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Hipoplasia miofribilar em cão - relato de caso

Myofibril hypoplasia in dogs- case report


J.L.Teodozio¹; K.M. Gagliardo²

¹Discente do centro Universitário São Judas Tadeu- Campus Unimonte – Santos, São

Paulo.

² Discente do centro Universitário São Judas Tadeu- Campus Unimonte- Santos, São
Paulo.

Resumo
Hipoplasia miofibrilar, conhecido popularmente como síndrome do cão nadador,
é uma alteração no desenvolvimento dos filhotes de cães. Esta síndrome apresenta
déficits no sistema nervoso, levando a alterações neuromusculares que culminam em
fraqueza muscular, dificultando a locomoção. Malformações nas articulações femoro-
tibio-patelar e tíbio-tarsica, além de esterno achatado, são evidenciadas nesta síndrome.
O tratamento é conservativo, com a utilização de bandagens de esparadrapo para manter
a correta posição anatômica das peças ósseas e a realização de fisioterapia. O presente
relato descreve o caso de um canino, pitbull com quarenta e cinco dias de vida, atendido
em uma clínica veterinária no município de Praia Grande- SP, manifestando sinais
clínicos de hipoplasia miofibrilar.

PALAVRAS-CHAVES: cão nadador; fisioterapia; filhotes.

Abstract
Myofibrillar hypoplasia, popularly known as swimming dog syndrome, is an
alteration in the development of puppies. This syndrome presents deficits in the nervous
system, leading to neuromuscular alterations that culminate in muscle weakness,
making locomotion difficult. Malformations in the femoro-tibio-patellar and tibio-tarsal
joints, in addition to a flattened sternum, are evidenced in this syndrome. Treatment is
conservative, with the use of adhesive bandages to maintain the correct anatomical
position of the bone parts and physical therapy. The present report describes the case of
a canine, pitbull with forty-five days of life, treated at a veterinary clinic in Praia
Grande-SP, manifesting clinical signs of myofibrillar hypoplasia.

KEYWORDS: swimming dog; physiotherapy; puppies.

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INTRODUÇÃO
A síndrome do cão nadador ( SCN) é uma enfermidade que acomete o
desenvolvimento motor, causando uma hiperextensão nas articulações tíbio-femuro-
patelar e tíbio-tarsica, podendo também estar associada a outras alterações como genu
recurvatum, a qual é caracterizada por uma complicação de angulação da articulação do
joelho e pectus excavatum, achatamento dorsoventral das costelas, devido ao
posicionamento constante em decúbito esternal (AKAMATSU et.al 2016). A etiologia,
ainda de causa desconhecida, pode ser atribuída a alterações genéticas e/ou problemas
alimentares.
Os sinais clínicos surgem nas primeiras semanas de vida do animal, quando este
começa a se mover, podendo acometer membros pélvicos, membros torácicos ou os
quatros simultaneamente (HUMMEL et.al 2018). A maior ocorrência está na espécie
canina, sendo as principais raças acometidas o Bulldogue ingles, Bulldogue frances,
Scottish Terrier e Basset hound, porém há relatos de outras raças acometidas. Não há
predisposição sexual (HUMMEL et.al 2018).
Não existe um tratamento específico para SCN, nem um protocolo estabelecido.
O tratamento satisfatório a ser seguido é a utilização de bandagens, com a troca a cada
48 horas e fisioterapia para auxílio do aumento e desenvolvimento de massa, iniciando
entre a terceira ou quarta semana de vida, pois as articulações ainda estão flexíveis,
favorecendo a um prognostico satisfatório (AKAMATSU et.al 2016). O ambiente o
qual o paciente vive deve ser antiderrapante e macio para a prevenção do achatamento
mais intenso do esterno. (HUMMEL et. al, 2018).
O diagnóstico e tratamento precoce aumenta a chance de resultado eficaz
(Nganvongpani e Yano, 2013)
Nesse contexto, que o presente trabalho tem como meta relatar um cão da raça
Pitbull, com 45 dias de vida, atendido na clínica veterinária de Praia grande com sinais
clínico e tratamento para SCN, com a finalidade de compreender a conduta clínica a ser
realizada.

