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FEPI – CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ITAJUBÁ

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

Maria Eduarda Costa Pereira Leite

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Raquitismo do gato morcego – Relato de caso

ITAJUBÁ
2023
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FEPI – CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ITAJUBÁ

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

Maria Eduarda Costa Pereira Leite

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Raquitismo do gato morcego – Relato de caso

Relatório apresentado a disciplina de Estágio


Supervisionado do curso de graduação em Medicina
Veterinária do Centro Universitário de Itajubá - FEPI,
como requisito parcial para obtenção do grau de
Médico Veterinário.

ITAJUBÁ
2023
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................4

2 RELATO DE CASO ...............................................................................................5

3 CONCLUSÃO ........................................................................................................9

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................10

Anexo 1.....................................................................................................................11
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1 INTRODUÇÃO

O estágio supervisionado foi realizado na área de clinica medica de pequenos,


no período de agosto a dezembro de 2023, sob supervisão da Professora Eloiza de
Souza e Silva Ribeiro.

Durante o estágio foi atendido um gato, macho, SDR, com aproximadamente 8


meses de idade, no qual foi resgato da rua onde não comia, não bebia e também não
se locomovia. Devido as circunstancias o animal chegou na clínica para avalições em
estado precário. Foi solicitado um raio x para melhor avaliação no caso onde se
observou que o animal apresentava um caso avançado de raquitismo.

O raquitismo é caracterizado pela falta de mineralização, particularmente da


matriz da cartilagem fisária, que é responsável pelo crescimento dos ossos longos.
Essa doença pode ser resultante da deficiência de fosforo, cálcio e vitamina D.

Esse relatório de estágio supervisionado tem como objetivo relatar e discutir o


caso das alterações radiográficas que o animal apresentou no exame, sinais clínicos
e conduta de tratamento.
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2 RELATO DE CASO

Foi atendido um gato, com aproximadamente 8 meses de idade, SRD, macho.


O animal foi encontrado em estado de abandono nas proximidades do presidio de
Itajubá – MG, a principal queixa era de que ele não se locomovia. A avaliação do caso
constatou que ele sentia dor a palpação e ao estimulo de movimentação dos
membros, principalmente do anterior esquerdo e apresentava dificuldade de se
manter em estação (figura 1), devido a isso foi solicitado um raio x para melhor
avaliação do caso. O diagnóstico foi de raquitismo grave por desnutrição, onde é
possível observar a falta de mineralização óssea nos membros e placa fisária ainda
aberta (figura 2 e 3), além de uma deformidade no ombro esquerdo. Neste caso o
animal corria grande risco de sofrer fraturas, por causa da sensibilidade em que os
ossos se encontravam.

Devido ao estado grave de raquitismo e pelo animal se encontrar em estado de


sofrimento, optou-se pela eutanásia, visto que nenhum outro tratamento seria efetivo
para alivio da dor.

Figura 1: Animal em decúbito lateral.

Fonte: arquivo pessoal, 2023.


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Figura 2: Raio x laterolateral esquerdo, onde é possível observar áreas de


desmineralização dos membros.

Fonte: arquivo pessoal, 2023.

Figura 3: placa fisária aberta (seta).

Fonte: arquivo pessoal, 2023.

De acordo com Fré et al. (2016) relata que a maior parte do crescimento animal
ocorre entre o 3º e 6° mês. A placa fisária é um tecido cartilaginoso presente nas duas
extremidades dos ossos longos, e é responsável pelo alongamento ósseo, aquisição
de estrutura esponjosa ou trabecular e acumulo de massa óssea trabecular durante o
desenvolvimento. O animal tinha aproximadamente 8 meses e ainda tinha uma placa
fisária aberta.
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Segundo Donald Trhall (2019) o raquitismo recebe este nome quando acomete
animais jovens antes do termino do crescimento, é definido como um defeito na
mineralização da matriz osteoide e está relacionada com qualquer fator que cause a
redução de cálcio. A falta de Ca ou fosforo pode ser primária (causa dietética) ou
secundária (deficiência de vitamina D). No caso deste relato, a possível causa do
raquitismo era a forma primaria, visto que o animal foi abandonado ainda jovem sem
receber o devido suporte nutricional.

Conforme Kealy et al., (2012) relata, em animais com raquitismo os sinais


radiográficos se apresentam com espessamento das cartilagens fisárias e contorno
irregular (figura 3), a borda metafisária do osso junto à cartilagem fisária se torna
alargada, côncava e apresenta contorno irregular, os ossos longos apresentam
desmineralização e enfraquecimento, podendo ocorrer arqueamento ou dobramento,
além disso pode ocorrer o fechamento incompleto das placas fisária. Neste relato foi
possível observar essas alterações no raio x do animal, principalmente de áreas de
mineralização insuficiente.

