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RELATO DE CASO:

No dia 24 de outubro de 2022, deu entrada na clínica veterinária especializada


em animais silvestres Nailson Vet – Natal/RN, um exemplar de jabuti-piranga
(C. Carbonaria), fêmea, com idade aproximada de 4 anos, 3 quilos e 800
gramas, apresentando fraturas múltiplas de carapaça proveniente de um
atropelamento. Sendo uma fratura (completa??) localizada no primeiro escudo
marginal esquerdo passando pelos três primeiros escudos centrais (vertebrais)
e terceiro escudo lateral (pleural) direito. E outra fratura que se estendia do
quarto escudo marginal direito até o (sétimo?? Oitavo??) escudo marginal
direito. Ambas com exposição óssea, muscular e da cavidade celomática. No
exame físico foi observado o animal apático, letárgico, pouco responsivo, com
dificuldade de locomoção e presença de secreção devido a exposição de
órgãos da cavidade celomática.

Para alívio de dor foi administrado dipirona (25mg/kg) intramuscular,


associoado ao Tramadol (2mg/kg) por via intramuscular e diante do caso foi
usado fentanil para a sedação do paciente para realizar os procedimentos
necessários. Foi realizada a limpeza das áreas lesionadas com água corrente
utilizando uma escova e solução de Clorexidina degermante 2% (1ml/kg, por
via tópica), como também Clorexidina aquosa 0,2%, associado ao uso tópico
do spray de Clorexidina (Furanil) para retirada de toda sujidade indesejada.
Após a limpeza, foi feita a secagem de toda carapaça para que pudesse ser
feito uma bandagem com gaze e vetrap para a estabilização do paciente até o
procedimento cirúrgico.
O animal ficou internado na clinica para no dia seguinte fazer a cirurgia.
Foi solicitado ao tutor uma radiografia para avaliar as condições internas do
paciente, contudo, a mesma não foi liberada. Como o animal não apresentava
sangramentos e estava estável, foi autorizada a cirurgia.
No dia 25 de outubro de 2022, o animal foi submetido ao procedimento
cirúrgico. No centro cirúrgico iniciou-se as medicações pré-anestésicas no qual
foi utilizado dexmedetomidina (0,03 mg/kg) por via intramuscular, no musculo
bíceps superficial, associado ao fentanil (5 mcg/kg/h) também por via
intramuscular, para a anestesia geral do paciente, foi administrado 0,8 ml em
boulos de proporfol (qual via?? Dose empírica??), até que se atingisse
relaxamento muscular suficiente para o início da osteossíntese. Em seguida foi
feita a antissepsia de toda a carapaça do jabuti utilizando solução de
cloredixina degermante e aquosa. Para a correção das fraturas foi utilizada a
técnica com uso de parafusos inoxidável e fio de aço odontológico para a
fixação e aproximação das bordas da fratura, como também recobrimento com
a resina acrílica autopolimerizante de metilmetacrilato. Inicialmente foi feita a
inserção dos parafusos um de cada lado da fratura em 5 locais distintos. Os
dois primeiros parafusos foram colocados no primeiro escudo marginal
esquerdo, os segundos entre o segundo escudo pleural direito e o terceiro
escudo vertebral, os terceiros foram inseridos no terceiro escudo pleural direito,
os quartos no (7°?? 8°?? entre o 7° e o 8°???) escudos marginais direito, já os
quintos e últimos foram inseridos no quarto escudo marginal direito.
Posteriormente, iniciou-se a aproximação das bordas com o fio de aço
odontológico, o mesmo foi colocado entre os parafusos, dando voltas em
formato de oito para uma melhor segurança e estabilização. Por fim, foi
preparada a resina acrílica e adicionada a mesma 1ml de enrofloxacino na
mistura e foi feito o recobrimento de toda a parte afetada.
O paciente se manteve estável por todo o procedimento cirúrgico, se
movimentou sem maiores dificuldades e bebeu água duas horas após o
termino a cirurgia.
Para os cuidados pós-operatórios foi prescrito enrofloxacino (dose?
Frequencia?? Por quantos dias??), meloxicam 0,5% (dose?? Bid?? Quantos
dias??), dipirona ??, tramal??. E organew em pó para suplementação.
Dois dias após a cirurgia tutor relatou que o animal ainda não havia se
alimentado, contudo, foi informado que isso poderia acontecer. O jabuti só
voltou a se alimentar normalmente após 7 dias de cirurgia.
Até a data de conclusão deste trabalho o paciente não retornou para retirada
