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DIVISÃO DE ENGENHARIA

Engenharia de Processamento Mineral

3°Ano Turma: A, C/ Diurno

Disciplina: Metalurgia II

TIPOS DE FERROS FUNDIDOS;


ESTRUTURA DE CEMENTITA, AUSTENITE E FERRITE;
DEFEITOS DE ESTRUTURAS CRISTALINAS.

Amélia L.L.
Arlete Serão Bernete
Nelson Máquina Tomo
Tchemane Azil Domingos

I.S.P.T
Tete, Outubro de 2018
Amélia L.L.
Arlete Serão Bernete
Nelson Máquina Tomo
Tchemane Azil Domingos

TIPOS DE FERROS FUNDIDOS;


ESTRUTURA DE CEMENTITA, AUSTENITE E FERRITE;
DEFEITOS DE ESTRUTURAS CRISTALINAS.

Trabalho em Grupo, apresentado como


exigência parcial para efeitos de avaliação à
Divisão de Engenharia, curso de Engenharia de
Processamento Mineral, sob orientação do
docente: Eng. Carlitos Jaime

I.S.P.T
Tete, Outubro de 2018
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1

1.1. Objectivos ............................................................................................................................ 2

1.2. Metodologia ......................................................................................................................... 2

2. FERROS FUNDIDOS ............................................................................................................. 3

2.1. Definição .......................................................................................................................... 3

2.4. Factores de influência na microestrutura do ferro fundido .................................................. 4

3. ESTRUTURAS DE CEMENTITS, AUSTENITE E FERRITE ............................................. 6

3.1. Cementita ......................................................................................................................... 6

3.2. Austenite........................................................................................................................... 6

3.3. Ferrita ............................................................................................................................... 7

4. DEFEITO DE ESTRUTURAS CRISTALINAS .................................................................... 9

4.1. Conceito ........................................................................................................................... 9

4.2. Tipos de defeitos cristalinos ............................................................................................. 9

4.3.1. Defeitos pontuais ............................................................................................................... 9

4.3.2. Defeitos lineares (discordâncias) .................................................................................... 12

4.3.3. Defeitos superficiais ........................................................................................................ 15

4.3.4. Defeitos Volumétricas ..................................................................................................... 18

5. Exercício resolvido sobre a concentração de defeitos ........................................................... 19

6. CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 20

7. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................... 21
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho da disciplina de Metalurgia II abordara sobre o ferro fundido, desde o seu
conceito metalúrgico até aos vários tipos de ferros fundidos. Igualmente retratara da estrutura da
cementita que é um carboneto muito duro e frágil, bem como a estrutura da austinita e da
estrutura do ferro puro em forma de alfa denominado por ferrita.
Normalmente, os metalurgistas consideram que o cristal metálico consiste de átomos que se
agrupam de acordo com alguma configuração geral, na qual existem vários tipos de falhas e
defeitos, os quais causam distorções e irregularidades na vizinhança da rede cristalina. Portanto
neste trabalho também abordar-se-á dos defeitos da estrutura cristalina.

O presente trabalho está organizado da seguinte maneira: primeiro encontramos a parte


introdutória do trabalho, a segunda parte é a dos objectivos pretendidos bem como a metodologia
usada, a terceira parte constitui a parte do desenvolvimento do trabalho, a quarta parte é a da
conclusão e a ultima parte é a da bibliografia consultadas para a realização do trabalho.

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1.1.Objectivos
Para a realização deste trabalho sobre o ferro fundidos, suas estruturas e os defeitos cristalinos
foram traçados como objectivos os seguintes:

Geral:

 Conhecer os diferentes tipos de ferros fundidos, bem como os diferentes tipos de defeitos
cristalinas dos materiais.
Específicos:
 Identificar e caracterizar os diversos tipos de ferros fundidos;
 Conhecer e diferencias as estruturas da cementita, austenite e da ferrite;
 Conhecer as imperfeições ou defeitos das estruturas cristalinas;
 Caracterizar e exemplificar cada tipo de defeito cristalino dos materiais.

