Trabalho apresentado como requisito avaliativo para
Obtenção da nota final do Curso Formação pela Escola
no módulo Fundeb.
Tutora: Silvia L. Lima Pícoli
Grandes Rios
2018 Resumo
Este artigo tem como objetivo sintetizar um balanço acerca da análise do
Conselho de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEB. Através de um quadro teórico que parte do materialismo histórico, que busca entender a sociedade através do conflito e da contradição, usa-se e debate-se aqui conceitos como conselhos, Estado Integral, sociedade civil e sociedade política, guerra de posição e de movimento, intelectual, dentre outros. Neste sentido problematiza-se o sentido da proliferação dos conselhos na educação no Brasil, contextualizando-os e investigando as diversas matrizes teóricas que pensaram os conselhos em sua relação com o Estado e a sociedade. Desta aproximação, analisa-se o referido objeto através de sua legislação, do acompanhamento das suas reuniões e das suas planilhas contábeis. Assim busca-se responder algumas questões: este conselho cumpre, de fato, com esta sua função de controle social? Como consequência, o conselho contribui para a socialização da politica e a expansão da democracia ou, ao contrário, esvazia esta participação ao retirar de alcance os debates estruturais da educação e reduzir a ação dos conselheiros – que é iminentemente política- em uma ação meramente técnica? Ademais, é fornecida aos conselheiros a formação técnica para a realização de suas funções? Partindo da hipótese da existência de uma tensão entre as possibilidades e limites de ação dos trabalhadores da educação no interior deste conselho, busca-se dar conta da seguinte questão central: em que medida e de que forma o CACS-FUNDEB pode ser um instrumento utilizado pelos trabalhadores da educação e demais trabalhadores na construção de uma escola pública, de qualidade, laica, gratuita e emancipatória. Palavras-chave: conselhos do FUNDEB; Controle Social; gestão democrática; valorização profissional. INTRODUÇÃO O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) tem como objetivo específico financiar a Educação Básica pública, que compreende: a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio oferecido pela rede pública de ensino. Os recursos do Fundeb devem ser aplicados somente na remuneração dos profissionais do magistério da educação básica pública (até 60% dos recursos) e nas despesas de manutenção e desenvolvimento da Educação Básica pública (até 40% dos recursos). O processo de fiscalização da execução do Fundeb é realizado pelos Tribunais de Contas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, o Ministério Público, o Tribunal de Contas da União e da Controladoria– Geral da União e a sociedade civil por meio do Conselho de Acompanhamento e Controle Social – CACS Fundeb. No que se refere, ao CACS Fundeb verificou-se que o mesmo deve acompanhar detalhadamente a gestão, execução e prestação de contas do Fundo. O referente trabalho consiste em uma análise teórica dos avanços da educação brasileira, a partir das ações(investimentos) desenvolvidos pelo Fundeb – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, o qual tem como principal objetivo financiar todas as etapas da educação básica– educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, em todas as suas e tapas, modalidades, e tipos de estabelecimentos, oferecidos nas redes públicas(estadual, distrital e municipal). No âmbito do Fundeb, nesse momento, nos a tentamos ao CACS - Conselho de Acompanhamento e Controle Social, o qual é um órgão colegiado que permite a sociedade, através de seus representantes legais – os conselheiros, participar de todo o processo de gestão dos recursos do Fundeb, acompanhando as etapas relacionadas à previsão orçamentária, distribuição, aplicação e comprovação do emprego desses recursos, nas três esferas de governo(Federal, Estadual e Municipal). Embora o Governo tenha tomado diversas atitudes para melhorar o quadro da educação brasileira, ainda existem muitas deficiências neste setor. Hoje, a Educação em todas as suas dimensões é um desafio. O financiamento da educação brasileira através do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica - FUNDEB, a participação dos organismos internacionais, mais especificamente do Banco Mundial, na política educacional brasileira e o forte investimento do governo federal na Educação a Distância são algumas das iniciativas do Governo para que a Educação passe a ser realmente de qualidade e, que esteja ao alcance de todos.
