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DOI: http://dx.doi.org/10.13059/racef.v7i1.170
Anita Kona
a
Anita Kon
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
akon@terra.com.br
RACEF – Revista de Administração, Contabilidade e Economia da Fundace. v. 7, n. 1, Ed. Esp. Ecossistemas de Inovação
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patamar em que vem diminuindo sua capacidade de mercado já aparecia nos trabalhos de Alfred Marshall
estimular retornos crescentes. Salienta que um novo de 1899, que mostravam as vantagens que as firmas
paradigma de inovação tecnológica deverá tirar as obtinham da localização aglomerada de firmas de
economias da estagnação, a exemplo do que vem uma mesma indústria (economias de aglomeração).
acontecendo há séculos. Esta perspectiva foi posteriormente estudada por Eric
Partindo destas premissas, este artigo Dahmén em 1970, que observou o desenvolvimento
busca mostrar que este novo paradigma de em blocos de conjuntos de firmas, como solução
operacionalização da inovação ̶ representado para o desenvolvimento. Estudos sobre a
por ecossistemas de inovação ̶ já se encontra em transformação industrial de Schumpeter. Chistopher
desenvolvimento e tem contribuído para a retomada Freeman e Bengt Ake Lundvall introduziram, na
da capacidade de estímulo ao desenvolvimento. década de 1980, o conceito de “sistema nacional
Por outro lado, nesse contexto, a contribuição de inovação” que incluía na estrutura de elementos
das inovações intangíveis passa a ocupar o lugar que contribuíam ao desenvolvimento econômico,
prioritário, antes desempenhado pelas inovações não apenas agentes de produção e financeiros,
tecnológicas tangíveis. mas também o sistema de regulação e outras
Observa-se, na atualidade, que a inovação em políticas públicas. Em 1990 Michael Porter publicou
centros de desenvolvimento dos países tem sido conceitos que veio desenvolvendo desde a década
criada de forma aglomerada, através da participação de 1980 sobre a ideia de clusters (aglomerados), que
conjunta de vários parceiros, não necessariamente englobava muitos dos conceitos acima para explicar
da mesma organização, que trabalham em uma as vantagens competitivas das nações (MARSHALL,
forma de inter-relacionamento que resulta em 1899; DAHMÉN, 1950; FREEMAN, 1991; LUDVAL,
mútuas vantagens, resultando em ecossistemas de 1988; PORTER, 1990).
inovação. A literatura sobre a competição e colaboração
A elaboração deste texto exploratório visou, entre as firmas individuais na busca de sua parcela
através da interpretação da literatura teórica no mercado ganhou nova interpretação com o
disponível, aprofundar o conhecimento sobre as artigo de James Moore de 1993 que, baseado em
características da inovação nas atividades de serviços uma ideia de Kenneth Boulding (1978) sobre a
e inferir sua relevante contribuição ao funcionamento evolução social, apresentou uma metáfora para esta
dos ecossistemas de inovação, para entender e competição econômica, extraída de estudos sobre
explicitar a dinâmica destes relacionamentos como os sistemas biológicos e sociais. Moore sugere que
novo paradigma de desenvolvimento. as empresas deveriam ser consideradas não como
O artigo apresenta inicialmente uma visão unidades de uma única indústria, mas como uma
conceitual dos ecossistemas de inovação e sua parte de um ecossistema de negócios, que envolve
forte dependência das atividades intangíveis de uma série de indústrias. Nesse ecossistema, as
serviços. A seção seguinte trata das características firmas evoluem conjuntamente ao redor de uma
específicas das inovações em serviços e dos impactos inovação, produzindo de forma competitiva, mas
consideráveis que geram no contexto do ecossistema. também cooperativa, com o objetivo de elaborar
Finalmente, são examinados os vários paradigmas novos produtos que satisfaçam o consumidor no
de operacionalização das inovações em serviços, mercado.
