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Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Instituto de Pesquisas Hidráulicas


Mecânica dos Fluidos e Hidráulica II

Linha D’Água em Canal


Relatório de Aula Prática em Laboratório

Bárbara Griebeler da Motta


Cristhiane Paludo Demore
João Paulo Mérico
Lucas Cenci Aragão

07 de Dezembro de 2016
Sumário

1. Introdução 2

2. Objetivos 3

3. Materiais 4

4. Métodos 7

5. Resultados e Análises 14

6. Conclusões 22

7. Referências Bibliográficas 23

1
1. Introdução

Canais são condutos que transportam água pela ação da gravidade. O escoamento
livre – escoamento em canais – tem como principal característica a superfície sob pressão
atmosférica. A interface entre o ar e a água é chamada de superfície livre.

Diferentemente dos condutos forçados – que apresentam condições de contorno


bem definidas – canais tem variabilidade na forma e na rugosidade. No entanto, as
equações fundamentais que regem escoamentos forçados são válidas, também, para
escoamentos livres – tal como a equação de Bernoulli.

O cálculo da linha d’água permite caracterizar os tipos de movimentos que ocorrem


em escoamentos. Os movimentos podem ser permanentes uniformes (MU) – quando a
altura da linha d’água (h) não varia ao longo do canal – ou permanentes variáveis – quando
a altura da linha d’água é alterada. Se a altura for variada gradualmente o fenômeno de
remanso hidráulico ocorre, no entanto, se a variação for brusca ocorre o fenômeno de
ressalto hidráulico.

O relatório apresentará o experimento realizado em laboratório de ensino e abordará


os métodos utilizados para determinar a altura da linha d’água do canal. Bem como os
resultados obtidos a partir dos cálculos e as análises sobre os tipos de movimentos
desenvolvidos ao longo do canal.

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2. Objetivos

O objetivo deste experimento é acompanhar a linha d’água em um canal de alvenaria


argamassada alimentado em um vertedor retangular por um registro gaveta. A análise dos
dados servirá para identificar o trecho do canal que se encontra em movimento uniforme,
para o qual será determinado o coeficiente de rugosidade médio experimental.

Considerando-se o valor da rugosidade média experimental e os limites de


rugosidades tabelados, será finalmente calculada a linha de água teórica pelo método de
cálculo de remanso para classificação do tipo de canal.

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3. Materiais

As instalações do laboratório de ensino do Instituto de Pesquisas Hidráulicas foram


utilizadas para realizar o experimento da determinação da altura da linha d’água. O recurso
disposto para efetuar o estudo consiste em um canal de alvenaria argamassada (Figura 1).

Figura 1: Canal de alvenaria argamassada (fonte: autores)

Esse canal apresenta 35,5m de comprimento e seções espaçadas em 2,5m – exceto


na seção de vidro, onde o espaçamento é de 5m (Figura 2) – o que é suficiente para o
desenvolvimento do escoamento uniforme em algumas das seções, e também para o
aparecimento de fenômenos como o de remanso nas últimas seções.

4
Figura 2: Seção de vidro (fonte: autores)

O canal é abastecido por um vertedouro retangular (Figura 4), onde está instalada
uma ponta linimétrica (Figura 3) para ser feita a leitura e determinada a vazão passante
(controlada por registro gaveta conforme Figura 5).

Figura 3: Lei de calibração (à esquerda) e ponta linimétrica (à direita) (fonte: autores)

5
Figura 4: Vertedouro (fonte: autores)

Figura 5: Controle da vazão por registro (fonte: autores)

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Ao longo do canal, em cada seção, são distribuídas pontas linimétricas fixas (Figura
6) e nos metros finais do canal é posicionada uma ponta linimétrica móvel (Figura 7) que
permite a leitura da altura da água de superfície e de fundo.