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RELATO DE CASO

Foi atendido em uma clínica veterinária de Praia Grande- SP, um animal da


espécie canina, com quinze dias de vida, da raça Shih-tzu, apresentando dispneia, tutora
relatou que animal se locomovia de uma forma estranha, comparado com o resto da
ninhada, e tinha dificuldade ao se alimentar. Realizado anamnese, animal apresentava
38.1º de temperatura, membros hiperestendidos, na auscultação não apresentou
nenhuma alteração
Após o exame físico realizado pela médica veterinária, foi solicitado internação
vinte e quatro horas, para oxigenioterapia e um exame radiográfico dos membros
torácicos, pélvicos e do tórax. No exame radiográfico nota-se aumento do espaço
articular das articulações escapulo-umeral e úmero-rádio-ulnar, em ambos os membros
torácicos (Fig. 1A-1B) e aumento do espaço articular da articulação fêmoro-tíbio-
patelar associado a um aumento de opacidade intra-articular, em ambos os membros
pélvicos (Fig. 2). Apresentando genu recurvatum, o qual é caracterizada por uma
complicação de angulação da articulação do joelho.

Figura 1 (A-B): A- Imagem radiográfica do membro torácico esquerdo. B- Imagem radiográfica do


membro torácico direito
COLOCAR IMAGEM
A

Fonte: Arquivo pessoal

Foi indicado ao paciente tratamento com tala feita de esparadrapo em forma de


algema, nos membros torácicos em região de rádio ulna e ossos carpais e nos membros
pélvicos, região fêmur e ossos tarsais, para manter a posição anatômica. Foi iniciado o
tratamento para tratar o genu recurvatum. Animal após vinte e quatro horas internado
foi estabilizado a respiração e liberado, sendo assim solicitado o retorno do animal a
cada quarenta e oito horas, para troca de tala.
B

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Figura 2 (A-B): A-Imagem do paciente com uso de tala nos membros torácicos. B- Imagem do
membro pélvicos com uso de tala.

Fonte: arquivo pessoal

Em clínica foi realizado em clínica, estímulos com cinesioterapia, o qual é um


conjunto de exercícios realizados com objetivo de aumentar o tônus e força muscular,
até que o animal começasse a caminhar. A tutora retornou a clínica a cada quarenta e
oito horas conforme solicitado, para realizações de estímulos e exercícios com auxílio
de colegas especializados. Foi realizado com tapete de EVA, devido a aderência com o
chão, caixa com peso, para estímulo do fortalecimento dos membros.
Passando-se duas semanas, o paciente apresentou boa evolução. A tutora relatou
que em casa o animal estava sendo mantido dentro de um ambiente fechado, com o uso
de tapete de EVA no chão, já conseguia se alimentar e tomar água em decúbito esternal
sozinho. Durante a troca de talas com a medica veterinária, foi realizado massagem para
favorecer a circulação e estirar os tendões, alongamentos colocando o paciente em uma
amplitude de movimento e segurando na posição durante 60 segundos, o alongamento
foi realizado com ambos membros, durante todo o tratamento
Após quatro semanas de tratamento a paciente apresentou melhoras no quadro
sendo dispensado o uso da tala, pois a mesma já se locomovia sozinha e se alimentava
sem auxilio nenhum. (Fig.3)
Figura 3: animal após ter alta no tratamento