Figura 3. Raquitismo. As cartilagens fisárias distais do rádio e da ulna (setas) estão


espessadas e as metáfises apresentam bordas irregulares, aumentadas e côncavas.

Fonte: Kealy, McAllister, Graham, 2012.


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Como aponta Crochik et al., (1996), sinais clínicos começam a aparecer entre
6 e 14 semanas de idade como retardo de crescimento, apatia, fraqueza muscular e
encurvamento do osso sob o peso de andar e o estresse de contração muscular. Além
de aumento de volume das extremidades dos ossos longos. Neste relato o animal não
apresentou aumento de volume nas extremidades, entretanto apresentou os outros
sinais clínicos, principalmente de apatia e fraqueza muscular.

Para Mechica (1999) o tratamento do raquitismo é realizado através da


ingestão de alimentos que contenham Ca, P e vitamina D e com exposição a luz solar.
Para pacientes que apresentam a falta desses fatores, a correlação da dieta e
exposição a luz solar, em geral, são suficientes. Devido ao estado de saúde do animal
e o estágio avançado da doença, optou-se por realizar eutanásia com o intuito de
alivia-lo do sofrimento.

Nas palavras de Cardoso (2002) a utilização dos métodos químicos para a


eutanásia, são os de melhores resoluções, não causando traumas aparentes ao
animal. Os agentes farmacológicos não inalantes são os mais utilizados e o melhor
método de escolha. O pentobarbital é administrado via endovenosa e recomenda-se
o dobro ou o triplo da dose anestésica para se obter êxito total na prática. O hidrato
de cloral e cetamina são anestésicos dissociativos, por conta disso quando
administrada e já em estado de anestesia, são mantidos os reflexos oculares. A
cetamina ainda apresenta excelentes resultados quando combinada com outras
drogas, como a xilazina e os benzodiazepínicos. A conduta tomada nesse relato foi a
de obter o acesso venoso para administração das drogas, primeiramente foi
administrado cetamina 6mg/kg e xilazina a mesma quantidade, em seguida 6mg/kg
de propofol e 3 ampolas de cloreto de potássio.
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4 CONCLUSÃO

Pode-se concluir a partir do estágio que o raquitismo obtido por distúrbio


nutricional é raro, visto que hoje em dia a maioria das rações vem com a
disponibilidade de Ca, P e vitamina D necessário para a dieta do animal. Porem em
casos de abando onde o animal passa muito tempo sem se alimentar, principalmente
filhotes, pode ocorrer a falta de mineralização óssea, ocasionalmente de forma grave,
causando também o não fechamento das placas de crescimento ocasionando no
espaçamento da cartilagem fisária, onde o animal para de crescer e a fraqueza de se
colocar em estação e movimentar-se.

É de extrema importância a dieta equilibrada para a saúde dos animais, com


ração de qualidade e disponibilidade ideal. Em animais diagnosticado, realizar o
tratamento ideal repondo as perdas que ocorreram.

Em casos de eutanásia realizar o procedimento mais tranquilo e humanitário,


evitando a dor e o estresse ao animal.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARDOSO, C. V. P. Eutanásia. Fiocruz. Rio de Janeiro, 388 p., 2002. Disponível em:
https://books.scielo.org/id/sfwtj/pdf/andrade-9788575413869-32.pdf. Acesso em: 8
novembro 2023.

CROCHIK, S.S.; IWASAKI. M.; STERMAN. F. A. Aspectos clínicos e radiográficos


de osteodistrofias de origem nutricional no cão jovem. Braz. J. vet. Res. anlm.
Scl. São Paulo, v.33, n.4, p.239-243, 1996.

FRÉ, J. C.; MARQUES, S. M. T.; ALIEVI, M. M. Fratura em linha de crescimento de


cães e gatos: Revisão. v.10, n.11, p.826-834, nov., 2016.

MECHICA, J. B. Raquitismo e Osteomalacia. Arq Bras Endocrina Metabo. São


Paulo, vol 43, n. 6, p. 462-463, 1999.

KEALY, J. Kevin. et al. Radiografia e Ultrassonografia do cão e do gato. 5 ed. Rio


de Janeiro: Elsevier, 2012. 685 p.

THRALL, Donald E. Diagnostico de Radiologia Veterinária. 7 ed. Rio de Janeiro:


GEN Guanabara Koogan, 2019. 359 p.

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