1.2.Metodologia
Para elaboração do presente trabalho de pesquisa tomou-se como método de pesquisa de dados o
método bibliográfico em literaturas autenticadas consultadas na internet. Feita a recolha de dados
seguiu-se a fase de análise dos mesmos que consistiu na leitura e realização de sínteses de acordo
com pontos considerados mais pertinentes já especificados, interpretação, e a fase final consistiu
na digitação e revisão do trabalho.

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2. FERROS FUNDIDOS

2.1. Definição
Com base no diagrama de equilíbrio ferro carbono, pode-se definir ferro fundido como uma liga
ferro-carbono, onde o carbono possui teores maiores que 2%, apresentando-se na forma de
carbono combinado e carbono grafítico. O ferro fundido é considerado como uma liga ternária
Fe-C-Si, uma vez que o silício aparece naturalmente junto com o carbono muitas vezes em
percentagens similares ou maiores que o próprio carbono.

2.3. Classificação

A) Ferro fundido cinzento – apresenta-se micro - estruturalmente com carbono na forma livre,
grafita, em morfologia de lamelas e carbono na forma combinada, cementita (Fe3C). Neste caso,
os principais elementos de liga são o carbono e o silício, podendo haver outros, como o
manganês, cromo e cobre que irão conferir aos fundidos outras características exigidas. Sua
superfície de fractura apresenta coloração cinza escuro.

B) Ferro fundido branco – apresenta-se micro - estruturalmente com predominância do carbono


na forma combinada devido à baixa percentagem de silício e a adição de outros elementos como
cromo, que é estabilizador da cementita, o que confere ao material a característica de maior
resistência ao desgaste. Sua superfície de fractura apresenta coloração clara e brilhante.

C) Ferro fundido mesclado – apresenta-se micro - estruturalmente como uma combinação dos
ferros fundidos cinzento e branco, ou seja, com a grafita em morfologia lamelar e uma
quantidade de cementita, cujas quantidades variam em função do emprego do material. Sua
superfície de fractura apresenta coloração brilhante acinzentada.

D) Ferro fundido maleável – é um ferro fundido obtido por meio de tratamento térmico de
maleabilização do ferro fundido branco. A finalidade deste tratamento é transformar a cementita
em grafita esferoidal, conferindo ao material melhores propriedades mecânicas como maior
resistência, limite de escoamento e ductilidade. Sua superfície de fractura apresenta coloração
cinza claro.

E) Ferro fundido nodular – apresenta-se na forma micro - estrutural como carbono livre na
morfologia de nódulos, o que confere a este tipo de ferro características mecânicas superiores

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àquelas do ferro fundido maleável. É obtido por modificações químicas na composição do
material no estado líquido. Sua superfície de fractura apresenta coloração prateada.

F) Ferro fundido de grafita compactada, também chamado de ferro fundido vermicular – é um


ferro fundido obtido pela adição do titânio na composição do ferro fundido nodular, com a
finalidade de degenerar o nódulo de grafita. Apresenta propriedades intermediárias entre os
ferros fundidos nodulares e cinzento. É um material cuja aplicação tem sido cada dia mais ampla,
porém ainda é novo no mercado industrial. Sua fractura apresenta-se na forma mesclada.

Figura 1: Tipos de ferros fundidos e suas composições.


Fonte: Van Vlack (1998).

2.4. Factores de influência na microestrutura do ferro fundido


Alguns factores influenciam a formação microestrural do ferro fundido, entre os quais se
destacam:

 Velocidade de resfriamento;
 Composição química.

Velocidade de resfriamento

Relaciona-se a velocidade de resfriamento de um fundido durante o processo de solidificação à


formação de estruturas dendriticas. Quando um ferro fundido apresenta velocidade de
resfriamento muito alta, como em seções finas, áreas adjacentes às paredes dos moldes ou,
quando foram usados resfriadores, não há tempo suficiente para a decomposição da cementita,
podendo ocorrer pouca ou nenhuma grafitização e acarretando a formação do ferro branco, como

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resultado do efeito de coquilhamento. Neste caso, para que possa ocorrer a grafitização do ferro
fundido, eliminando o efeito de coquilhamento (que é nocivo ao fundido) é necessária a adição
do silício, elemento grafitizante, com objectivo de favorecer o aparecimento da ferrita resultando
em um fundido de baixa dureza e boa usinabilidade.

