Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
lAMtfiSlLISE: d=slMXROF-OL_c5GICiA
ERUXAS E EtRUXARIAS MA
L -A G O A m A c o m c e i c í k :o
NOyEMBRO/89
FLORIANÓPOLIS
ENCONTROS PERIGOSOS: ANALISE
ANTR0P0L06ICA DE NARRATIVAS SOBRE BRUXAS E
BRUXARIAS NA LAGOA DA CONCEIÇÃO
de si mesmos.
ABSTRACT
figure of the witch. Even with their roots in the Mi die Age
Dedicado ao Rachid,
AGRADECIMENTOS
INTRODUÇftO........................................... 1
a> A -fuga................................... 27
N O T A S ................................................ 21
forma de discurso, mas essa era também a forma com que ela
de bruxaria.
- 6 -
religiosos.
nci.o permitissem.
novo momento.
capitulo 1.
A dinâmica da vida social dependia da solidariedade
uma horta e uma roça com vários produtos. Assim, duas -formas
fami lia.
inevi tàvel.
AlèfTi disso, com a implantaçSio de um transporte público
momento vivido pela comunidade- Hc< uma mudança, mas esta nào
antes predominante.
3) Plano da dissertação
fami1iar.
e: ro d e ir d o m é s t i c o
- 18 -
1) A parentela e a vizinhança
décadas.
comunidade.
Desta forma, atè alguns anos atràs, produtos do
intergrupal.
anos).
animais, etc.
Isso remete a uma questào metodológica central no estudo
trabalhado.
- 26 -
2) Os casamentos
soei al (11).
por ela mesma, para comprar aos poucos os objetos que faziam
- 28 -
gravidez da família.
Essa última questào està ligada com a idèia de honra
que ela aconteça a qual quer momento. Antes, dia de festa era
i1ustrati vo:
pelo casamento.
domi nantes.
Região (12) .
- 34 -
origem.
da casa, etc.
- 37 -
autoridade e do poder.
familia.
esmerada.
Antes viajar para Rio Grande (no Sul) ou Santos (em direção
(RIAL, 1988).
- 41 -
estão excluídas.
na própria Lagoa.
- 43 -
farinha de mandioca.
atividade.
b) A f a m i l i a c e n t r a d a na mulher ou a u t o r i d a d e m a s c u lin a X
poder f e m i n in o
h o j e no C a n to da Lagoa.
Enquanto o m arido -ficava m uito tempo -fora, c o n v iv e n d o
sem e l e ,
E, mais r e c e n te m e n t e , no t r a b a l h o a s s a la ria d o na c i d a d e , ou
e, em c o n s e q u ê n c ia , sua a u t o r id a d e .
Um o u t r o fa to r que c o l o c a em q u e s tã o o a b s o lu t is m o da
fa m ilia s se d i s p e r s a na a u s ê n c i a da màe. E ju s ta m e n te a
para r e a l i z a r d e te rm in a d a s a t i v i d a d e s , como c o z in h a r e la v a r
c u id a d o s de uma m ulher,
a u to rid a d e . E la mantém o g ru p o f a m i l i a r em t o r n o de s i.
/
- 54 -
p e lo grupo f a m i l i a r e p e lo s v iz in h o s . Dona C a t a r i n a , v it iv a ,
a n im a is , as r e f o r m a s na c a s a , e comanda o fu n c io n a m e n to do
j u n t o com a p a v im e n ta ç ã o a in s ta la ç ã o de lu z e le tric a na
Quebrada. A p o s iç ã o , na v e rd a d e , e r a de d. C a t a r i n a , assumida
p a ra r e p r o d u z i r - s e enquanto ta l, ou s e j a , p a ra r e a l i z a r o
e a sua a u t o r i d a d e e le v a d o s , g a ra n tin d o a e x is tê n c ia do
grupo f a m i l i a r .
A opçào p r e - f e r e n c ia l do c a s a l por morar nas t e r r a s da
questã o a a u t o r i d a d e do m a r id o / p a i.
i n s t a l a n d o -s e onde a in d a hè esf^aço d is p o n ív e l no lu g a r ,
v e lh o s que e s s a te n d ê n c ia á in s ta la ç ã o nas t e r r a s da f a m í l i a
V
- 56 -
na c o n s t r u ç ã o c i v i l (RIAL, 1988).
te n s à o e n t r e a mulher e a s o g r a d e n t r o de c a s a , em t o r n o das
mesmo d e p o is de c a s a d a s .
c o n f ir m o u - s e p a ra mim a p a r t i r de d o i s c a s o s que e n v o lv ia m
Conforme as p a l a v r a s de sua f i l h a .
a u to rid a d e m a s c u l in a .
