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TIREOIDE
EXAMES LABORATORIAIS
1 INTRODUÇÃO, p.4
2 FISIOLOGIA DA TIREOIDE, p.4
3 HORMÔNIOS TIREOIDIANOS, p. 4
4 A HIPERFUNÇÃO TIREOIDIANA, p.5
5 A HIPOFUNÇÃO TIREOIDIANA, p.8
6 EXAMES LABORATORIAIS - DOSAGENS HORMONAIS, p.10
7 HORMÔNIO TIREOESTIMULANTE – TSH, p.10
8 TIROXINA, LIVRE (FT4), p.13
9 TIROXINA, TOTAL (T4), p.15
10 TRI-IODOTIRONINA (T3), p.17
11 ORIENTAÇÕES PARA O EXAME, p.18
12 EXAMES COMPLEMENTARES, p.18
13 DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM, p.19
14 INTERVENÇÕES, p.19
15 REFERÊNCIAS, p.20
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1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho objetiva trazer um informativo sobre os exames laboratoriais
utilizados para verificação de doenças relacionadas a tireoide. Para tal, será feita uma breve
explicação sobre o funcionamento da glândula, doenças relacionas ao seus mal funcionamento
e, em seguida, os exames laboratoriais mas comumente solicitados para detecção de doenças
tireoidianas, bem como o preparo para tais.
2 FISIOLOGIA DA TIREOIDE
A glândula tireoide é uma estrutura única, mediana, revestida por uma cápsula, situada
na porção anterior do pescoço, na altura da quinta à sétima vértebra cervical. Apresenta peso
médio de 20 a 30 g, sendo mais pesada nas mulheres. Tem forma semelhante à da letra "H" e é
formada por dois lobos laterais que se unem à linha média pelo istmo. A função da glândula
tireoide é regulada pelo eixo hipotálamo- hipófise-tireoide e por outros fatores como o nível de
iodo. A principal regulação ocorre pela tireotrofina (TSH) ou pelo hormônio estimulador da
tireoide. O TSH aumenta a produção de hormônios tireoidianos e possui, ainda, um efeito
trófico. Há incremento na produção de TSH com a liberação de tireotrofina (TRH). Com o
aumento de liberação de hormônios tireoidianos, ocorre diminuição da liberação de TSH e
TRH.
Outros fatores locais, humorais ou neuroendócrinos podem interferir no eixo
hipotálamo-hipófise-tireoide. Os fatores capazes de regular a função e a proliferação dos
tireócitos são o iodo intracelular e o TSH pela ação de seu receptor específico (TSH-R). O TSH
estimula e mantém os processos de síntese e secreção dos hormônios tireoidianos, e ainda
controla a diferenciação e proliferação dos tireócitos, aumentando, inclusive, a vascularização
da tireoide. Além do TSH, outros hormônios influenciam as células tireoidianas, como o
hormônio luteinizante (LH), a gonadotrofina coriônica, os estrógenos, a insulina e o hormônio
de crescimento (GH).
O TSH atua no tireócito mediante a ativação do receptor de TSH (TSH-R), o qual está
localizado na membrana basolateral do tireócito e pertence a uma família de receptores
acoplados a proteínas ligadoras de GTP. Essas proteínas ativam a adenilciclase e aumentam o
cAMP no citoplasma dos tireócitos. O cAMP liga-se à subunidade reguladora da
proteinoquinase dependente de cAMP (PKA), liberando a subunidade catalítica, a qual passa a
fosforilar vários substratos intracelulares, que são os efetores do TSH. Este estimula todas as
etapas da biossíntese e secreção hormonal.
3 HORMÔNIOS TIREOIDIANOS
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hipertireoidiano no aperto de mão). As mãos são quentes e úmidas, diferentes das mãos úmidas
e frias do estado de ansiedade.
As unhas podem apresentar-se descoladas do leito, denotando onicólise (unhas de
Plummer) Os cabelos são finos e lisos. O tecido adiposo escasso é consequência do
emagrecimento, geralmente intenso. Nos casos mais graves, há ausência da bola de Bichat e
aparência caquética. Outros sintomas são o vitiligo, os sintomas produzidos pela doença de
Addison, a anemia perniciosa e a miastenia gravis.
