manter o de “Centro de Adopção”, onde qualquer pessoa pode tamento no hospital um cachorro que foi adoptado
bom ambiente e espírito de união que tem sido sem- colocar um anúncio, enviando texto e foto para o en- com uma deformidade num membro anterior, nome-
pre a principal mais-valia do nosso centro». dereço de e-mail adopcao@hospitalveterinariodosei- adamente a ausência do rádio. Isto, como afirmou a
A presença mais frequente neste hospital é asse- xal.com. O hospital serve assim de mero intermediá- responsável pelo hospital, «terá correcção com a sec-
gurada pelos cães. De resto, é melhor falar em gran- rio, papel de não menos importância. ção do cúbito e colocação de um aparelho que afas-
de maioria, uma vez que representam cerca de 70% ta os dois topos ósseos que permita aumentar o com-
dos animais atendidos. Já os gatos “limitam-se” a Dinheiro em falta primento do osso». E este é um processo demorado,
preencher uma percentagem de 25%, enquanto que complicado e dispendioso. No entanto, os proprietá-
os restantes 5% são animais exóticos. E é este gru- Mas nem tudo são rosas, e o hospital depara-se rios do animal vão optar por fazer o tratamento por-
po que leva a que por vezes se realizem alguns pro- com algumas dificuldades. Ou melhor, com as dificul- que, por coincidência, «um dos donos nasceu com um
cedimentos menos habituais como a destartarização dades dos outros. Ana Perdigão afirma que o principal problema congénito semelhante e foi submetido ao
de furões, a ovariohisterectomia de coelhas, e limpe- problema se «prende com as restrições económicas mesmo tipo de tratamento». E isto diz tudo sobre a
za cirúrgica de abcessos em répteis, intervenção que dos nossos utentes». E uma vez que, ao contrário do paixão que os animais merecem. z

Veterinária Fevereiro
Actual 2009

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