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Algumas coisas que nos são familiares acabam perdendo a importância e a verdadeira

dimensão por causa da vida que vivemos quase toda ela voltada para o consumo.
Pessoas são importantes, mas, por incrível e contraditório que nos pareça é o próprio
convívio acaba nos afastando das pessoas. Com o passar do tempo parece como se as
essências das pessoas vão perdendo o brilho inicial. Em muitos casos isso acaba
acontecendo com relação a nós mesmos. Alguns perdem o interesse próprio e acabam
até adoecendo. Se isso ocorre com pessoas, imagine o que dizer em relação às coisas,
objetos e facilidades de nosso tempo. Alguns confortos que hoje em dia nos cercam
dentro e fora de nossos lares nem mesmo faziam parte da imaginação das pessoas mais
importantes da história como reis e rainhas! Acabamos banalizando tudo e sequer
aprendemos a utilizar adequadamente os confortos e a modernidade do mundo que nos
cerca.

A internet é um desses confortos modernos que estão muito banalizados e utilizados


inadequadamente. Ela se tornou uma ferramenta indispensável para mim e para a maior
parte das pessoas com quem convivo, entretanto, ao mesmo tempo em que fico
pensando no tamanho dos desperdícios de nosso tempo me ponho a pensar nos
desperdícios do passado meu e da humanidade tentando fazer com que a história não se
repita. Nesse exercício de olhar o passado lembrei-me de que coisas às quais não dei o
devido valor e que foram importantes para os rumos que minha vida tomou. Uma dessas
coisas foram os famosos e inúmeros grupos de evangelização formados por jovens de
igrejas evangélicas que surgiram na década de 70. Esses grupos trouxeram tantas
experiências positivas para os inexperientes jovens que, como eu, viveram aquele
período tão intenso da história da humanidade e de nosso país.

Penso que, de um modo bem peculiar, esses grupos de evangelização não foram
devidamente reconhecidos e valorizados pelo trabalho que realizaram. Lembro muito
bem de grupos como Jovens da Verdade, Jovens em Cristo, para não falar do mais
conhecido dentre eles: Vencedores por Cristo. Eles foram, para os jovens evangélicos
daquela época, aquilo que a Internet é para a juventude de hoje: verdadeiros milagres.
Através daqueles grupos eu e os de minha geração pudemos observar um mundo além
das fronteiras da igreja. Eles eram os sites onde podíamos “baixar” novas músicas e
estudos bíblicos mais próximos de nossa realidade. Em seus acampamentos podíamos
compartilhar experiências e aprender coisas novas, exatamente como fazemos na
Internet.

Particularmente tive o prazer de ter convivido algum tempo com alguns daqueles
valorosos jovens, dentre eles Argeu Rocha Mendes, dos Jovens em Cristo, com quem
trabalhei na Bolsa de Valores e estudei na Faculdade Teológica Batista. Faz um bom
tempo que não vejo o Argeu. Acho que ele se tornou pastor evangélico e se alguém
souber por onde ele anda mande um grande abraço e diga a ele que para mim, conhecê-
lo bem como a seu grupo de evangelização, além de uma grande bênção foi uma
antecipação da modernidade.

Tanto Argeu e sua turma quanto os demais grupos, não sabiam na época o quanto
contribuíam enquanto alegremente faziam o trabalho de evangelização, mas hoje tenho
condição de olhar e avaliar o quanto eu e os de minha época e comunidade fomos tão
abençoados por Deus através deles.

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