Figura 6: Ponta linimétrica fixa (fonte: autores)

Figura 7: Ponta linimétrica móvel (fonte: autores)

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4. Métodos

Inicialmente, regula-se o registro gaveta para ajustar uma determinada vazão a ser
escoada no canal. A partir disso, utilizando pontas linimétricas se procede a leitura da carga
hidráulica sobre o vertedor.

Após estabilização do fluxo, coletaram-se os dados das profundidades nos pontos


P2, P3, P5, P6, P7, P8, P9 e P móvel com o auxílio do mesmo equipamento de leitura
anterior. A distância entre as pontas linimétricas era de 2,5 metros, a exceção de P5 metros
ficou entre P3 e P5, pois a ponta foi substituída por uma parede de vidro no canal.

Os dados de leitura obtidos seguem na Tabela 1.

Tabela 1: Coleta de dados experimentais.

Ponta Linimétrica h​Leitura​ (cm) a​0​ (cm)


Vertedor 30,65 20
P2 32,00 30
P3 42,19 5
P5 16,50 5
P6 16,95 5
P7 16,74 5
P8 16,77 5
P9 16,72 5
P Móvel (Superfície) 22,76 0
P Móvel (Fundo) 11,40 0

A altura da linha de água é dada pela Equação 1.

h = hleitura − a0 (Equação 1)

Sendo:

h = Altura da linha de água na seção em metros (m).

hleitura = Altura medida com a ponta linimétrica em metros (m).

a0 = Altura do nível de água inicial em metros (m).

A vazão escoada no canal pode ser encontrada por uma lei de calibração – Equação
2 – com o uso da altura da linha de água no vertedor.
3
Q = [1, 0692 + 0, 410256 * (hvertedor + 0, 011)] * (hvertedor + 0, 011) 2 (Equação 2)

8
Sendo:

Q = Vazão escoada no canal em metros cúbicos por segundo (m³/s).

hvertedor = Altura da linha de água no vertedor em metros (m).

Para posterior análise do movimento uniforme é necessário o cálculo dos seguintes


parâmetros:

a) Perímetro Molhado: Comprimento das paredes do canal em contato com a água.


Uma vez que o canal apresenta seção transversal retangular, o perímetro molhado é
dado pela Equação 3.

P =2*h+b (Equação 3)

Sendo:

P = Perímetro molhado em metros (m).

h = Altura da linha de água em metros (m).

b = Largura do canal (0,40 m) em metros (m).

b) Área Molhada: Área da seção transversal que está em contato com água no canal
(Equação 4).
A=b*h (Equação 4)
Sendo:

A = Área molhada em metros quadrados (m²)

b = Largura do canal (0,40 m) em metros (m).

h = Altura da linha de água em metros (m).

c) Raio Hidráulico: Razão entre a área molhada e o perímetro molhado (Equação 5).
A
RH = P (Equação 5)

Sendo:

RH = Raio hidráulico em metros (m).

A = Área molhada em metros quadrados (m²).

P = Perímetro molhado em metros (m)

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Uma vez definidas a vazão no canal e as áreas molhadas, é possível calcular a
velocidade em cada seção definida pelas linhas milimétricas no escoamento por meio da
equação da continuidade.

Q
V = A (Equação da Continuidade)

Sendo:

V = Velocidade na seção em metros por segundo (m/s).

Q = Vazão escoada no canal em metros cúbicos por segundo (m³/s).

A = Área molhada em metros quadrados (m²).

A fim de classificar o escoamento em lento, crítico ou rápido é necessário analisar o


número de Froude, definido pela Equação 6. A energia específica E​ é dada pela Equação 7.

V
Fr = (Equação 6)
√ *h
2
g

2
E = h + V2g (Equação 7)

Sendo:

F r = Número de Froude (adimensional).

F r < 1 , o escoamento é lento;

F r = 1 , o escoamento é crítico;

F r > 1 , o escoamento é rápido.

V = Velocidade na seção em metros por segundo (m/s).

g = Aceleração da gravidade (9,806 m/s²) em metros por segundos quadrados (m/s²).

h = Altura da linha de água em metros (m).