No caso oposto, isto é, quando a velocidade de resfriamento é baixa, ocorre uma quantidade
apreciável de grafitização com a presença do silício, além do aumento da quantidade de ferrita, o
que confere ao fundido baixa resistência mecânica e baixa dureza, além de boa usinabilidade.
Neste caso, a percentagem do silício deve ser controlada.

A velocidade de resfriamento também influencia na formação, tipo e tamanho da grafita o que é


inclusive padronizado por normas internacionais

Composição química

São elementos de base nos ferros fundidos:

A) Carbono e silício - são os elementos que mais influenciam na formação dos constituintes
microestruturais característicos do ferro fundido. O carbono é o principal elemento para o
aparecimento da grafita; quanto mais elevado a percentagem em peso de carbono, maior será o
número de germes de grafita precipitados.

B) Manganês – é um elemento usual na composição química do ferro fundido e tem como


principal finalidade favorecer a redução do enxofre. Por outro lado, dificulta a formação da
ferrita e, portanto, sempre é requerido quando se necessita de um fundido com maior resistência
mecânica ou elevação dureza, preservando uma microestrutura perlítica

C) Enxofre – é um elemento nocivo ao fundido pois causa precipitação de sulfetos, e


imperfeições chamadas de “dross”, o que fragiliza o fundido. Portanto, o enxofre é um elemento
que deve apresentar o mais baixo teor possível.

D) Fósforo – assim como o enxofre é um elemento, nocivo ao fundido por causar fragilidade.
Deve ser mantido o mais baixo possível, a não ser quando se necessita de um fundido com maior
fluidez, que são em alguns casos isolados. Mesmo assim não deve ultrapassar de 1%. Quando o

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teor de fósforo é superior a 0,15% pode-se encontrar rede de steadita (produto de natureza
eutética, compreendendo partículas de Fe3P e Fe3C, com baixo ponto de fusão).

E) Carbono equivalente – teores mais elevados de carbono equivalente estabelecem melhores


condições grafitizantes nos banhos metálicos. Até um determinado valor, o carbono equivalente
contribui significativamente para o aumento da quantidade de nódulos regulares (esferóides), no
caso do ferro fundido nodular, assim como contribui para a formação de veios, no caso do ferro
fundido cinzento. O carbono equivalente é a representação dos elementos de liga do material na
forma de uma quantidade de carbono. A fórmula básica para determinação do carbono
equivalente (Ce) encontra-se abaixo discriminada:

Ce= %C + 0,3% Si + 0,33% P (1)

3. ESTRUTURAS DE CEMENTITS, AUSTENITE E FERRITE

3.1. Cementita
Apresenta uma estrutura cúbica de fase centrada, a sua estrutura cristalina ou seja a estrutura de
rede cristalina chamada é a ortorrômbica, em que os múltiplos prismas rectangulares surgem a
partir da mesma estrutura de base e se cruzam em ângulos de 90 graus.

A Cementita (Fe3C) é formada quando o limite de solubilidade para o carbono na ferrita alfa é
excedido abaixo de 727°C (1341°F) (para a composição na região das fases alfa + Fe3C).
Também coexistirá com a fase y entre 727 e 1147°C (1341 e 2097°C). Mecanicamente, a
Cementita é muito dura e frágil, a resistência de alguns aços é aumentada substancialmente por
sua presença.

3.2. Austenite
A austenite, ou ferro gama (γ-Fe) é uma fase sólida, não magnética, constituída de ferro na
estrutura CFC.

De acordo com o diagrama de fase ferro-carbono ao lado, essa fase geralmente se encontra muito
acima da temperatura ambiente, tendo seu mínimo a 912°C (1185K) para o ferro puro e a 727°C
(1000K) para o aço carbono eutetóide (perlita).

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A estrutura austenítica nos aços carbono possui alta difusividade de hidrogénio, o que a torna
preferencial na selecção de consumíveis de soldagem quando se busca evitar a trinca por
hidrogénio.

Ferro Gama ou Austenita

A estrutura cristalina de um ferro gama é uma estrutura CFC (Cúbica de Face Centrada) que
possui mais posições intersticiais. O ferro gama começa a se forma (existir) entra 912 °C e 1.394
°C, essa fase não é magnética. A solubilidade máxima do carbono no ferro gama é de 2,14%
quando na temperatura de 1.148 °C.