FUNDEB (FUNDO DE MANUTENÇÃO E DESENVOLVIM ENTO DA
EDUCAÇÃO BÁSICA E DE VALORIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO)
Em meados da década de noventa, havia uma consciência nacional sobre o
abandono da escola pública, principalmente nas redes municipais, e da desvalorização salarial do magistério, tanto estadual como municipal. Discutia- se a necessidade de alavancar mais recursos federais, estaduais e municipais para a educação pública e percebia-se a necessidade de maior equidade e controle na distribuição de verbas. Assim, em resposta a uma grande demanda social surgiu em 1996 o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef). Criado pela Emenda Constitucional nº14, de setembro de 1996, e regulamentado pela Lei nº 9.424, de 24 de dezembro do mesmo ano, e pelo Decreto nº 2.264, de junho de 1997, o Fundef foi implantado, nacionalmente, em 1º de janeiro de 1998, quando passou a vigorar a nova sistemática de redistribuição dos recursos destinados ao Ensino Fundamental. Seus principais objetivos eram criar no país um sistema de financiamento que assegurasse um ensino de qualidade para todos os alunos. Do ensino fundamental da rede pública, bem como, criar mecanismos de transferências de recursos entre os três níveis de governo( federal, estadual ou distrital e municipal) que busquem diminuir as desigualdades observadas no sistema educacional nacional. O Fundef funcionou por nove anos (entre 1998 e 2006), quando foi substituído pelo Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) criado pela Emenda Constitucional nº 53/2006 e regulamentado, inicialmente, pela Medida Provisória nº 339, de 28 de dezembro de 2006 e, em 20 de junho de 2007 foi sancionada a Lei nº 11.19 4. O Fundeb é um fundo especial, de natureza contábil, de âmbito estadual, formado por recursos provenientes dos impostos, transferências e contribuições dos Estados, Distrito Federal e Municípios, e complementação por recursos federais. Os recursos que o compõem só podem ser utilizados para financiar a educação infantil (creches e pré- escolas), o ensino fundamental e o ensino médio, em todas as suas etapas, modalidades e tipos de estabelecimentos, oferecidos nas redes públicas (Estadual, Distrital e Municipal). Por meio de uma norma legal específica (Lei nº 11.494) o Fundeb é regulamentado, e assim define suas diretrizes, seus objetivos e normas próprias para composição, distribuição, aplicação, acompanhamento, fiscalização e prestação de contas dos recursos que o compõem. Ao pensarmos no Fundeb, não podemos deixar de falar no FNDEB (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), o qual é o responsável por toda operacionalização do Fundo, no âmbito do Ministério da Educação (MEC) e, que entre outras responsabilidades calcula e encaminha para divulgação, por meio de ato conjunto dos Ministérios da Educação e da Fazenda, os parâmetros operacionais do Fundo para cada exercício, com base nos dados do Censo Escolar, nas previsões de receitas e nos fatores de ponderação aplicáveis, fornece ao Banco do Brasil informações para subsidiar a distribuição dos recursos (inclusive da Complementação da União).
FUNDEB: FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO NACIONAL E CACS: OS
CONSELHOS DE ACOMPANHAMENTO E CONTROLE SOCIAL
O Brasil investe muito pouco em educação, se comparado a outros países.
