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VII Congresso Brasileiro de Geógrafos (CBG): A AGB e a Geografia brasileira no

contexto das lutas sociais frente aos projetos hegemônicos

Espaço de Diálogos e Práticas

Junto na luta em territórios de resistência?


Geografia crítica, investigação militante e movimento social urbano

Timo Bartholl
Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense (UFF);
Bolsista FAPERJ; Orientador: Rogério Haesbaert
Pesquisa de doutorado em andamento (3° ano)
Email: timo.bartholl@gmail.com

INTRODUÇÃO

Este trabalho, a ser apresentado no VII Congresso Brasileiro de Geógrafos, traz


reflexões de uma pesquisa de doutorado em curso. O projeto Territórios de resistência e
movimentos sociais de base: uma investigação militante em favelas do Rio de Janeiro
busca ativar as potencialidades de uma geografia crítica e levá-las ao encontro de
práticas, experiências e potencialidades de grupos de resistência que realizam trabalho
de base em favelas cariocas.

Como, em favelas (territórios de resistência) formas de resistência explícita de


grupos que realizam trabalho de base (construção de poder popular) articulam-se com
formas de resistência implícita embutidas em uma diversidade de práticas subalternas
(práxis populares)?

Esta questão, afinada em seus detalhes conforme o avanço da pesquisa, é uma
questão que deriva do trabalho de base e busca trazer conceitos genéricos, de luta, ao
encontro com pesquisas e formulações conceituais e teóricas de uma geografia e ciência
social crítica, comprometida com a transformação social emancipatória. 
É uma questão que surge e que se entende parte de uma busca de analisar para
avaliar e de  compreender para  fortalecer. Este  texto  reflete o andar  do processo de
investigação   para   contextualizar   o   caminho   até   então   trilhado   e   discutir   desafios   e
perspectivas  dos  rumos  futuros. Em diálogo com  o tema  geral  do nosso congresso,
focalizo na discussão geográfica­metodológica do trabalho para contribuir com o debate
da relação da geografia com as diversas lutas sociais em curso no Brasil e na América
Latina. Proponho construirmos uma geografia em movimento que se insere nestas lutas.

OBJETIVOS

O objetivo específico desta pesquisa é acompanhar, refletir e discutir o trabalho
de movimentos sociais de base que atuam em favelas no Rio de Janeiro para alcançar
um   melhor   entendimento   das   formas   de   resistência   e   territorialização,   expressas   na
relação da favela como território e movimento social de base que nele se territorializa.
Participo, desde 2008 de processos de resistência popular, e questões a serem estudadas
neste processo surgiram das práticas destas lutas. Acompanhar, neste sentido, significa
tratar de contextos que eu mesmo estou envolvido, tanto como integrante de um grupo
de base, como no âmbito de uma rede de pessoas e grupos com os quais existem laços
de   colaboração,   apoio   mútuo   e   construção   coletiva.   Parto   da   esperança   de   que   a
compreensão do território como categoria analítica e como categoria da prática pode
contribuir tanto para uma geografia libertária e libertadora quanto para o trabalho de
base do movimento social urbano nas favelas. 

Objetivo deste trabalho, é compartilhar dúvidas e esperanças referente a


possíveis implicações que uma investigação militante pode ter em relação a práxis das
lutas nas quais ela está inserida.

GEOGRAFIA A SERVIÇO DO HOMEM COMUM

Quanto à ciência morta, a ciência falsificada, cujo único objetivo é introduzir 
no povo todo um sistema de falsas noções e concepções, ela seria para este  
último  verdadeiramente   funesta;   ela   lhe   inocularia   o   vírus   oficial,   de   todo  
modo, o desviaria, ao menos por um tempo, do que é hoje a única coisa útil e 
salutar: a revolta (BAKUNIN 2009, p.24).
Nas ciências sociais críticas em geral e na geografia crítica em específico em
diversos momentos têm ocorrido importantes debates sobre o como de fazermos ciência
e o significado da mesma para além da academia. Na geografia, em diversos contextos
surgiram perspectivas críticas que renovaram o arcabouço teórico e conceitual no que
diz   respeito   a   conceitos   chaves   como   espaço,   território   ou   lugar.   Foi   com   os
movimentos   sociais   dos   anos   '60   que   surgiu   uma   corrente   de   geografia   radical   nos
países anglofônicos e também na Espanha e França, com uma vertente predominante
marxista e outra, minoritária, libertária (PEET 1977; BREITBART 1989; SMITH 2001;
HARVEY 2001; LACOSTE 1989; SOUZA 2010). 