que resultam das diversidades de condições dos Publicação posterior de Moore de 1996
agentes envolvidos e das possibilidades de seleção desenvolve mais a ideia, mostrando que, como um
das alternativas de implementação das inovações ecossistema biológico que envolve os organismos
em cada mercado em que atuam. vivos interagentes entre si e com o ambiente,
um ecossistema de negócios engloba todos os
indivíduos, organizações, entidades governamentais,
2 ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO E com os quais uma firma interage, incluindo os
consumidores, competidores e outros agentes. A
AS ATIVIDADES DE SERVIÇOS função de um ecossistema líder é possibilitar os
membros da comunidade de dividirem ideias para
A visão de mútuos benefícios extraídos da alinhar seus investimentos e encontrar modos de
cooperação de firmas individuais para a provisão do apoio mútuo, desde que o sucesso da continuidade
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do ecossistema está no fato de que cria uma rede instituições específicas voltadas para as funções do
de relacionamentos que se recompensam de ecossistema. Por sua vez, as entidades institucionais
forma mútua. Isto se realiza, pois cada líder de um são representadas por universidades, outros centros
ecossistema estabelece uma capacidade central de ensino e treinamento, centros de pesquisa e de
que se torna a base para criação de valores e de apoio institucional, centros de negócios, empresas,
consumidores, através da combinação de agentes e centros de excelência, bem como organizações
colaboradores envolvidos (MOORE, 1996). governamentais federais, estaduais e municipais de
Vários estudos atuais reúnem os conceitos de assistência, de planejamento e implementação de
Moore com os de Freeman e Ludval desenvolvendo políticas públicas e regulação, agências financiadoras
a conotação de ecossistema de inovação que entre outros (JACKSON, 2010).
inclui a integração, em uma dada área geográfica, No interior do ecossistema, a interação se
econômica, industrial ou empresarial entre os dá entre duas formas de inter-relacionamentos
agentes, fatores, entidades e atividades tangíveis econômicos, porém distintas, representadas de
e intangíveis, que interagem entre si e com o um lado pela economia do conhecimento, movida
ambiente socioeconômico em que se localizam e se pela pesquisa e ensino e de outro pela economia
aglomeram espacialmente. Da mesma forma que comercial dirigida pelo mercado. Uma característica
em um ecossistema da Natureza ou biológico, cada própria da inter-relação entre estas economias é que
elemento, também chamado de indivíduo, tem seu os recursos financeiros investidos no conhecimento
próprio nicho e um papel a ser desempenhado no são originados no outro setor, incluindo organizações
conjunto do ecossistema de inovação. governamentais e privadas.
A criação destes ecossistemas de inovação Outra característica se refere ao fato de que a
ganhou relevância na observação de que a maior parte destes ecossistemas se desenvolve
inovação é uma fonte significativa de geração de com base em um paradigma tecnológico específico.
valor agregado e riqueza de uma economia, o que Considera-se que um ecossistema de inovação está
determina estratégias específicas de criação destes equilibrado, próspero e saudável, quando os recursos
inter-relacionamentos, com o objetivo de indução investidos na economia do conhecimento trazem
do desenvolvimento econômico e de base para a retorno subsequente através da inovação resultante,
recuperação econômica em períodos de menor que induz ao lucro na economia comercial em que se
dinamismo ou de crise. As formas apontadas na insere. A aquisição deste equilíbrio é complexa pelo
literatura econômica para elevar o valor agregado de fato de que as duas economias operam em diferentes
uma economia consistem em aumentar o número de sistemas de recompensa, o que torna difícil ligar as
insumos no processo produtivo, ou pensar em novas descobertas derivadas da pesquisa básica com sua
maneiras de extrair maior valor do mesmo número aplicação, para a criação de produtos inovadores que
de insumos. Esta última é a essência da inovação, possam resultar em lucros no mercado (JACKSON,
definida como a introdução de novos produtos ou 2010).
produtos significantemente melhorados, novos Em qualquer momento, algum fator externo que
processos, métodos organizacionais e de marketing, se introduza no sistema pode causar modificações
nas práticas internas das firmas ou do mercado no equilíbrio, de diferentes intensidades, com
(JACKSON, 2010). resultados destrutivos ou construtivos ao sistema.
