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b. Soberania
Para Bodin , o monarca é o detentor de um poder absoluto que não conhece limites –
soberania absoluta – “O poder que acima de si e afora Deus, não admite outro e que,
por natureza, é em si mesmo limitado e permanente” Bodin.
Com isto, os interesses específicos de cada Estado começam a produzir dificuldades
nas relações internacionais. Contudo, o avanço da Revolução Industrial fez com que se
abandonasse esta ideia de soberania absoluta para ser substituída pela de soberania
relativa – é criada ideia de interdependência (abertura entre os estados),
reestabelecendo-se a compatibilidade entre o DI e a soberania.
A obediência às normas internacionais continua a depender da aceitação voluntária
de cada Estado, no entanto, estes já não podem negar o DI.
c. Relações económicas internacionais
Com o desenvolvimento económico das nações, as relações internacionais,
industriais, financeiras, etc., tornaram-se cada vez mais complexas, gerando uma
comunidade internacional onde predomina a interdependência.
d. Guerras
As relações internacionais sempre foram perturbadas pelas guerras, criando-se uma
consciência da necessidade de paz e de instituições capazes de garantir a cooperação
entre estados (daqui, advém a SDN).
e. Consciência e aceitação dos Princípios Jurídicos fundamentais por
diversos povos
Os princípios jurídicos vão sendo introduzidos na consciência dos povos e,
posteriormente, expressos em textos legais.
Assim, esta consciência jurídica torna-os parte integrante da Organização Jurídica
Internacional.
No nosso Direito contamos com princípios como: boa-fé; pacta sunt servanda;
proibição do abuso do direito; liberdade dos mares, etc.
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a. Grécia
A existência de várias Pólis soberanas levou à necessidade de um Direito Diplimático.
b. Roma
O Imperador dominava o Imperium e ditava as leis, inclusive as dos povos dominados.
Ius fetiale: conjunto de regras que devia ser observado antes de se começar
uma guerra – bellum justum.
Ius gentium: uma parte do Direito Interno Romano, que Roma impõe aos
povos dominados.
c. Respublica Cristiana
É um grupo de comunidades políticas com autodeterminação unidas por uma ligação
comum – o Cristianismo – e submetidas a um poder diárquico: Papa + Imperador.
Criaram conflitos com os Estados Islâmicos, surgindo a necessidade de uma rede de
Relações Diplomáticas.
d. A paz de Vestefália
No século XVI assistimos à divisão da Europa Cristã em duas partes: católica e
protestante, o que trouxe guerras sanguinárias, sendo a mais conhecida a Guerra dos
30 Anos.
Estas vão terminar com o Tratado de Vestefália, que consagra a coexistência entre os
Estados Protestantes e Católicos, permitindo o Principio do Equilíbrio Europeu.
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Conclusão
Da breve análise histórica podemos concluir que o Direito Internacional desenvolve-se
sob a influência de três fatores essenciais: os conflitos bélicos; as relações económico
culturais; o desenvolvimento cientifico-tecnológico.
Três fatores que estão interligados, embora em cada momento u deles seja
dominante, e todos sejam sobre determinados pela política internacional.
Três fatores que bem poderiam ser reduzidos a dois, os político-económicos e os
culturais-tecnológicos, e que têm dado o impulso ao aperfeiçoamento e ao
alargamento do âmbito do Direito Internacional, até à sua universalização, obrigando-
o a adaptar-se à nova realidade internacional. São também essas questões, em
especial as político-económicas, que produzem a instabilidade desse direito, não o
permitindo garantir com segurança a paz, por fazê-la depender das relações de forca
em cada momento histórico concreto.
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a. Correntes Canonistas
Com base no Antigo Testamento e na Tese de S. Paulo, segundo os quais os povos
primitivos têm as suas próprias leis, vão-se criando condições para o nascimento do
Jusnaturalismo Cristão.
Santo Agostinho: Teoria da Guerra Justa (aquela que visa restabelecer a justiça
violada);
S. Tomás de Aquino: a guerra é um tema moral.
S. Raimundo de Penaford: quem será a autoridade competente para declarar
Guerra Justa? O Papado ou o Príncipe?