A geografia: o que é, para que serve e a quem serve (MOREIRA 2011, p.87)?

No Brasil, a geografia crítica surge igualmente num contexto da necessidade de
repensar o papel da ciência. Rompendo com o neopositivismo, abordagens críticas para
analisar as relações sócio­espaciais ganham força e formam uma importante, se não a
mais importante corrente da geografia humana brasileira (SANTOS 2002, CAMPOS
2001).   Em   outros   países,   tais   como   na   Europa   Central   geografias   não­críticas
continuaram predominando, porém desde a entrada no século XXI alguns pesquisadores
conseguiram conquistar espaços nas universidades defendendo perspectivas que veem
na atividade científica um caminho para pensar e buscar fortalecer possíveis caminhos
de   transformações   amplas   e   radicais   rumo   a   superação   do   capitalismo   globalizado
(BELINA 2008).

E a geografia, tantas vezes a serviço da dominação, tem de ser urgentemente 
reformulada  para   ser   o   que   sempre   quis   ser:   uma   ciência   do   homem  
(SANTOS 2002, p.261).

Na   perspectiva   de   uma   geografia   a   serviço   do   homem   comum,   importantes


questões epistemológicas e com isso metodológicas e conceituais continuam precisando
ser abordadas em busca de processos emancipatórios que relacionem prática e teoria
num   movimento   de   uma   práxis   emancipatória.   Em   termos   de   método,   pesquisas
quantitativas e qualitativas tratando de questões relevantes para as classes populares até
observações   participantes   e   abordagens   de   pesquisa­ação   têm   servido   para   gerar
conhecimento ao redor de movimentos sociais (DENZIN & LINCOLN 2005). Estas
abordagens tiveram um papel importante para diversas pesquisas ao mesmo tempo que
em   sua   maioria   mantiveram   uma   relação   que   distingue   entre   pesquisador   e   ator   e
tomaram   esta   distinção   como   um   fundamento   necessário   para   se   poderem   obter
resultados   objetivos, para  que  pudesse ser  feito  um  trabalho  científico.  Além  disso,
porém, surgiram também abordagens que visam a busca de um rompimento da clássica
barreira   entre   o   cientista   e   o   processo   pesquisado,   no   nosso   caso   entre   ciência   e
movimento social. É neste sentido que surge uma abordagem metodológica que une
ciência e resistência, processo de pesquisa e processo de luta.

PESQUISA EM AÇÃO

La idea de la «coinvestigación», esto es, de una investigación social que rompe 
con la  división entre sujeto investigador y objeto investigado, en cambio, no  
aparecerá hasta la década de 1950 (MALO 2004, p.17) ...

A   investigação   militante   nasce   em   diversos   contextos   de   luta   e   vinculado   a


correntes   ideológicas   dos   campos   libertários   e   marxistas   heterodoxo   em   busca   de
integrar ciência social e ação política. Ela abre um horizonte de pesquisa a partir de e
através da inserção do militante­investigador em processos de resistência em diferentes
escalas e diversos contextos: geografias feitas em, junto ao e pelo movimento social. É
esta abordagem que serve como pano de fundo metodológico deste projeto.

En la investigación militante el investigador se involucra al cien por ciento
con el  método y el  problema  a trabajar. La investigación no puede  ser
ejercida por un investigador no militante, pues es mediante la militancia
puesta   en   práctica   que   el   investigador   llega   al   núcleo   del   problema
(BORDA 2010).

Esta   metodologia   tem   diversos   pontos   de   referência,   e   foi   desenvolvida   por


cientistas   de   diversas   áreas   das   ciências   sociais,   desde   os   anos   1960   (BARTHOLL
2013)

A proposta de investigação militante baseia­se na:

…  posibilidad  de  que  la  ciencia  entre  no como monocultura sino  como


parte de una ecología más amplia de saberes, donde el saber  científico
pueda dialogar con el saber laico, con el saber popular, con el saber de los
indígenas,   con   el   saber   de   las   poblaciones   urbanas   marginales,   con   el
saber campesino (SANTOS 2006, p.26).
Como   discuto   em   trabalho   apresentado   no   Segundo   Colóquio   Território
Autônomo em 2013 em Porto Alegre (BARTHOLL 2013), a perspectiva de valorizar as
epistemologias e os saberes das periferias urbanas é crucial para poder compreender as
propostas   vivas   de   uma   outra   sociedade   possível   embutidas   na   territorialidade
subalterna dos territórios populares. Nisso, a investigação militante busca (co­)produzir
“saberes com”, e não “saberes sobre”, “saberes da dominação” (PORTO­GONÇALVES
2006, p.48).