No contexto da inovação, estas entidades que Isto se verifica porque, como num ecossistema
se aglomeram e se relacionam entre si apresentam biológico, um novo fator ou agente inserido pode
metas funcionais que são dirigidas para possibilitar distorcer o equilíbrio natural da interação gerando
o desenvolvimento da inovação e da tecnologia, um novo rearranjo interativo ou eliminando alguns
e se utilizam de recursos materiais econômicos componentes do antigo sistema. Da mesma forma,
associados ao capital humano e constroem um fator interno ao ecossistema, que sofra alguma
entidades institucionais. Os recursos materiais mutação, desgaste ou mudança de comportamento,
são representados por equipamentos fundos também provoca estas mudanças no equilíbrio
financeiros, instalações, entre outros, enquanto o natural.
capital humano envolve estudantes, professores, Observa-se que o aumento do capital
pesquisadores, técnicos e especialistas privados, humano, que utiliza os recursos para a geração de
capitalistas, representantes de empresas e de outras conhecimento, resulta em maiores possibilidades de
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se difunde para as demais atividades da economia. as cadeias, redes e sistemas de tecnologias que
Concluem que a inovação em serviços é de natureza colocam atividades de manufaturas e serviços como
diferenciada dos modelos existentes na manufatura, fortemente inter-relacionadas.
como consequência de sua forma intangível, pela Esta última forma de analisar a inovação nos
ênfase em novas práticas e rotinas organizacionais, serviços é muito recente e existem poucos estudos
pela dependência da interação e muitas vezes empíricos a respeito, ainda não completamente
coprodução do consumidor, como também devido à articulados, que buscam entender a associação
simultaneidade entre produção e consumo, que leva entre a inovação e o desempenho da economia
à incapacidade de estocar o produto, ou seja, tem através destas inter-relações. Mais recentemente
alto grau de perecibilidade (HOWELLS, 2010). surgiu uma nova abordagem, que tem sido
Esta abordagem é criticada por alguns autores, denominada de segmentalista, que considera que
que mostram as semelhanças da inovação em a heterogeneidade dos serviços exige o estudo da
serviços com as da manufatureira e afirmam que inovação em subsetores específicos, que apresentam
suas premissas surgiram mais como rejeição ao características próprias e não é possível construir um
paradigma tradicional que considerava os serviços modelo abrangente que cubra todas as formas de
simplesmente como passivos e não inovadores e inovação nos serviços (KON, 2015).
dependentes de fornecedores (KON, 2015). Gallouj Por outro lado, paralelamente às formas de
e Weinstein (1997) consideram que tanto a primeira abordagem à inovação nos serviços, o debate se
quanto a segunda forma de abordagens à questão dirige para a definição mais adequada do que
são enviesadas, embora úteis para a compreensão é uma inovação nestas atividades. Existe uma
de parte das características da inovação em serviços, extensa literatura neo-schumpeteriana focada
pois a primeira perspectiva, deixa de lado muitos na manufatura que distingue entre inovação de
aspectos a serem considerados, enquanto a segunda produto e de processo, em parte devido ao fato de
tem sido focada principalmente em análises de que outros tipos de inovação são menos facilmente
estudos de caso e tipologias setoriais e assim carece identificados e mensurados. No entanto, a própria
de maior amplitude e abrangência para que possa ser tipologia de Schumpeter já definia a inovação de
aplicada a outras especificidades de serviços. Estes forma mais ampla e abrangente, incorporando a
autores constroem sua abordagem a partir de um multidisciplinaridade da inovação nos serviços, além
modelo que representa um produto ou um serviço da tradicional distinção produto-processo.
