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Acta Scientiae Veterinariae. 35(Supl 2): s275-s276, 2007.

ISSN 1678-0345 (Print)


ISSN 1679-9216 (Online)

TPLO: uma nova e eficaz


opção na cirurgia para RLCCr
TPLO: a new and efective surgical option for CCLR
Helia Zamprogno
Departamentos de Clinica e Cirurgia da UNIPLI e FAAV, RJ/Brasil.
Email: nanehcd@hotmail.com

ABSTRACT
Although several surgical techniques have been employed to repair the torn ligament or to reestablish its function, the change
in the knee biomechanics, thru an osteotomy and tibial leveling, was only introduced in the last decade. The objective of this study is to report
the TPLO procedure in 19 dogs presenting with CCLR pointing out the technique details, complications, advantages and disadvantage, and
also the final results.
Key words: osteotomy, cranial cruciate ligament, dog.

INTRODUÇÃO
A ruptura parcial ou completa do ligamento cruzado cranial (LCC) causa instabilidade e inflamação da articulação,
levando a diversas mudanças patológicas que incluem osteoartrite, sinovite e lesões de menisco e é considerada a maior
causa de doença articular degenerativa no joelho em cães [2].
Diversos fatores parecem estar envolvidos predispondo a esta patologia, mas recentemente foi demonstrado que
o ângulo de inclinação do platô tibial está associado à ruptura do ligamento cruzado cranial (RLCC) [4].
Após a descoberta do envolvimento do ângulo do platô tibial na predisposição à RLCC foi desenvolvida a técnica
cirúrgica de osteotomia de nivelamento do platô tibial (TPLO), que consiste em uma osteotomia, rotação e estabilização da
porção proximal da tíbia [1], alterando a mecânica da articulação para obter estabilização pela restrição ativa da articulação
do joelho, neutralizando o impulso tibial cranial, e assim eliminando a instabilidade articular durante a sustentação de peso
em cães com lesões no ligamento cruzado cranial [3]. O presente estudo objetiva avaliar o emprego da TPLO em 15 cães
provenientes da rotina clínico cirúrgica de hospitais e clínicas veterinárias de três estados brasileiros.

MATERIAIS E MÉTODOS
Foram utilizados 19 cães, 11 machos e 7 fêmeas, de raças variadas e idades entre 2 e 11 anos, provenientes da
rotina de clínicas e hospitais veterinários dos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo. Os animais foram
diagnosticados clinicamente pelos testes de deslocamento cranial da tíbia como portadores de ruptura do ligamento cruzado
cranial e selecionados devido ao peso, superior a 30Kg, ao ângulo do platô tibial, superior a 13°, ou por não terem sido
obtidos bons resultados na utilização de outras técnicas cirúrgicas extra-capsulares.
Sob anestesia geral, os animais foram posicionados lateralmente para a realização de radiografias para ser deter-
minado o ângulo do platô tibial como descrito por Slocum e Devine, 2000.
Após a exposição cirúrgica da face medial da tíbia, foi posicionado um tutor “gig” fixado medialmente na porção
cranial da tíbia em cima do ligamento colateral medial e na porção distal da tíbia. A osteotomia da porção tibial cranial foi
realizada com uma serra oscilante biradial. O segmento proximal foi rotacionado de acordo com as recomendações slocum
com base no ângulo do platô tibial cauculado a partir da radiografia anterior, objetivando obter um ângulo final entre 5° e 6°.
Os segmentos tibiais osteotomizados foram estabilizados por uma placa própria para TPLO, que foi moldada de acordo com
a necessidade e fixada por seis parafusos, sendo três corticais na porção média e três esponjosos para a porção cranial da
tíbia. A ferida cirúrgica foi fechada de maneira rotineira.