A definição do coeficiente de Manning experimental se dá pelo trecho em Movimento


Uniforme (MU), no qual a linha de água e a linha do fundo do canal são paralelas entre si.
Uma vez que o canal conta com uma inclinação significativa, é necessária uma rotação de
eixos para que a condição inicial seja satisfeita. Para tanto, referencia-se a linha de água a
partir da soma das cotas do fundo do canal com as profundidades das leituras.

A cota do fundo do canal é dada por uma relação de triângulos retângulos, no qual a
hipotenusa é dada pela linha de fundo do canal, a base do triângulo é o nível de referência e
a altura do triângulo define a cota da linha de fundo.

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C ota F undo do Canal = d * 0, 002

Sendo:

d = distância percorrida do canal partindo-se de d=0 na ponta móvel (m).

A cota da linha de água é dada pela soma da cota do fundo do canal com a altura da linha
d’água na seção.

C ota da Linha de Água = Cota F undo do Canal + h

Definido o trecho de movimento uniforme, o coeficiente de rugosidade será dado pela


equação de Manning.
2 1
1
n= V * RH 3 * I 2 (Equação de Manning)

Sendo:

n = Coeficiente de Manning (Adimensional)

V = Velocidade na seção em metros por segundo (m/s).

RH = Raio hidráulico em metros (m).

I = Inclinação do canal (2 ‰ = 0,002 m/m)

Para uma vazão constante, pode-se traçar uma curva de variação da carga
específica em função da profundidade. Essa curva gerada tem dois ramos assintóticos, com
seu encontro em um ponto de mínimo valor de energia. A linha que representa a menor
energia que o escoamento pode apresentar ao longo de todo canal em uma dada vazão é
chamada de profundidade crítica, e ela é calculada pela Equação 8:


3 Q2 (Equação 8)
hc = b2*g

Sendo:

hc = profundidade crítica em metros (m).

Q = vazão do escoamento na canalização em metros cúbicos por segundo ( m3 /s).

b = largura da base do canal em metros (m).

g = Aceleração da gravidade (9,806 m/s²) em metros por segundos quadrados (m/s²).

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A velocidade crítica ( V c ) do canal é calculada através da Equação 6 igualando o
número de Froude a 1 e tomando h = hc .

Com a profundidade crítica calculada, pode-se encontrar a inclinação crítica, que é a


inclinação mínima que o canal deve possuir para que a dada vazão escoe com esta
profundidade. Calcula-se a inclinação crítica pela Equação 9:

n2*V 2c
Ic = R4/3
(Equação 9)
H

Sendo:
−1
n = Coeficiente de Manning em ( m 3 * s) .

V c = velocidade crítica em metros por segundo ao quadrado (m/ s2 ).

RH = raio hidráulico em metros (m).

I c = inclinação crítica em metros (m).

Para a classificação do canal é necessário analisar a inclinação crítica do canal


juntamente com a inclinação do fundo do canal e enquadrá-la nas seguintes classificações:

Tabela 2: Classificação do canal segundo a inclinação.

Análise de I e I c Denominação Classificação

I < Ic M Pequena declividade

I > Ic S Grande declividade

I = Ic C Declividade crítica

I=0 H Horizontal

I<0 A Adverso

A partir da análise da inclinação crítica e do fundo do canal, realiza-se a comparação


entre a profundidade crítica do canal ( hc ) e a profundidade normal do escoamento ( hn ).

Para o cálculo das linha d’água em escoamento uniformemente variado é dado por
meio do método de diferenças finitas. Onde sua profundidade hn é dada pela seguinte
Equação 10:
0,6 0,4
(n*√IQ ) *(b+2*hn√1+m2)
hn = b+m*hn (Equação 10)

Sendo:

hn = profundidade normal em metros (m).

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Q = vazão escoada no canal em metros cúbicos por segundo ( m3 /s).

b = largura da base do canal em metros (m).

n = Coeficiente de Manning ( Adimensional) .