- 59 -
nas c o n t r a d i ç ò e s e x p r e s s a s ne ss e d i s c u r s o , as r e f e r ê n c i a s ás
p á g in a s a n t e r i o r e s , duas form as d i s t i n t a s de a f ir m a ç ã o . A
id e n tid a d e fe m in in a .
uma f o n t e de s u b o r d in a ç ã o da m u lh er. No e n t a n t o , e s tu d o s
d e p o s itá rio da c o n d iç S o de s u b o r d in a ç ã o f e m in in a .
No i n t e r i o r de uma s o c i e d a d e em que a n a tu r e n a è v is ta
’ ethos' ru ra l, o espaço da c u l t u r a , ou s e ja , o e s p a ço
in t e ir a m e n te p ro d u zid o e t r a n s fo r m a d o p e l o s er humano e
dominam as t r a n s f o r m a ç õ e s m ais im p o r t a n t e s p a ra se f a z e r os
c o n t r o l e.
e s ta b e le c id a s como r e c o r r ê n c i a s u n iv e rs a is p e lo s t e ó r ic o s de
19B1).
d o m é s tic o e e s t e d e ix a de s e r a fo n te e x c lu s iv a de s a b e r das
p o s s iv e l d e s lo c a m e n to de um saber e um d o m in io f e m in in o
d e s ta c a d o na r e p r o d u ç ã o da v i d a s o c ia l da comunidade e è
c a s o s ná d is s o lu ç ã o (permanente ou t e m p o r á r ia ) do g rupo
DAS N A R R AX I AS SOBREI
AS BRUXAS
- 63 -
p e s q u is a d o r a e in f o r m a n t e s in g ressa v a m quanto se
b ru x a r i a.
1) 0 d is c u rs o e as n a r r a t i 'v a s
3) "Um pescador e n c o n t ra v a t o d o s os d ia s
pelcK manhà uma flo r dentro da canoa.
D e s c o n f ia d o , uma n o i t e se escondeu d e n tro de,
embarcação, d e b a ix o do beinco, num lu g a r que
ninguém podici 'vè. E l e e s p e r ó ,atè que chegaram
í> ò
n a tiv o s la g o e n s e s . 0 segundo è um d is c u rs o s o b re as
o re la to e se reúnem os p r o t a g o n i s t a s : as b ru x a s e o
n S o - n a r r a t i vo, ou e x p o s itiv o , s o b re as b ru x a s p ro c u ra
d is s o , e le também s e r v e p a ra in d ic a r ou j u s t i f i c a r a p o s iç á o
p o s te rio rm e n te , re ve la m s ig n ific a d o s su b ja ce n te s ao
m anipulado.
2) Os e le m e n to s comuns das n a r r a t i v a s
os p ro ta g o n is ta s , o momento e a lg u n s d e ta lh e s ,
algumas v a r i a ç õ e s .
Ó9
embruxamento p a ra c o n t a r , e n v o lv e n d o p e s so a s c o n h e c id a s ou,
d ire ta ou i n d i r e t a m e n t e , e le p ró p rio . As v a r i a ç ò e s e x is t e m
c r i anca.
70
0 roubo da canoa do p e s c a d o r p e la s b ru x a s d u r a n t e a
v a ria çõ e s no d e s e n v o lv im e n t o da h is tó ria , d e s e n la c e s
costumam d is e r. Em g e ra l, a bruxa a p a re c e em lo c a is
s eg ui r .
desenrolar dès t r a m a .
1. A s i t u a ç S o de e q u ilíb rio in ic ia l
2. A degradação da Bituaiç'âo
3. 0 e s t a d o de d e s e q u i l í b r i o
4. A p rocura e a descoberta
5. 0 re sta b e le cim e n to do e q u i l í b r i o in ic ia l
reparação ( - 'r e d r e s s ’ ) e re in te g ra ç ã o ou r e c o n h e c im e n t o do
Esse p r i n c i p i o de o r g a n iz a ç ã o s in ta g m è tic a do d is cu rs o
•
■
’ modo’ ou e n tre -’ i n t e n ç ã o e r e a liz a ç ã o ’ - onde "a
b ru x a s (18).