5 A HIPOFUNÇÃO TIREOIDIANA
No hipotireoidismo, a diminuição do metabolismo intermediário condiciona
manifestações clínicas, cuja intensidade depende do grau da hipofunção. Cansaço,
hipersensibilidade ao frio e tendência para engordar são as principais queixas, que podem
evoluir para intenso cansaço, desânimo e dificuldade de raciocínio.
Em grau mais avançado, surgem desatenção, desleixo com a aparência e com os próprios
pertences, apatia, lentidão de movimento e da fala (voz arrastada, rouquenha), letargia e coma.
Em geral, o coma é desencadeado por estresse (infecções, traumas, cirurgia) ou por
medicamentos (anestesia, barbitúricos e tranquilizantes).
Quase não há queixas referentes ao aparelho cardiovascular; contudo, em alguns
pacientes, pode haver angina. Em outros, chamam a atenção para o aparelho circulatório a
hipercolesterolemia e as alterações eletrocardiográficas constituídas de bradicardia, baixa
voltagem e alteração difusa da repolarização ventricular.
A constipação intestinal é comum no hipotireoidismo, e as fezes tornam-se secas e
endurecidas, podendo evoluir para fecaloma. Também pode ocorrer galactorreia, amenorreia,
infertilidade, diminuição da libido e ginecomastia, em decorrência do aumento da secreção da
prolactina, hormônio hipofisário que sofre influência do TRH. Parestesias (formigamento,
dormência), dores musculares e dores articulares, sem caráter específico e acometendo todas as
articulações, são frequentes. Os músculos podem sofrer infiltração de mucopolissacarídeos e,
nas articulações, pode ocorrer derrame sinovial de pouca monta.
A síndrome do túnel carpiano encontrada em alguns pacientes deve-se à compressão do
nervo mediano pelo infiltrado edematoso.
Há aumento da reabsorção de cálcio nos ossos, levando à osteoporose e à hipercalcemia,
cujas manifestações podem ser náuseas, vômitos e anorexia.
Na hipofunção tireoidiana, ocorre diminuição da sudorese, a pele é seca e descamada,
as unhas são fracas e quebradiças, os cabelos ressecados e também quebradiços, com queda
abundante. Todas essas manifestações ocorrem por causa do hipometabolismo, havendo
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• Pacientes com hipotireoidismo que recebem terapia de reposição insuficiente com hormônio
tireóideo
• Pacientes com tireoidite de Hashimoto, incluindo aqueles com hipotireoidismo clínico e cerca
de 1/3 dos pacientes clinicamente eutireóideos
• Uso de vários fármacos, tais como anfetaminas (abuso), agentes iodados (p. ex., ácido
iopanoico, ipodato, amiodarona) e antagonistas da dopamina (p. ex., metoclopramida,
domperidona, clorpromazina, haloperidol)
• Outras condições (o teste não é clinicamente útil):
Bócio com deficiência de iodeto ou bócio induzido por iodeto ou tratamento com lítio
• Irradiação externa do pescoço
• Póstireoidectomia subtotal
• Período neonatal; aumento observado nos primeiros 2 a 3 dias de vida, devido à salva
pós-natal de TSH
• Tireotoxicose devido a adenoma hipofisário de tireotrofos ou resistência da hipófise
ao hormônio tireóideo
• Síndrome do paciente eutireóideo, fase de recuperação
• Anticorpos antiTSH.
