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A Torre do Elefante (Robert E.

Howard)

[Conto originalmente publicado na coletânea Conan – A Rainha da Costa Negra (SDE)]

Tradução de Rogério Ribeiro

Excerto do site: Revista Bang! | Revista Bang!


URL: http://revistabang.com/2013/11/07/a-torre-do-elefante-de-robert-e-howard/ (22/05/2015,
às 13:26)

III

Empurrou cautelosamente a porta de marfim e ela deslizou


silenciosamente para dentro. Na soleira tremeluzente, Conan mantinha-se
atento como um lobo num ambiente hostil, preparado para lutar ou fugir num
instante. Olhava para uma grande câmara com um teto dourado abobadado; as
paredes eram de jade verde, o chão de marfim, parcialmente coberto por
espessos tapetes. De um braseiro colocado sobre um tripé dourado escapava
fumo e um odor exótico a incenso. Atrás disso estava um ídolo, sobre uma
espécie de sofá de mármore. Conan olhava horrorizado; a imagem tinha o
corpo de um homem, nu e de cor verde; mas a cabeça era uma de pesadelo e
loucura. Demasiado grande para o corpo humano, não tinha atributos de
humanidade. Conan observou fixamente as orelhas largas, o focinho enrolado,
de cada lado da qual surgia uma presa branca terminada por uma bola
dourada. Os olhos estavam fechados, como se dormisse.

Era então esta a razão para o nome, pois a cabeça da coisa era
muito semelhante à das bestas descritas pelo andarilho shemita. Este era o
deus de Yara; onde estaria então a gema, senão escondida no ídolo, já que a
pedra era apelidada de Coração de Elefante?

Conan avançou com os seus olhos fixos no ídolo imóvel, e os olhos


da coisa abriram-se repentinamente! O cimério estacou. Não era uma imagem;
era uma criatura viva. E ele estava encurralado naquela câmara!
Que não tenha explodido instantaneamente num frenesim assassino
é um fato que demonstra o horror que o paralisava onde estava. Na sua
posição, um homem civilizado teria procurado refúgio duvidoso na conclusão
de que estaria louco; mas não ocorreu ao cimério duvidar dos seus sentidos.
Sabia que estava cara a cara com um demônio do Mundo Antigo, e a
compreensão disso roubou-lhe todas as faculdades à exceção da visão.

A tromba daquele horror estava levantada e perscrutava à sua volta,


os olhos de topázio fixavam sem ver, e Conan soube que o monstro era cego.
Com esse pensamento veio o descongelar dos seus nervos paralisados, e
começou a recuar silenciosamente para a porta. Mas a criatura ouviu-o. A
tromba sensível estendeu-se na sua direção, e o pavor de Conan voltou a
paralisá-lo quando a criatura falou, numa voz estranha e gaguejante que nunca
mudou de tom ou timbre. O cimério percebia que aquelas mandíbulas nunca
tinham sido feitas ou concebidas para a fala humana.

— Quem está aí? Vieste torturar-me de novo, Yara? Nunca o


deixarás de fazer? Oh, Yag-kosha, não haverá um fim para a agonia?

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