75
a p a riç à a da b ru xa p ara os p e s c a d o r e s è a n u n c ia d a p e la s
i d en t i -f i c a r .
p á g in a s e g u in te .
/o
ORDEM
1. Os s in t o m a s de 1 . Uma -f 1or ou
DESORDEM / doença na c r i anç a . r e?stos de a r e i a
DESCONFIANCA Pl cl C Cl Pj (lí CÍ n
ío p o s i çào)
INTENÇÃO E 4» A b e n z e d e ir a 4„ 0 p e s c ad o r
REALIZAÇÃO DA benze e prescre-ve navega com as
ACSO PARA um t r a t a m e n t o . b ru x a s e apanha uma
A CURA f l o r como p ro v a que
as v i u .
RESTABELECIMENTO 5. 0 t r a t a m e n t o 5. 0 p e s c a d o r mostra
DA ORDEM •funciona. A c r i a n ç a a -flo r p a ra uma das
OU fe c u r a d a . m ulheres que eram
RECONHECIMENTO b ru x a s e è ameaçado
DA DERROTA de morte.
E sse quadro demonstra que, mesmo as n a r r a t i v a s cu jo s
d e s o r g a n iz a ç ã o no e sp a ço de tra b a lh o masculino),^
hà o p o s i ç ò e s su b ja ce n te s, p r e s e n t e s no p la n o do c o n te ú d o ,
p re s e n ç a do d u a lis m o e n t r e a b ru x a e sua v í t i m a ou e n t r e a
de c o n t a r a r e a lid a d e , ou de f a l a r s o b re íilgum p la n o da v i d a
as n a r r a t i v a s se revestem de s i g n i f i c a d o s d ife re n te s .
- 79 -
g) As d i f e r e n t a s nas n a r r a t i v a s con-forme
n a r r a d o r e s e p r o t agoni stcis
p o d e r: ou e l a ib a b ru x a , ou è a m u lh e r, p róxim a da v itim a ,
è um te rr itó rio p ro ib id o és m u lh e re s . Sò as b ru x a s e as
b e n z e d e ira s saem á n o i t e s o z in h a s .
v u ln e rã v e is é b ru x a .
As n a r r a t i v a s in d ic a m que são as c r i a n ç a s as p r i n c i p a i s
a tin g ir a mãe.
v a r ie d a d e de h i s t ó r i a s com as q u a i s possuíam e n v o lv im e n t o s
n^o é d e f i n i d o de forma c la ra . E um d e ta lh e im p o r t a n t e è
no f i n a l da h i s t ó r i a n a r ra d a p e l a m u lh e r, as bruxas acabam
duas a t i t u d e s d is tin ta s d ia n te da h i s t ó r i a e da f i g u r a da
b ru x a ria ,
se c o n s t it u e m em f a t o r e s de d i f e r e n c i a ç à o : a s itu a ç ã o em que
a c o n te c e o r e l a t o , o e n v o lv im e n t o e a p o s iç à o do narrador
eram f e i t a s ,
b ru xa a t a c a a c ria n ç a d e n t r o de c a s a .
mais c o n c r e t amente i s s o .
filh a quem f a l o u .
E a b ru x a , quem e r a ?
Algum p a r e n t e ?
B -- Nào.
V is in h a ?
v o l t a d a s no s e n t i d o de r e e s t a b e l e c e r a ordem a n t e r i o r .
■formas g e r a i s ;
in c o m p e tê n c ia de todos os e s p e c ia lis ta s em fa ze r o
Aqui as c a u s a s a in d a sào d e s c o n h e c id a s .
co n h e c i das.
etc.
id e n tific a ç ã o , o e n c a n to è quebrado e a c r i a n ç a se c u r a . E
e s t a b e l e c e n d o um.a d i f e r e n ç a em re la ç ã o és o u t r a s h is tó ria s
descoberta (20).
quebra do e n c a n to e da c u r a da c r i a n ç a .
narradora. J à na segunda n a r r a t i v a , o c o n f l i t o sò è re v e la d o
- 89 -
re la c io n a d o ao -fato de s e r a p e s q u is a d o r a o i n t e r l o c u t o r de
id e n tific a d a como a b ru x a .
na rra -h iv a , è e lu c id a tiv o . A p e s q u is a d o r a f r a n c e s a c o n c lu iu ,
d iz e r, em p r i m e i r o lu g a r e c e n t r a lm e n t e d e fin e -s e a s itu a ç à o
próxim o c a p í t u l o .
