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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO INTRO

DESIGN SPRINT:
O QUE É E COMO
APLICAR ESSE
PROCESSO

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO SUMÁRIO

SUMÁRIO

03 Introdução

05 Metodologia e aplicações do Design Sprint

11 Boas práticas e o que evitar

14 Design Thinking vs. Design Sprint

22 6 habilidades pessoais essenciais

30 Tipos e cases de design sprint

44 Tudo pronto? Comece seu primeiro Sprint!

47 Prepare-se com a Udacity

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO INTRO

Introdução

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO INTRODUÇÃO

INTRODUÇÃO

O Design Sprint é um processo de cinco dias que visa explorar oportuni-


dades de negócio através de design, prototipagem e teste prático de
ideias com usuários potenciais. Esse ebook é um manual básico para você
entender sua importânciae o porquê de tantas empresas o adotarem. Quem são as autoras?
Ele foi concebido num contexto atual para muitas empresas: um cenário
de mudanças rápidas, riscos e respostas incertas. Por isso mesmo, é ideal Ana Paula Batista foi uma das primeiras Google Developer Expert em
para aplicações no mercado. E vai além de bases teóricas: ele inclui um UX/UI no Brasil, é certificada Design Sprint Master pelo Google e revisora
passo a passo de tarefas específicas que são desempenhadas ao longo de projetos no Nanodegree Design Sprint da Udacity. Ana também é
de uma semana. Dessa forma, é mais fácil planejar agendas e o material co-fundadora da Sparck Experiências Digitais e mentora do Google
necessário e incluí-lo em projetos que já estão em andamento, mas que Launchpad Accelerator, programa global de aceleração do Google.
precisam investigar algum aspecto de negócio mais profundamente. Formada em Multimídia Digital é pós-graduanda em MBA em Liderança
e Gestão Organizacional pela UNISUL.
Nas próximas páginas, você lerá sobre a metodologia do Design Sprint,
suas aplicações, benefícios e boas práticas. Para entender como funciona Bianca Ximenes é Google Developer Expert em Estratégia de Produto e
na prática, lerá também cases reais das empresas Deutsche Telekom e também revisora de projetos do Nanodegree Design Sprint da Udacity.
Headspace e da ONG Save The Children – esta última em parceria com a Formada em Economia e Mestre de Gestão de Inovação em Ciência da
consultoria AJ&Smart, a mesma que preparou as aulas do Nanodegree Computação, Bianca trabalhou por anos como gerente de projetos e
Design Sprint com a Udacity. hoje é doutoranda no Centro de Informática da UFPE. Sua pesquisa atual
abrange Ética Digital com aplicações em Machine Learning e Inteligên-
Nossa expectativa é que, após terminar sua leitura, suas principais cia Artificial e Fronteiras Humano-Máquina.
dúvidas tenham sido respondidas e você esteja preparado para aprender
mais e executar seu primeiro Design Sprint. Trata-se de uma ferramen-
ta poderosa, inovadora e extremamente acessível. Aproveite!

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO INTRO

Metodologia
e aplicações do
Design Sprint

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO METODOLOGIA E APLICAÇÕES DO DESIGN SPRINT

Em 2016, Jake Knapp, John Zeratsky e Braden Kowitz causaram o maior


barulho entre profissionais, startups e empresas consolidadas. O motivo
foi a publicação do livro Sprint: Como resolver grandes problemas e testar
novas ideias em apenas 5 dias, que detalha um processo acessível que
promete agilidade na resolução de problemas e validação de ideias em
organizações de diversos portes e segmentos.

O Design Sprint em si foi criado no GV, antigo Google Ventures, braço


de venture capital da Alphabet, e validado através de sua aplicação em
mais de 150 startups. Nesse processo, uma equipe interdisciplinar se
aprofunda em um determinado desafio para entender sua complexi-
dade e oportunidades, gerar possíveis soluções, prototipar e validar
uma solução em cinco dias, sempre envolvendo a visão do usuário.

O objetivo é validar hipóteses e soluções sem um longo processo de


desenvolvimento de produtos ou serviços por trás, visando assim a
inovação, redução de custo e tempo para o aprendizado.

O Design Sprint é composto de 5 etapas e cada uma corresponde a


um dia de sprint. Abaixo, confira um resumo do que acontece em cada
um:

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO METODOLOGIA E APLICAÇÕES DO DESIGN SPRINT

1. Entender e definir: no primeiro dia, os integrantes do time 3. Decidir: o time ou os decisores daquele processo escolhem o
mergulham nas informações do desafio e exploram todas as que será levado adiante no sprint. Pode ser uma solução como foi
oportunidades e conceitos possíveis. Considera-se tanto as perspecti- conceitualizada por um integrante do time ou o conjunto do que
vas comerciais e de negócios quanto de usuários e tecnologia. Neste foi considerado melhor em cada solução. O importante é chegar
momento, busca-se entender: quem são esses usuários para quem em uma ou no máximo duas soluções que serão prototipadas e
estamos projetando e por que têm esta necessidade? O que já temos colocadas à prova para a validação pelo público-alvo.
que é funcional e pode ser aproveitado? O que existe de solução de
4. Prototipar: é hora de construir de forma palpável a ideia ou ideias
mercado para esta necessidade? Qual o objetivo queremos atingir
para serem testadas por outras pessoas. O time se auto-organiza
desenvolvendo esta solução e, principalmente, quais os principais
da melhor forma para que possa desenvolver um artefato que seja
desafios que podemos encontrar para atingi-lo? Por fim, o time
capaz de comunicar a solução de forma eficiente para ser validada
explora as oportunidades para responder as questões principais do
pelo público-alvo. Não se trata de construir uma versão final ou
sprint e define o conceito que será trabalhado.
entregável, mas sim o mínimo suficiente para que as questões do
2. Divergir: com o conceito definido, o time explora de forma bastante sprint sejam respondidas.
visual e colaborativa quais são as potenciais soluções e ideias para a
5. Validar: por fim, no quinto dia, o time coloca seu protótipo à prova
sua resolução. Neste dia, é importante ter agilidade e buscar explorar
e valida (ou não) suas hipóteses e dúvidas iniciais. As pessoas são
ao máximo o potencial criativo dos integrantes. A pergunta norteado-
convidadas a utilizarem o protótipo e os integrantes do time observam
ra principal deste momento do sprint é: como podemos desenvol-
suas reações a fim de chegarem às conclusões que precisam.
ver o conceito da melhor forma e da forma mais criativa? Por isso,
muitas ideias devem ser geradas para exaurir todas as opções.

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO METODOLOGIA E APLICAÇÕES DO DESIGN SPRINT

5 BENEFÍCIOS DO DESIGN SPRINT 3. PROCESSO CENTRADO NO USUÁRIO


Incluir o usuário no processo pode fazer com que o problema possa
O que este processo de Design Sprint tem de tão especial que empresas parecer mais concreto. A utilização de entrevistas em profundidade
de todos os segmentos e portes estão buscando? Dentre os principais auxilia a inspirar o time e auxilia também na visualização mais clara
benefícios, é possível destacar: de seus valores e necessidades.

1. AGILIDADE 4. COMPARTILHAMENTO DE RESPONSABILIDADE


Por ser restrito ao tempo, o sprint impulsiona a criatividade e força o Envolver todas as partes interessadas no trabalho e tê-las em conjunto
time a tomar decisões rápidas. focadas no mesmo objetivo e com a mesma informação aumenta a
aderência e o senso de pertencimento do projeto.

2. AUMENTO DO POTENCIAL DE INOVAÇÃO


Idear, construir e validar uma solução diretamente com o usuário em 5. ALINHAMENTO RÁPIDO DOS ENVOLVIDOS
apenas 5 dias é o uso mais eficiente de seu tempo e demais recursos. Ter todos em conjunto participando da identificação de oportunidades,
O potencial para validações em curtos períodos de tempo incentiva o ideações e decisões faz com que o time tenha um conhecimento maior
time a mirar mais longe – no pior dos casos, você não investiu em um sobre o escopo de trabalho, requisitos e regras necessárias. Assim,
desenvolvimento sem ter a certeza de que ele iria funcionar. evita-se a necessidade de discussões acerca de decisões que já tinham
sido tomadas e o investimento do tempo em documentação.

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4 APLICAÇÕES DE DESIGN SPRINT 2. AMBIENTE DE MUITAS INCERTEZAS


Esse cenário têm grande relação com o anterior, visto que incerteza está
estreitamente relacionada a risco. Novamente, a questão é adiantar o
Os usos do Design Sprint são bastante diversos. Contudo, há alguns
aprendizado a partir da ideia. Dessa forma, se há múltiplas opções de
casos específicos onde sua aplicação faz uma maior diferença. Conheça
caminhos, vários deles podem ser testados, o que seria impossível se
alguns desses casos críticos e que tipo de benefício o Design Sprint
fosse necessário desenvolver completamente cada alternativa. Além
traz para cada um deles em mais detalhes:
disso, como o Design Sprint contempla uma série de experimentos
que investigam o que funciona para os usuários, o produto a ser
1. PROJETOS DE ALTO RISCO desenvolvido pode ser moldado para apresentar características que
foram bem-aceitas nos testes ou conter aspectos que apareceram em
De antemão, é importante ressaltar que o risco aqui não é tecnológico feedback, ainda que eles não tivessem sido considerados a princípio.
– esse tipo de risco é melhor mitigado através de pesquisa e tecnologia.
Contudo, se houver risco econômico do ponto de vista de aceitação de
mercado, o que é algo típico em projetos de inovação disruptiva, o 3. AMBIENTE DE MUITA COMPLEXIDADE
Design Sprint pode ajudar a mitigá-lo.
Da mesma forma que é possível fazer vários Sprints, cada um com
Isso porque, no ciclo do Design Sprint, o aprendizado que geralmente um foco de produto diferente, também é possível isolar aspectos e
ocorre após o lançamento é trazido (em menor grau) para os momentos rodar um Sprint para investigar um por um a fundo. Outra forma de
iniciais de projeto, quando há apenas a ideia, e antes de completar agir, se a complexidade for crescente ao longo do desenvolvimento do
os custosos processos de desenvolvimento e lançamento de produto. produto, é rodar Sprints quando o nível de incerteza crescer muito para
Dessa forma, o compromisso de tempo e dinheiro só é feito quando novamente isolar os aspectos que mais entregam valor e prosseguir
há indicadores de sucesso confiáveis – ou seja,sucesso nos testes de apenas com eles, baixando o nível geral de complexidade do projeto.
conceito com usuários potenciais.

