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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIBA


CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS
CONSTRUÇÕES E INSTALAÇÕES RURAIS
Prof. : Cláudio S. Soares

CONSTRUÇÃO DE CERCAS CONVENCIONAIS

1 – INTRODUÇÃO

Antigamente, os terrenos eram delimitados, quase que exclusivamente, pelo aproveitamento dos
recursos naturais existentes nas propriedades. Estes recursos podiam ser os próprios acidentes
topográficos, rios, renques vegetados, cercas de madeira e muros divisórios levantados pela
sobreposição de pedras com junta seca.
Há mais de 125 anos, Joseph Glidder inventou o arame farpado, que contribuiu sobremaneira
para a colonização do oeste americano.
De lá para cá, a tecnologia de construção de cercas vem apresentando inovações que
possibilitam eficiência de fechamento de áreas, estética do cercado e redução do custo de
construção.

2 - ESCOLHA DO TIPO DE CERCA

Existem diversos tipos de cercas em função dos materiais, princípio de funcionamento e técnicas
construtivas empregadas.
O tipo de cerca pode ser definido por 5 fatores básicos:
A – Finalidade
Toda cerca delimita áreas em função do tipo da exploração destas áreas (divisa de propriedades,
bovinocultura, bubalinocultura, caprinocultura,equideocultuar, etc.).
B – Topografia
1 - Terrenos acidentados e de forma irregular - predomina o uso da cerca de arame farpado.
2 - Terrenos planos - recomenda-se o uso da cerca de arame liso.
3 - Terrenos acidentados e de forma regular - permitem a construção de cercas de arame farpado e
de arame liso.
C - Condições ambientais
Solos excessivamente arenosos ou muito encharcados não permitem uma boa compactação dos
mourões. E desta forma, temos que adotar técnicas construtivas específicas para reforço dos
extremos da cerca. Solos rasos, com afloramento de rochas ou com presença de pedras dificultam
sobremaneira a execução de cercas que precisam de grande estabilidade das peças de sustentação
e ancoragem, como é o caso das cercas de arame liso.
D - Período de utilização
1 - Cercas provisórias ou temporárias: construídas, via de regra, com materiais de menor custo e de
fácil remoção.
2 - Cercas definitivas ou permanentes: construídas com materiais de boa qualidade e com o máximo
de firmeza possível.
E – Estética
Pode-se admitir que, em matéria de cercas e alambrados, existem três conceitos ou funções que
norteiam o fazendeiro ou mesmo o cerqueiro: custo, eficiência e estética.
F - Disponibilidade de Recursos
Além do aspecto de aproveitamento dos recursos existentes na propriedade, os custos de
construção de uma cerca são bastante variáveis, em função do modelo escolhido e da maneira como
será construída.

3 - TECNOLOGIA E VIDA ÚTIL DOS ARAMES


3.1 - RESISTÊNCIA À TRAÇÃO

A resistência à tração representa a capacidade de um arame para suportar um impacto do


animal sem arrebentar. A resistência à tração pode ser expressa em Kgf (Quilogramaforça).
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Quando se fala que um arame tem, por exemplo, carga de ruptura mínima de 350 Kgf, significa
que o arame só se romperá sob um esforço acima de 350 Kg. Os arames farpados, quanto a sua
carga de ruptura, são divididos em: classe 250 Kgf e classe 350 Kgf. Os primeiros são indicados para
cercas de animais mansos e de menor porte, e os de 350 Kgf recomendados para animais mais
ariscos, de maior porte e para cercas de divisa de propriedade.
Os arames lisos, como não são providos de farpas para intimidarem os animais, possuem as
cargas de ruptura de 500, 600, 700 e 800 Kgf. Os de 500 Kgf devem ser usados apenas para cercas
elétricas. Os de 600 Kg são mais indicados para ovinos e caprinos, os de 700 Kgf largamente
empregados para bovinos e os de 800 Kgf, usados para criação de animais que tendem a forçar
mais as cercas, ex: búfalos.