Conscientes dessa realidade, que ainda é visível, governantes reuniram- se com intuito de melhorar os investimentos destinados à educação, reformulando o fundo da educação, antes chamado de Fundef, para Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – Fundeb, criado pela EC nº. 53/20 06 e regulamentado pela Lei nº. 11.494, de 20 de junho de 2007. Este é um fundo especial, de natureza contábil, de âmbito estadual, formado por recursos provenientes dos impostos, transferências e contribuições dos Estados, Distrito Federal e Municípios, e complementado por recursos federais. Os recursos do fundo são repassados automaticamente para contas específicas dos Governos Estaduais, do Distrito Federal e dos Municípios. Sua distribuição leva em conta: critérios definidos na legislação específica do fundo, os dezenove segmentos da educação básica, os fatores de ponderação, os dados do censo escolar, os valores por aluno/a no nacional e por Estado, dentre outros. Sua execução é possível pela atuação de uma rede de parceria ampla, formada pelo MEC, pelo Ministério Público pelos Tribunais de Conta dos estados, Distrito Federal e Municípios, pelo Tribunal de Contas da União e a controladoria Geral da União, pelo Ministério da Fazenda, Ministério da Fazenda e do Planejamento, Instituições bancárias e pelo Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb. A aplicação do Fundeb trouxe grandes benefícios à educação. Mas seria esta uma solução ou apenas mais um remendo aos problemas da educação? A criação do Fundeb teve como pretensão corrigir as falhas do Fundef, que não beneficiava todas as modalidades de ensino da Educação Básica. Contudo, é certo que diante da quantidade de impostos que são arrecadados em nosso país, o fundo destinado à manutenção da educação básica a inda é pouco. Para as escolas públicas localizadas nos grandes centros, que atendem crianças de classe média baixa, o fundo destinado pode até ser suficiente. Mas, para as escolas localizadas em bairros carentes, com população na faixa da pobreza e até mesmo da miséria, esse fundo é indiscutivelmente baixo. Para Winckler e Santagada (2007) : O Fundeb, ao atender aos vários níveis de ensino e modalidades da educação básica, retoma a bandeira da universalização, da gratuidade e da qualidade do ensino nas diferentes etapas da aprendizagem, apesar de sua lógica restringir se a um rearranjo interno dos seus recursos (WINCKLER; SANTAGADA, 2007. p. 44 ). Quanto à suposta valorização dos profissionais da educação, o Fundeb contém vários equívocos e inconsistências. Um é que, embora denominado de valorização dos profissionais da educação básica, só vincula um percentual para os profissionais do magistério, não para os profissionais da educação, categoria mais ampla, que inclui os trabalhadores da educação não envolvidos em funções tradicionalmente definidas como pedagógicas dentro da escola. Além disso, o Fundeb, em toda sua instância, jamais irá garantir a igualdade salarial para todos os profissionais do Brasil, sendo que, em algumas regiões este profissional é mais valorizado, enquanto em outras não. CONCLUSÃO
Portanto, este estudo nos possibilitou compreender e analisar como se dá o
funcionamento e a eficácia do CACS/Fundeb, identificando e acompanhando a aplicação desses recursos. Constatamos que este conselho é de suma importância para a gestão dos recursos financeiros, pois sem a sua existência regularizada ou ainda sem o envio de seus relatórios e pareceres o município pode ficar sem o repasse de recursos do Fundeb, prejudicando assim o pagamento de professores e o financiamento da educação em geral. Nota- se que apesar dos conselheiros não possuírem o poder de aprovar ou não as contas do ente federado a que se vincula, o seu parecer desfavorável, suas ressalvas ou ainda a inexistência do parecer pode alertar o Tribunal de Contas e a esse lançar um olhar minucioso sobre as contas do município/estado, podendo gerar até a sua reprovação. Finalizando mais um módulo do Programa Nacional de Formação Continuada a Distância nas Ações do FNDE - Formação pela Escola, Módulo FUNDEB, tivemos a oportunidade de fazer uma reflexão acerca do nosso papel de cidadão participativo nas definições dos rumos da educação de nosso país e, principalmente, do nosso município, mediante a participação e envolvimento nos conselhos dos programas do FNDE ou conselhos escolares. Este módulo foi de suma importância para que obtivéssemos informações detalhadas a respeito do FUNDEB, podendo assim conhecer melhor suas etapas de execução, de prestação de contas, sabendo que é necessário que todos os cidadãos, inclusive os que atuam na educação brasileira participem, opinem e fiscalizem. Para fazer valer nossos direitos, primeiramente necessitamos de educação de qualidade, que apenas será possível por meio de nossos esforços enquanto professores, que necessitam de valorização adequada. A educação só irá acontecer, se algum mecanismo de investimento financeiro auxilie na ajuda de custo. Esse mecanismo existe, como vimos neste módulo, porém, necessita de melhor administração pública e de um aumento significativo de repasse financeiro para o setor da educação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Lei nº 11.494, de 20 de junho de 2007 – Regulamenta o Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb ).
Módulo Competências Básicas. Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação. Brasília : MEC, FNDE, 2010.
Módulo Fundeb. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Brasília: