Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
natureza
É sabido que a relação homem versus natureza não é uma ciência contemporânea, ela
vem se estabelecendo do estudo racional através de séculos da existência da vida
humana no planeta terra. Ainda que o homem tenha acordado tardiamente para o
problema no ritmo do desenvolvimento e crescimento econômico ditado pelo passar
dos anos, é de grande valia apresentar o modo como essa relação estabeleceu-se nas
diversas passagens da humanidade. O “Movimento ambiental”, nascido apenas no
século passado, por volta dos meados dos anos 1960 apresenta-se ao mundo como o
divisor de comportamentos entre os tecnocratas conservadores do progresso e os
catastrofistas, ilustrados na obra de Ignacy Sachs. O movimento veio a aflorar o
problema da poluição ambiental e a busca de um novo tipo de desenvolvimento,
pautado na sustentabilidade, uma espécie de terceira via média entre o economismo
arrogante e o fundamentalismo ecológico.
Ainda que o assunto seja recente, o sonho do equilíbrio dessa relação parte de épocas
remotas, principalmente da essência de entender, em sua complexidade, o significado
de recurso natural e o controle sobre este. Ao analisar os períodos vividos pelo ser
humano, observam-se diferentes concepções, pois os processos produtivos foram se
modificando ditando a forma como o equilíbrio deixou de existir. Antes tudo era para
sobrevivência, sem excessos. Então surgem os excedentes, a produção em massa, o
crescimento populacional, industrialização, poluição e o pensamento sustentável.
Os Pré-Socráticos
Embora suas teorias estejam fundamentadas em um passado muito distante, elas não
podem ser descartadas de uma comparação com o contemporâneo. A rigor no cunho
científico, os quatro elementos observados, o ar por Aneximenes está poluído pelas
emissões de gás carbônico e aliado ao fogo ou calor, é comparável ao efeito estufa,
consequentemente ao aquecimento global. A água potável escassa para o uso
humano, e o Apeíon prestes ao colapso decorrente das ações do homem.
O Período Clássico
Platão encontrou na sua teoria das idéias um modo de explicar a realidade. O mundo
dos sentidos com o qual se chegaria a um conhecimento aproximado, imperfeito. E o
mundo das idéias, pelo qual podemos ter um conhecimento seguro com o uso da
razão. Também é escritor do famoso mito da caverna, que trata da exemplificação de
como podemos nos libertar da condição de escuridão que nos aprisiona através da luz
da verdade. Esta fábula que traz à tona a indagação proposta pelo movimento
ambiental dos anos 1970. O prisioneiro pensa em retornar a caverna e expor a verdade
enganosa em que vivem os demais, está sujeito a sérios riscos, como ser ignorado,
tomado como louco ou mentiroso e acabar morto. Assim fora para os primeiros
ambientalistas que trataram do assunto do aquecimento global, fortemente presente
em nossa realidade atual.
Feito o prisioneiro liberto do mito da caverna, Aristóteles correu o risco de ser morto
por expressar seu pensamento e querer mostrar um mundo totalmente diferente, e
morreu como herege. Rompeu com o movimento sofista, um grupo de filósofos que
discursavam em público e ensinavam suas artes em troca de pagamento. Para os
sofistas tudo deveria ser avaliado segundo os interesses do homem. A máxima de
Protágoras: “O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto
são, das coisas que não são enquanto não são.” o que confronta as idéias de Sócrates
que contribuiu para que as pessoas se apercebessem da descoberta da evidência que é
a manifestação do mestre interior da à alma: “Conhecer-se a si mesmo seria conhecer
Deus em si.”.
É inegável que Sócrates é o “pai da ética”, ao dialogar com os sofistas refuta seu
relativismo moral em defender a identidade entre os interesses individuais e os
comunitários como único caminho para a felicidade, o que implica na valorização da
bondade e na busca do conhecimento. Pensa na ética como uma força transformadora
capaz de trazer felicidade a ambos, sociedade e indivíduo. Teve como objeto de estudo
o ideal de uma cidade moralmente perfeita na qual houvesse uma harmonia entre os
diversos interesses individuais e coletivos. Cabe aqui trazer essa ética ao presente
momento, o jogo de interesses políticos individuais do século XXI acerca dos usos dos
restantes recursos naturais existentes no mundo.