3.2 - RESISTÊNCIA À FERRUGEM


A resistência à ferrugem é conferida pelo revestimento do aço. O zinco é o mais empregado no
Brasil. Quanto mais espesso for este recobrimento, maior será a durabilidade do arame.
Existem dois tipos de arames em função da zincagem: arames tipo camada leve ou simples ou A
e arames tipo camada pesada ou dupla ou C.

4 - ACESSÓRIOS E FERRAMENTAS PARA CERCAS

A - Grampos Galvanizados
Os grampos são galvanizados, ou seja, protegidos com zinco para evitar a ferrugem. Os
grampos apenas polidos enferrujam rapidamente e comprometem toda a cerca.
Em madeiras macias como mourões de eucalipto imunizado, o melhor grampo é o maior, ou
seja, o 9x1”; já para estacas de madeiras duras, que racham mais facilmente, o grampo deve ser
menor, 9 x 7/8” a 12 x 7/8”.

B - Distanciador
O Distanciador ou balancim é utilizado para manter fixo o espaçamento vertical entre os fios da
cerca, evitando a abertura dos mesmos e a conseqüente passagem dos animais. Permite um maior
espaçamento entre as estacas intermediárias - até 6 metros nas cercas de arame farpado e até 10
metros nas cercas de arame liso. A distância entre os distanciadores deve ser de 1,5 a 2,0 metros.

C - Sistema Gripple
O conector Gripple é uma inovação técnica que facilita a execução de emendas em arames
farpados ou lisos. Recomenda-se uma sobra de arame de, no mínimo, 5 cm para os dois lados, para
o posterior encaixe.
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D - Haste e Chapa Âncora


As vantagens da utilização do sistema de estaiamento Belgo-Mineira Bekaert são:
- O arame ou cordoalha do rabicho não fica em contato com o solo
- A instalação prática e rápida, devido ao menor volume de escavação
- Fácil transporte
- Maior resistência e durabilidade do rabicho
- Cumpre a função de uma haste de aterramento

E - Tensionadores tipo catraca

A: catraca convencional.
B: catraca australiana.
C: catraca de meio.

5 - PEÇAS DE SUSTENTAÇÃO DAS CERCAS

Entende-se por sustentação o conjunto de peças estruturais da cerca que servem para a ancoragem
e o suporte dos arames. Estas peças são os mourões, as estacas ou lascas, escoras, calços ou
travesseiros, peças de travamento e ancoragem.
Dentre os materiais mais usados, destacam-se:
A - Madeira de lei
B - Eucalipto preservado
C - Peças pré-moldadas de concreto
A - Madeira de lei
Oriunda de árvores que, ao longo de décadas, produziram um material lenhoso tipicamente muito
pesado e munido de um cerne de alta densidade e de elevada resistência ao apodrecimento e ao
ataque de cupins de madeira seca.
Devido à sua elevada durabilidade natural, as madeiras de lei são ainda muito procuradas e
utilizadas para a sustentação das cercas.

B - Eucalipto Preservado
O tratamento preservante de madeiras brancas como o eucalipto constitui-se numa das alternativas
mais interessantes para substituição dos mourões de madeira de lei, já que o eucalipto está presente
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e pode ser cultivado em todo Brasil, possui crescimento acelerado, tem elevada resistência mecânica
e é facilmente trabalhável. Entre as espécies, as mais indicadas são: citriodora e cloeziana.

C - Postes pré-moldados de concreto


Trata-se de um material com elevada
durabilidade, alta resistência aos esforços de
compressão, esteticamente agradável e
bastante versátil.