Borda   (2010)   defende   que   uma   investigação   militante   é   inviável   para


pesquisadores que não estão envolvidos  com os processos que pesquisam como, na
geografia crítica, Bunge (1977) defendeu uma geografia enquanto práxis e intervenção
social convocando os geógrafos morarem nos lugares que estudam: “He [o geógrafo]
knows what the people in that region need geographically by becoming a person of that
region. He lives there, works there,...” (p.37).

GEOGRAFIA EM MOVIMENTO

A geografia apresenta­se como uma ferramenta potente para conseguir realizar
reflexões aprofundadas e necessárias das lutas sociais da atualidade e das realidades nas
quais   estas   acontecem.   Ao   tomar   a   luta   social   e   popular   como   ponto   de   partida
construímos uma geografia em movimento, encontrando nela um meio e catalisador
numa   relação   enriquecimento   mútuo   entre   movimento   social   e   ciência,   no   qual   o
conhecimento circula e conecta diversos campos de atuação e reflexão e onde teoria e
prática são inseparáveis.

O debate acerca da relação entre ciência e classes populares ganha importância,
não somente, mas também devido a conquistas na luta dos setores populares pelo acesso
às   universidades:   uma   relação   na   qual   estudantes   e   pesquisadores   vêm   de   classes
populares e seus movimentos sociais para as universidades e, numa estrada de via dupla,
estudantes e pesquisadores, vindo das universidades, se juntam a movimentos sociais. 

Numa geografia em movimento, neste sentido, militantes de movimentos sociais
se   tornam   também   pesquisadores,   e   pesquisadores   se   tornam   militantes.   O   desafio
colocado é ver potenciais e limites nesta relação, e construir um caminho próprio de
uma relação de movimento social e geografia, que integra a segunda ao primeiro numa
perspectiva   emancipatória,   na   qual   lutamos   para   transformar,   refletimos   para
compreender e para potencializar a luta popular. Uma relação de movimento social e
geografia   na   qual   a   reflexão   da   luta   pela   transformação   também   é   uma   luta   pela
transformação da reflexão.

  Em   uma   geografia   em   movimento,   utilizando   o   método   da   investigação


militante,   pesquisador   e   militante   confundem­se   enquanto   sujeitos   e   seus   campos
enquanto perspectivas  de pesquisa e luta. Isto não nos  libera da necessidade, e sim
reforça a importância, de agir com clareza, pesquisar e teorizar com coerência e nos
localizar em cada etapa de processos de prática­teoria. Uma geografia em movimento
busca uma postura além de “ou um, ou o outro” ­ “ou pesquisador, ou militante”, elá
está em movimento, tal como parte dele.

Ao acrescentar este elemento de relação possível entre geografia e movimento
social não pretendo dizer que tem que ser assim, de que haja um caminho único e certo.
Defendo que haja pesquisadores e estudiosos cujo esforço primordial seja a reflexão e
elaboração de teoria, tal como defendo que haja militantes que não se deparem sempre
com a necessidade de teorizar profundamente. Mas vejo, neste campo, a possibilidade
de estabelecer um continuum, uma diversidade de relações possíveis entre pesquisa e
ação, e uma possibilidade neste campo contínuo é uma investigação que nasce como
necessidade   do   movimento   social   e   é   exercido   e   levado   a   frente   pelo   próprio
movimentos  social,   podendo   envolver   estruturas   acadêmicas   e   mais   estritamente
científicas ou não.
 