á ca sa e narra o e p is ó d io p a re as p e s s o a s mais p ró x im a s , ou
- 92 -
dci b e n z e d e ir a , se a c ria n ç a se s a lv a ? ou da b ru x a , se a
c ria n ç a m o rre ).
p o n to s de v i s i i a s d i f e r e n t e s em r e l a ç à o ao d e s e n v o lv im e n t o da
da b e n z e d e i r a , v a le d iz e r , a re a liz a ç ã o da c u r a , sào os
o desembruxamento da c r i a n ç a e a id e n tific a ç ã o da b ru x a .
pessoa p o d e ro s a .
s in g u la r. E le è s im p le sm e n te d e s c riti-v o da a tu a ç à o das
bruxas.
b> 0 homem como n a r r a d o r e p ro ta g o n is ta
Essa h i s t ó r i a , c o n ta d a por um in f o r m a n t e do C a n to da
os p a s s a n t e " .
in s t r u m e n t o s e de seu e sp a ço de t r a b a l h o . E la s roubam as
v e rs ã o da h i s t ò r i e t do ro u b o da canoa p e l a s b r u x a s . Nêio s e r i et
a h is tó ria fe a mesmei.
m a s c u lin o e se a p ro p ria m de um in s t r u m e n t o e s s e n c ia l de
b ru x a s que e s t á o em açáo na h i s t ó r i a
d ito s o b re is to .
in c o n s c ie n te d a q u e la s m u lh e re s t r a n s fo r m a r e m - s e em b ru x a s se
p ró x im a s, m oradoras do lu g a r. Os seres d e s c o n h e c id o s e
Ao c o n t r á r i o de quando sào as c r i a n ç a s as v i t i m a s , em
p ra ia , E em esp a ço s c o n s i d e r a d o s p r o ib id o s ás m u lh e re s , como
operam no i n t e r i o r do t e r r i t ó r i o da v i t i m a .
compjortamento f e m in in o -- e l a s in v e r t e m os padrões s o c ia is .
homens, e x c lu in d o as m u lh e re s , e -fazendo-os p a r t i l h a r de um
p r o m is c u id a d e que aparecem su b ja ce n te s, ao r e l a t o s o b re o
- 98 --
e p s ic a n a lis ta s c o n fig u r a m o ca v a lo e as c a v a lg a d a s n o tu r n a s
como a s so c ia d o s s im b o lic a m e n t e a m a n if e s t a ç ò e s do
GHEERBRANT, 1989).
E s sa forma de i d e n t i f i c a ç ã o a c o n t e c e em g e r a l quando as
e la s as r e s p o n s á v e i s p e l o s danos. 0 c a so da canoa ro ub a d a ,
Em g e r a l , nos e s t u d o s s o b re b r u x a r i a , o poder do o lh a r
sua a u t o r i d a d e m a s c u lin a .
s im b o lo de m a s c u l in i d a d e e de poder v ir il.
Em t o d a s e s s e s d i f e r e n t e s modos de i d e n t i f i c a r a bruxcx,
Em t o d o s os r e l a t o s em que b bruxa è r e c o n h e c id a , os
p o s itiv o p a ra o e p i s ó d i o de embruxamento.
- 101 -
e s s e n c i a lm e n t e s i m b ó l i c o de c u l p a b i l i z a r as m u lh e re s como
da comunidade. 0 r e c o n h e c im e n t o da b ru x a e a sua
de c o n v e r s a r e s t r i t o s , e n v o lv e n d o f a m i l i a r e s e v iz in h o s .
observação d i r e t a de s i t u a ç ò e s de n a r r a t i v a s de b ru x a ria
a c o n t e c im e n t o s o c ia l d e n t r o da comunidade.
b ru x a ria .
c o n ta d o s .