como um sistema de competências, características O conceito de inovação de Schumpeter (1997)
técnicas e outras características finais. A partir disto, abrange resumidamente cinco áreas: (i) a introdução
a inovação consiste em mudanças em um ou mais de um novo bem ou uma nova qualidade em um
destes elementos (GALLOUJ; SAVONA, 2010). bem (inovação do produto); (ii) a introdução de
A terceira abordagem, denominada integradora, um novo método de produção que inclui uma nova
apresenta uma síntese e integração das duas forma de comercialização de um produto (Inovação
primeiras, com a ideia da complementação no processo); (iii) a abertura de um novo mercado
destes conceitos, com maior visão sobre aspectos (inovação de mercado); (iv) a conquista de uma
tecnológicos não tangíveis, que podem ser nova fonte de suprimento de matéria prime e ou
aplicados tanto a manufaturas quanto aos serviços insumo intermediário (inovação de insumos); e (v)
(COOMBS; MILES, 2000; DREJER, 2004; GALLOUJ; a efetivação de uma nova organização da indústria
SAVONA, 2010). Mas esses autores reconhecem (inovação organizacional).
que houve mudanças nas formas fundamentais de Com base nos conceitos schumpeterianos e
funcionamento das economias nas últimas décadas, focados nas peculiaridades dos serviços, vários
que exigem outra forma de olhar a inovação, outros autores desenvolveram complementações
particularmente, a crescente interdependência e especialmente enfatizando o foco nestas atividades.
integração entre a produção e o consumo de bens e de Um destes novos conceitos se refere à inovação ad
serviços. A mudança se deu também nas estratégias hoc, descrita como uma construção interativa (social)
competitivas que remetem aos ecossistemas de resolução de um problema particular imposto por
de inovação. Isto mudou o foco da inovação de um dado cliente, conceito que é particularmente
“novas tecnologias” para “novo conhecimento”, e relevante para os serviços de consultoria, e que
da realização individual de inovação da firma para também se relaciona com a ideia dos ecossistemas
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(GADREY et al. 1995; SUNDBO; GALLOUJ, 1998, dos relacionamentos externos, definida como o
2000; GALLOUJ; KON, 2015). estabelecimento de inter-relações particulares de
Alguns autores fazem uma distinção entre a noção uma firma com outros agentes, como fornecedores,
de inovação nas firmas que fornecem serviços, das compradores, autoridades públicas ou competidores.
inovações propriamente em serviços. Da mesma Em estudos recentes, este conceito foi fortemente
forma que na indústria manufatureira, as firmas ligado ao da inovação organizacional e significa de
da indústria fornecedora de serviços incorporam forma ampliada, que incorpora processos de coleta,
inovação no processo produtivo, que afeta suas gerenciamento e utilização da informação, bem
capacidades, a organização interna das diferentes como decisões baseadas em informações. Estes
atividades e funções, as técnicas e tecnologias usadas processos de administração da informação, podem
e os resultados desse processo que são vendidos ou se referir tanto a relacionamentos internos à firma
fornecidos a um agente econômico (BARCET, 2010). quanto a externos, ou seja, estes últimos consistem
Por sua vez, as inovações ad hoc auxiliam na em um subconjunto da inovação organizacional. Isto
produção de um novo conhecimento e novas implica em que, no ecossistema, a inovação externa
competências que devem ser codificadas e enfrenta as mesmas questões que as organizacionais
formalizadas para que possam ser reduzidas a internas, o que é de difícil avaliação do ponto de
diferentes circunstâncias. A característica mais vista de mensuração (DJELLAL; GALLOUJ, 2001).
