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FACULDADE REBOUÇAS DE CAMPINA

GRANDE BACHARELADO EM MEDICINA

VETERINÁRIA DISCIPLINA DE FISIOLOGIA II

DIRIGIDA POR ARTHUR HENNYS

PÉROLA LUARA CAVALCANTI GOMES DE


OLIVEIRA

O PROCEDIMENTO DA EUTANÁSIA NA CONCLUSÃO DO ÓBITO DE


MARLEY: AÇÃO DA EUTANÁSIA NO SISTEMA CARDIOVASCULAR.

RESENHA CRÍTICA DO FILME MARLEY & EU.

Campina Grande, 2021


RESUMO GERAL

Tanto o filme quanto o livro, em seu contexto geral, traz um conceito bem clichê
de casal apaixonado que quer iniciar uma família, mas não sente-se pronto para um bebê
então, assim, resolvem adotar um cachorro. Entretanto, o que não se espera é que esse
cachorro seja totalmente fora dos padrões e tenha independência de suas ações e
reações, mas que, ainda assim, seja um bebê.
Sendo nomeado de Marley, este animal demonstra, na maior intensidade, todos
os seus medos e anseios, também não se acanhando em expor todo o amor que sente por
seus tutores. A história, em si, não possui nada de extraordinário, fantasioso e que nunca
tenha sido relatado em outros filmes sobre cachorros. Muito pelo contrário, trata-se de
uma história tão normal e cotidiana, que se torna especial pela autenticidade dada ao
animal protagonista. Ou seja, o diferencial desse filme é trazer o animal, Marley, como
protagonista, onde todos os personagens giram ao seu redor e não o contrário. Marley
não é um cachorro como qualquer outro demonstrando e apresentando em seriados,
filmes e afins. Este, conforme relatado no passar do filme, pesa quase 50kg e possui
uma energia infinita, tornando a vida dos seus tutores uma verdadeira bagunça.
Então, é aí que encontramos o intuito de aprendizagem que o filme acarreta, ele
ensinará ao casal, desde jovem até a maturidade, o que é o amor incondicional e a
paciência com as limitações e características do outro, mesmo que esse outro seja o
destruidor do seu carpete.

RESENHA CRÍTICA

Apesar de ser um filme de aprendizagem, algumas questões do mesmo poderiam


ser analisadas, avaliadas ou relatadas de modo mais abrangente e detalhado. Como, por
exemplo, a relação de Marley com Jenny (tutora de Marley) e com Patrick, Conor e
Colleen. O enfoque total foi realizado dentro da relação entre homem e cachorro, dando
ênfase à relação entre “o homem e seu melhor amigo”, mas esquecendo que Marley era
amado por toda a família de John e que havia feito parte do crescimento e criação de
seus filhos, estando presente em diversos momentos marcantes e importantes de todos
os Grogan.
Além disso, a doença que acomete Marley fica muito interrogativa, não sendo
explicada de modo total pela médica veterinária ou pelo contexto geral do filme.
Então, isso faz com que a doença não fique completamente evidente, tanto para os
tutores do animal quanto para o público que acompanhou a trajetória do filme.
Não há descrição de como houve o padecimento de Marley e como a doença
alterava sua condição de vida e bem-estar cotidiano. Ademais, também é válido salientar
que a explicação e a atuação da médica veterinária acerca da doença não foi
esclarecedora. Haveriam procedimentos a serem feitos não só para prevenir, como tentar
amenizar a situação do animal. Se Marley iria fazer a eutanásia que, de todo modo, o
mataria, por que não indicar a cirurgia, que tinha risco de falecimento, mas também tinha
risco de excelência? Levando em consideração que, na primeira vez em que Marley foi
levado para consulta, sua idade ainda não era avançada, a cirurgia poderia ter tido êxito
total. Então, esses são questionamentos fazem com que tenha-se dúvidas se seu
diagnóstico foi, de fato, conclusivo. Portanto, a opção de fazer a cirurgia não foi dada ao
tutor, apenas a opção de recorrer a eutanásia.