6 - ALINHAMENTO E MARCAÇÃO
Toda cerca é construída por lance.
Os lances são definidos como cada trecho retilíneo de cerca.

a) Finque uma baliza no início do trecho a cercar


b) Caminhe ao longo do trecho a cercar
O caminhamento é feito na direção do final do trecho, para definir cada lance de cerca e verificar as
condições do terreno.
c) Finque as demais balizas nos extremos de cada lance
d) Balize o trecho a cercar
O balizamento consiste na colocação de balizas intermediárias, a fim de se obter o perfeito
alinhamento da cerca.
As balizas intermediárias são colocadas, por tentativas, a partir da observação do cerqueiro
posicionado atrás de uma das balizas extremas. O número de balizas intermediárias é proporcional
ao comprimento de cada lance e ao grau de dificuldade de visualização dos extremos.
Através de gestos ou sinais, o cerqueiro orienta o auxiliar no sentido de deslocar lateralmente cada
baliza intermediária, até que esta esteja perfeitamente alinhada com as demais.
e) Meça o comprimento do trecho a cercar
Esta medição permite relacionar com exatidão todo o material a ser gasto, bem como determinar o
melhor espaçamento entre mourões esticadores e estacas.
f) Marque a posição dos mourões esticadores ou palanques
Os mourões esticadores ou palanques devem ser colocados em toda mudança de direção, relevo e
interrupções da cerca (porteiras, colchetes, mata-burro e isolamentos), marcados com fixação de
piquetes ou pequenas estacas.

Em lances longos, em terreno com topografia regular, os esticadores ou palanques podem estar dispostos conforme a tabela a seguir:

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g) Marque a posição das estacas
Consiste em marcar a posição das estacas, entre os esticadores de cada lance, utilizando enxadão e
seguindo o alinhamento da cerca.
A tabela a seguir apresenta os espaçamentos entre estacas ou lascas de acordo com o tipo de
cerca:

7 - PREPARO DAS PEÇAS DE MADEIRA PARA A SUSTENTAÇÃO


O preparo das peças de sustentação (mourões esticadores, estacas, escoras, travesseiros e calços)
consiste em selecionar as peças para cada função, trabalhando-as no sentido de realizar os cortes,
entalhes, desbastes e acabamentos necessários.

7.1 - SELECIONE AS PEÇAS DE SUSTENTAÇÃO


As peças de sustentação podem ser roliças, serradas ou na forma de lascas e devem possuir as
dimensões mínimas de acordo com a tabela:

7.2 - PREPARE OS MOURÕES ESTICADORES E ESTACAS


7.2.1 - Retire as imperfeições utilizando machado e/ou enxó, visando um melhor acabamento
superficial das peças.
7.2.2 - Aponte os mourões esticadores e estacas, utilizando machado ou moto-serra, visando impedir
o acúmulo e infiltração de umidade, a partir do topo das peças.
Existem basicamente 3 tipos de apontamento. São eles:
a) Coroado: consiste no apontamento pouco destacado, sendo pouco eficiente.
b) Biselado: consiste na execução de um único corte em bisel. É um apontamento mais prático e
mais fácil de ser feito.
c) Diamantado: consiste na execução de 3 ou mais planos de corte, resultando num apontamento
tipo lápis. É o mais trabalhoso e adotado.

8 - CONSTRUÇÃO DE CERCAS DE ARAME 8.1 - Faça o entalhe no mourão esticador para


FARPADO recebimento das escoras

O entalhe deve ser feito no terço superior da a) Marque o início do entalhe a


altura da cerca. Por exemplo, para uma cerca aproximadamente 45 cm do topo do mourão
de 1,45 m de altura, o entalhe deve ser aberto esticador.
a 0,48 m a partir do topo da peça, ou seja, em b) Faça um corte reto, com a profundidade de
termos práticos, de 45 a 50 cm a partir do 2 a 5 cm, utilizando o serrote.
topo. Basta dividir a altura por três. c) Abra um entalhe oblíquo, utilizando uma
enxó.

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8.2 - MARQUE A POSIÇÃO DOS FIOS E A PROFUNDIDADE DE COLOCAÇÃO DO MOURÃO ESTICADOR E


ESTACAS
De acordo com a aplicação, as cercas de arame farpado podem assumir diversas composições em
relação à sua altura, ao número de fios, aos espaçamentos verticais entre os arames e aos
espaçamentos entre as estacas.
Sugere-se, de acordo com as tabelas seguintes, algumas destas composições.