relevante deste tipo de inovação é a capacidade de A inovação na formalização é definida como
adaptação às circunstâncias do momento. Ainda que um tipo de inovação heterogênea, que visa levar
uma inovação ad hoc não possa ser inteiramente uma forma “material” (perceptível ou inteligível)
reproduzível desde que atende a uma situação aos serviços e é descrita como “putting the service
peculiar, é suficiente que ela possa ser indiretamente characteristics ‘into order’, specifying them, making
reproduzível através da codificação e formalização them less hazy, making them concrete, giving them
de parte da nova experiência e competência shape” (GALLOUJ; WEINSTEIN, 1997). Esses autores
desenvolvidas naquela situação (SUNDBO; GALLOUJ, fazem um paralelo entre este conceito e o processo
1998). É discutido também que se o processo de de codificar ou explicitar o conhecimento adquirido,
inovação conduz ao aprendizado, isto não significa o que cria categorias de percepção que facilitam a
que o aprendizado é inovação, a não ser que implique classificação dos fenômenos, ou seja, a inovação da
em uma nova mudança radical ou incremental de formalização pode ser descrita como tornar formais
produto, processo ou organização (DREJER, 2004). as ações até então informais ou conhecidas de modo
Alguns autores analisam particularmente algumas implícito (tácito).
formas específicas de inovação em serviços, tanto na O conceito de inovação da especialização surge
área pública quanto privada, que são características para descrever inovações que consistem em detectar
de ecossistemas: (i) na estratégia de condução do novas necessidades e responder a elas através de
planejamento dos serviços, que envolve mudanças um procedimento de acumulação de conhecimento
na missão, objetivos, estratégias e racionalização e de especialização nas atividades de serviços. Estes
dos agentes; (ii) nas mudanças no produto, tipos de inovação são descritas como potenciais, em
representadas por novas características intangíveis, que a inovação efetiva será materializada apenas
funções e operacionalização; (iii) na alteração nas como uma interação com o cliente, o que faz supor
formas de entrega dos serviços, particularmente que seja apenas um caso especial de inovação ad
através da interação com os consumidores; (iv) hoc. Porém como salienta o formulador do conceito,
mudanças nos processos internos de produção e de Gallouj (2000, p. 133), os resultados essenciais da
formas organizacionais; e (v) funcionamento através inovação da especialização são a abertura de novos
de um sistema de inter-relações integrado. Por outro mercados, a diversificação interna e externa do
lado, a inovação na atualidade não é apenas uma serviço ou renovação das modalidades do serviço, e a
mudança momentânea, mas um processo contínuo, criação de uma vantagem competitiva ou monopólio
incremental ou radical, porem constante (GALLOUJ; em termos de conhecimento e expertise.
DJELLAL, 2012). Drejer (2004, p. 14), desenvolve a ideia
Outros conceitos estudados especificamente encontrada no pensamento de Schumpeter, que
tendo em vista as atividades de serviços em considera que a inovação na especialização é
ecossistemas de inovação se referem à inovação claramente realizada quando o agente detecta
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novas necessidades e as atende, o que possibilita a sobre que tipo de ação define realmente a inovação,
abertura de novos mercados. Salienta que a inovação desde que, se a inovação radical significa um
nos relacionamentos enfrenta o mesmo problema rompimento com a anterior tecnologia, por outro
que outros tipos de inovação organizacional, no lado, em muitas ações em que frequentemente
sentido que podem ter um efeito econômico se considera que não existem inovações nestes
considerável, que, no entanto é difícil de identificar serviços, é possível visualizar inovações incrementais
e mensurar. Com relação a este tipo de inovação, intangíveis não constatadas anteriormente.
a autora chama a atenção para a dificuldade que Observa-se na literatura a construção teórica de
muitas vezes é encontrada para codificar e tornar vários modelos que visam deixar claros os impactos
explícito um processo de conhecimento tácito, até da implementação das inovações em serviços, que
então informal. No entanto, o conceito que coloca se desenvolve no âmbito dos ecossistemas.
