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Tabus, crenças culturais e

hábitos alimentares ou
práticas de alimentação
exótica.

Ciclo 2
NÚCLEO 7
PLANO DE AULA

Temática Principal: Tabus, crenças culturais e hábitos alimentares ou práticas de alimentação exótica.
 
Conteúdos:
• A cultura humana como objeto de estudo; Como opera a Cultura Alimentar? Saber popular × Saber
cientifico
• Tabus, crenças culturais e hábitos alimentares ou práticas de alimentação exótica.

Objetivo de Aprendizagem:
• Conhecer e participar ativamente de práticas de grupos regionais, como resgate e fortalecimento de
identidades regionais;
• Conhecer Tabus e hábitos alimentares exóticos respeitando a diversidade alimentar;
Saber Popular × Saber Cientifico

• Quase todos nós já ouvimos alguma • Atenção


história, lenda urbana, sobre alimentos que
são bons por um motivo ou fazem mal por
outro. Isso acontece porque, paralelamente • Ao contrário disso, um saber é
ao aos saberes considerados científicos,
existem os saberes populares.
considerado científico quando é
• Mas qual a diferença entre eles? formado a partir de uma teoria
• Saberes populares são aqueles que ou hipótese, validado por meio
nascem, se consolidam e se propagam em de métodos reconhecidos pelo
meio à população, não tendo nenhuma campo científico, comprovado ou
validade científica, método ou teoria
comprovada. demonstrado empiricamente.
Saber Popular × Saber Cientifico
Existe o melhor??
• Por muito tempo, o primeiro era • O saber científico deve-se fazer entendido pelo saber
popular.
visto como verdade e o segundo • A ciência adota uma taxinomia muitas vezes
como algo errado, pouco confiável. impronunciável pelo senso comum, tornando
complicada a compreensão desse tipo de linguagem
• Hoje já sabemos que nem o pelos leigos e, em consequência, dificultando a
comunicação entre os dois saberes.
conhecimento científico é • É ideal que se busquem estratégias de forma a
totalmente livre de erros e viabilizar a comunicação entre profissionais da saúde
inverdades, nem o conhecimento e as comunidades envolvidas nas ações de saúde.
• Cremos que a criação de metáforas simplifique os
popular está sempre totalmente termos existentes ou traduza-os, quando necessário,
errado. (Schwartzman, 1998, p. 1). para a linguagem nativa, a fim de que a comunidade
trabalhada seja beneficiada com o avanço científico e
com os conhecimentos relacionados à saúde.
Conferência Popular lança guia comentado da Cultura
Alimentar na Lei Aldir Blanc
• Comer é também ato social, cultural e político. Na Conferência • Em 29 de junho de 2020 foi lançada a Lei de Emergência
Popular por Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, o Cultural Aldir Blanc (Nº 14.017), fruto de um amplo
tema mobilizador “comida de verdade como patrimônio” processo de mobilização e participação popular. A lei
expressa a importância e relação da cultura alimentar com a previu o orçamento total de R$ 3 bilhões para o setor
soberania e segurança alimentar e nutricional.   cultural. Para acompanhar e monitorar o diálogo entre os
• “Cultura alimentar é o saber fazer, o falar, o ritual, a setores do governo municipais e estaduais com a
ancestralidade, a espiritualidade, as técnicas artesanais, a pesca sociedade civil, criou-se o
artesanal, a própria arquitetura tradicional”, explica Tainá Observatório da Emergência Cultural, uma ação da
Marajoara. A sua defesa é permanente processo de resistência Articulação Nacional da Emergência Cultural, em parceria
dos povos originários, das comunidades tradicionais, de mestras e com
mestres guardiões, dos fazedores da cultura alimentar, dos Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Cultura (CONE
detentores desse patrimônio.   CTA)
• Nesse momento de pandemia e de defesa dos direitos .
fundamentais, a cultura alimentar foi pautada no processo de
construção e negociação da Lei Aldir Blanc. Após mobilização dos
seus defensores, destacando a importância da sua preservação
em tempos de Covid 19, o conceito, seus “fazedores” e espaços
de produção foram incorporados à lei. Lei aprovada. Vigente.
Cultura Alimentar
A comida
Cultura Alimentar
Alimento Comida
Qualquer substância nutritiva que Respeito a tudo o que se come com
possa ser ingerida para manter a vida. prazer, de acordo com regras sociais.