RESULTADOS
O monitoramento destes animais foi diário nos primeiros dias de pós operatório. Quinze animais começaram a
apoiar o membro operado nos primeiros 5 dias após o procedimento cirúrgico, enquanto que 4 pacientes apoiaram até o 15º
dia. Os sinais de inflamação como rubor, dor e hiperemia perduraram até cinco dias em 14 animais, 15 dias em quatro e 30 dias
em um paciente. Oito animais alcançaram a amplitude de movimentos satisfatória em sete dias, cinco pacientes alcançaram em
15 dias, três em 30 dias e 2 animais não recuperaram a amplitude de movimentos. A reversão da atrofia muscular foi alcan-
çada em até 30 dias pela maioria dos pacientes e apenas três cães levaram até 90 dias para ganhar a massa muscular
perdida com a patologia. Em 60 dias a consolidação da osteotomia ocorreu em 14 animais e 90 dias em cinco animais. Dez

s275
Zamprogno H. 2007. TPLO: uma nova e eficaz opção na cirurgia para RLCCr.
Acta Scientiae Veterinariae. 35: s275-s276.

animais não apresentaram nenhuma complicação pós operatória. Complicações simples como seroma, descência de
sutura, lesão da artéria poplítea e fratura da crista da tíbia foram observadas em alguns casos. Complicações importantes
como falência do implante e osteomielite foram também observadas.

DISCUSSÃO
Neste estudo, o retorno das funções do membro operado ocorreu precocemente, contribuindo para a recuperação
do tônus muscular e da condição articular. Esse retorno precoce das funções do membro é considerado excelente quando
comparado a outras técnicas onde a recuperação do apoio se dá em torno de um mês após o procedimento cirúrgico [3].
A TPLO é uma técnica muito eficiente em animais muito pesados e/ou musculosos [2], nos quais outras técnicas
apresentam altas taxas de recidiva a curto prazo. Neste estudo dois animais de porte médio, menor que 20 quilos, que
apresentaram recidiva após o emprego da sutura fabelo-tibial, se recuperaram completamente após a TPLO.
Estudos artroscópicos a longo prazo demonstraram que a TPLO reduz a progressão da degeneração articular à
uma taxa de 3%, enquanto que a sutura fabelo-tibial reduz a degeneração das superfícies articulares à uma taxa de 10%.
Complicações como osteomielite, deiscência de pontos e falência de implantes estão diretamente relacionadas, neste
estudo, aos cuidados no pós-operatório tardio, feito em casa pelo proprietário e são completamente controláveis mediante
educação do cliente, seleção criteriosa dos pacientes e internação prolongada.

CONCLUSÃO
A técnica de osteotomia e nivelamento do platô tibial se mostrou muito eficiente e segura para o tratamento da
ruptura do ligamento cruzado cranial, sendo inclusive usada como tratamento de salvação para recidivas.

REFERÊNCIAS
1 Conzemius M.G., Evans R.B., Besancon F., Gordon W.J., Horstman C.L., Hoefle W.D., Nieves M.A. & Wagner S.D. 2005. Effect of surgical
technique on limb function after surgery for rupture of the cranial cruciate ligament in dogs. Journal of the American Veterinary Medical Asso-
ciation. 226: 232-236.
2 Johnson J.A., Austin C. & Breur G.J. 1994. Incidence of canine appendicular musculoskeletal disorders in 16 veterinary teaching hospitals from
1980 through 1989. Veterinary Comparative Orthopaedics Traumatology. 7: 56-69.
3 Kergosien D.H., Barnhart M.D., Kees C.E., Danielson B.G., Brourman J.D., Dehoff W.D. & Schertel E.R. 2004. Radiographic and Clinical
Changes of the Tibial Tuberosity after Tibial Plateau Leveling Osteotomy. Veterinary Surgery. 33: 468-474.
4 Lazar T.P., Berry C.R., Dehaan J.J., Peck J.N. & Correa M. 2005. Long-Term Radiographic Comparison of Tibial Plateau Leveling Osteotomy
Versus Extracapsular Stabilization for Cranial Cruciate Ligament Rupture in the Dog. Veterinary Surgery. 34: 133-141.

Supl 2

www.ufrgs.br/favet/revista

s276

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