Francisco Suarez:
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Agora, o Direito das “gentes” está baseado na vontade dos Estados. Deste dualismo,
resultam duas escolas:
Jusnaturalismo Positivismo
Para Hobbes, o Estado de Natureza é um Segundo esta escola, o Direito Natural é
Estado de Guerra Permanente pois o diferente do Direito Positivo.
Homem pensa apenas e unicamente no Para os positivistas, a Lei é o Direito.
seu próprio interesse.
Por outro lado, Pufendorf defende o Moser, vai projetar a Teoria da
Estado de Sociedade surge pela razão Experiencia Pura do Direito, segundo a
humana (leis para controlar). qual o Direito Internacional deve saber
E desenvolve três pactos. quais as regras que se observam nas
1. O Estado vem impor a relações entre os Estados, devendo
segurança e a paz; estudar os materiais diplomáticos para
2. Estabelecer a forma de daí extrair as regras positivas.
Governo;
3. Submissão dos Homens ao
soberano.
a. Doutrina voluntarista
O Direito Internacional é um Direito Estatal Externo. Tal significa que é a projeção
exterior do Direito Interno dos Estados. Assim, as convenções internacionais aceites
pelos Estados só podem adquirir força interna obrigatória após a receção pelo
ordenamento jurídico interno, e uma vez recebidas passam a ser parte integrante
desse ordenamento. O Direito Internacional é um Direito Infralegal.
b. Fundamentação Normativista
Para Kelsen, a validade de uma norma depende da sua conformidade com uma outra
hierarquicamente superior – a Grundnorm (topo da pirâmide).
Assim, as normas de DI só podem ser jurídicas se integrarem a ordem jurídica.
c. O Jusnaturalismo moderno e a fundamentação do Direito Internacional
Os jusnaturalistas fundamentam o DI em normas que resultam da natureza racional e
social do Homem.
Para Le Fur, o Direito aparece como algo racional que se destina a realizar o bem
comum. Para ele, do Direito Natural resultam duas regras: respeitar os compromissos
assumidos e reparar os prejuízos causados. Verdross defende a regra Pacta Sunt
Servanda.
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a. Doutrina dualista
Von Triepel que o Direito Internacional e o Direito Interno dos Estados são dois sistemas
jurídicos autónomos e separados e, por isso, nunca se confundem. As suas diferenças
são:
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b. Doutrina monista
Todas as normas estão subordinadas umas às outras (hierarquia de normas), o que
implica a sua supra-infra ordenação no quando de um único sistema jurídico:
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Sistema de transformação
O legislador reproduz numa lei interna a norma de Direito Internacional, de modo a
que esta seja aplicada na esfera jurídica interna.
Artigo 8º, nº1, CRP – as normas e os princípios do Direito Internacional têm uma
receção plena, passando a fazer parte do ordenamento jurídico interno nos
seus exatos termos – Direito Consuetudinário.
Artigo 8º, nº2, CRP – para que as convenções internacionais sejam recebidas, é
necessário que:
1. Sejam ratificadas (pelo Presidente da República) ou
aprovadas (pela Assembleia da República ou pelo
Governo);
2. Vigorem na ordem internacional;
3. Tenham sido publicadas no Diário da República.
A não publicação das convenções leva à sua ineficácia – Direito Convencional.
Materiais: conjunto de situações reais que dão origem a certas normas, ou seja,
questões que irão impor a necessidade de uma determinada norma. (Relações
sociais que estão na origem das normas);
Formais: conjunto de fontes que, independentemente das situações da vida real,
dão sempre origem a certas normas, como costumes, tratados, Princípios Gerais
de Direito, etc. (Processo como as normas se exteriorizam)
Há princípios que não estão positivados em norma, mas influenciam a criação de
Direito, como, por exemplo, os Princípios Gerais de Direito. Da mesma forma, existem
fontes secundárias, como a doutrina e a jurisprudência.