Valores diminuídos
• Bócio multinodular tóxico
• Adenoma da tireoide de funcionamento autônomo
• Ofatalmoplatia da doença de Graves eutireóidea, doença de Graves tratada
• Tireoidite
• Fonte extratireóidea de hormônio tireóideo
• Factícios
• Reposição excessiva de hormônio tireóideo no tratamento do hipotireoidismo
• Hipotireoidismo hipofisário secundário ou hipotalâmico (p. ex., tumor, infiltrados)
• Pacientes eutireóideos (alguns pacientes)
• Transtorno psiquiátrico agudo
• Desidratação grave
• Efeito de fármacos, particularmente em altas doses (utilizar FT4 para avaliação)
• Glicocorticoides, dopamina, agonistas da dopamina (bromocriptina), levodopa, terapia de
reposição com T4, apomorfina e pirodoxina; T4 normal ou baixa
• Fármacos antitireóideos para tireoitoxicose, particularmente no início do tratamento; T4
normal ou baixa
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Mulheres gávidas:
Primeiro trimestre: 0,73 a 1,13 ng/d z l
Segundo trimestre: 0,54 a 1,18 ng/d z l
Terceiro trimestre: 0,56 a 1,09 ng/d z l
Fonte: WALLACH, J. 2003
Uso
A FT4 fornece valores corrigidos em pacientes nos quais a T4 total encontrasse alterada em
virtude de alterações das proteínas séricas ou dos locais de ligação (p. ex., gravidez, fármacos
[como androgênios, estrogênios, anovulatórios orais, fenitoína], níveis alterados de proteína
sérica [p. ex., nefrose])
O monitoramento da restauração para valores de referência constitui o único critério laboratorial
para estimar a dose de reposição apropriada de levotiroxina, visto que são necessárias 6 a 8
semanas para que o TSH possa refletir essas alterações. Em geral, não tem utilidade, a não ser
que haja suspeita de doença hipofisária/hipotalâmica.
Interpretação
Valores elevados
Hipertireoidismo
Hipotireoidismo tratado com tiroxina
Síndrome do paciente eutireóideo
Pacientes ocasionais com mola hidatidiforme ou coriocarcinoma com elevações pronunciadas
da hCG podem exibir aumento da FT4, níveis suprimidos de TSH e resposta atenuada do TSH
à estimulação do TRH; normalização com tratamento efetivo da doença trofoblástica;
desidratação grave (pode ser de > 6,0 ng/dℓ).
Valores diminuídos
Hipotireoidismo
Hipotireoidismo tratado com triiodotironina
Síndrome do paciente eutireóideo
Limitações
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Os ensaios para FT4 com base em diálise de equilíbrio direta são considerados os métodos
de referência.
Os ensaios para FT4 estão sujeitos a leituras não acuradas em gestantes. Os estudos
realizados mostraram que a medição do índice de FT4 é mais confiável do que os imunoensaios
de T4 livre em gestantes. A terapia com anticonvulsivantes (especialmente fenitoína) pode
resultar em níveis diminuídos de FT4, devido ao metabolismo hepático aumentado e,
secundariamente, ao deslocamento do hormônio dos locais de ligação.
• Hipotireoidismo secundário
• DNT
• Hipotireoidismo primário
• Hipotireoidismo secundário • Efeito de fármacos (ex.:
• Efeito de fármacos (ex.: iodo,
• Efeito de fármacos (ex.:T3, dopamina, T3, corticosteroide)
lítio, fármacos antitireóideos,
Baixo feniltoína, androgênios, • Hipertireoidismos por t3 (ex.:
amiodarona)
salicilatos, carbamazepina, doença de graves, bócio tóxico,
• Terapia com T4 insuficiente
rifampicina) tireoidite, hipertireoidismo
para hipotireoidismo
factício/ iatrogênicos, carcinoma
da tireoide)
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Valores elevados
Hipertireoidismo
Gravidez
Fármacos e substâncias (p. ex., estrogênios, anovulatórios orais, Dtiroxina, extrato tireóideo,
TSH, amiodarona, heroína, metadona, anfetaminas, algumas substâncias radiopacas para
exames radiológicos
Síndrome do paciente eutireóideo
Aumento da TBG ou préalbumina de ligação da tiroxina anormal
Hipertiroxinemia disalbuminêmica familiar – a albumina ligase à T4, mas não à T3, mas
avidamente do que o normal, causando alterações semelhantes àquelas da tireotoxicose (T4
total de aproximadamente 20 μg/dℓ, razão de ligação do hormônio tireóideo normal, aumento
do índice de T4 livre), porém o paciente não está clinicamente tireotóxico.
Um nível sérico de T4 > 20 μg/dℓ indica habitualmente hipertireoidismo verdadeiro, e não
aumento da TBG.
Esses valores podem ser encontrados em pacientes eutireóideos com aumento da TBG sérica.
Muito mais elevada nos primeiros 2 meses de vida do que nos adultos normais.
Valores diminuídos
Hipotireoidismo
Hipoproteinemia (p. ex., nefrose, cirrose)
Certos fármacos (fenitoína, triiodotironina, testosterona, ACTH, corticosteroides)
Síndrome do paciente eutireóideo
Diminuição da TBG.