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO METODOLOGIA E APLICAÇÕES DO DESIGN SPRINT

4. HÁ MUITOS STAKEHOLDERS ENVOLVIDOS NO PROJETO pessoas que têm experiências e informações distintas. Mas quando
as pessoas estão todas interessadas no sucesso de projeto e validam
Quanto há muita gente envolvida no projeto e os interessados são de o que funciona concretamente, trabalhar em conjunto torna-se mais
áreas ou até empresas diferentes, pode haver tensões constantes e um simples. Outro benefício é que a interação, pressão e esforço comparti-
grande desafio é fazer todos trabalharem em conjunto e compreen- lhados ao longo do Design Sprint integram os stakeholders e dão mais
derem as decisões. Apesar de o Design Sprint precisar de alguns dias confiança de que todos têm interesse em fazer o projeto dar certo.
de dedicação total, o ideal é trazer os principais stakeholders para
participar dele. CENÁRIOS COMPLEMENTARES
O resultado costuma ser mais produtivo que as diversas reuniões de Muitos desses cenários são complementares, e é possível haver casos
alinhamento que sempre acontecem entre as partes. Isso porque a que apresentam todas essas características de risco, incerteza, complexi-
maioria das tensões se baseia em premissas e prioridades distintas de dade e múltiplos stakeholders. Ainda assim, o benefício do Design Sprint
cada stakeholder, além da falta de compreensão do trabalho e aspectos transcende essas situações e equipes podem se beneficiar tanto em
das pessoas de outras áreas. cenários mais simples – pense em empresas ou produtos já estabele-
cidos que querem identificar potencial para melhorias incrementais
Ao trabalharem todos juntos, os envolvidos podem entender melhor sem disrupções – ou em questões específicas sobre: definir monetiza-
as preocupações de cada um antes de pensar em soluções e escolher ção de produto ou serviço; encontrar nichos e posicionamento de
lados. Além disso, como o foco é construir algo simples mas testável mercado; aprender como induzir determinado tipo de comportamen-
para colocar na mão dos usuários, premissas não fundamentadas caem to; direcionar projetos e criar novos objetivos de projeto ou empresa;
por terra à medida que a equipe do Design Sprint investiga, observa e alinhar times que apresentam tensões; e diversas outras aplicações, de
aprende com os usuários. Nem sempre é fácil conseguir consenso entre acordo com a necessidade de cada equipe e projeto.

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO INTRO

Boas práticas
(e o que evitar)

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO BOAS PRÁTICAS (E O QUE EVITAR)

O Design Sprint é uma excelente ferramenta, mas é importante manter-se 2 . OS PA PÉIS D E C A D A PA RTI CI PA NTE D O SPRI NT
atento. É possível fazer algumas adaptações para nossas necessidades D EV EM S ER M A N TI D O D E FO RM A CO NSI STE NTE D O
mas, sem um perfeito entendimento do processo, as mudanças podem IN ÍC IO A O F IM
nos levar a erros críticos e prejudicar o resultado final.
Alterar as pessoas que estão representando os papéis de Design
Confira algumas lições que consideramos mais importantes para garantir Sprint Master e Decisor definidos no início do sprint pode prejudicar a
o sucesso do seu sprint abaixo: confiança necessária do time no processo para prosseguir nas atividades
desejadas. Da mesma forma, os integrantes do time devem se manter
os mesmos e focados para que o tempo de trabalho seja otimizado e o
1. O FAC I L I T ADO R (DE S I GN S PR IN T M A S TER ) N Ã O processo não tenha que retornar em alguma etapa posterior devido a
DE VE FAZ E R P ART E DO T I ME D O S PR IN T novos pontos de vista.
O Design Sprint Master (que será apresentado em detalhes mais adiante)
é a pessoa que irá conduzir o processo e guiar o time para o objetivo
3 . C ON HEC ER A S RE L A ÇÕ E S E NTRE A S TÉ C NI C A S E
do Sprint. Ele deve saber observar tanto a dinâmica do grupo como um
ETA PA S É ES S EN CI A L
todo quanto a solução que está sendo trabalhada. Flexibilizar seu papel
pode fazer com que uma liderança não intencional seja criada. Quando Entender em profundidade o que é esperado e o porquê de cada uma
isso acontece, ele pode guiar erroneamente o time para decisões de das etapas permite que o processo seja guiado de forma mais fluida e
forma não democrática e dificultar a transição da visão do facilitador muito mais eficiente. Da mesma forma, permite que a adaptação para
para o grupo como um todo, prejudicando assim as interferências para as necessidades específicas seja feita sem prejudicar o resultado final.
garantir o rumo.

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO BOAS PRÁTICAS (E O QUE EVITAR)

4. O SP RI N T N ÃO DE VE S E R V IS TO S Ó C OM O U M A 5 . IN C L U IR O D ESI GN SPRI NT CO M O UM
FORMA DE S E T E R UM E N T RE G Á V EL M A IS R Á PID O PR OC ES S O D E A LTA RE C O RRÊ NCI A NA SO LUÇ Ã O
É claro que o Sprint possibilita ter entregáveis de forma mais rápida, mas Para que o time esteja focado no processo do Design Sprint, é de
ele deve ser visto principalmente como se ter uma forma de aprendiza- extrema importância que o objeto de trabalho esteja alinhado com a
do mais rápida. Faz parte do aprendizado rejeitar hipóteses e descobrir prioridade de todos no momento, e que se tenha realmente um desafio
que algumas coisas não funcionam ou não agregam valor para o usuário audacioso a ser trabalhado. Reunir uma equipe em torno de um desafio
— ele não as quer, não faz questão ou não está disposto a pagar por que não seja grande o suficiente ou prioritário o suficiente prejudica o
isso. Dessa forma, é normal que ao longo do Sprint entenda-se que a engajamento com a solução.
meta proposta de longo prazo não será alcançada da forma prevista a
princípio e uma nova estratégia de produto deve ser definida.

Isto quer dizer que, ao final doSprint, o aprendizado pode ser simplesmen-
te um conceito trabalhado que responda as questões postas, de forma
que a meta de longo prazo não será atingida se ele for feito. Isto possibilita
que não sejam despendidos recursos em uma solução que não atende as
necessidades do usuário ou do negócio de forma satisfatória. Lembre-se
sempre de que o Design Sprint é um atalho para o aprendizado – e não
necessariamente um atalho para lançamentos mais ágeis.

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO INTRO

Design Thinking
versus Design Sprint

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO DESIGN THINKING VERSUS DESIGN SPRINT

Nos últimos cinco anos, esses dois termos começaram a aparecer em a essa exploração, de propostas de soluções. Essa abordagem clara de
todo lugar. Obviamente, ambos se relacionam com Design e têm grande divisão de problemas e soluções, com espaço para investigação dedicada
aplicabilidade na geração de produtos e serviços inovadores. Contudo, a cada um separadamente, tornou-se muito aplicável e chamou a atenção
não são a mesma coisa e é importante entender as particularidades e de gerentes de produto e executivos de empresa de todo o mundo.
relações para tirar o melhor proveito de ambos. Afinal, não há uma resposta única correta quando falamos de novos
negócios e produtos. Até porque, na maioria das vezes, o problema não
Seguindo uma ordem cronológica, o Design Thinking chegou antes; além
está muito claro em primeiro lugar: ele pode ser definido de formas
disso, ele é um dos fundamentos do Design Sprint, e por isso vamos
diversas e assumir focos diversos também.
detalhá-lo primeiro.
Um exemplo: como fazer as pessoas se movimentarem mais e usarem
O que é Design Thinking mais espaços de lazer ao ar livre? Elas podem ter preguiça de sair de
casa, se sentir inseguras em espaços públicos abertos, ter medo de ficar
O Design Thinking é uma coisa velha que, com um nome novo, se tornou muito tempo no sol e desenvolver doenças de pele ou ainda simplesmen-
popular. Em 2009, Tim Brown, CEO da IDEO, lançou o livro Design Thinking: te achar que é mais divertido usar jogos eletrônicos em casa.
Uma Metodologia Poderosa Para Decretar o Fim Das Velhas Ideias. A IDEO é
uma consultoria de inovação que surgiu no Vale do Silício e tem grande Observe que cada coisa dessa é uma raiz diferente do problema e
prestígio e escritórios por todo o mundo. O livro viralizou, divulgando o todas podem ter participação no resultado final, que é a redução de
método utilizado pelos designers para propor soluções para problemas movimentação e uso de espaços de lazer ao ar livre. Todas elas podem
complexos que não têm uma resposta definida ou única. Trata-se do ser pesquisadas, investigadas e tratadas. A partir disso, soluções distintas
tipo de problema que leva à criação de produtos inovadores. são geradas para cada problema – ou até várias soluções concorrentes
para o mesmo problema. E o mais importante: não necessariamente
Todo designer começa a proposta de conceito se preocupando antes uma vai ser mais correta ou melhor que a outra.
com a realidade e os problemas do usuário. Essa é uma característica
importante do Design, que permite uma divisão de dois espaços muito Prédios com grandes áreas comuns de lazer, isolamento de ruas em
claros: um de exploração de problemas do usuário, e outro, posterior horários específicos da semana para livre circulação de pedestres e

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO DESIGN THINKING VERSUS DESIGN SPRINT

bicicletas, roupas com proteção UV e o jogo Pokémon Go são todas


possíveis soluções para as questões trazidas acima. Todas podem fazer
com que as pessoas se movimentem mais e usem mais espaços ao ar
livre, todas têm modelos de negócio próprios, todas têm usuários e ou
clientes potenciais específicos em foco e todas podem ser rentáveis.