Nesse âmbito, a pesquisa em andamento, nesta altura, menos traz respostas bem
amarradas e sim aponta para questões que precisam ser aprofundadas e que nortearão
reflexões   para   além   da   conclusão   do   projeto,   numa   busca   de   contribuir   para   que   a
geografia em movimento possa ser uma ponte entre universidade, classes populares e
suas lutas, para que possamos estar, como pesquisadores e militantes, juntos na luta:
Como   militar   enquanto   geógrafo   no   movimento   social   e   como   pesquisar
enquanto militante na universidade? 
Como   podemos   articular   prática   e   teoria,   luta   popular   e   ciência   social,
epistemologias,  metodologias  e  conceitos  para  que  integrem  geografia  e movimento
social?
Ao concordamos em enxergar na ciência social crítica uma ferramenta do povo,
da luta popular, quais as possibilidades de construir um campo de pesquisa e ação, uma
epistemologia nossa, libertadora, na qual não haveria por que distinguir intelectual e
militante enquanto sujeitos que se diferenciam, mas sim que se integram em um projeto
emancipatório? 
Como construir um projeto no qual ideologia, teoria e prática têm seus devidos
lugares, nunca separados, mas também sem confundi­los e no qual nós, sujeitos que
militamos e pesquisamos encontramos os nossos lugares numa relação contínua entre
teoria e prática?

Uma geografia em movimento tanto ganha em riqueza teórica­conceitual como
fortalece lutas sociais populares ao se conectar com elas na construção de um mundo
igualitário, um mundo no qual cabem muitos mundos.

TERRITÓRIO DE RESISTÊNCIA – CICLOS DE AÇÃO E REFLEXÃO

No   primeiro   ciclo   desta   investigação   militante   (2010,   2011),   processos   de


resistência em favelas do Rio de Janeiro apontaram para questões que precisam ser
aprofundadas visando fortalecer os trabalhos de base. É o ciclo que levou a formulação
do projeto de pesquisa em si. Construção inicial de um conceito que permita abordar
favelas como “territórios de resistência” (ZIBECHI 2009), a partir de experiências de
convivência e no trabalho de base e inspirado em trabalhos que tratam do potencial
emancipatório de territórios alternativos/subalternos/de resistência.

Durante o segundo ciclo da investigação, além da minha atuação contínua no
movimento   social   de   base,   grupos   de   diferentes   favelas   do   Rio   de   Janeiro   são
convidados de participarem de um processo de (auto­)reflexão coletiva e construção do
livro: “Favelas em Luta. Reflexões dos territórios de resistência”. É um processo de
interação teoria­prática ao ponto que protagonistas de lutas  de resistência se tornam
protagonistas da reflexão de suas próprias lutas. Com a forte de onda de protestos no
ano passado, muda a rotina dos grupo, e com isso a rotina da pesquisa. O processo do
livro, não somente um fim, e sim um meio, uma ferramenta de auto­reflexão sofre uma
parada   e  é  retomado  no  início  do  terceiro   ciclo  da  pesquisa.  Ao  mesmo   tempo,   os
protestos   fazem   com   que   importantes   bandeiras   de   luta   das   favelas   ganham   ampla
visibilidade no decorrer das lutas: a violência policial (“A polícia que reprime no asfalto
é a mesma que mata na favela”), o papel repressor das Unidades de Polícia Pacificadora
(UPP) (“Cadê o Amarildo”), entre outros. Moradores de diversas favelas encontram­se
nas   ruas.   Alguns   militantes   de   base   de   favelas   e   apoiadores   de   outros   movimentos
sociais   depois   da   onda   de   protestos   formam   o   Fórum   Popular   de   Apoio   Mútuo,   a
participação do qual trouxe elementos novos para as perspetivas tanto da luta, como
desta pesquisa.

No terceiro ciclo (2014) o foco esta em formas específicas de levantamento de
dados   empíricos,   durante   o   qual   serão   realizadas   entrevistas   com   integrantes   de
movimentos sociais de base e oficinas coletivas com grupos, buscando mapear nossas
resistências,  acompanhar  e  avaliar   os  processos   sócio­territoriais  e  as  relações  entre
resistências   explícitas   e   implícitas,   entre   práxis   populares   e   construção   de   poder
popular. As práticas de resistência dos grupos estão ou não em diálogo com as práticas
de   resistência   do   cotidiano   nas   favelas?   Como   os   integrantes   dos   grupos   pensam   e
colocam em prática suas lutas a partir de sua atuação e a partir das favelas onde atuam? 