dos parafusos e resina acrílica, e para fazer a radiografia que foi solicitada
após um mês da data do procedimento.
DISCUSSÃO DO CASO (COM REVISÃO DE LITERATURA):
De acordo com (SELLERA et Al 2014) as fraturas de carapaça em quelônios
estão entre as afecções traumáticas de emergência mais recorrentes em
clínicas especializadas no atendimento de animais silvestres e exóticos,
normalmente estando relacionada a episódios de mordedura por animais
predadores, quedas, atropelamento por automóveis e traumas intencionais
ocasionados por humanos.
Para Lima et al. (2021), os traumas mais comuns nesses animais são de
carapaça e plastrão, podendo ser fissuras, fraturas ou até mesmo a perda das
placas córneas e/ou óssea, as quais são provocadas, principalmente, por
acidentes domésticos (p.ex.: atropelamentos).
Barten (2006) comenta que devido à baixa casuística na rotina clínico cirúrgica
desses animais, não existem instrumentais específicos para a espécie, sendo
utilizados oftálmicos e odontológicos para esse fim.
Neste caso, utiliza-se materiais utilizados em outras áreas, como oftálmica e
odontológica, são eles: resina, fios metálicos e parafusos. A resina de acrílico
por sua vez, tem a função de criar uma barreira protetora, proporcionando
defesa contra agentes bacterianos, e por ser um material de fácil modelação,
foi excepcional na fixação da área aplicada na carapaça.
No procedimento não foi utilizado fios metálicos, contudo a utilização do fio de
aço odontológico obteve o êxito desejado na cirurgia, juntamente com os
parafusos, sendo essencial para impedir o afastamento das bordas da fratura.
Sendo uma técnica bem aplicada ao trabalho tendo em vista o estado do
animal, bem como a restrição financeira do seu tutor.
Diferentes técnicas de redução de fratura podem ser realizadas, entre elas
suturas com fios metálicos, parafusos ou placas ósseas (VELLA, 2009).
Chim & Gosain (2009) comentam outras vantagens no uso do acrílico como:
fácil manuseio, inércia, rígidez e preparo simples.
Sobre os cuidados pós-cirúrgicos podemos afirmar que o uso de medicações
auxilia de forma eficaz no tratamento e recuperação. Sendo assim utilizamos a
enrefloxacina como antibiótico de escolha que tem ação contra bactérias gram-
positiva e gram-negativa, como também o Meloxicam que tem uma ação anti-
inflamatória excelente e por se tratar de um anti-inflamatório não esteroidal tem
sido bastante usado na rotina clínica de répteis pelo seu efeito analgésico
como cita o autor abaixo
Em quelônios com lesões ativas em carapaça é descrito a presença de dor,
que resulta em dificuldade de locomoção, por esses motivos são necessários a
adoção de cuidados específicos aplicados ao manejo e tratamento terapêutico
desses pacientes (MONTEIRO et. al., 2021).
Na rotina clínica de répteis com lesões em carapaça, o tratamento à base de
anti-inflamatórios não-esteroidais (AINEs) e antibióticos aminoglicosídeos tem
sido utilizado, devido a ação analgésica e profilática (HERNANDEZ-DIVERS,
2006; POLLOCK, 2017; PERRY; NEVAREZ, 2019; MONTEIRO et. al., 2021)
Além de agentes antimicrobianos, os analgésicos e anti-inflamatórios, são
excelentes opções para o tratamento de animais silvestres com ferimentos,
uma vez que contribuem para o manejo da dor, pois além de desempenhar
uma ação antiinflamatória, aceleram o processo de cicatrização (PERRY;
NEVAREZ, 2018; CHAGAS et al., 2019
Tendo em vista a forma da carapaça dos quelonios como explica a imagem é
composta dessa forma. E a carapaça do jabuti que fizemos a cirurgia chegou
para nós como podemos acompanhar no relato a cima.
De maneira geral, temos uma fileira de cinco escudos ao longo da linha média
da carapaça, denominados escudos vertebrais (ou centrais). Em cada lado
destes escudos, geralmente em número de quatro, estão os escudos costais
(ou laterais, ou ainda pleurais). Na borda, cercando toda a carapaça,
geralmente em número de vinte e quatro, encontramos ainda pequenos
escudos denominados escudos marginais. Pode haver ainda, sobre a cabeça e
sobre a cauda, dois escudos pequenos e impares, o escudo nucal ou
suprucervical e o escudo supracaudal. [TIRADO DO LIVRO]

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