Essa diversidade de problemas e soluções é que torna o mundo da


criação de produtos inovadores tão complexo. E é muito graças ao Design
Thinking que hoje entendemos a necessidade de dividir problemas e
soluções, e tratar cada um em separado.

O objetivo aqui é encontrar uma solução que esteja na interseção da


desejabilidade do ponto de vista do Design, viabilidade do ponto de vista
do negócio e factibilidade do ponto de vista da tecnologia, conforme
mostra a Figura 1, logo ao lado.

Figura 1: os conceitos de desejabilidade, factibilidade e viabilidade

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSA METODOLOGIA DESIGN THINKING VERSUS DESIGN SPRINT

Finalmente, falta testar! Cada novo conceito de solução no Design ID EA Ç Ã O


Thinking é validado (é fase de teste com usuários, onde se observa se
há aceitação do conceito e quais são as partes fortes e fracas) antes de Nessa fase, o principal é permitir um espaço criativo para trazer novas
chegar na proposição final. Para isso, são necessários protótipos, em ideias e bolar conceitos que buscam resolver os problemas definidos
baixa e alta fidelidade, que são testados com usuários potenciais daquele no espaço anterior, de Inspiração. Essa fase é correspondente à fase de
produto. Esses protótipos e conceitos são iterados (feitos uma vez e Ideação no modelo Hasso-Plattner e Stanford, e às fases de Divergir e
retrabalhados posteriormente várias vezes) até chegar num resultado Decidir no Design Sprint. Técnicas que podem ser usadas aqui são Crazy
final comercializável. 8s, 365, Brainstorming, Brainwriting, dentre outras.

Temos agora os três espaços (fases de trabalho com focos distintos)


principais do Design Thinking conforme definido por Tim Brown: IM PL EM EN TA Ç Ã O
Inspiração, Ideação e Implementação. Esses espaços estão ilustrados
Nessa fase, a ideia é construir protótipos do conceito de solução
na Figura 2A (abaixo) e são explicados com mais detalhes em seguida.
produzido durante o espaço anterior, inclusive com mídias diferentes
do produto final (por exemplo: fazer as telas de um aplicativo usando
INSPIRAÇ ÃO papel e caneta ou imagens estáticas em vez de código), e colocar os
protótipos em teste com pessoas para observar o que funciona e o que
Nessa fase, do Design Thinking, o principal é entrar no mundo do usuário pode ser melhorado. Ela é equivalente à fase de Prototipar e Testar de
e entender quem ele é, do que gosta, quais as dificuldades que tem e que Stanford e Hasso-Plattner, e de Prototipar e Validar no Design Sprint.
problemas são passíveis de serem resolvidos. Essa fase pode ser quebrada
em outras, como Entender, Observar, e Ponto de vista (segundo o modelo Técnicas de prototipagem incluem mock-ups e wireframes, Mágico de
Hasso-Plattner de Design Thinking, na Figura 2B), Empatia e Definição de Oz, Concierge e Piecemeal, além de versões mais simples do produto
problema (segundo o modelo da d.school de Stanford, na Figura 2C) ou em si, com menos funcionalidades.
Entender e Definir do Design Sprint (Figura 2D). Técnicas que podem ser Já as técnicas de coleta de feedback incluem guias de realização de
usadas aqui incluem etnografia, entrevistas, questionários, criação de tarefas, questionários, observação de expressões, dentre outros.
personas, árvore de problemas e cinco porquês.

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO DESIGN THINKING VERSUS DESIGN SPRINT

De forma geral, o Design Thinking foi revolucionário porque conseguiu


levar o modo de pensar focado em experimentação, usuários e
problemas para várias outras áreas de conhecimento, principalmen-
te a de tecnologia. Houve uma mudança de paradigma, se encaixando
no movimento de Design Centrado no Usuário, e a preocupação em
oferecer experiências diferenciadas e notáveis para as pessoas.

Contudo, o Design Thinking não tem só vantagens. A maior dificuldade


em usá-lo é que ele não tem uma estrutura fixa, apesar de contar com
espaços de exploração. Isso é evidente no modelo da Hasso-Plattner
(a Figura 2C) onde cada espaço se relaciona a vários outros com linhas
que denotam idas e vindas ao longo do processo. Ele também não é
uma técnica de gerenciamento de projetos, mas sim uma ideologia, um
mindset que apresenta uma forma de abordar e resolver problemas
complexos com soluções criativas abertas.

O Design Thinking na prática acaba se preocupando com deixar o


conceito muito redondo, o que pode levar longos períodos de tempo. Ele
também entrega conceitos testados e prototipados, mas não constrói
o produto efetivamente; isso costuma ser papel de terceiros em outra
equipe, e os testes se resumem a validações de conceito.

Além disso, não há um tempo definido para cada fase, e não se sugere
técnicas específicas que possam ser usadas. (As técnicas sugeridas acima
para cada fase são resultado de pesquisas e prática das autoras deste

Figura 2: espaços de Design em modelos diversos

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO DESIGN THINKING VERSUS DESIGN

especial ao longo do tempo.) Isso torna o Design Thinking uma ferramen- Essas tendências se fundiram ao Design Thinking e seus espaços de
ta ou ideologia de apoio, difícil de ser adotada no dia a dia das organiza- exploração, principalmente à importância dos espaços separados de
ções, onde tempo e dinheiro são fatores extremamente importantes de problema e solução, e geraram o fluxo definido visto na Figura 2D. Nesse
decisão. E aí surge a oportunidade perfeita para o Design Sprint. caso, há tempo para passar por todo o processo de Inspiração (Entender
e definir), Ideação (Divergir, Decidir), e Implementação (Prototipar,
Como o Design Sprint é diferente? Validar) do Design Thinking, mas ele agora tem um tempo definido para
acontecer: apenas cinco dias.
Diferentemente do Design Thinking, o Design Sprint nasceu no Google
e reflete métodos e preocupações típicas de empresas de tecnologia. Claramente, em cinco dias não é possível chegar no conceito perfeito
Apesar disso não ser dito expressamente no livro Sprint, de Jake Knapp, que o Design Thinking costuma prezar na prática. Mas isso é adequado,
o Design Sprint tem fortes influências da Metodologia Ágel e da lean pois o Design Sprint tem um foco mais forte em negócios que o Design
startup (startup enxuta), tendências que dominavam – e ainda são muito Thinking. A influência forte da metodologia Lean cuida do pilar de
relevantes – no Vale do Silício da época. negócios, enquanto a Ágil foca no desenvolvimento e factibilidade, e o
Design Thinking, na desejabilidade.
Da Ágil, ficou a imersão inicial no mundo do cliente onde se identifi-
cam requisitos de projeto, o uso da nomenclatura e do tempo de uma
semana do Sprint de Scrum (uma forma de organizar projetos muito
popular em desenvolvimento de software) e o foco em gerar entregas
rápidas com grande valor associado para o usuário.

Da Lean, ficou a liberdade de criar uma visão de produto em vez de


gerar uma encomenda pré-formulada, a criação e validação de hipóteses
como forma de direcionar o projeto e as validações diárias de conceitos
não tão perfeitos com usuários potenciais.

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO DESIGN THINKING VERSUS DESIGN

Em projetos reais com Design Thinking, por muitas vezes o modelo de


negócio não é validado ou claramente proposto e fica às vezes como
responsabilidade do time que efetivamente proverá o produto ou
serviço.

O Design Sprint traz essa responsabilidade para si e se propõe a


testar, em uma semana, se a ideia trazida é desejável para o usuário
e potencialmente viável e factível. Ele é, nesse aspecto, mais completo
que qualquer um de suas três referências, pois combina de forma mais
eficaz a interdisciplinaridade, algo básico para seu funcionamento.

Nas Figura 3A e 3B, fica clara a semelhança entre o fluxo de construção


cíclica de produto da metodologia Lean e o do Design Sprint. A maior
diferença entre eles, no entanto, é que o Design Sprint não se propõe
a construir o produto de fato nestes cinco dias. Seu objetivo principal
é testar a ideia gastando a menor quantidade de tempo e dinheiro
possíveis.

Figura 3: Os ciclos do Lean Startup, no topo, e do Design Sprint

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO DESIGN THINKING VERSUS DESIGN

A parte boa é que o mesmo time que conduziu os testes vai ser Chegando aos finalmentes
responsável, posteriormente, seguindo outros modelos de gestão
de projetos, pela construção do produto ou serviço concebido nesse O Design Thinking, junto a outras metodologias, serviu de base para
período intenso de Sprint. Então a equipe é verdadeiramente dona de o Design Sprint que ganhou muita popularidade atualmente, principal-
todo o processo, da concepção às entregas finais. mente por combinar tão bem aspectos técnicos, de negócios e de design
e funcionar sem atrito com métodos e necessidades já estabelecidas
Isso fica bem evidente no dia 3 do Sprint, quando a equipe é a principal
em organizações.
força de decisão do conceito e funcionalidade que serão testados, com
votações internas dos melhores aspectos de cada ideia resultante da Importante frisar que o Design Sprint não é um substituto do Design
técnica de ideação Crazy 8s – em que cada membro da equipe tem 8 Thinking – e haverá momentos apropriados para ambos. No entanto, se
minutos para fazer um rascunho de 8 ideias distintas, sem se preocupar o foco é testar um conceito de forma rápida e barata com uma equipe
com qualidade do desenho da ideia em si e apenas buscando ir além da multidisciplinar sem gerar ruído entre várias pessoas, o Design Sprint
ideia inicial mais óbvia que aparece. é o mais indicado para construir propostas inovadoras que caibam no
tempo de projeto e verba da empresa.
O Design Thinking usa mais feedback do usuário para tomar decisões,
já que tem mais tempo para iterar, e não faz votações específicas de
características do produto dentro da equipe.

