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didáticos ao longo de quarenta anos. Moreno (2014: 52) propõe um modelo de análise da
produção, circulação e consumo dos livros didáticos desde um quadrante constituído pelo
Estado (Políticas Públicas, Currículos, Avaliadores), pela Autoria (Autor, Editora, Mercado),
pelos Professores/Sistemas Públicos (Escolha guiada) e pela Opinião Pública (Alunos, Pais,
Imprensa, Políticos). Dentre outros aspectos de destaque no livro de Moreno, ressalta-se aqui
a categoria de código disciplinar da história (Moreno, 2014:96) que permite pensar sobre a
existência de uma tradição escolar que estabelece temas, conteúdos, métodos de ensino
legitimada por sua pretensa função social.
Do conjunto das abordagens temáticas dos livros didáticos, são raros os estudos
sobre as representações das religiões que eles divulgam. Ainda que a complexidade do objeto
"religião" exija práticas de pesquisa interdisciplinares (Velasco, Bazan 2000: 09-20; Hock,
2010: 09-16), os historiadores têm procurado delimitar sua especificidade de trabalho nesse
amplo campo de estudos das religiões (Albuquerque, 2007). Assim, eles têm privilegiado o
exame de temas e problemas clássicos e atuais bem inscritos na tradição histórica e
historiográfica, como, por exemplo, no caso da história do Brasil, os temas e problemas
vinculados às Missões Jesuíticas, ao Regime de Padroado ou aos ditos Movimentos
Messiânicos da Primeira República nas guerras de Canudos e do Contestado.
(...)
Sumário sintético
Observa-se nos títulos das unidades do sumário sintético uma única menção do
termo ‘religião’, no volume para o 7º ano (Unidade: 4 – Mudanças na arte, na religião e na
política). Entretanto, a leitura dos títulos dos temas e subtemas que completam o sumário de
cada volume revela uma presença expressiva de assuntos relacionados à religião:
Deus ou deus 46
Jesus ou Cristo ou Jesus Cristo 45
Igreja Católica 38
Bíblia 24
Maomé 13
Torá 06
Alcorão 05
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