Para ilustrar sua grande importância e reconhecimento presente ainda hoje, seja no
campo da filosofia, ironia, metódica ou ética, Sócrates dá razões para crer na sua
imortalidade. No livro Fédon de seu discípulo Platão, ele comenta alegremente que no
outro mundo poderia fazer perguntas eternamente sem ser condenado a morrer,
porque era imortal. Inclusive para Allan Kardec, em sua obra O Evangelho Segundo o
Espiritismo, Sócrates e Platão são precursores da idéia cristã e do espiritismo.
"Mas eis a hora de partir: eu para morte, vós para a vida.
Quem de nós segue o melhor rumo ninguém o sabe,
exceto os deuses.” - Sócrates
Período medieval
Com esse pensamento renovador, Francis Bacon, um dos maiores pensadores àquele
momento, compreendia na ciência, o domínio de controlar a natureza, extraindo dela
tudo que pudesse oferecer, dessa forma o conhecimento é apenas um meio vigoroso
de conquista o poder sobre a natureza. Considerado o fundador da Ciência moderna,
Bacon, propõe a reforma do conhecimento em crítica à filosofia anterior, a escolástica,
por não apresentar resultados práticos para a vida do homem. Para ele, o
conhecimento científico tem por finalidade servir o homem e dar-lhe poder sobre a
natureza, estabelecer o imperium hominis (império do homem) sobre as coisas.
Destacou-se com sua principal filosofia, o Novum Organum, e ocupou posição de
ímpeto no campo da metodologia científica racional e empirismo.
Tinha seu método fundamentado quatro preceitos básicos: o de nunca aceitar algo
como verdadeiro como tal sem que conhecesse claramente como tal. Repartir cada
uma das dificuldades que pudesse analisar em tantas parcelas quanto fossem possíveis
e necessárias para melhor solucioná-las. Conduzir por ordem os pensamentos,
iniciando pelos mais simples e fáceis, para elevar-se pouco a pouco, galgando degraus,
até o conhecimento mais composto. E por último, efetuar relações metódicas tão
completas e revisões gerais nas quais tivesse a certeza de nada omitir.
É verdade que não vemos em lugar algum demolirem todos os edifícios de uma cidade, com o
exclusivo propósito de reconstruí-los de outra maneira, e de tornar assim suas ruas mais belas;
mas vê-se na realidade que muitos derrubam suas casas para reconstruí-las, sendo ainda por
vezes obrigados a fazê-lo, quando elas correm o risco de cair por si próprias, por seus alicerces
não se encontrarem muito firmes. A exemplo disso, convenci-me de que não seria razoável
que um particular tencionasse reformar um Estado, mudando-o em tudo desde os alicerces e
derrubando-o para em seguida reerguê-lo; nem tampouco reformar o corpo das ciências ou a
ordem estabelecida nas escolas para ensiná-las; mas que, a respeito de todas as opiniões que
até então acolhera em meu crédito, o melhor a fazer seria dispor-me, de uma vez para
sempre, a retirar-lhes essa confiança, para substituí-las em seguida ou por outras melhores, ou
então pelas mesmas, após havê-las ajustado ao nível da razão.
(O discurso do método, p. 8)
Revolução Industrial
Nesse momento vivido no mundo surge a figura de Karl Marx, que direciona seu
pensamento no sentido de que a natureza não pode ser conceituada como algo
exterior a sociedade. Nesse momento ainda não se falava de sustentabilidade, no
entanto Marx em outras palavras ressaltava a importância do consumo consciente e
de uma economia equilibrada, da justiça social e da manutenção da qualidade do meio
ambiente, sendo primordial na busca do elo entre natureza e sociedade. Esse assunto
polêmico que remete aos temas discutidos contemporaneamente, como as mudanças
climáticas devido ao aquecimento global que surgem no movimento ambiental dos
anos 1970.
Período Contemporâneo
Pode-se afirmar que o movimento ambiental que surge no final da década de 1960 e
inícios de 1970 é o ponto de partida para um novo pensamento acerca dos problemas
sócio-ambientais decorrentes de séculos de desenvolvimento sem planejamento.
Nesse momento nasce o sentimento de reflexão do uso da técnica a serviço do homem
no uso dos recursos naturais e suas conseqüências globais. O momento em que o
homem se vê em conflito com sua evolução tecnológica, principalmente o conflito
ético.
Consideração ética esta que esta inserida nos problemas mundiais como o crescimento
e urbanização desordenada das grandes metrópoles, desigualdades sociais, consumo
excessivo de recursos não-renováveis, redução da biodiversidade e alterações
climáticas.