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O Costume não é um pacto, logo a tese grociana não pode ser aceite;
O Costume resulta de uma prática, que implica uma ideia de temporalidade
longa;
É uma prática reiterada e uniforme em que os seus autores estão convencidos
da sua obrigatoriedade jurídica.
Quando é que o costume entra, então, em vigor?
O Costume é positivado nas Convenções Plurilaterais. Como abrange uma série de
Estados, eles passam o costume a lei positivada. No entanto, isso não implica que a
norma deixe de vigorar enquanto Costume?
Durante décadas não existiu nenhum artigo redigido sobre as relações diplomáticas, ou
seja, era tudo Costume, até que no século XX foram, então, positivadas por alguns
Estados.
No entanto e mesmo assim, não deixou de valer enquanto Costume, porque os Estados
que não estão vinculados a esse tratado, regem-se, igualmente, pelos mesmos
Costumes.
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Manter nas suas relações, pois os Estados estão em permanente em relação diária,
fazendo acordos, protocolos, etc. (ex.: Ásia, África, Europa), é relações contínuas.
O problema que se coloca é que de facto hoje a teoria dominante o costume tem
animus, porque sem ele acabaria de ser uma prática voluntarista (quero fazer, faço, não
quero, não faço).
A norma impõe seguramente uma coisa: o dever de a cumprir.
Há um direito mas não há nada escrito, estamos perante um costume, há uma memória
do tempo (mas ninguém consegue determinar uma data).
Hugo Grócio: o costume é um acordo tácito entre os Estados
Quando houve a Revolução Bolchevique (estados socialistas – URSS) levantaram
problemas sobre costumes dos estados capitalistas e dominantes. Depois veio as
descolonizações que também não aceitavam os costumes.
Hoje a ideia dominante: Não há um acordo tácito, mas sim a dominação de uma prática
que se foi implementando. Séc. XIX, os Estados adquirem uma força que monopolizam
poda a vida internacional. Quando emergem com força política entendem que deveriam
começar a fazer acordos escritos, que criavam regras, onde as questões ficavam mais
claras. (os costume para se tornar costume demora muitos anos, então criavam os
tratados para que fosse mais fácil). OS positivistas diziam que o mundo internacional
seria regido, dominantemente, pelos tratados. (Os tratados vão acabar com os
costumes, contudo não foi isso que se verificou. Continuaram a existir costumes! – Não
podemos fazer afirmações absolutas). Alguns tratados, na sua execução prática, incluem
o costume.
Há uma articulação muito boa entre os costumes e os tratados, porque um leva ao outro.
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3. Membros
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4. Órgãos
Cada estado dispõe de um voto (artigo 18, nº1), mas pode ser perdido sempre que um
Estado membro se atrasar na contribuição financeira à ONU (artigo 19º da CNU)
A eleição de membros não permanentes do Conselho de Segurança (pela Assembleia
Geral) realiza-se nos termos previstos do artigo 23º, nº2.
A eleição de membros está prevista no artigo 4º, nº2, e os privilégios e membros estão
previstos no artigo 5º da CNU (remissão para os artigos 18, nº 2 e 23, nº2).
O artigo 12º da Carta fala-nos da separação de poderes entre a Assembleia Geral e o
Conselho de Segurança. Este artigo prevê a suspensão temporária do exercício de
competências (a menos que o Conselho de Segurança o recomente)
As suas resoluções não têm carácter obrigatório;
Em questões importantes tem que haver uma maioria de 2/3;
Em questões não importantes ganha a maioria simples.
Tem competências específicas exclusivas: artigos 13º, 15º, 16º, 17º, 22º, 23º, nº2
(teste), 61º, nº1; 63º, 96º, nº2; 101º, nº1 e 2; 108º; artigo 109.
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Conselho de Tutela - artigos 86º a 91º - está desativado desde 1994 e foi criado para
auxiliar os Estados que necessitavam de tutela depois, por exemplo, da desunificação
da URSS. Colabora, também, com a Assembleia Geral.
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