Factor de empacotamento atómico

O ferro possui a propriedade de transformar-se da estrutura CCC (cúbico de corpo centrado,


característica da ferrita-α) para a estrutura CFC (cúbico de face centrada, característica principal
da austenita-γ). A transformação de cúbico de corpo centrado para cúbico de face centrado pode
ocorrer a várias temperaturas, temperaturas as quais são determinadas pelos elementos presentes
na liga metálica em questão.

Há-de ser notado todavia, que isto é válido apenas para o aço. Outras ligas metálicas podem
apresentar fases que recebem o nome clássico de austenítica, como por exemplo as ligas com
memória de forma mas a estrutura dessas fases normalmente não é cúbica de face centrada

3.3. Ferrita
Ferro Alfa ou Ferrita a estrutura cristalina de um ferro alfa é a estrutura CCC (Cúbica de Corpo
Centrado). O ferro alfa começa a se formar (existe) quando a temperatura se aproximar de 912
°C. Até a temperatura de 768 °C temos o ferro alfa em sua fase magnética (temperatura de
Curie).

A solubilidade máxima do carbono no ferro alfa é de 0,02% quando na temperatura de 727 °C. A
ferrita possui uma dureza aproximada de 80 Brinell. O aço macio (aço carbono com cerca de até
0,02% em peso C) consiste principalmente de ferrita, com quantidades crescentes
de perlita (uma estrutura lamelar e fina de ferrita e cementita).

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No ferro puro, a ferrita é estável abaixo de 910 °C (1.670 °F). Acima desta temperatura, o
alótropo cúbico de face centrada do ferro (austenita, ou gama-ferro) é estável. Acima de 1.390
°C (2.530 °F), até o ponto de fusão de 1.539 °C (2.802 °F), a estrutura cristalina cúbica de corpo
centrado é novamente a forma mais estável de delta-ferrita (δ-Fe).

Ferro Delta ou Ferrita Delta

A estrutura cristalina do ferro delta é uma estrutura CCC (Cúbica de Corpo Centrado). O ferro
delta começa a se formar (existir) quando em temperatura acima de 1.394 °C, essa fase não é
magnética. Como essa fase é estável somente em temperatura muito altas as mesma não possui
valor comercial.

Figura 2: Diagrama Ferro Carbono

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4. DEFEITO DE ESTRUTURAS CRISTALINAS

4.1. Conceito
Defeito cristalino: é uma imperfeição ou um "erro" no arranjo periódico regular dos átomos em
um cristal. Na realidade, os cristais nunca são perfeitos e contêm vários tipos de imperfeições e
defeitos, que afectam muitas das suas propriedades físicas e mecânicas, o que, por sua vez, altera
propriedades de engenharia importantes, tais como a plasticidade (a frio) das ligas, a
condutividade electrónica dos semicondutores (condutividade dos semicondutores depende das
impurezas presentes) a velocidade de migração dos átomos nas ligas (a difusão atómica pode ser
acelerada pelas impurezas e imperfeições) a cor e luminescência de muitos cristais se devem as
impurezas ou imperfeições, assim como a corrosão dos metais.

4.2.Tipos de defeitos cristalinos


As imperfeições nas redes cristalinas são classificadas de acordo com a sua geometria e forma.
Podem envolver uma irregularidade na posição dos átomos ou no tipo de átomos. O tipo e o
número de defeitos dependem do material, do meio ambiente, e das circunstâncias sob as quais o
cristal é processado.

Os tipos de defeitos podem ser definidos como:

 Defeitos pontuais:
 Defeitos lineares;
 Defeitos planares ou superficiais;
 Defeitos volumétricos-

4.3.1. Defeitos pontuais


O defeito pontual mais simples é a lacuna, que corresponde a uma posição atómica na qual falta
um átomo (Figura 3). As lacunas podem ser originadas durante a solidificação, como resultado
de perturbações locais durante o crescimento dos cristais, ou podem ser criadas pelo rearranjo
dos átomos de um cristal, devido à mobilidade atómica. Nos metais, a concentração de equilíbrio
de lacunas raramente excede cerca de 1 em 10.000 átomos. As lacunas são defeitos de equilíbrio
dos metais e a sua energia de formação é cerca de 1 eV (energia necessária para transferir um
átomo do interior do cristal para a superfície).