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO INTRO

6 habilidades
pessoais
essenciais

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO 6 HABILIDADES PESSOAIS ESSENCIAIS

Uma equipe que vai rodar um Design Sprint precisa de duas coisas antes Como o ritmo do Design Sprint é intenso, não há tempo para consultar
de tudo: tempo e flexibilidade. O trabalho é intenso e não admite que se ou tentar definir os próximos passos. As pessoas precisam ter uma ideia
delegue nada: você e seu time são responsáveis por conceber, rabiscar, clara do processo e se comunicar de forma eficaz para aproveitar o
investigar, entrevistar, medir, falar com pessoas, prototipar e o que mais tempo disponível. O Design Sprint Master deve garantir isso. Finalmen-
for necessário durante o Sprint. A imersão é total e a equipe é dona de te, o Master também tem a responsabilidade de zelar pelo bem-estar do
todo o projeto. time para que este esteja apto a dar o máximo de si, e, desta forma, a
habilidade de alternar seus pontos de vista entre o objeto de trabalho,
Além disso, grupos pequenos são recomendados. Considere cinco um
processo e dinâmica da equipe é essencial.
número mágico: se houver menos pessoas, é possível que a falta de
diversidade gere resultados pobres na hora de divergir e criar; se houver 6 habilidades do Design Sprint
mais pessoas, é possível que a comunicação seja ineficiente e haja mais
ruído do que ajuda no fim das contas. Agora vamos às características ou habilidades de todos da equipe que
participarão do processo, que se misturam um pouco com os próprios
Uma pessoa da equipe será o Design Sprint Master. É fortemente
preceitos do Design Sprint e são similares àquelas das pessoas que
recomendado que ela já tenha rodado um Sprint anteriormente, ou que
trabalham com Design Centrado no Usuário. Vamos detalhar cada uma:
ao menos conheça a fundo todo o processo e as técnicas que serão
utilizadas. O Master deve passar confiança e segurança à equipe ao 1. Compreensão e empatia
longo do processo.
2. Exploração e curiosidade
Essa pessoa não é a chefe, nem hierarquicamente mais importante que 3. Fazer e testar
os demais integrantes do time. Contudo, ela provavelmente será a mais 4. Simplicidade e transparência
experiente, a pessoa da mesa que leu e decorou as regras do jogo. Ela
5. Interdisciplinaridade e colaboração
precisa tirar dúvidas e ajudar os demais a conduzir todas as atividades,
removendo ou tratando obstáculos que eventualmente apareçam, de 6. Velocidade e ação
forma que o resultado final seja produtivo.

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO 6 HABILIDADES PESSOAIS ESSENCIAIS

1. COM P RE E N S ÃO E E MP AT I A proibido – e nada é conhecido. Haverá um momento posterior para filtrar


as informações que foram colhidas, mas essa informação só será útil se
O ponto primordial do Design é o fato de tratar com pessoas. E o que tiver sido coletada sem vieses, da forma mais natural e espontânea possível.
isso significa na prática?

A diferença entre um designer e um artista é que o artista busca se


2 . EX PL OR A Ç Ã O E CURI O SI D A D E
expressar através do que ele produz e seu público tem a liberdade
de interpretar isso de diversas formas. O artista pode prezar apenas Crianças pequenas costumam ter uma fase onde perguntam “por quê”
pelo que lhe parece esteticamente belo ou por qualquer outro critério incessantemente para tudo. Elas têm sede de entender conexões, de
que escolha. O designer não é assim. O que ele deve buscar é produzir compreender o mundo à sua volta, e de testar limites e coisas. É uma
algo primordialmente útil – e não para si, mas para os outros. O Design forma de explorar e dar espaço à curiosidade. Não é à toa que elas
promove a clareza, a funcionalidade, a ergonomia, a finalidade de um aprendem tanto nessa fase: a experiência que têm é em primeira mão,
produto. sem preconceitos.

A única forma de fazer algo útil, claro e funcional para várias pessoas é Você precisa se dispor a perguntar por quê. Isso às vezes é difícil, porque
desenvolvendo uma capacidade de empatizar e compreender o outro. o acesso fácil e ubíquo à informação gera uma cobrança de sabermos
Essencialmente, bom Design vem de boa escuta – aquela que não julga tudo. Mas, mesmo que se saiba, ainda é necessário questionar. Isso é
ou oferece maneiras de resolver um problema enquanto a pessoa ainda relacionado de forma muito próxima com a necessidade de empatia
está falando. A empatia ocorre quando esquecemos por um momento descrita anteriormente e se faz necessário porque sua resposta aos
o que já sabemos e nos dispomos a ouvir segundo a experiência do porquês pode ser diferente da resposta do outro. E não para aí, pois
outro, como se fosse a primeira vez na vida. pode ser necessário entender razões mais profundas, que não são ditas
claramente. Às vezes porque a pessoa esquece, às vezes por vergonha,
Soa filosófico, mas é algo muito prático: é como jogar o jogo do “sim”.
às vezes porque nem ela mesma sabe conscientemente disso.
Não faça julgamentos, não desencoraje a fala ou um ponto de vista,
converse abertamente e anote o que puder depois da conversa. Nada é Há uma técnica japonesa bastante usada em consultorias ao redor do

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mundo. É a técnica dos Cinco Porquês, e se baseia na crença de que ao “mostre, não conte”. Se uma imagem vale mais do que mil palavras, um
perguntar “por quê?” cinco vezes concatenadas, é possível chegar à raiz protótipo funcional vale mais do que ambas as anteriores. As reuniões
de qualquer problema. Essa raiz é o que o Design Sprint busca achar. e discussões de equipe e as validações com usuários são baseadas em
Ela pode representar os problemas menos óbvios e mais rentáveis a se interações reais com protótipos e produções concretas. Uma coisa é
resolver, aqueles cujas soluções realmente mudam a vida das pessoas. Para tentar explicar para o usuário como vai ser o produto e o que a equipe
conseguir fazer isso, é necessário estar disposto a perguntar e explorar. está pensando em fazer. A valia do que esse usuário fala é praticamente
nula, pois ele pode interpretar o que foi dito de diversas formas e não
tem uma ideia formada sobre o que você está falando – ou pior, pode
3. FAZER E T E S T AR ter uma ideia diferente da sua.
Você já deve ter tido um amigo ou amiga contador de vantagem. Aquelas É outra coisa apresentar um protótipo e pedir para observar essa
pessoas que fazem e acontecem, que sempre têm histórias incríveis e interação para depois colher feedback apropriado. As opiniões e
surreais, a um ponto tal que você não acredita em nada que elas falam, percepções nesse caso serão muito mais úteis, muito mais reais e serão
mesmo que seja verdade. mais aplicáveis às tomadas de decisão de projeto.
Falar muito tem esse problema. As palavras não são precisas, e é por Perceba também que o tempo todo se fala sobre discutir em cima do
isso que uma imagem vale mais que mil palavras: elas comunicam protótipo, interagir com ele ou observar como o usuário reage ao usá-lo.
conceitos e acontecimentos com muito mais clareza e objetividade. É Isso é testar, e acaba sendo uma postura natural quando já existe uma
possível entender e avaliar diretamente os fatos e o risco de ocorrerem preocupação legítima em produzir coisas concretas. A tangibilização da
ambiguidades ou equívocos é bem menor. E se algo for realmente incrível ideia através do protótipo facilita essa abertura a testes.
ou inimaginável, isso está estampado e pode ser discutido.
E o material que será testado não precisa nem deve estar perfeito: deve
É por isso que o Design Sprint adota a atitude “show, don’t tell”, ou

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO 6 HABILIDADES PESSOAIS ESSENCIAIS

estar funcional e permitir validar e chegar a insights sobre o funciona- cognitiva imposta ao usuário, colocando na tela apenas as informações
mento do produto, bem como sobre aspectos positivos e negativos dele. necessárias, e entendendo tão bem o fluxo de uso que algumas funciona-
lidades já eram ativadas automaticamente, como a sincronização dos
Um produto não precisa estar perfeito para permitir testes ou mesmo
arquivos de fotos, músicas e vídeos entre celular e computador via iTunes.
lançamentos: ele precisa ser útil e entregar valor ao usuário, permitin-
do-o alcançar objetivos pessoais através dele. Não é entregar algo O princípio da simplicidade também se traduz na proposta do
quebrado ou ruim, mas sim algo que contém apenas o que é necessário produto ou serviço. O que ele oferece, suas vantagens e benefícios,
para testar hipóteses e tomar decisões de ajustes no produto. e a proposta central de valor que diferencia seu produto dos demais
devem estar claros para o usuário. Ao compreender bem o que a
equipe está fazendo, não só seu feedback será mais informativo, como
4. SIMP L I C I DADE E T RAN S P AR ÊN C IA também é possível que o usuário se torne defensor e evangelista do
É difícil falar de simplicidade sem mencionar Steve Jobs. O iPhone, ao produto.
ser lançado em 2007, foi apresentado com um slogan que se tornou Essa clareza de objetivos também promove uma comunicação bilateral
célebre: it just works, ou “simplesmente funciona”. transparente produtiva, que pode se tornar uma vantagem competitiva
Hoje em dia a questão de funcionamento dos sistemas mobile é essencial- para a empresa. Transparência e confiança são aspectos extremamente
mente questão de preferência, porque todas as empresas progrediram necessários na economia moderna, e organizações que conseguirem
bastante em termos de design e arquitetura de sistemas e interface. inspirar esse tipo de sentimento em seus usuários e clientes saem na
Mas, em 2007, isso foi revolucionário porque os dispositivos eram cheios frente.
de botões, acessar arquivos ou aplicativos não era tarefa simples e as
opções de configuração eram diversas e de acesso difícil. Toda vez que
se trocava de aparelho, era necessário aprender a usá-lo quase do zero.
Fazer algo que simplesmente funcionava foi uma mudança de paradigma.