o maior problema nas análises sobre serviços, é por O entendimento dos mecanismos de
ela definido como sendo a inovação ad hoc, pois operacionalização da inovação de serviços que se
esta implica em descontinuidade e dificuldades de reflete no funcionamento destes ecossistemas,
difusão, desde que consiste em soluções específicas ganha melhor interpretação com as ideias de
e muitas vezes não reproduzíveis a problemas Barcet (2010) que constrói um paradigma para
determinados, predominantemente presentes em explicar estes impactos descrevendo os processos
serviços de consultoria. de funcionamento das indústrias de serviços,
Segundo Campanário (2002), em uma abordagem que contém uma variedade de dimensões
econômica, uma inovação se consubstancia em um complementares entre si. Primeiramente observa o
novo processo de produção setorial ou sistêmico, mecanismo de criação de valor, ou do “valor de uso”
que produz ganhos extraordinários de produtividade conforme conceituado pela teoria clássica ̶ que
e de penetração de mercado. Para a concretização difere do conceito de utilidade da teoria neoclássica
da geração de inovações tecnológicas é necessária, ̶ esclarecendo que este último conceito se refere
entre outros fatores, a existência de algumas à escolha e preferência individual, enquanto que
condições básicas, manifestadas no processo a ideia tradicional anterior remete a uma visão
acumulativo do conhecimento, da capacidade de mais global, do processo de utilização do serviço
difusão de externalidades e na detenção de poder levada a efeito tanto por um como por um grupo de
competitivo, condições estas providas por atividades utilizadores. Considera esta a forma mais aceitável
intangíveis. de processo que cria valor de dimensões coletivas
Dessa forma, a contribuição dos novos conceitos e sociais.
sobre inovação em serviços para o entendimento Outra dimensão complementar do paradigma se
dos ecossistemas de inovação chama a atenção refere à análise do processo de utilização do serviço
para a multiplicidade de formas que podem assumir em si, que implica na análise do ato do consumo
estas inovações, de acordo com as características seja individual, familiar ou por organizações. Este
diversificadas das atividades de serviços em que processo ocorre em um período de tempo e em
ocorrem, e são muito discutidos tanto a natureza um espaço determinado que envolvesse os atores,
quanto o grau de novidade, no sentido de implica em custos monetários e não monetários e
confirmação se verdadeiramente constituem uma produz resultados coletivos. Estes resultados são
inovação. observados a partir das diferentes perspectivas de
ação dos produtores que tentam obter os melhores
retornos através de utilização de processos
4 OS PARADIGMAS DE diferenciados para a produção e provisão dos
serviços. Nesse sentido, a ação da inovação nos
OPERACIONALIZAÇÃO DAS serviços causa diferentes efeitos, incorporados pelas
INOVAÇÕES EM SERVIÇOS EM suas diversas utilizações. Isto requer que o produtor
ECOSSISTEMAS identifique qual dos processos que produzem
novos resultados será incorporado à sua produção
O entendimento sobre a questão da inovação em (BARCET, 2010).
serviços em ecossistemas, passa pelo discernimento A terceira dimensão apresentada por Barcet se
relaciona a uma mudança geral em uma economia,
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um destino econômico para uma nova ideia, que mostra a assimetria existente entre setores no que
pode ser, ou não, resultado de um invento genuíno. se refere à capacidade de inovação, de recepção e de
A invenção somente assume maior relevância fornecimento de inovação e conhecimento (PAVITT,
econômica quando se transforma em inovação 1984).
efetivamente aplicada no mercado. O modelo de Pavitt chama a atenção para as
Outra interpretação sobre as características dificuldades da atividade conjunta de inovação
da inovação em serviços, desenvolvida por Pavitt entre firmas, que, no entanto em um contexto de
(1984), traz uma percepção diferenciada para o ecossistema apresentam melhores condições de
contexto da inovação em serviços dos ecossistemas. resolução. Pavitt (1984) salienta que a estratégia
O desenvolvimento do modelo pelo autor, através de inovadora da firma é definida através da observação
um estudo empírico, teve como objeto de observação de como a mudança tecnológica ocorre dentro do
a estrutura produtiva da firma, com foco na fonte setor em que se insere: através das firmas baseadas
de mudança tecnológica baseada no conhecimento no conhecimento que exploram P&D: seja através
científico, nos fornecedores especializados e na de fornecedores especializados que operam com
intensidade da escala de produção. Identificou escala intensiva de produção; pela inovação no
entre as oportunidades de inovação quatro padrões processo produtivo visando a redução de custos;
setoriais de operacionalização da inovação, que por fornecedores especializados que são mais
podem ser considerados fatores externos setoriais, focados no desempenho produtivo do que na
que impactam a forma e a intensidade da inovação posição competitiva de preços; e finalmente, entre
por uma empresa (PAVITT, 1984). setores dominados por fornecedores em que o
Para a definição destes padrões, o autor produto tende a permanecer o mesmo e a mudança
examinou: (a) as fontes setoriais de tecnologia tecnológica é incorporada através da tecnologia por
usados em um setor, o que significa o grau em que a bens de capital e matérias-primas.