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Figura 3: Defeitos pontuais: (a) lacuna e (b) auto-intersticial ou intersticial, na rede de um metal sólido compacto.

Vacâncias ou lacunas constituem o único tipo de defeito que está em equilíbrio com o cristal.

Consiste na existência de lugares vagos, vãos ou buracos atómicos nos pontos da rede cristalina.
O surgimento de vacâncias leva a disposição da rede cristalina. As vacâncias não são fixas. Elas

Movem-se dado que qualquer átomo em redor da vacância tende ocupar esse espaço vazio
criando outra vacância noutro espaço.

Assim o número de lacunas para uma dada quantidade de material é função da temperatura de
acordo com a Equação:

Onde:

N: é o n° de átomos;

T: é a temperatura absoluta (K);

K: é a constante de Boltzmann (1,38 10-23 J/átomo K ou 8,62 10-5 eV/átomo K);

Qv: é a energia de ativação (J ou eV).

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Defeitos intersticiais

Um átomo de um cristal pode, por vezes, ocupar um interstício entre os átomos vizinhos em
posições atómicas normais Este tipo de defeito pontual é designado por auto-intersticial ou
intersticial. Assim, um defeito autointersticial deve-se a um átomo do cristal posicionado em um
sítio intersticial, que em circunstâncias normais estaria vago. Geralmente, estes defeitos não
ocorrem naturalmente por causa da distorção que originam na estrutura, mas podem ser
introduzidos por irradiação.

Impurezas: é chamado uma solução sólida, porque os átomos de impureza ocupam posições
aleatórias no cristal.

É importante lembrar que de acordo com a curva do potencial de ligação, desvios ou distorções
na distância interatómica de equilíbrio causam aumento de energia. Ocorre quando átomos têm
tamanho muito menor do que o solvente. Tem maior mobilidade na rede, pois interdifusão não
exige mecanismo de lacunas. Caso do H e do C nos aços.

Figura 4: Defeito intersticial.

Defeito substitucional

Ocorre quanto átomos têm tamanhos próximos aqueles da matriz (Figura 5) com diferenças entre
raios menor que 15 %. Gera distorção no reticulado: introduz tensões, atua como barreira ao
movimento de discordâncias e aumenta a resistência do material. É mais difícil se mover
(interdifusão) pela rede cristalina. Exemplos: Ni em aços inoxidáveis austeníticos esta dissolvido
na austenita e Zn (abaixo de 30 %) no cobre forma latão.

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Figura 5: Solução sólida substitucional.

4.3.2. Defeitos lineares (discordâncias)


Nos sólidos cristalinos, os defeitos lineares ou discordâncias são defeitos que originam uma
distorção da rede centrada em torno de uma linha. As discordâncias são originadas durante a
solidificação dos sólidos cristalinos. Podem também ser originadas por deformação plástica, ou
permanente, de sólidos cristalinos, por condensação de lacunas e por desajustamentos atómicos
em soluções sólidas.

Os dois principais tipos de defeitos lineares são:

 Aresta ou Cunha;
 Helicoidal ou Espiral;
 Mista

A caracterização das discordâncias pode ser feita pelos vectores de Burger (b) e de linha (L).

Estes fornecem a magnitude e a direção de distorção da rede Corresponde à distância de


deslocamento dos átomos ao redor da discordância.

Discordância em Aresta ou Cunha: Envolve um semi‐plano extra de átomos, o vetor de Burger


é perpendicular à direção da linha da discordância.

E envolve zonas de tração abaixo e de compressão acima da linha do defeito.

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Figura 6: (a) Discordância cunha (aresta) positiva, numa rede cristalina. Aparece um defeito linear na região
imediatamente acima do "tê" invertido, ⊥, onde um semiplano atômico foi introduzido. (b) Discordância cunha
(aresta) com indicação da orientação do vetor de Burgers ou de escorregamento b.

Discordâncias em Espiral : Produz distorção na rede, O vetor de burger é paralelo à direção da


linha de discordância.

Figura 7: Campos de deformação em torno (a) de uma discordância cunha (aresta) e (b) de uma discordância
parafuso (espiral).