8.3 - PREPARE AS ESCORAS


O comprimento da escora deve ser de, no mínimo, 2 metros. Este comprimento pode ser
determinado pela soma da altura útil da cerca
mais 0,5 m. Na maioria das vezes, as escoras são obtidas a partir de estacas menos robustas ou
com algum defeito que pode ser retirado. A base da escora deve ser plana, a fim de apoiar-se
perfeitamente sobre o calço.
Aponte as escoras, utilizando a enxó, visando ao perfeito encaixe da extremidade superior desta
peça no entalhe do mourão esticador.

8.4 - PREPARE OS TRAVESSEIROS E CALÇOS


Os travesseiros são peças de madeira, com comprimento de 0,5 a 1,0 m, que trabalham no sentido
de apoiar a base ou região de engastamento dos mourões esticadores. Os travesseiros que
trabalham na base do mourão são denominados travesseiros de pé e os colocados próximo à região
de engastamento são denominados travesseiros de superfície.
Os calços são peças de madeira semelhantes aos travesseiros que trabalham distanciados dos
mourões esticadores, calçando ou apoiando a base da escora.

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8.5 - MONTE OS MOURÕES ESTICADORES


Em terrenos firmes ou quando são utilizados mourões esticadores acima de 2,5 m, basta a utilização
apenas de travesseiros ou escoras. Em terrenos frouxos ou quando se deseja executar um reforço
extra, utilizam-se, simultaneamente, travesseiros e escoras.
a) Abra os buracos nas marcações previamente feitas.
O mourão esticador deve ser enterrado em uma profundidade mínima de 90 cm.
A profundidade do buraco pode ser acompanhada pelas marcas referenciais feitas no cabo da
cavadeira.
O diâmetro do buraco deve ser de 1,5 a 2,0 vezes o diâmetro da base do esticador, a fim de permitir
pequenos deslocamentos laterais da peça e uma compactação eficiente.

b) Verifique, com o gabarito, a altura do mourão esticador em relação ao solo.


c) Verifique visualmente, seu alinhamento e prumo com base nos mourões esticadores extremos.
d) Firme o mourão esticador no terreno.
A fixação dos mourões esticadores e estacas
é tão mais firme e eficiente quanto mais
criteriosa for a compactação da terra em torno
destas peças.

e) Monte o travesseiro.
e.1)Coloque o travesseiro sobre a superfície do solo, faceando o mourão esticador e posicionado
transversalmente ao sentido de alinhamento da cerca. A valeta deve ter profundidade de
aproximadamente 30 cm e permitir que o travesseiro atinja seu leito sob a máxima pressão.
e.2) Desça o travesseiro, através de golpes de uma estaca, até que o mesmo se assente no fundo da
valeta.
Dependendo da pressão de colocação do travesseiro, o mourão esticador poderá tombar-se para o
lado contrário do tensionamento dos arames.
Isto é até desejável, visto que, ao se esticar os arames, poderá ocorrer uma acomodação do
conjunto. Desta forma, o tombamento acaba sendo corrigido.
e.3) Jogue terra sobre o travesseiro e faça a compactação.
f) Monte o escoramento.
A escora ou mão-francesa também deve ser montada com a maior firmeza possível.
f.1) Coloque a escora na posição de trabalho para verificar como deverá ser feito o seu apontamento
final.
f.2) Encaixe a escora no entalhe do mourão esticador, conferindo seu alinhamento em relação ao
eixo da cerca.
f.3) Marque a face externa da valeta de colocação do calço usando uma alavanca de corte.
f.4) Escave a valeta do calço, utilizando a alavanca de corte, enxadão ou cavadeira, a uma
profundidade de aproximadamente 25 cm.
f.5) Coloque o calço deitado na valeta.
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f.6) Encaixe a escora, batendo primeiramente sua base sobre o calço, visando a máxima
acomodação deste na valeta.
f.7) Encaixe o topo da escora lateralmente ao entalhe, através de golpes com um socador ou
marreta.

f.8) Bata um prego no topo da escora.


f.9) Coloque terra sobre o calço, compactando-a.
Para a execução de escoramentos duplos ou triplos, siga os mesmos passos operacionais anteriores
para a outra escora.
Os escoramentos triplos não são muito comuns, pois o uso de apenas duas escoras é suficiente para
o reforço dos cantos.