De forma técnica, pode-se dizer que a revolução foi minimizar a carga

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO 6 HABILIDADES PESSOAIS ESSENCIAIS

A questão da transparência também se aplica à equipe de um Design


Sprint. As atividades das equipes são abertas, as informações coletadas
estão disponíveis para todos, todos participam das reuniões e decisões,
o que nem sempre ocorre no fluxo normal de produção. É por isso que
é necessária dedicação total da equipe durante o período de Sprint. Em
compensação, essa exposição aberta e constante de todos os fatos, e
até mesmo dificuldades do projeto, faz com que todos consigam opinar
e criar em conjunto e obter resultados rápidos.

5. INTE R DI S C I P L I N ARI DADE E C OL A B OR A Ç Ã O


Séculos atrás, as pessoas eram responsáveis por todas as etapas de
produção de um determinado bem. Após a Revolução Industrial, a
especialização em uma etapa tornou-se algo extremamente comum e
necessário, pois dela dependia a velocidade de produção das fábricas
e linhas de montagem. De alguns anos para cá, estamos revivendo a
necessidade generalista no mercado de trabalho.

Um colaborador ideal será muito bom, ou especialista, em determinado


assunto; contudo, essa pessoa também terá conhecimento e compreen-
são de forma menos profunda sobre assuntos de vários outros campos.
Figura 4: a representação de pessoa em T com habilidades específicas e generalistas
Essas pessoas são conhecidas como pessoas em forma de T, pelo
componente duplo específico e generalista. Isso pode ser visto na Figura
4 ao lado.

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO 6 HABILIDADES PESSOAIS ESSENCIAIS

As pessoas na linha vertical, que são muito boas em algo mas não têm
conhecimento geral de outras áreas, dificultam o relacionamento da equipe
em projetos complexos de inovação. De forma geral, os problemas que
valem a pena ser resolvidos hoje em dia dependem da junção de expertises
diversas em várias áreas. E não é só multidisciplinaridade, pois juntar uma
equipe de várias áreas de conhecimento ainda não garante que as pessoas
vão se entender e estar dispostas a produzir em conjunto.

Tim Brown, CEO da IDEO, diz que times multidisciplinares normalmente


apresentam uma tendência de proteção do lado do problema de cada
um. No popular, ele quer dizer que as pessoas tendem a sempre puxar
a sardinha pro lado delas: as atividades que precisam desempenhar são
as mais importantes, as dificuldades que encontram são as maiores de
todas e o tempo de que precisam é sempre maior que a dos outros.

A interdisciplinaridade – ou seja, no caso do Design Sprint, trazer pessoas


que sejam generalistas e também especialistas em áreas diferentes –
permite a cooperação mais genuína através da empatia legítima. As
pessoas tendem a superestimar menos o valor da sua contribuição
individual para o todo, porque entendem a importância e demanda das
tarefas alheias. Dessa forma, o ambiente se torna menos competitivo e
Figura 5: colaboração e trabalho em equipe em times interdisciplinares
mais saudável, como a Figura 5 tenta representar.

E, quando necessário, as pessoas podem se ajudar. Afinal, seus colegas


podem não ser experts no mesmo assunto que você, mas eles saberão
o necessário para ajudar com demandas mais pesadas pontuais.

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO 6 HABILIDADES PESSOAIS ESSENCIAIS

6. VE LOC I DADE E AÇ ÃO Um lembrete sobre os primeiros sprints


O último aspecto é a questão da velocidade. Design Sprints podem ser Os aspectos tratados aqui são recomendados e ideais para conduzir
adaptados para ocorrer em até poucas horas, apesar de o original ser um Design Sprint. Ainda assim, é possível passar por todo o processo e
pensado para cinco dias. Isso requer disposição e habilidade de trabalhar conseguir bons resultados sem que todos os aspectos sejam observados
de forma rápida e sob pressão ou não haverá resultados ao final. nos últimos detalhes. Rodar um Sprint subótimo vai ocorrer, principal-
O pensamento sobre ação deve ser constante: muito tempo em projetos mente nas primeiras vezes, pois é uma grande quebra de paradigma.
é gasto em reuniões infindáveis onde os envolvidos debatem sobre o Por exemplo, é natural que equipes iniciantes não produzam protótipos
que é melhor fazer. O Design Sprint não dá margem para que muito com a velocidade necessária, ou que se passe mais tempo do que o
tempo seja gasto dessa forma, e por vezes as equipes têm cerca de dez devido discutindo questões com base em premissas não provadas. Uma
minutos para discutir os próximos passos. das funções do Design Sprint Master, inclusive, é estar atento ao tempo
Assim, quando surge um impasse, a resposta é uma só: construir dois para administrá-lo com eficiência. Também é raro encontrar equipes
protótipos, dois modelos, e colocá-los em teste para ver qual tem melhor na maioria das organizações em que os colaboradores sejam todos
desempenho. A conversa é sempre regida por fatos e experimentos, interdisciplinares. Isso é algo que se constrói paulatinamente.
conforme já foi ressaltado nos tópicos anteriores, e a disposição de agir Ainda assim, é importante saber sobre cada aspecto para identificar
imprime velocidade ao processo final. Isso é uma das principais razões pontos de melhoria e possíveis dificuldades que a equipe vai enfrentar.
para que os objetivos finais sejam alcançados: fazer mais do que falar. E isso não é desculpa pra não rodar seu primeiro Design Sprint! Como
na maior parte das coisas da vida, a prática faz toda a diferença.

29
DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO INTRO

Tipos e cases de
Design Sprint

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO TIPOS E CASES DE DESIGN SPRINT

Preciso rodar um Design Sprint de cinco dias? Posso aplicá-lo para 3 . D ES IG N S PR INT D E PRO CE SSO
qualquer tipo de necessidade? Preciso seguir exatamente como manda
o livro? Funciona só para produtos digitais? Enquanto o Sprint tradicional é projetado para prototipar e testar
soluções de produtos/design, um Design Sprint de processo funciona
Muitas perguntas permeiam nossa cabeça quando incluímos o Design mais como um exercício de descoberta e construção de consenso em
Sprint como uma nova abordagem para trazer velocidade e inovação torno da experiência e de um processo.
para alguma solução. A verdade é que o Design Sprint, justamente
por trazer diferentes benefícios, pode ter a sua aplicação direcionada
especificamente para ganho em um deles. 4 . D ES IG N S PR INT D E PRO D UTO
Conheça aqui alguns dos tipos de Design Sprint que são rodados Neste tipo de Sprint, o desafio e o time estão focados em inovar e adquirir
internamente pela equipe do Google e situe-se melhor: um aprendizado em cima de um produto já existente.

Quer saber um pouco mais sobre diferentes sprints na prática? Reunimos


1. DE SIGN S P RI N T DE UM N O V O PR OD U TO três cases que ilustram diversos tipos de aplicação a seguir.

O Design Sprint de um novo produto explora em sua totalidade todos


os desafios e entendimentos necessários para a colaboração na criação
de um produto não testado ainda no mercado.

2. DE SIGN S P RI N T DE VI S ÃO
No Sprint de Visão, o time explora e define oportunidades e planos de
ação para serem executados em um período específico.

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO TIPOS E CASES DE DESIGN SPRINT

ESTUDO DE CASO 1: HEADSPACE Preparação


Aplicação de sprint para novos produtos em 3 dias
A Headspace tinha dois gerentes que já conheciam o Design Sprint e já
Se você já acompanhou de perto a concepção e crescimento de algum tinham lido o livro: Jeff Hwang, Gerente de Produto Sênior, e Will Simon, UX
produto que atingiu um sucesso enorme, pode parecer que novos públicos, Designer Sênior. Ainda assim, eles não se sentiam seguros o suficiente com
novas localidades ou novas funcionalidades foram agregadas sem nenhum o processo para serem Design Sprint Masters (DSMs), e contrataram dois
esforço ou planejamento especial, caindo naturalmente dentro da estratégia DSMs da Google, Dylin Martin and Mike Denny, para liderar o processo.
ou momento da empresa. Eles também definiram que cinco pessoas do time, além dos próprios Jess
e Will, participaram do Sprint.
Na realidade, isso raramente ocorre. O comum é a empresa ter que
pesquisar para gerar um produto ou ao menos um branding completa- Jeff e Will se encontraram com Dylin e Mike para explicar o que eles queriam
mente novo para só assim conseguir escalar atingindo novos públicos. Esse fazer, e explicaram também que só haveria três dias disponíveis para rodar
foi o caso da Headspace1, uma empresa que tem como objetivo ajudar as o Sprint, que precisaria ser adaptado. Dylin e Mike decidiram juntamente
pessoas a meditar e praticar mindfulness. Criada em 2010, tem mais de 14 com o pessoal da Headspace alguns tópicos que deveriam ser apresenta-
milhões de downloads em 190 países. Em 2016, eles decidiram expandir dos em lightning talks (palestras técnicas rápidas e informativas, com
seu público para incluir também crianças. cerca de 15 minutos) antes do início do Sprint, assim todos os envolvidos
estariam na mesma página e teriam o mesmo conhecimento base.