- 105 -
c o n tin u a fa z e n d o e s s a costura do e p i s ó d i o de b r u x a r i a , na
■ fa m ilia re s, v iz in h a s , e p a ra a p ró p ria p e s q u is a d o ra , a
5) Uma f r o n t e i r a s im b ó lic a
perceber uma o b s e rv a ç à o s u p e r f i c i a l .
de b r u x a r i a , contempcjrâneos á p e s q u is a .
a n te rio r de c o n f l i t o e afirmaçiào de p o d e r.
g e n e ra liz a d o de h i s t ó r i a s de b r u x a r i a p e lo s in f o r m a n t e s .
d u r a n te a p e s q u i s a , p r a t ic a m e n t e t o d a s detinham um d is cu rs o
o s moradores.
v e lh o s .
- 109 --
tèm n e c e s s i d a d e de c o n s t r u i r um d i s c u r s o introdutório ás
e s s a s pG?ssDci5.
quer que tiv esse relaçíSo com o lugar. Por outro lado,
urbano-
narrativa, seu p r o t a g o n i s t a .
C o s t a da Lag oa ;
d i r e t a m e n t e uma s i t u a ç ã o d e s se t i p o .
esmolar.
c o l o c a d o s em q u e s t à o p e l o a c e l e r a d o p r o c e s s o de urbanização
s o b r e : o m u n d o d a s b r u x a s =
A BRUXARIA C O MO COSMOLOGIA
- 114 -
inverstíD e x i s t e nas h i s t ó r i a s s o b r e b r u xa s c o n t a d a s na i l h a .
Ela se e x p r e s s a em t o d o o s i m b o l i s m o que e n v o l v e a - fi g ur a da
n e s s e s e s p a ço s di-f e r e n c i ados.
diante da h i s t ó r i a narrada»
Scío.
b ru x a p a ra os n a t i v o s . A bruxa s u rg e p e l a t rans-formaçào oú
os e s p a ç o s exteriores á casci.
- 117 -
um in-formante:
pretendem r e a l i : : a r as b r u x a r i a s (21).
europ eu s,
poder.
As n a r r a t i v a s ap res enta m as b r u x a s c o r p o r i f i c a d a s em
potencial.
naquela sociedade.
- 121 -
defi nem que toda b ru xa è sempre uma mul her , dizem que
identidade è- c o n s t r y í d a enquanto t a l .
Alèm dÍ5So, a bruxa è sempire uma p es so a da comunidade,,
p articu lar ("antes tinha muit a bruxa por aqui"), ou como uma
fontes de a p o i o e s o l i d a r i e d a d e , t o r n a m - s e o r ig e m de ameaças
•
■
’ inveja", r e d e f i n e m os peipèis dos o u t r o s moradores do lugar
em r e l a ç S o ao grupo f a m i l i a r .
dependem, tis mul her es possuem um pjoder que, de. alguma forma
formas, a b ru xa è? uma d e l a s .
f e m i n i n a em s o c i e d a d e s d i f e r e n t e s . Mauss, a pes ar de e s c r e v e r
contribuição p a r a os e s t u d o s p o s t e r i o r e s s o br e a r e l a ç ã o dêis
por que passam as mul heres lhes con-ferem, segundo Mauss, uma
t r a b a l h o de Mauss).
a c or d o com a e s p e c i f i c i d a d e da c u l t u r a estudada. Em p r i m e i r o
•forma e s t r u t u r a t i a (ROSALDO £
-:■ LAMPHERE, 1979, p. 27). No c a so
sociedade c o n s t r u iu pa ra e l a s .
p o t e n c i a lment e b r u x a s .
de presBÒes de t o d o s os t i p o s .
que 'vem do e x t e r i o r .
na I l h a de S a nt a C a t a r i n a coloca algumas c e n t e l h a s na l a c u n a
tip o de i n t e r p r e t a ç è i o p a r a a b r u x a r i a e as b ru x a s .
3) Mulheres des-vi a n t e s
prin cip ais i n-f ormantes e r a uma bruxa. Quando e r a -viva, toda
- 133 -
e r a uma b ru x a p ar a os o u t r o s .
imagem r e l a c i o n a d a com a b r u x a .
mari do f o i embora.
estrutura.
n a r r a t i - v a s e l u c i d a v a m m ui t a s v e z e s e s s a identidade da bruxa
embrux ada.
a) A bru xa morta
p e r i go.
b) A b ru xa v i v a
determinados m a l e f í c i o s .
s e nt. i d o , de s f e i t a .
c) O u t r o s p od e r e s
perigosos, c a u s a d o r e s de desordepTi e m a l - e s t a r . No c a s o a q u i ,
s e n t i mentos p a r t i c u l a r e s .