8.6 - COLOQUE AS ESTACAS


a) Abra os buracos nas marcações previamente feitas.
A estaca deve ser enterrada em uma profundidade mínima de 60 cm.
b) Coloque todas as estacas nos buracos, deixando-as tombadas para um mesmo lado.
c) Fixe a estaca no terreno.
d) Verifique, com o gabarito, a altura da estaca em relação ao solo.
e) Verifique o alinhamento e prumo da estaca em relação aos mourões esticadores do intervalo.
Observação:no alinhamento de estacas ou lascas, deve-se tomar como referência o lado mais
uniforme destas para a fixação dos arames. No caso de estacas ou lascas tortuosas, posicioná-las
de forma que as curvaturas estejam voltadas para dentro da cerca.
f) Termine a fixação da estaca realizando a compactação palmo a palmo.
As demais estacas do trecho da cerca devem ser fixadas seguindo as etapas anteriores.

8.7 - INSTALE OS ARAMES FARPADOS E ACESSÓRIOS


a) Desembale o rolo de arame farpado.
Os rolos de arame farpado são, normalmente, embalados por um invólucro de papelão que identifica
o nome comercial, a metragem do rolo e as especificações técnicas do produto. Este invólucro
também auxilia na segurança do carregamento e transporte do rolo.
Além do invólucro, na embalagem encontra-se uma etiqueta metálica de identificação, uma alça para
carregamento do rolo e ainda um espaguete plástico, identificando a ponta de arame para início do
desenrolamento.
b) Desenrole um pouco do arame farpado para o arremate inicial.
Desenrole manualmente, utilizando luvas, uma quantidade de arame suficiente para fazer o arremate
inicial, com duas ou três voltas, em torno do mourão de partida.
Observação: durante a instalação dos fios de arame farpado, é importante observar a ordem de
colocação dos mesmos.
Deve-se sempre iniciar pelo fio superior e, seguido dos demais fios, de cima para baixo, evitando-se
o enrolamento do fio que está sendo desenrolado com os que já se encontram estirados.
c) Posicione o fio de arame de acordo com as marcações do gabarito.
d) Bata um grampo para manter o fio na altura correta.
Precauções: para a bateção dos grampos, deve-se sempre utilizar óculos de proteção.
Para o manuseio do farpado utilize luvas de couro (Raspa).
e) Arremate inicialmente o arame, através de uma ou mais voltas em torno do mourão.
f) Bata mais um grampo do lado oposto ao primeiro, fixando as voltas do arremate.
g) Enrole, manualmente ou com o auxílio de um torcel, a ponta restante do fio.
h) Desenrole o arame, utilizando um eixo no interior do rolo, caminhando até o próximo
mourão esticador, pelo lado em que se pretende fixar o arame.
Outra maneira é desenrolá-lo com o auxílio de um carrinho desenrolador.
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i) Estire o fio de arame.