Eles decidiram compartilhar resultados das pesquisas que a Headspace já


tinha feito sobre um serviço voltado para crianças, quais oportunidades de
negócio a empresa tinha identificado, e o pessoal do Google decidiu que
compartilharia os resultados e lições aprendidas ao construir o YouTube
Kids. Por fim, contataram pais e guardiões dispostos a levar suas crianças
para participar dos testes com usuários ao fim da Sprint.

1
Você pode conhecer mais a Headspace através desse link:
https://www.headspace.com/

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO TIPOS E CASES DE DESIGN SPRINT

O Design Sprint 5. Como uma criança define uma relação significativa com um software?
6. Qual o papel dos pais nesse cenário? Eles têm alguma importância?
No primeiro o dia, o Sprint começou com os lightning talks e o compartilha-
mento do que ambas as empresas já tinham descoberto sobre a criação de No segundo dia, começou a parte criativa. Perguntas abertas, do tipo “como
produtos digitais para crianças. Em seguida, os Masters buscaram definir nós podemos” (CNP) foram propostas para iniciar o processo criativo que
junto ao time o objetivo central do Sprint. O que eles queriam alcançar, que posteriormente geraria uma solução. Então vários post-its foram preenchi-
perguntas buscavam responder? dos e colocados na parede, a princípio de forma desorganizada, mas pouco
a pouco os DSMs foram desenhando um fio de pensamento que permitia
Definiu-se que o objetivo central seria “Criar uma experiência para crianças agrupar essas perguntas em temas similares e ver quais realmente
que pudesse prover o mesmo valor que os usuários adultos enxergam no precisavam e podiam ser respondidas durante o Sprint. Algumas perguntas
produto original”. A pergunta principal era: prover essa experiência é possível? estão abaixo como exemplo:
Esses termos contudo ainda eram muito vagos, então os DSMs encorajaram 1. CNP observar se o aúdio é suficiente para criar engajamento?
o time a pensar de que formas eles conseguiriam saber se essa experiência 2. CNP encorajar a criança a ficar sentada por mais tempo?
era passível de ser alcançada. O que eles tinham que observar?
3. CNP fazer com que os pais ajudem e participem do processo?
O foco aqui era entregar valor, posicionar o produto e definir alguns pontos 4. CNP mensurar a importância dos pais no processo?
centrais relevantes de funcionamento. O time se pôs a fazer perguntas que
Perceba que essas perguntas não têm respostas específicas, mas tratam
serviriam para guiar a Sprint e facilitar a exploração do cenário. Algumas
de responder as questões objetivas anteriores. Elas permitem espaço para
das perguntas estão abaixo como exemplo:
criar e propor conceitos que abordem formas de resolvê-las sem sacramen-
1. Crianças estão dispostas a ficar sentadas durante a meditação guiada? tar uma solução. Além disso, perceba que a 3 e 4 são similares e têm a
2. Por quanto tempo elas poderiam ficar sentadas? ver com o mesmo tema da relevância dos pais, ao passo que 1 e 2 são
3. Por quanto tempo elas efetivamente ficariam sentadas? relacionadas mas não são exatamente do mesmo tema. A equipe marcava
as perguntas que achava mais relevantes com adesivos para garantir que
4. Áudio é o meio mais apropriado?
elas iam passar para o fluxo final de teste com o usuário.

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO TIPOS E CASES DE DESIGN SPRINT

Agora era hora de fazer rascunhos e storyboards, e só nesse momento Resultados do Sprint
começa a se pensar numa solução concreta. Cada um, individualmente,
fazia uma proposta de conceito para testar que permitisse responder as Os testes foram um sucesso e conseguiram gerar conhecimento adequado.
perguntas mais relevantes levantadas. Depois disso, havia rodadas para A equipe descobriu que crianças tinham dificuldade em manter os olhos
compartilhar e discutir, gerando consenso em pontos importantes que fechados e que não estavam dispostas e dedicar mais do que um ou dois
deviam permanecer, e outros que deveriam ser modificados. Depois disso, minutos à atividade de meditação; contudo, dentro desse tempo de 1-2
cada membro voltava ao trabalho individual, mas trabalhava usando inputs minutos, elas se engajavam e eram capazes de fazer os exercícios de
e detalhes dos trabalhos dos demais. Ao fim do segundo dia, o time e os mindfulness, mesmo sem vídeos ou elementos visuais. Além disso, o time
DSMs tinham definido o que era possível implementar no dia seguinte para descobriu que os pais eram fundamentais para ajudar as crianças a usar
fazer o teste e colher o feedback necessário. o app e para responder as frequentes perguntas que elas sempre tinham
sobre tudo. Pais seriam uma peça-chave para o sucesso do Headspace para
O terceiro dia contemplou trabalho frenético para produzir um app Android
crianças.
funcional, fluxos de uso, telas, textos de conteúdo e gravação de voz e
meditações guiadas. O foco não era ser perfeito, mas permitir um fluxo Três meses depois em junho de 2016, o MVP do produto foi lançado como
completo de teste que fosse de abrir o app a completar uma meditação parte do app principal Headspace. É uma funcionalidade extra que faz parte
guiada. Ao fim da tarde, o aplicativo estava rodando, e crianças foram das vantagens de fazer assinatura do serviço2. Ainda há melhorias a fazer,
trazidas para o escritório acompanhadas de seus pais para participar dos mas a equipe já tem alguns milhares de usuários recorrentes. Além disso,
testes voluntários. O app iria rodar num celular onde a câmera estivesse o Design Sprint se espalhou como prática em toda empresa, principalmen-
ligada, com o consentimento dos guardiões, e através do Hangouts a equipe te pelo grande benefício de ser focado em conduzir testes com usuários,
poderia observar o nível de engajamento e demais fatores da experiência reduzir o tempo de validação da ideia, e ensinar a focar em modelos testáveis
sem perturbar ou influenciar os pequenos usuários. Questionários também ainda que imperfeitos.
foram aplicados com os pais ao fim e o Design Sprint foi concluído.

2
O funcionamento atual do Meditation for Kids está neste link:
https://www.headspace.com/meditation/kids

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO TIPOS E CASES DE DESIGN SPRINT

Lições que você pode aprender

A primeira coisa é que muita coisa é preparada de antemão de forma


que o tempo de Sprint seja focado e produtivo, como pesquisas, temas
de palestras, discussão entre equipe e Design Sprint Masters, que eram
externos à empresa. Toda a combinação com os pais sobre trazer as crianças
para participar dos testes voluntários também ocorreu antes do momento
específico do teste.

Para um Design Sprint ter sucesso, não basta juntar um time e repetir
técnicas, sem ter as informações e o entendimento entre os envolvidos
necessário para fazer o processo fluir corretamente.

A segunda coisa é a quantidade de perguntas feita para guiar o processo.


Por mais que se tivesse informações sobre comportamento e tendências
de mercado para produtos digitais infantis, a equipe não assume nada,
buscando identificar fatores objetivos e mensuráveis que indicam a viabilida-
de do objetivo, e também se permitindo espaço e motivação para criar e
propor formas de atingir esses objetivos usando as perguntas do tipo CNP.

A terceira coisa é como o time se dispõe a abrir mão de polir o produto


e deixá-lo perfeito em prol de testá-lo o quanto antes quando já estava
Screenshots do produto real e como é hoje suficientemente funcional. Esperar três meses para testar com uma
versão mais profissional pode nos deixar mais confortáveis, mas na prática
representaria três meses de gastos e trabalho feito em cima de premissas
não testadas. É fundamental pensar na funcionalidade e deixar o perfeccio-
nismo de lado.

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO TIPOS E CASES DE DESIGN SPRINT

ESTUDO DE CASO 2: Preparação

DEUTSCHE TELEKOM A primeira coisa sempre é reservar agendas para garantir envolvimen-
Aplicação do Design Sprint em escala to total dos presentes. Como o objetivo principal do Sprint era permitir
que os times tivessem uma visão geral do negócio da empresa e gerar
Muita gente se pergunta se o Design Sprint serve para empresas que
ganhos produtivos entre colegas de trabalho de diferentes escritórios,
não criam exclusivamente produtos digitais. A resposta curta é sim. A
foi reservado um galpão em Berlim, onde todos os envolvidos participa-
resposta longa é dada neste capítulo! A Deutsche Telekom é a maior
riam presencialmente.
empresa de telecomunicações em termos de receita em toda a Europa,
e conta com subsidiárias famosas (como a T-Mobile americana), além de Em vez de cinco dias, foi feita uma adaptação para dois dias, dado
15% de capital estatal. É uma empresa gigante que gera muito impacto, todo o esforço e custo de deslocamento e centralização das pessoas.
com um serviço muito dependente de infraestrutura física, além dos Também dividiu-se os 70 participantes em 12 grupos de 4-5 pessoas,
sistemas digitais. com desafios distintos que buscavam aproveitar as habilidades de todos
os envolvidos. Foram apontados seis Design Sprint Masters (DSM) para
Um dos desafios da Deutsche Telekom é ter escritórios e times trabalhan-
coordenar o Sprint geral, um a cada duas equipes.
do em vários locais do mundo, o que é uma realidade cada vez mais
comum para várias empresas. A parte ruim que vem como consequên- A Deutsche Telekom também não se deteve à equipe interna e convidou
cia desse espalhamento ao redor do globo é a falta de visibilidade e fornecedores e stakeholders de outras empresas para participar.
a sensação de descontinuidade do processo; às vezes os times se Quanto à equipe interna, o envolvimento contemplou quase todas as
dedicam a projetos que não parecem se conectar com o todo e isso gera áreas: negócios, design, desenvolvimento, RH, atendimento ao usuário,
desmotivação e produtos concorrentes por falta de alinhamento. comunicações, operações e teste. Isso permitiu uma visão variada e
muito rica dos desafios atuais da empresa como um todo.
Ademais, é muito mais difícil descobrir talentos e compartilhar expertise
entre membros da empresa. Por isso, a Deutsche Telekom resolveu
estruturar um Design Sprint em escala com 70 pessoas envolvidas.