- i42 -
descrever essei d i f e r e n ç a :
,P
iH
s
O
3o
s
cn
O
u a
0
1
D
W
U
fd 1 to| (U| w
C c U
<U ■H 0
w •H u
u Ü (Ü a cy
:3 o di to T3 ■p
w H ^ c (1) X
H Pi cr o o (U
u D vC (U u CO CQ
cn O 3 o CO
S 0) -p 0
o
o
D O
!(T3 'Sid o (Uc JJ
c
:z; O O’ -p (U 0)
M > 03 c e
o (Ü •H
> -p V
A BENZEIDE: I R A C OMO RERSONAGEIM
DAS NA R RA XI ' v ^A S
- 144 -
b e n z e d e i r a s d e n t r o da v i d a social da comunidade.
1) o bem c o n t r a o mal
acões.
e s s e d u a l i s m o da n a t u r e z a humana fe r e t r a t a d o nos c o n t o s de
em c €ida p e s s o a .
involuntária, a benzedeira a tu a a t r a v é s da f è e de um sa be r
bruxa.
e p a ra as v i z i n h a s , fe o u t r o exemplo»
e ás a t i v i d a d e s predominantemente f e m i n i n a s . Os o b j e t o s que’
m ul h er es p a r a moer grèíos.
i n s t r u m e n t o s do bem, os i n s t r u m e n t o s de t r a b a l h a masculinos
b e nz e çá o.
os c o n h e c i m e n t o s de r e z a s , curas, b e n z e du r as e s i m p a t i a s Sc"o
1u(3 ar es.
Existe um fort-e s e n t i m e n t o de r e l i g i o s i d a d e em t o r n o da
m ul h e r e s . As c a t e q u i s t a s , as o r g a n i z a d o r a s da "capeiinha" e
m u l h er es , apesar dos c a r g o s f o r m a i s d e n t r o da h i e r a r q u i a da
"natural" no i n t e r i o r da comunidade.
4) 0 poder estrangeiro
depoi mento:
en f r en t ar a bru>: a .
diferentes culturas.
u m e 1e ítie n t o c e n t r a i d a s h i s t òr i a ír>.
~ 159 -•
formavam um número e x p r e s s i v o .
f a l a m de m ul h er es com p o d e r e s de d e s f a z e r fe itiço , a po n ta d as
coisas que, a p rin cip io, nSo s e r i a m da "indole" das mul her es
mesmo à n o i t e , e è capaz de se a u s e n t a r da p r ó p r i a c as a
anteriores, sào as b r u x a s .
AS R A iZES NA BRUXARIA E U R O R e IA
MEIDIE's^AL E: MODEIRNA
- 162 -
i lhfeus e os r e l a t o s medievais.
comum.
0 segundo caminho pelo qual a influência do imaginário
Ilha.
século XII ao século XIX, embora o seu auge seja entre 1550
populações envolvidas
partici pam.
2) A trajetória da Inquisição
em -feitiçaria.
"transgressòes".
a bruxa.
- 179 -
um poder que vai alèm dos seus limites. Ela pode aparecer na
crianças (28).
diga que existem entre elas raizes comuns. Esses liâmes vào
aci ma.
amamentaçào.
europèi as.
casa de uma mulher que havia dado á luz hà seis dias. Depois
de pro-ferir algumas palavras, a mulher vai embora.
Lagoa.
Alèm de atacarem as crianças, as bruxas são vistas como
complicada.
forma particular.
ma 1ef ic ium ’.
dos inquisidores.
Essa idèia de que a -figura do diabo toma conta do
parece que o -fato de nào ter existido aqui uma presença mais
para se desenvolverem.
SOBRE O RODER
- 195 -
duelo sobre uma escala e uma direçào mais largos. Mas aqui o
espirituais".
medo.
imagi nàri o.
poder penetrante de seu olhar, ele age sobre esse poder sem
cri anças.
CONCLUSOES
mani pulados.
BIBLIOGRAFIA
MAIR, Lucy. "Wi tchcra-f t ", New york, Word University Library,
1969'.