Valores normais
Pacientes hipertireóideos com:
Tireotoxicose por T3
Hipertireoidismo factício devido a T3 (Cytomel)
Capacidade de ligação diminuída, devido à hipoproteinemia ou à ingestão de certos fármacos
(p. ex., fenitoína, salicilatos).
Limitações
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10 TRI-IODOTIRONINA (T3)
A T4 (tiroxina) é convertida em T3 nos tecidos periféricos; aproximadamente 20% são
sintetizados pelas células foliculares. A maior parte da T 3 é transportada ligada às proteínas;
apenas 0,3% encontrasse no estado livre não ligado.
Valores de referência:
T3 total: 87 a 178 ng/dℓ
T3 livre: 2,5 a 3,9 pg/mℓ.
Fonte: WALLACH, J. 2003
Uso
Diagnóstico de tireotoxicose por T3 (quando o TSH está suprimido, porém a T4 está
normal) ou quando a FT4 está normal mas existem sinais/sintomas de hipertireoidismo
Avaliação de casos nos quais os valores de FT4 são limítrofes elevados.
Avaliação de casos em que a omissão do diagnóstico de hipertireoidismo não é desejável (p.
ex., fibrilação atrial inexplicada).
Monitoramento da evolução do hipertireoidismo.
Monitoramento da terapia de reposição com T4 – é melhor do que a T4 ou FT4, porém o TSH
é preferível a ambas.
Previsão do resultado da terapia com agentes antitireóideos em pacientes com doença de Graves
Avaliação da tireotoxicose induzida por amiodarona. Trata-se de um bom indicador bioquímico
da gravidade da tireotoxicidade no hipertireoidismo.
A T3 livre fornece valores corrigidos em pacientes nos quais a T3 total está alterada, devido a
alterações nas proteínas séricas ou nos locais de ligação (p. ex., gravidez), fármacos (p. ex.,
androgênios, estrogênios, anovulatórios orais, fenitoína) níveis alterados de proteínas séricas
(p. ex., nefrose).
Interpretação
Valores elevados
Ocorrem concentrações elevadas de T3 na doença de Graves e na maioria das outras causas
clássicas de hipertireoidismo.
Valores diminuídos
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Limitações
O nível sérico de T3 acompanha o de FT4; trata-se de um indicador precoce de hipertireoidismo,
porém o TSH é superior
Não é recomendada para o diagnóstico do hipotireoidismo; os valores diminuídos têm
significado clínico mínimo.
Mais de 99% da concentração total de T3 e T4 estão ligados a proteínas séricas, não estando
disponíveis para exercer atividade biológica. Apenas a fração livre (< 1%) é que está
prontamente disponível para
Ligar-se a seu receptor e estimular uma resposta do órgão ou tecido alvos
Valores abaixo do limite inferior dos valores de referência esperados podem ser causados por
diversas condições, incluindo doença não tireóidea, estresse agudo e crônico e hipotireoidismo.
13 DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM
Constipação funcional crônica relacionada ao Hipotireoidismo
14 INTERVENÇÕES
Encorajar o aumento da ingestão de líquidos, a menos que contraindicado.
Orientar o paciente/família sobre dieta com elevado teor de fibras, conforme apropriado.
Informar o paciente sobre o procedimento para remoção manual das fezes, se necessário.
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15 REFERÊNCIAS
DOCHETERMAN, J. M. & BULECHEK, G. M. Classificação das Intervenções de
Enfermagem (NIC). (4ª ed.). Porto Alegre: Artmed, 2010.
MACHADO, A. et al. Manual de coleta de material biológico. São Paulo: UNIFESP, 2015.
NORTH AMERICAN NURSING DIAGNOSIS ASSOCIATION INTERNATIONAL.
Diagnósticos de enfermagem da NANDA: definições e classificação 2005 - 2017. Porto
Alegre: Artmed, 2015
PORTO, C.C. Semiologia Médica. 7°ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
VILAR, L. Endocrinologia Clínica. 5°ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
WALLACH, J. Interpretação de Exames Laboratoriais. 7 ed. Rio de Janeiro. Guanabara
Koogan, 2003.