inovação é gerada dentro do setor, ou vem de fora, Vários estudos que visam conceituar a
através da sua compra; (b) as fontes institucionais operacionalização da inovação em serviços salientam
e a natureza da tecnologia produzida em um setor, que nestes setores, a inovação é menos sistemática
ou seja, particularmente a importância relativa do que nas manufaturas e que raramente as firmas de
das fontes internas e externas de conhecimento serviços têm departamentos específicos de pesquisa
e da inovação de produto ou de processo; e (c) as e desenvolvimento e a inovação é conduzida
características das firmas inovadoras, em particular conjuntamente com o planejamento estratégico,
seu tamanho, e atividade principal. com o treinamento e com o desenvolvimento de
Os quatro padrões determinados, referem-se a: (i) mercado (COOMBS; MILES, 2000; DJELLAL; GALLOUJ,
setores receptores de inovação, nos quais a inovação 2001). Esta forma de comportamento não deve levar
foi gerada fora dos mesmos: (ii) setores intensivos à conclusão de que os setores de serviços são menos
em escala, em que é necessário a capacidade de inovadores do que a indústria manufatureira, mas ao
deter uma série ampla de conhecimentos tanto contrário. Isto leva à ampliação da observação de que
sobre tecnologia de processo quanto de produtos, a noção de inovação deve ser mais bem entendida
setores estes em que as inovações são geradas e de que existem outras formas de operacionalizar
interna e externamente às empresas em cooperação atividades inovadores além das concentradas em
com fornecedores; (iii) setores que são ofertantes estudos de P&D. A questão básica a ser observada é o
especializados de tecnologia e não necessariamente fato de que o produto dos serviços, por sua natureza,
apresentam escalas elevadas e as inovações são é constituído por um processo em andamento e
geradas internamente às empresas e em cooperação dessa maneira as formas diversas de processos
com seus grandes clientes; e finalmente, (iv) os possíveis devem ser observadas no que se refere à
setores baseados em ciência, cujo desenvolvimento seleção de uma inovação, como visto anteriormente
tecnológico é de fronteira e que utilizam também (TAIVONEN, 2010).
os conhecimentos científicos que se encontram na Nesse sentido, no âmbito dos departamentos
fronteira das ciências básicas. São setores voltados de P&D, o planejamento da operacionalização
especificamente para o lançamento de inovações de qualquer processo de inovação inclui todas
em produtos e processos que reduzam custos de as fases, desde a emergência de uma ideia, seu
produção. Em suma a pesquisa de Pavitt (1984) desenvolvimento até sua implementação. Taivonen
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(2010) traz uma nova visão salientando que nas No entanto, o sucesso de sua aplicação depende
firmas de serviços, a nova ideia pode ser desenvolvida da capacidade e possibilidade dos componentes
paralelamente à implementação, ou seja, são humanos utilizarem adequadamente as novas
integradas na prática do fornecimento do serviço. A ferramentas de modo a adaptá-las à customização,
autora vai mais além concluindo através de pesquisas ou seja, às necessidades do consumidor, seja este
empíricas realizadas que focalizam especificamente um indivíduo ou uma empresa (SUNDBO, 2010).