O ano 2015 será o ano para finalizar a tese baseada no acumulo dos três ciclos
de pesquisa e no estudo teórico e conceitual que acompanha todo o correr da pesquisa.
TERRITÓRIOS-(DE-RESISTÊNCIA-)REDE

Não para concluir e muito mais para abrir para o debate, apresento em seguida
uma tentativa de esquematizar relações  de resistência em favelas  do Rio de Janeiro
(p.10).  Núcleos  inserem­se em contextos  das favelas onde atuam, onde estabelecem
relações com “sociedades em movimento” que Zibechi (2009, p.6) caracteriza por “las
formas de resistencia de escasa visibilidad pero que anticipan el mundo nuevo que los
de abajo entretejen en la penumbra de su cotidianidad.” As relações entre núcleos são
marcadas   por   territorializações   materiais   e   imateriais,   simbólicas   e   concretas.   Ao
mesmo tempo que existem relações entre os territórios das favelas, estas relações são
caracterizadas por descontinuidades, numa relação de territórios­(de­resistência)­rede.
As conexões são construídas através de fluxos materiais e imateriais que atravessam
territórios onde formas de controle e poder transformam, reprimem, podem barrar ou
fortalecer   esses   fluxos.   Barreiras   materiais   podem   ser   a   distância,   o   alto   custo   de
transporte,   engarrafamentos,  restrições   de   ir   e   vir   (milícia,   UPP,   tráfico,   etc.).   Uma
barreira imaterial seria, por exemplo, a nossa dependência da grande mídia para receber
notícias de outras. Um trabalho de resistência, tecendo uma rede de apoio e colaboração
entre grupos/núcleos (muitas vezes pequenos) que realizam trabalhos de base têm que
dar   contas   de   compreender   estas   dinâmicas   e   encarar   os   desafios   que   vêm   com   as
mesmas. Isto acontece das mais diversas maneiras, as vezes como ações direcionadas,
muitas vezes também a nível inconsciente, no dia a dia. 

Estamos realizando oficinas de auto­reflexão com os núcleos de resistência e
ainda pretendemos realizar uma oficina de “mapeo colectivo” 1  nas  quais  discutimos
formas de construir resistências nas e através do território. Com quem temos relações e
como? Com quem colaborar e como fortalecer laços? São perguntas que estão sendo
abordadas   no   terceiro   ciclo   da   investigação,   de   maneira   multiescalar   e   o   esquema
“Territórios­(de­resistência­)rede”   serve   como   uma   contribuição   ao   debate   e   a
construção coletiva para encarar esta tarefa e demonstra como uma arcabouço e uma
discussão rica de relações territoriais na geografia pode ajudar tanto para compreender
como para fortalecer núcleos­de­base­em­rede em favelas cariocas.

1 Um proposta de oficina em: http://iconoclasistas.com.ar/pdfs_para_bajar/mapeo_colectivo.pdf
TERRITÓRIOS-(DE-RESISTÊNCIA)-REDE
Esquema de relações multiterritoriais e multiescalares
da atuação de núcleos de resistência em favelas no Rio de Janeiro

Mapa 1:
diversas favelas

BAIRROS NÃO
FAVELIZADOS

ÁREAS CENTRAIS

Fluxos materiais e imateriais em


território-rede, interagem
Mapa 2: com/atravessam uma multiplicidade
uma favela de territorialidades (hegemônicas
ou não)

NÚCLEO EM
FORMAÇÃO
Conexões núcleo-núcleo,
núcleo-outros espaços FAVELA

Relações com demais


dinâmicas sócio-territoriais
pela cidade

ESPAÇOS/GRUPOS QUE
ATUAM NO TERRITÓRIO – NÚCLEO
Escolas, Igrejas, Associações de
Moradores, ONGs, etc.
DE APOIO
NÚCLEO
DE BASE
Timo Bartholl 06/2014
BIBLIOGRAFIA

BARTHOLL, T.: Por uma geografia em movimento. Trabalho apresentado no segundo


Colóquio Territórios Autônomos, Porto Alegre, 2013. Disponível em:
http://territorioautonomo.files.wordpress.com/2013/09/gd2-por-uma-geografia-em-
movimento.pdf

BAKUNIN,   M.:   A   ciência   e   a   questão   vital   da   revolução.   São   Paulo:   Editora


Imaginário, 2009.

BELINA, B.: Kritische Geographie: Bildet Banden!Einleitung zum Themenheft. In: 
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BORDA,   O.   F.:   Modelo   de   la   Investigación   Militante,   2010.   Disponível   em:


http://www.comminit.com/en/node/150220. Acesso em: 16.08.2013.

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