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Fonte: Arquivo pessoal

Discussão

Uma fêmea da raça Shih-Tzu deu entrada na clínica com dificuldade de se


manter em estação e dispneia. De acordo com Nganvongpoint (2013) a prevalência é
maior em cães machos de raças pequenas e/ou membros curtos. As raças mais
acometidas estão descritas Daschund, Bulldogue inglês, Bulldogue Frânces e Yorkshire
terrier. Entretanto Garcia et.al (2021) reporta o acometimento em outras raças e
espécies.
Akamatsu (2016) relata uma melhor resposta ao tratamento iniciados entre a
terceira e quarta semanas de vida. O paciente em questão foi levado para avaliação
clínica com três semanas, apresentando ataquixia nos quatros membros. Garcia et.al
(2021) descreve que 75% dos casos ocorre acometidos apenas dos membros pélvicos, já
animais com os quatros membros afetados corresponde apenas a 15,38%.
De acordo com Lima (2013) a anamnese, exame físico e exames radiográficos
são fundamentais para o diagnóstico. Nas radiografias supracitadas é notado o
espaçamento entre as articulações femuro-tibio-patelar, bem como nas articulações

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escapulo-úmeral, umero radio-ulnar (AKAMATSU, 2016). A alteração de angulação
da articulação do joelho, Hummel et.al (2018) descreve como genu recurvatum.
Garcia et.al (2021) indica que não existe tratamento específico nem protocolo
definido, porém Lima (2013) aponta que o uso da tala com esparadrapo, realizando a
troca a cada quarenta e oito horas, respeitando o intervalo de vinte e quatro horas,
auxilia na posição anatômica. O paciente supracitado, realizou o tratamento com
intervalo a cada 48 horas, conforme indicado na literatura. Como suporte ao tratamento
no paciente foi utilizado uma série de exercícios para o aumento do tônus e tonificação
muscular. O uso da fisioterapia a cada duas vezes por semana é necessário para moldar
os ossos e articulações utilizando como método a hidroterapia (CADILLIE et.al 2013).

Considerações finais
Sabendo que a síndrome do cão nadador é uma doença rara com etiologia desconhecida,
que acomete os membros pélvicos e torácicos, é necessário a atenção do tutor
principalmente nos primeiros dias de vida, para diagnostico e realização de tratamento
precoce, aumentando a chance recurso terapêutico eficaz.
Com a realização do uso das algemas e fisioterapia os animais podem ter um
prognostico satisfatório podendo assim levar uma vida normal.

Referências
AkamatsuA.; SampaioL. M.; LimaV. M.; AnacletoT. P.; RodriguesN. A.; CarvalhoR. G.; SilvaC. R. N.;
Vilas BoasR. M.; MalagóR. Síndrome do cão nadador em um filhote sem raça definida – Relato de
caso. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP, v. 14, n.
3, p. 53-53, 21 dez. 2016.

Cardilli D.J; João. C.F; Voorwald.F.A ; Faria. J.L.M. ;Tinucci-Costa M; Toniollo G.H. Síndrome do
filhote nadador em ninhada completa de felinos. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.65, n.3, p.705-709,
2013.

Hummel. J; Vicente. L.G; Provenzano. D; Pestana. N; Fuhr. M. Síndrome do filhote nadador:


fisioterapia como abordagem terapêutica. REVISTA VETSCIENCE, p. 38-43, jun. 2018.

Nganvongpanit, K., & Yano, T. (2013). Prevalence of Swimming Puppy Syndrome in 2,443
Puppies during the Years 2006–2012 in Thailand. Veterinary Medicine International, 2013, 1–6.

LIMA, D.B.C., ROCHA NETO, H.J. e KLEIN, R.P. Utilização de fisioterapia na síndrome do filhote
nadador em felino doméstico. PUBVET, Londrina, V. 7, N. 20, Ed. 243, Art. 1605, Outubro, 2013

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Garcia. C; Lopes. W.R; Meira. J; Borges I.S; Schio. L. Síndrome do cão nadador em American
Bully: Relato de caso. PUBVET, v.15, n.04, a792, p.1-5, Abr., 2021

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