• Dessa forma, comida não é apenas uma • Essa análise diferenciada do que é
substância alimentar, mas um modo, um comida, confere particularidades aos
estilo um jeito de se alimentar. Segundo seres humanos em relação aos outros
Da Matta, o jeito de comer define não animais. De acordo com a autora
só aquilo que é ingerido, mas também Catherine Perles (1979), cozinhar é um
ato exclusivamente humano, próprio
aquele que o ingere. Entendemos,
da nossa espécie. O ser humano é o
assim, que comida é algo dotado de único animal da natureza capaz de
cultura, relativo aos seres humanos. cozinhar e combinar nutrientes.
A comensalidade
• Além disso, comer não é um ato • Podemos definir a comensalidade como
solitário, mas faz parte da origem da momento de partilhar sensações e
socialização humana. Também essa reforçar a coesão dos grupos sociais aos
característica de socialização por meio quais fazemos parte, família, escola,
da comida é uma particularidade religiosidade, amigos.
humana que chamamos de • A comensalidade é, portanto, uma
comensalidade. experiência sensorial compartilhada,
que pode ter vários significados, como
• Os sentidos utilizados na comensalidade pactos, fechamento de acordos e
geram experiências que chamamos de contratos, confraternização.
memória afetiva. Comida é memória e • Mas, de uma maneira geral, ela
afeto compõe um ritual coletivo.
Comportamento Alimentar
COMPORTAMENTO ALIMENTAR
TABUS, CRENÇAS E MITOS
• “Narrativa de significação simbólica, transmitida de
geração em geração dentro de determinado grupo,
e considerada verdade por ele”. (AURÉLIO, 2009
p.558)
• “Restrição costumeira ou tradicional a certos
comportamentos que, se praticados, recebem forte
reprovação moral e social.” (AURÉLIO, 2009 p.762)
• Os mitos e tabus são criados por convenções
sociais, religiosas e culturais. São meios de
preservar os bons costumes da sociedade, mas
também são uma forma de limitação de algumas
práticas de determinados atos; por outro lado,
ninguém sabe muito bem como um mito ou tabu
começa, mas alguns deles se propagam em nossa
cultura até hoje.
Tabus

Palavra tabu é de origem polinésia e significa alguma


coisa que não pode ser definida. Alguma coisa que
escapa ao nosso sentir de civilizados (Castro, 1941).
Simboliza algo proibido e intocável (Mota & Penna,
1991).
Tabus
Alimentos Exóticos
• Não há dúvidas de que o mundo todo guarda, em sua cultura,
os alimentos mais exóticos que possa se imaginar. E esses
alimentos, muitas vezes, nos fazem torcer o nariz, não?
• Mas comida exótica não é sinônimo de comida ruim; é apenas
uma questão de hábitos e culturas locais.
• Outro motivo da ingestão de alimentos exóticos seriam a
escassez de alimentos.
ESCORPIÃO FRITO
• País/Região - Cingapura
• Ué, mas o escorpião não é venenoso? É, sim,
mas como o bicho é cozido antes de ser frito em
óleo, as altas temperaturas do preparo
desencadeiam uma reação química que
neutraliza o veneno. Aí, é só deglutir o bichão -
inteiro mesmo, das garras até a cauda. A espécie
preferida é o escorpião-negro, que é maior e
tem menos veneno que o escorpião-marrom.
• Curiosidade - O escorpião é um prato admirado
pela maioria dos povos asiáticos. Grande parte
dos países do continente degusta o pestisco
usando hashi, esse par de varetas usado para
levar a comida à boca.
FILÉ DE PEIXE VENENOSO

• País/Região - Japão
• O tal peixe venenoso é o fugu ou baiacu, que tem
muita tetrodotoxina, um veneno dez vezes mais
forte que o cianeto. Para que a iguaria não mate
ninguém, o chef retira uma bolsa perto das
brânquias com o veneno. Depois, ele fura a bolsa e
espalha sobre a carne do peixe uma pequena dose
da toxina, para provocar um certo "efeito
alucinógeno" em quem come!
• Curiosidade - Por causa dos riscos da ingestão do
alimento, os cozinheiros e chefs de restaurantes são
exaustivamente treinados até ganharem o aval para
preparar o fugu para consumo. Mesmo assim, cerca
de 20 pessoas morrem por ano, intoxicadas pelo
veneno do peixe!
FAROFA DE FORMIGA
• País/Região - Brasil
• O inseto aparece no cardápio rural brasileiro em
certas áreas do Sudeste. A variedade preferida é
o içá ou saúva - uma formiga que, dizem, tem
um gosto parecido com amendoim. Além de
consumida em farofas, ela também pode ser
torrada com tempero ou congelada para comer
durante o ano. E faz bem! Como vários outros
insetos, as formigas são ricas em proteína, têm
baixo teor de gordura e alto teor de fósforo.
• Curiosidade - Do outro lado do mundo, os
chineses usam formigas para fabricar um vinho
que é útil no tratamento de reumatismo e no
fortalecimento dos músculos e ossos.
MORCEGO À CAÇAROLA