TORÇÃO GÁSTRICA

Mesmo que a doença que acometeu Marley não tenha sido explicitamente
relatada no filme, trata-se de uma torção gástrica ou de estômago, que é muito comum
em cachorros grandes ou gigantes que comem e bebem água em volume avantajado, ou
acima do normal canino, e entram em movimento logo após essa ingestão. Esta é
caracterizada pelo fato da movimentação, após ingestão de um grande volume de
alimentos, fazer com que o estômago do animal venha a “dar uma volta” em si,
acarretando uma torção e, então, essa torção passa a bloquear, de modo parcial ou total,
a drenagem estomacal do animal. Ou seja, a saída de alimentos do estômago começa a
ser impedida e isso acaba por acarretar gases e aumento de volume do órgão (inchaço
apresentado no abdômen de Marley).
Decorrente disso, o animal passa a ter necrose tecidual devido ao estreitamento
da parede do estômago e, também, de seus órgãos vizinhos. Porém, ainda não há uma
explicação plausível acerca do motivo específico dessa doença distender o estômago tão
fortemente que possa faze-lo ficar torcido, trazendo dor ao animal e a possibilidade de
falência. Ressaltando que, além da torção do estômago, pode ocorrer a torção do baço
que ainda tornará mais grave a situação e implicará na sua remoção.

A AÇÃO DA EUTANÁSIA NO SISTEMA CARDIOVASCULAR

De acordo com o § 1º do Art. 14 da Lei nº 11.794, de 2008, a eutanásia é


definida como a prática de causar a morte de um animal de maneira controlada e
assistida para alívio da dor e/ou do sofrimento, eutanásia se justifica, para o bem do
próprio indivíduo, em casos de dor ou sofrimento, a partir de um determinado nível, que
não podem ser mitigados de imediato, com analgésicos, sedativos ou outros métodos ou
quando o estado de saúde ou bem-estar do animal impossibilite o tratamento ou socorro.
Ainda de acordo com tal lei, o Conselho Federal de Medicina Veterinária
estabeleceu que há 20 técnicas de eutanásia aceitáveis dentro do âmbito clínico-
cirúrgico, variando entre métodos físicos ou químicos. Como estamos abordando um
caso específico de um cachorro, cabe ressaltar que a forma mais comum é pela injeção
letal, que é um método químico. O método químico vai ter base no uso de agentes
anestésicos de forma injetável ou inalatório. Nesse caso, é ênfase é dada ao método
injetável, tendo em vista que este foi o método utilizado no filme aqui relatado.
Primeiramente, cabe ressaltar que o método injetável deve ser, preferencialmente,
intravenoso, ou seja, relativo ao interior da veia (outras vias poderão ser preconizadas, a
depender da espécie). De início, a anestesia (geralmente, o propofol é utilizado) para que
o animal seja conduzido ao sono quase que comatoso, é aplicada para garantir que o
animal não sentirá nenhum desconforto. Após o estado de sono ser verificado, há a
inserção intravenosa do líquido eutanásico, normalmente sendo o cloreto de potássio
(KCl), que irá parar o movimento do músculo cardíaco. Como o potássio também
participa da contração muscular e a falta dele causa enfado no corpo do animal, o
excesso do mesmo fará com que o músculo pare por inteiro. Então, a abundancia do
KCl no corpo do animal acarretará a redução dos batimentos cardíacos, arritmia
cardíaca e fraqueza muscular em questão de segundas, havendo a diminuição em menos
de 180s, devendo haver o acompanhamento da parada dos batimentos pelo estetoscópio.
Então, a inserção do KCl (cloreto de potássio) no corpo do animal causará um
desequilíbrio eletrolítico, já que o potássio tem importantes funções na transmissão de
impulsos nervosos para contração muscular. Por fim, a eutanásia é prosseguida de
efeitos depressivos no sistema nervoso central, chegando à inconsciência e a parada
cardiorrespiratória. Ressaltando que, mesmo com a comprovação da eficácia do método
da eutanásia, todos os sinais a seguir devem ser associados para confirmar a morte do
animal como, por exemplo, a ausência de movimento respiratório (apneia); a ausência
de batimentos cardíacos (assistolia), etc.

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