a produção do serviço, que parte significativa da A complexidade da inovação em serviços nos
inovação emerge sem esforços deliberados voltados ecossistemas resulta do fato de que vários agentes
para a inovação. Isto pode ocorrer no caso em que e trajetórias são envolvidos no processo: os
não é uma nova ideia para um serviço que está consumidores como fonte para ideias inovadoras,
sendo desenvolvido, mas uma nova prática ou um os empregados como fontes de ideias que agem
novo tipo de serviço, desenvolvido, como resposta de forma corporativa, as trajetórias tecnológicas
a alguma oportunidade ou mudança percebida, que existentes, as trajetórias intangíveis existentes, as
atenda às necessidades do consumidor. trajetórias administrativas e ainda novos valores e
Sua análise conclusiva determina três tipos de prioridades da sociedade. O desenvolvimento de
paradigmas nos processos existentes de inovação uma inovação, portanto, parte destes agentes, com
de serviços: (i) inovação com um projeto separado diversas trajetórias e podem se consumar em uma
da prática, que pode ser realizada posteriormente; série de padrões diferenciados: o padrão clássico de
(ii) inovação como um modelo de rápida aplicação; e P&D (fordista ou neo-industrial); o padrão de serviço
(iii) inovação que segue a prática, em que as soluções profissional; o padrão de inovação estratégica
não previamente deliberadas realizadas no curso do organizada; o padrão empresarial; o padrão
fornecimento do serviço, às vezes posteriormente artesanal; e o padrão em rede (SUNDBO, 2010).
reconhecidas como possíveis de futuro O processo de operacionalização da inovação
desenvolvimento como inovação. Estes modelos em serviços nestes sistemas é ainda visto por
diferem entre si, em dois pontos: se a inovação é Sundbo (2010) como de natureza instável, o que é
buscada de forma deliberada, ou se a parte principal explicado através da lei da baixa capacidade humana
do processo de inovação é levada a efeito antes que para executar multi-tarefas simultaneamente, ou
o novo serviço ou o serviço inovado seja colocado seja, o fato de que um grupo de agentes em uma
no mercado. Taivonen (2010) chama a atenção para indústria de serviços pode ter que lidar com vários
alguns pontos já discutidos por outros autores, de processos e vários interesses que se desenvolvem
que além da operacionalização da inovação no simultaneamente e, neste contexto existe dificuldade
processo de produção do produto, a inovação nos dos provedores dos serviços equilibrarem estas
serviços inclui também a operacionalização de outros tarefas adequadamente. Os vários interesses que
processos relacionados à inovação organizacional interferem nesse sentido, se referem aos interesses
e de mercado dos ecossistemas, que muitas vezes de poder em sua ocupação, prestígio e posição
se manifestam de forma a integrar planejamento individual, expressividade de tendências pessoais e
e execução de vários parceiros conjuntamente. A outras características que diferem entre os fatores
partir de suas ideias é possível ter a percepção, humanos do processo.
de forma mais clara, de como o trabalho conjunto Nesta análise dos diferentes modelos
de parceiros no contexto do ecossistema pode apresentados, é relevante observar-se o papel
contribuir de modo mais eficiente para economia do consumidor no processo inovador, que em
de recursos que visam a inovação, bem como para a muitas produções faz parte integrada no processo,
ampliação de retornos conjuntos. influenciando a possibilidade de inovação. A ação
Outra questão, que torna complexa a do consumidor neste processo pode adquirir várias
operacionalização da inovação em setores de formas que envolvem sua ação como comprador
serviços, é a busca de equilíbrio entre os métodos de do serviço, como objeto de interesse, fornecedor
engenharia da inovação (hard), dos que são focados de informações, especialista e coprodutor. O grau
na performance humana na provisão de serviços de comunicação entre o provedor do serviço
(soft). As disciplinas emergentes de engenharia de e o consumidor se estende por uma gama de
serviços são ferramentas que impulsionam a inovação intensidades, que vai da aquisição passiva do
do processo, tornando-o mais sistemático e aplicável. produto, informação e feedback sobre aspectos
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