Uma discordância parafuso (espiral) pode ser formada num cristal perfeito aplicando tensões de
corte, para cima e para baixo, em regiões do cristal perfeito que foram separadas por um plano de
corte, como se mostra na Figura 8. Estas tensões de corte introduzem uma região com a rede
cristalina distorcida, com a forma de uma rampa, em espiral, de átomos distorcidos em torno da
linha da discordância parafuso (Figura.8). A região distorcida não é bem definida e tem um
diâmetro de, pelo menos, vários átomos. A energia é armazenada na região distorcida criada em

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torno da discordância parafuso (Figura 7). O vetor de escorregamento ou de Burgers da
discordância parafuso (espiral) é paralelo à linha da discordância, como se mostra na Figura.8.

Figura 8 : Discordância parafuso (espiral) numa rede cristalina cúbica.

A discordância parafuso é criada por aplicação, num plano de corte, de tensões de corte (ou
tangenciais), para cima e para baixo. Uma discordância parafuso consiste numa rampa, em
espiral, de átomos distorcidos e é representada, no desenho, por uma linha.

O alcance da distorção não está definido, mas é, pelo menos, de vários átomos. O vetor de
escorregamento (vetor de Burgers) da discordância parafuso é paralelo à linha da discordância.

Nos cristais, a maior parte das discordâncias é do tipo misto, tendo componentes cunha (aresta) e
parafuso (espiral). A discordância curvilínea representada na Figura 9, é parafuso no ponto, à
esquerda, onde entra no cristal, e cunha no ponto, à direita, onde sai do cristal.

No interior do cristal, a discordância é mista, com componentes cunha e parafuso (aresta e


espiral).

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Figura 9: Discordância mista num cristal. A discordância, de linha AB, é parafuso no ponto, à esquerda, em que
entra no cristal, e cunha no ponto, à direita, onde sai do cristal.

4.3.3. Defeitos superficiais


Os defeitos superficiais são defeitos bidimensionais ou interfaciais que compreendem regiões do
material com diferentes estruturas cristalinas e/ou diferentes orientações cristalográficas.

Estes defeitos incluem:

 Superfícies externas;
 Contornos de fase;
 Contorno de grão;
 Contornos de macla;
 Defeitos de empilhamento.

Superfícies externas

Átomos da superfície apresentam ligações químicas insatisfeitas e em virtude disto, estão em um


estado de energia mais elevado que os átomos do núcleo (com menor número de coordenação).
As ligações insatisfeitas dos átomos da superfície dão origem a uma energia de superfície ou
energia interfacial (J/m2). A redução desta energia adicional (tudo tende a menor energia) é
obtida pela redução da área superficial. No caso de gotas de líquido, estas tendem a assumir a
forma esférica (maior volume com a menor área exposta).

Contorno de fase Os contornos de fase são as fronteiras que separam fases com estruturas
cristalinas e composições distintas (Figura 10).

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Figura 10: Exemplos de contornos de fase.

Limites de grão

Os limites de grão são defeitos interfaciais, em materiais policristalinos, que separam grãos
(cristais) com diferentes orientações. Nos materiais metálicos, os limites de grão formam-se
durante a solidificação, quando os cristais, gerados a partir de diferentes núcleos, crescem
simultaneamente e se encontram. A forma dos limites de grão é determinada pelas restrições
impostas pelo crescimento dos grãos vizinhos. Na Figura 11, mostram-se, esquematicamente, as
superfícies dos limites de grão de uma estrutura de grãos aproximadamente equiaxiais e, na,
mostram-se grãos reais.

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Figura 11: Esquema mostrando a relação entre a estrutura bidimensional de um material cristalino e a rede
tridimensional subjacente. Apenas se mostram partes do interior e das faces dos grãos.

Contorno de macla

Podemos considerar as maclas como um tipo especial de contorno de grão no qual existe uma
simetria especular, ou seja, os átomos de um lado do contorno estão localizados em uma posição
que é a posição refletida do outro lado (Figura 12). A região de material entre os contornos é
chamada macla. As maclas são resultantes de deslocamentos atômicos produzidos por tensões de
cisalhamento (maclas de deformação) ou durante tratamento térmico (maclas de recozimento). A
formação de maclas (maclação) ocorre em planos cristalográficos definidos e direções
cristalográficas específicas, que são dependentes da estrutura cristalina. Maclas de recozimento
ocorrem em metais com estrutura CFC e maclas de deformação ou mecânicas são observáveis
em metais CCC e HC.