• País/Região - China, Vietnã, sudeste da Ásia


• Os morcegos que fazem parte do cardápio humano
são os que se alimentam de frutas. Escolhidos por
não serem venenosos e por sua dieta saudável, os
morcegos frutívoros têm baixo teor de gordura e
uma carne cuja textura é comparada à dos frangos.
Além da caçarola (um guisado com carne, vegetais
e batatas), outras boas pedidas (quer dizer, boas
pelo menos para os povos asiáticos) são a sopa e a
lasanha de morcego.
• Curiosidade - Os entusiastas da carne de morcego
acreditam que ela aumenta a potência sexual
masculina e as chances de ter uma vida longa e
feliz.
CANGURU AO VAPOR
• País/Região - Austrália
• O hábito de comer cangurus começou com os
nativos australianos, que cortavam o animal em
diversas partes e mandavam ver. Hoje em dia, a
carne do bicho é picada e cozida em vapor, com
a adição de bacon, sal e pimenta para dar um
temperinho. Não sobra nada: até o rabo é
aproveitado para fazer sopa! O gosto é
comparado ao da carne de avestruz, uma carne
vermelha bem forte.
• Curiosidade - Os pratos feitos com canguru são
vendidos em mais de 900 restaurantes, desde
pizzarias até serviços de quarto em hotéis cinco
estrelas.
SOPA DE CACHORRO

• País/Região - Coréia do Sul, Sul da China, Hong Kong


• Eis o lado polêmico da diversidade cultural: para
nós, ocidentais, comer esse prato é uma tremenda
cachorrada. Mas, entre os coreanos, o cão é
considerado bastante energético e, de acordo com
a crença, melhora o desempenho sexual dos
homens. Além da carne dos au-aus, a sopa leva
legumes e tem um cheiro forte, principalmente por
causa do tempero - em geral, especiarias como
açafrão, cravo e canela.
• Curiosidade - A venda da carne de cachorro já foi
proibida por causa de protestos de protetores dos
animais. Mas, em países como a Coréia do Sul, a
fiscalização é frouxa e muitos restaurantes
continuam fornecendo o prato.
CÉREBRO DE MACACO

• País/Região - África
• Séculos antes do Indiana Jones, os africanos já
cultivavam o costume de deglutir miolos de
primatas. Anote o modo de preparo: primeiro, lave
o cérebro (do bicho, claro) com água fria. Depois,
acrescente vinagre ou suco de limão, retirando
membranas e vasos sanguíneos da camada mais
superficial. Conserve em salmoura e, finalmente,
ponha a iguaria para cozinhar. Em todas as espécies
de macaco, o órgão é rico em fósforo, proteínas e
vitaminas.
• Curiosidade - Prefere outros cérebros? Tente o de
gorila, considerado afrodisíaco. Na áreas rurais da
Europa, fazem algum sucesso os cérebros de porco,
de cordeiro e de carneiro...
CALDO DE TURU

• País/Região - Brasil
• O turu é um molusco de cabeça dura e corpo
gelatinoso, tem a grossura de um dedo e vive em
árvores podres, caídas. Consumido na ilha de
Marajó e no interior da Amazônia vivo e cru, em
caldo com farinha ou em moquecas, o bichinho é
rico em cálcio e tido como afrodisíaco. O gosto é
semelhante ao dos mariscos.
• Curiosidade - O macaco-do-mangue também é
um apreciador de turu. Os caçadores sabem
disso e abusam, passando pimenta no molusco.
Quando o macaco come o bicho, o ardor da
pimenta desorienta o primata, tornando-o presa
fácil dos caçadores.
OMELETE DE LARVA DO BICHO-DA-SEDA
• País/Região - Tailândia, China
• Na China, as larvas são fritas com cebola
cortada e um molho grosso ou misturadas
em omelete com ovos de galinha. Se você
não curtir a textura tenra do recheio,
também dá para comer a crisálida, a
"embalagem" da larva, que parece uma
casquinha crocante tipo um salgadinho.
• Curiosidade - Na Tailândia, depois de ser
incluída na lista de comidas locais, em 1987,
a crisálida do bicho-da-seda passou a ser
adicionada às sopas na alimentação de
crianças nas escolas tailandesas.
Leitura de Apoio
• Rejane Andréa RAMALHO, Cláudia • Enio Cardillo Vieira. Tabus, mitos
SAUNDERS. O PAPEL DA EDUCAÇÃO e crendices em nutrição. Rev
NUTRICIONAL NO COMBATE ÀS Med Minas Gerais 2010; 20(3):
CARÊNCIAS NUTRICIONAIS. Rev.
371-374
Nutr., Campinas, 13(1): 11-16,
jan./abr., 2000.
• Acessar: • Acessar:
• http://
• http:// rmmg.org/artigo/detalhes/375
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1415-52732000000100
002&lng=en&nrm=iso&tlng=pt
Atividades propostas:

ESTOU NO FÓRUM PARA PROSEAR


UM POUCO........
• A seleção de alimentos é muito complexa e • Vamos para o Fórum - Agora leia
influenciada por muitos outros fatores além do
acesso aos alimentos e o conhecimento de os artigos de apoio e frente a
nutrição. discussão da aula comente:
• Embora saiba-se que quando os alimentos não
estão disponíveis é bem provável que ocorra
• (Diferenciar comida de alimento)
deficiência, por outro lado, a abundância não “Cozinhar é um ato
assegura ótima nutrição devido ao componente exclusivamente humano”.
comportamental que determina a escolha dos
alimentos. Partindo dessa frase, como
podemos distinguir uma comida
de um alimento?

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