O estiramento ou tensionamento pode ser feito com a argola ou através de outras ferramentas, tais
como forquilha de madeira, pé de cabra, esticador de corrente.
Dentre as alternativas, o pé de cabra é o menos indicado. Isto porque a extremidade que contém a
ranhura costuma ser cortante, danificando o fio de arame farpado.
Estiramento passo a passo:
i.1) Solte mais duas ou três voltas de arame, afastando o rolo do mourão esticador, obtendo assim
mais espaço para trabalhar.
i.2) Puxe o arame, utilizando luvas, até que o fio saia do chão.
i.3) Enganche a argola no fio à frente de uma das farpas, escolhendo um ponto em que a argola
poderá ser deslocada, com o movimento de alavanca, até a face posterior do mourão esticador.
i.4) Dobre o arame sobre o gancho da argola, visando evitar que a tensão de estiramento seja
transferida unicamente para a farpa de apoio.
i.5) Passe a extremidade do cambito por dentro da argola, até que se tenha apoio seguro pela face
posterior do mourão esticador.
i.6) Verifique a altura do fio de acordo com o gabarito.
i.7) Estique o fio realizando o movimento de alavanca.
i.8) Verifique a tensão de estiramento do fio de arame.

j) Grampeie o fio de arame esticado.


Após o estiramento do fio, bate-se um ou mais grampos galvanizados próximo à farpa, fixando o
arame ao mourão esticador.
Observação: o grampo deve ser batido no sentido oblíquo e de cima para baixo na madeira. Isto
garante uma maior firmeza e menor chance de rachadura do mourão.
k) Arremate o fio em torno do mourão esticador.
Deve-se enrolar o fio em torno do mourão esticador, evitando, com isso, que o mesmo perca a
tensão de estiramento.
l) Grampeie todos os fios nas estacas intermediárias.
Esta operação visa manter os fios nos respectivos espaçamentos verticais planejados.
m) Coloque os distanciadores de aço zincado.
A colocação dos distanciadores AçoFix permite um maior espaçamento entre as estacas, mantendo
o correto espaçamento vertical entre os fios. - CONSTRUÇÃO DE CERCAS DE ARAME LISO
As cercas de arame liso diferem das cercas de arame farpado pela maior tensão de estiramento de
seus fios e, por isto, são mais recomendadas para terrenos de topografia plana ou regular. Para
suportar esta carga, os extremos da cerca devem ser bem ancorados e reforçados.
Nestes extremos, executa-se o que chamamos de palanque, que é uma estrutura constituída por
dois ou mais mourões esticadores intertravados. Além disso, nas cercas de arame liso os fios não
são normalmente fixados por grampos, mas sim introduzidos nos respectivos furos dos mourões,
estacas ou postes.

9 - CONSTRUÇÃO DE CERCAS DE ARAME LISO


9.1- TIPOS DE PALANQUES
Os palanques também devem ser colocados em toda mudança de direção, relevo e interrupções da
cerca (porteiras, colchetes, mata-burro e isolamentos), marcados com fixação de piquetes ou
pequenas estacas.
Os palanques podem ser classificados da seguinte forma:
A - Quanto à sua posição
A-1) Palanque de extremo:
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Tem a função de iniciar e terminar o trecho de cerca.ONSTRUÇÃO DE CERCAS DE ARAME LISO
A.2) Palanque intermediário:
Localiza-se em posições internas de lances longos de cercas.
Em algumas regiões, o palanque intermediário é substituído por apenas um mourão esticador que
recebe o nome de “FIRME”.
Isto é possível porque as tensões de estiramento ocorrem em ambos os sentidos. Neste caso, o
mourão esticador usado deve ser mais reforçado, com diâmetro de 16 a 18 cm e com comprimento
superior a 2,50 m e trabalhar com dois travesseiros.
Em termos de espaçamento, os palanques são dispostos, em média, a cada 250 m. Pode-se,
também, construir os palanques a cada 500 m com um firme a cada 250 m.
A-3) Palanque de canto:
Serve para definir as mudanças de direção do trecho de cerca.

B - Quanto ao número de mourões esticadores


B-1) Palanque simples:
Montado com dois mourões esticadores, um mourão macho ou mestre e um mourão fêmea ou
contra-mestre.
B-2) Palanque duplo:
Montado com três mourões esticadores, um mourão macho e dois mourões fêmeas.
Vale a pena relembrar as dimensões mínimas das peças de sustentação:

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

COSTA, G.C. Manual de Construção de Cercas Convencionais, Informe Técnico, Belgo-Mineira, 92p.

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