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO TIPOS E CASES DE DESIGN SPRINT

O Design Sprint Apesar do tempo muito mais restrito, já que só houve dois dias dedicados
ao Sprint, os DSMs aplicaram as técnicas de perguntas CNP, técnicas
Alguns dos desafios atribuídos aos times foram: de ideação Crazy8s, e matriz de valor x esforço. Ou seja, foi possível
usar ferramentas clássicas do Design Sprint para obter resultados e
1. Como podemos melhorar a experiência do usuário com a ferramenta aprendizado rápido – tudo isso num único dia.
de busca no sistema de intranet?
O segundo dia começou com uma lightning talk sobre métodos de
2. Como podemos atrelar a revista física dos colaboradores às ofertas de prototipagem rápida, e seguiu inteiramente dedicado à prototipagem
pacotes das subsidiárias Deutsche Telekom? e validação. Dado o curto tempo, não foram trabalhados protótipos de
3. Como podemos estabelecer uma comunidade de desenvolvedores para alta fidelidade (aqueles feitos com o mesmo material do produto final),
desenvolver plataformas internas com mais velocidade? apenas em papel, vídeo ou storyboards (roteiros).

Os tópicos se encaixam no formato típico de perguntas que fundamen- Após ter todos os protótipos em baixa fidelidade prontos, eles foram
tam o Design Sprint, as CNP (Como nós podemos..?). É possível notar expostos em pontos diferentes do galpão, e os times circularam
também que as propostas foram variadas e contemplaram melhorias aprendendo sobre o que os outros times tinham feito e dando feedback
e criação de produtos, serviços, processos e estratégias de negócio. (segundo o modelo da figura na próxima página). Esse formato não é
Processos e estratégia são áreas relevantes para qualquer tipo de ideal, mas como muitos Sprints tinham como objetivo central fatores
empresa, independentemente do que ela produz. Essa é uma lição internos, terminou sendo uma dinâmica proveitosa, já que os colabora-
importante para considerar a aplicação do Design Sprint em empresas dores em muitos casos eram os próprios clientes dos projetos.
que vão além dos produtos digitais.

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO TIPOS E CASES DE DESIGN SPRINT

Resultados

Apesar de um Design Sprint feito em apenas dois dias, os organizadores,


DSMs e stakeholders que propuseram cada um dos 12 tópicos trabalha-
ram intensamente mais um dia para documentar todos os resultados e
fazer um debriefing dos projetos. Em seguida, os protótipos e conceitos
foram repassados para as equipes dos stakeholders internos e a maioria
dos projetos estava implementada ou em desenvolvimento em meados
de 2017, seis meses depois.

Um desdobramento positivo foi que os participantes do Design Sprint


se dispuseram voluntariamente a replicar Design Sprints dentro de suas
equipes de trabalho para tratar problemas complexos respectivos de
cada área. Também houve o estreitamento dos laços de trabalho entre
colegas e a colaboração entre áreas, um dos objetivos da Deutsche
Telekom ao organizar a atividade. Ou seja, houve um saldo muito positivo
para um trabalho de dois dias.

Numa próxima oportunidade, os organizadores se comprometeram a


levar em conta dois dos principais feedbacks de melhoria levantados
pelos participantes: a alocação de mais tempo para o Design Sprint e
a participação de clientes reais da empresa, para fazer validações mais
robustas de produtos e serviços externos.
Modelo de quadros usados para compartilhar resultados entre as equipes

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO TIPOS E CASES DE DESIGN SPRINT

Lições que você pode aprender Lembre-se sempre: a função principal do protótipo é tangibilizar uma
ideia. Para isso, é importante que você maximize sua funcionalidade e
Antes de mais nada, esperamos que você tenha se convencido com o disponibilize para testes. Não testar com o usuário final inviabiliza o
esse case de que a aplicação do Design Sprint vai além da concepção de aprendizado real sobre o que você está desenvolvendo. Por isso, não
produtos, e além de empresas focadas em serviços digitais. abra mão desse momento e se prepare para levar clientes ao local do
Design Sprint para testes finais. Se você for DSM ou organizador, ajuste
Sobre a experiência da Deutsche Telekom em específico, é interessan-
isso antes do começo do Sprint, na fase de planejamento.
te notar que o feedback mais comum foi a necessidade de mais tempo
e de exposição a clientes reais para algumas equipes. Num Sprint em Finalmente, você viu que é possível conduzir mais de um Sprint simultane-
escala, dedicar cinco dias pode ser um trabalho hercúleo ou simplesmen- amente. Basta estruturar as equipes de uma forma que vários DSMs
te impossível na maioria das organizações. Empresas como a LEGO estejam à disposição, coordenando o esforço do grupo. É válido também
contornaram esse problema parando completamente a produção das colocar DSMs dentro da equipe e outros na coordenação geral, que
áreas de negócio e produto por dois meses, numa manobra revolucio- circulam entre os times e resolvem problemas pontuais — que podem ir
nária. Mas isso não é realista para a maior parte das companhias, então de sugerir uma outra técnica de ideação até providenciar mais lanches
considere três ou quatro dias se os cinco recomendados estiverem além e post-its.
do alcance. Há adaptações oficiais da Google Ventures para três dias, e
O Design Sprint é um método versátil, passível de várias adaptações.
isso dá mais tempo para prototipar e testar.
Mantenha o foco nas características centrais de aprendizado rápido,
Uma segunda coisa a se aprender deste case é a falta que faz ter contato com o usuário final, e fazer mais do que falar. Depois disso, o
protótipos funcionais e interação com o usuário final. Ao passo que céu é o limite. 
algumas equipes saíram satisfeitas, outras ficaram um pouco frustradas
por não terem uma validação relevante do seu trabalho.

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO TIPOS E CASES DE DESIGN SPRINT

ESTUDO DE CASO 3: te o processo e resultados, vamos apresentar as principais diferenças e


desafios de rodar um Sprint presencial e remoto.
SAVE THE CHILDREN
Aplicação de um Design Sprint remoto
D ES A F IO 1 : PR EP A RA ÇÃ O D E C O NTE ÚD O
A essa altura, depois de muitas páginas de leitura e dois estudos de
caso, você já deve estar bastante familiarizado com o processo do Design Na versão presencial, o Design Sprint normalmente considera algum
Sprint. Por isso, esse último aborda uma adaptação feita para equipes tempo do primeiro dia para lightning talks. Essas palestras garantem que
que trabalham em locais e fuso horários diferentes, o que é cada vez todos vão partir de conhecimento comum e da mesma página, mesmo
mais comum. porque dificilmente se faz um Sprint sobre algo completamente novo;
é mais comum que a empresa ou equipe já tenha feito pesquisas ou
Apesar de não ser o cenário ideal, é possível rodar o Design Sprint mesmo tentativas anteriores de fazer o projeto.
remotamente4: ele também gera bons resultados, mas é preciso estar
atento já que é mais cansativo e exige um nível maior de maturidade Como a maioria das atividades na versão remota são feitas com cada
processual dos envolvidos. integrante trabalhando de forma isolada, o estudo, preparação, e
consolidação do conhecimento, dados, e material de leitura foram feitos
Esse Design Sprint foi feito pela consultoria AJ&Smart para a ONG Save the e compartilhados antes que o Design Sprint começasse.
Children5, que tinha como objetivo modernizar sua plataforma através
da tecnologia de Blockchain. Os stakeholders estavam espalhados em Além disso, a agenda e atividades foram definidas e compartilhadas
Nova Zelândia, Alemanha e Estados Unidos, e tinham cerca de doze com todos de antemão, para que as sessões que precisavam ocorrer
horas de diferença no fuso entre si. em tempo real fossem registradas nas agendas individuais e tivessem
tempo garantido, conforme mostrado na figura logo abaixo.
O modelo apresentado aqui será diferente. Em vez de contar linearmen-

4
Nesse post do Medium do Google Ventures, você pode ler a opinião do Jake Knapp,
criador do Design Sprint, sobre a versão remota. Ele não é um fã, mas admite a
funcionalidade.
https://library.gv.com/how-to-run-a-remote-design-sprint-without-going-crazy-
-840c23eef8a9
5
Para conhecer mais a Save the Children ou se tornar um doador, acesse
https://savethechildren.org.nz/
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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO TIPOS E CASES DE DESIGN SPRINT

D ES A F IO 2: N ÍV EL D E E X PE RTI SE D O D E SI GN SPRI NT
M A S TER E TIM E
Controlar o tempo e manter o time produtivo é uma das mais importan-
tes funções do DSM. Na versão remota, muitas das atividades são
resolvidas assincronamente (em turnos que não ocorrem ao mesmo
tempo), e isso pode ser um problema menor, como visto na figura, que
indica com um asterisco quando a participação ao vivo é necessária.

Contudo, o tempo das sessões presenciais foram controladas com


precisão, pois havia pessoas envolvidas em reuniões às 11 da noite em
seus horários locais. Uma dificuldade extra apresentada pelo DSM foi
conseguir observar, acompanhar e motivar cada participante, principal-
mente porque o único indicador de engajamento que ele teve era vídeo
e áudio do participante — às vezes só o áudio.

Dessa forma, ele precisava ter talento e uma sensibilidade extra para
perceber esse tipo de coisa, pois baixo nível de comprometimento
Planejamento e divisão de tempo do Design Sprint remoto6
prejudica o time como um todo. Kischiman, o representante da AJ&Smart
responsável por esse Sprint, estudou e costumava usar técnicas de stand
up comedy para manter todos os participantes sempre interagindo e
engajados.