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Figura 12: Contorno de macla (‘twin boundary’) que separa duas regiões cristalinas, que são, estruturalmente,
imagem especular uma da outra.

4.3.4. Defeitos Volumétricas


São introduzidas no processamento do material e/ou na fabricação do componentes.

Tipos de defeitos Volumétricos:

 Inclusões: presença de impurezas estranhas.


 Precipitados: aglomerados de partículas com composição diferente da matriz
(hospedeiro).
 Porosidade: origina-se devido a presença de gases, durante o processamento do material.
 Fases: devido à presença de impurezas (ocorre quando o limite de solubilidade é
ultrapassado)
 Estrias Segregacionais: presente principalmente em materiais semicondutores.

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5. Exercício resolvido sobre a concentração de defeitos
Calcular a quantidade de vacâncias de Concentração de vacâncias em cobre a 200ºC e a 1080ºC
(Tf = 1084ºC).

Dados:
QD = 0.9 eV/atom (1 elétron-volt = 1.6 x 10-19 J)
k = 8.62 x 10-5 eV/atom-K
CD = exp (-0.9 / 8.62 x 10-5 x473) = 2.59 x10-10

Resolução
Nesse exercício é nos dado uma amostra de cobre, e é pedido a concentração de vacâncias, ou
seja, de lacuna, nesse cobre a 200 ºC e 1080 ºC.
1º - Deve-se fazer é transformar a temperatura para Kelvin, porque, na fórmula, precisa-se da
temperatura absoluta.
Então, primeiro para a temperatura 1, de 473 K.
T1 = 200 + 273 = 473 K
Foi nos dado a energia de activação (0,9), e a constante de Boltzmann a gente já sabe que é 8,62
. 10-5.
Então, vamos lá…a fórmula que diz:

Agora, vamos para a temperatura 2, de 1353 K.

T2 = 1080 + 273 = 1353 K

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6. CONCLUSÃO
Com base no diagrama de equilíbrio ferro carbono, pode se conclui os pricipais tipos de ferros
fundidos são : o ferro fundido cinzento , Ferro fundido branco ,ferro fundido mesclado, ferro
fundido maleável, ferro fundido nodular e o ferro fundido de grafita compactada.

E quanto as estruturas a cementita Apresenta uma estrutura cúbica de fase centrada, a sua
estrutura cristalina ou seja a estrutura de rede cristalina chamada é a ortorrômbica, a austenite

A estrutura cristalina de um ferro gama é uma estrutura CFC (Cúbica de Face Centrada) que
possui mais posições intersticiais. E a Ferrita a sua estrutura cristalina é a estrutura CCC (Cúbica
de Corpo Centrado).

E quanto aos defeitos cristalinos tam que salientar que mesmo em materiais considerados 100%
cristalinos, a rede formada pelo empacotamento de várias células unitárias pode apresentar
alguns defeitos ou seja todos os materiais cristalinos reais apresentam defeitos, mesmo ao nível
atómico ou iónico.
Na verdade, os sólidos têm defeitos que são classificados de acordo com as suas dimensões. E
estes podem ser:

 Defeitos pontuais: que a gente classifica com dimensão “zero”;


 Defeitos lineares: que têm dimensão “um”;
 Defeitos planares: que têm dimensão “dois”; e
 Defeitos volumétricos: que têm dimensão “três”.

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7. BIBLIOGRAFIA

 Van Vlack , L: Princípios de Ciência dos Materiais, 3a ed. • Capítulo 4 : itens 4-1 a 4-9
 Padilha, A.F: Materiais de Engenharia. Hemus. São Paulo. 1997. • Capítulos 9 e 10.
 DIAS, L. A. M., Estruturas de aço: conceitos, técnicas e linguagem. 2a ed. São Paulo,
Zigurate Editora, 1998. 159 p.
 COLPAERT, H., Metalografia dos produtos siderúrgicos comuns, 3. ed. São Paulo,
Edgard Blücher, 1974. 412 p.
 CHIAVERINI, Vicente: Tecnologia Mecânica Materiais de Construção
Mecânica_Vol.III, 2 ed. McGraw-Hill, 1986.

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