A equipe também era mais madura, pois a diferença de fuso não permitia
6
As figuras desse capítulo e várias outras que ajudam a ilustrar o processo são reais e
estão na página de divulgação do estudo de caso: https://medium.com/@kischiman/
running-a-design-sprint-remotely-across-the-planet-301afcef9c3d
41
DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO TIPOS E CASES DE DESIGN SPRINT

que dúvidas fossem esclarecidas a qualquer momento, e os exemplos D ES A F IO 4 : D ES CA NSO E M O TI V A ÇÃ O


visuais tendiam a ter uma qualidade inferior e serem produzidos em
menos quantidade que nas versões presenciais. Como não era possível oferecer café ou lanches para ajudar as pessoas
a relaxarem e se manterem motivadas, já que não estavam todas no
mesmo local, horários de intervalo eram bem definidos e também
DE SAFIO 3 : FL UXO DE C O MUN IC A Ç Ã O faziam parte da agenda. O DSM também decidiu ser enfático e distribuir
elogios ao time sempre que algo era entregue, independentemente da
Enquanto presencialmente é mais fácil engajar, distrair ou até mesmo
quantidade ou qualidade. O objetivo era manter todos empolgados e
conversar com as pessoas, remotamente isso se torna um desafio.
aumentar a disposição de compartilhar links, rascunhos, ou quaisquer
Ferramentas de videoconferência, microfones, e bons aplicativos para
outras ideias relevantes no mural de projeto.
fazer as vezes o quadro branco e post-its precisaram ser definidos e
disponibilizados. Como o Design Sprint é extremamente visual, é Resultados
necessário garantir esses substitutos. A alternativa de conferência e
chamada por vídeo usada pelo time foi o Google Hangouts, pela facilida- Apesar dos desafios e diferenças entre o DS remoto e presencial,
de de visualizar múltiplas pessoas que estão na chamada. (O Zoom ou o projeto foi uma iniciativa de sucesso e muito do que foi pensado
Appear.in também são boas alternativas já usada pelas autoras.) durante a semana de trabalho permanece na versão final7. A tecnologia
blockchain foi integrada como forma de doação e, como as movimenta-
Para o quadro branco, foi usado o RealTImeBoard, uma ferramenta para
ções das criptomoedas são rastreáveis, a página também funciona como
interação online. Alternativas como o Mural.co também são adequadas.
um portal de transparência que mostra quanto dinheiro já foi arrecada-
Aqui a parte de rascunhar e votar em conceitos foi feita no Basecamp
do, quanto falta para bater determinada meta beneficente e em quê
e RealTime Board, prototipagem no Figma e testes com usuários no
ele está sendo alocado. A Save The Children integrou outras ONGs no
Google Hangouts e Zoom.
portal, como a The Water Project, e o site reúne campanhas variadas.

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO TIPOS E CASES DE DESIGN SPRINT

Este case é um exemplo do que times que já tentaram conduzir Design


Sprints remotamente enfrentam. Eles são capazes de entregar resultados
robustos e é possível atingir os objetivos e validar protótipos funcionais,
apesar de ser comum que o Sprint dure mais do que cinco dias, dada a
assincronia dos times. O caso apresentado neste capítulo durou 7 dias
– o que é muito válido ainda assim!

A equipe envolvida tem que estar muito confortável e segura em relação


ao processo de Design Sprint e o DSM precisa ser bastante versátil para
conseguir sucesso nessa modalidade remota. Dessa forma, é importan-
te estudar esse caso para entender a viabilidade e o que o Design Sprint
é capaz de fazer, mas não começar por este cenário, que é o mais
complexo realizado atualmente.

Experimente primeiro o cenário mais comum: com todo o time numa


Página inicial do BitGive Foundation. As vantagens da tecnologia Blockchain para
sala, muita preparação prévia e atividades ao longo de cinco dias. Ao
doações ficaram aparentes durante o Design Sprint e são usadas hoje na GiveTrackTM
ganhar segurança, você vai conseguir adaptar os Sprints para resolver
aspectos diferentes (como visão e processo, mais abstratos), testar
durações diferentes (2, 3 ou 5 dias) e até mesmo realizá-lo remotamente.

7
Para conhecer mais o resultado do Design Sprint deste case, que tornou-se a Bitgive
Foundation, vocë pode aessar e doar através do seguinte link:
https://www.bitgivefoundation.org/
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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO INTRO

Tudo pronto?
Comece seu
primeiro Sprint!

44
DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO TUDO PRONTO? COMECE SEU PRIMEIRO SPRINT!

Esse livro dá uma visão geral sobre o que é o Design Sprint, suas constantes o mais cedo possível. Se as pessoas não acham o problema
tendências, como empresas estão aplicando-o e como você mesmo pode que você busca resolver um incômodo, ou se você é muito parecido
aplicá-lo. Apesar de ser um método simples em forma, é difícil desenvol- com concorrentes já existentes, ou se o funcionamento do seu serviço
ver as habilidades e mindsets necessários para fazê-lo adequadamente for muito complexo, você saberá em menos de uma semana, e pode
sem praticar. resolver ou mudar o rumo das coisas em tempo hábil, gastando uma
fração do que faria se desenvolvesse a maior parte do projeto (ou todo
É natural nos apaixonarmos por uma ideia, um conceito de negócio que
ele) e esperasse receber opiniões em grupos focais (ou já no mercado!).
nós mesmos criamos e que nós dá propósito. Também é natural para
nós buscar dar uma solução pronta aos problemas que vemos, e isso Os preceitos do Design Sprint ecoam uma tendência global. Se você já leu
por vezes nos impede de ouvir, de receber e dar bons feedbacks, e de o Manifesto Ágil, vai notar que ele está alinhado com isso. Se você já leu
criar algo realmente inovador que não surge num primeiro instante. A Startup Enxuta, também notará muitas semelhanças na forma de pensar.
Esses movimentos surgiram em cenários tipicamente de computação,
O Design Sprint propõe que a gente faça as coisas tão rápido que não
mas tem aplicações e ensinamentos para pessoas e empresas de todas
dá tempo de se apegar a uma ideia. Em vez disso, o desafio é definir
as áreas. Afinal, todos precisam lançar novos produtos, conquistar mais
algo de forma simples e colher feedback da forma mais veloz possível
mercado, e adaptar-se a novas situações e tendências de mercado com
com potenciais usuários reais, moldando nossa solução aos problemas
velocidade. Por isso a adoção do Design Sprint permeia tantas áreas
existentes dos usuários, e não os problemas deles às nossas soluções.
diferentes.
Tentar encaixar um problema numa solução já pensada pode render
Finalmente, esse ebook é uma pílula de conteúdo para abrir sua cabeça e
muito tempo e dinheiro desperdiçados. A forma mais segura de
passar de forma rápida os principais conceitos do Design Sprint. Se você
promover inovação portanto é ajustando o produto on-the-fly (enquanto
o leu até aqui, sabe que elucubrar sobre um assunto e não colocar a mão
o projeto está sendo executado, a partir do feedback recebido e não
na massa não tem nada a ver com o que o Design Sprint representa.
de planejamento anterior), mitigando os riscos através de validações

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO TUDO PRONTO? COMECE SEU PRIMEIRO SPRINT!

Dessa forma, esse livro é apenas um começo para que você mesmo rode
seu primeiro Sprint na prática, primeiro buscando pessoas ou institui-
Para saber mais
ções especializadas que possam te ajudar e guiar (inclusive online, por
meio do Nanodegree Design Sprint da Udacity) e depois sozinho. Com REFERÊNCIAS
certeza você vai adorar descobrir novos produtos, processos e visões,
colaborando com times interdisciplinares diversos e mantendo uma Design Sprint Kit
orientação a resultados concretos. Material de apoio oficial da Google para desenvolvedores e designers
(em inglês)
Em menos de uma semana, é possível mudar a percepção que temos
The Design Sprint
sobre um assunto radicalmente, de maneira informada e embasada em
experimentos. É isso que torna o Design Sprint uma ferramenta poderosa Landing page da Google Ventures para desenvolvedores e designers
(em inglês)
para as grandes organizações modernas – e para você também.
A Google Design Sprint Gone Wrong (And What It Taught Me)
Estudo de caso sobre o que não fazer em Design Sprint com a empresa
do Marvel App, um dos serviços mais eficientes para prototipagem
rápida (em inglês)

PALESTRAS

The design sprint: from Google Ventures to Google[x]


No vídeo, Jake Knapp e colegas da Google Ventures apresentam o Design
Sprint durante a conferência Google I/O.

What’s the difference between Agile Sprints and Design Sprints?


Entenda a diferença entre Sprints de Scrum (Metodologias Ágeis) e o
Design Sprint, explicado pela empresa AJ&Smart, a mesma que facilita o
curso de Design Sprint da Udacity.

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DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO Prepare-se com a Udacity

Prepare-se com a Udacity

Resolver problemas de maneira criativa é uma das maiores habilidades

que você pode ter nos dias de hoje em qualquer área. O Nanodegree

Design Sprint da Udacity foi criado para tornar esse caminho muito

mais rápido e inovador.


SOLICITE A EMENTA

Após um mês de estudos e aprendizado com foco em projetos (todos

revisados individualmente por especialistas), você estará pronto para

desenvolver e prototipar ideias e validá-las rapidamente com usuários.


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O conteúdo foi feito em parceria com a AJ&Smart, uma agência internacio-

nal de design que trabalha com grandes empresas mundiais como eBay,

Red Bull e ONU e é parceira de Jake Knapp, o inventor do Design Sprint.

Saiba mais sobre o curso e aproveite essa chance!

CONTEÚDO FEITO EM PARCERIA COM

47
DESIGN SPRINT: O QUE É E COMO APLICAR ESSE PROCESSO INTRO

Tudo para trilhar suaDesign


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Sprint:
o que é e como aplicar esse processo

udacity.com.br

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