I = inclinação do fundo do canal em metros (m).

m = tangente da inclinação do lado do canal (para canal retangular m = 0).

Tabela 3: Classificação das regiões de escoamento.

Classificação Zona de Variação das


profundidades
zona 1 h > hn e h > hc
zona 2 h < hn e h > hc
zona 3 h < hn e h < hc

Para a determinar a direção de cálculo da curva de remanso é necessário possuir o


número de Froude para classificar o escoamento em regime rápido ou lento e,
posteriormente, definir o tipo de curva que causará ao longo do escoamento, de montante a
jusante ou de jusante a montante.

No caso analisado em laboratório, por meio da Equação 6 obteve-se um número de


Froude menor que 1. Para valores de Froude menores que 1 o escoamento é classificado
em regime lento. E consequentemente, exige o cálculo da curva de remanso no sentido
jusante à montante.

Para o cálculo da curva de remanso através do método das diferenças finitas


primeiramente escolheu-se algumas profundidades contidas no intervalo entre o
posicionamento da profundidade normal ( hn ) e a profundidade crítica ( hc ). Com as
diferenças de cotas entre as profundidades eleitas calcula-se a distância entre elas através
da seguinte Equação 11.

1−F 2r
f (h) = I−J (Equação 11)

Sendo:

f(h) = função da profundidade h escolhida.

F r = Número de Froude (adimensional).

I = inclinação do escoamento para a profundidade h escolhida.

J = perda de carga unitária em metros por metros (m/m).

A perda de carga unitária J é dada pela Equação 12, que é uma função da velocidade,
raio hidráulico e coeficiente de Manning n em uma dada profundidade h:

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n2*V 2
J= Rh4/3
(Equação 12)

Sendo:

J = perda de carga unitária em metros por metros (m/m).

n = Coeficiente de Manning (Adimensional).

V = Velocidade na seção em metros por segundo (m/s).

RH = Raio hidráulico em metros (m).

Para encontrar a distância que há entre duas profundidades escolhidas utiliza-se a


seguinte equação (Equação 13):
f i+f i+1
ΔS = 2 * Δh (Equação 13)

Sendo:

ΔS = distância entre duas profundidades hi e hi+1 em metros (m).

f i = função da profundidade hi escolhida dada pela equação (11).

Δh = diferença entre duas alturas consecutivas escolhidas em metros.

Definida a perda de carga unitária e os demais parâmetros necessários para utilizar a


Equação 11, é possível calcular a distância ΔS existente entre cada uma das profundidades
eleitas anteriormente e assim estimar a linha em que se estabelecerá o remanso ao longo
do canal.

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5. Resultados e Análises
Nesta seção serão apresentados os cálculos realizados a partir da coleta de dados
feita no laboratório. Com a leitura da ponta linimétrica no vertedor obtêm-se a vazão
escoando pelo canal, através da Equação 2. A vazão é de 39,29 litros/s. Através das
Equações 1, 3, 4, 5, Equação da Continuidade, 6 e 7 definimos a altura da linha d’água, o
perímetro molhado, a área molhada, o raio hidráulico, a velocidade, o número de Froude e a
energia específica, respectivamente. Esses parâmetros são calculados para cada seção do
canal onde foi realizada a leitura com a ponta linimétrica e estão apresentados na Tabela 4.
Pode-se observar que o escoamento é em regime lento, pois F ​ r < ​1.

Tabela 4: Parâmetros de escoamento para cada seção.

Feito isto, faz-se o procedimento de verificação do trecho em movimento uniforme


(MU). Plotando a cota da linha de fundo e a cota da linha d'água em um gráfico do Microsoft
Excel®, pode-se observar o trecho que está em MU. Assim, pelo gráfico 1, observa-se que a
linha formada pela altura das seções P6, P7 e P8 estão praticamente paralelas em relação
ao fundo do canal, portanto conclui-se que entre as seções P6 e P8 ocorre MU.

Gráfico 1: Verificação do MU.

Obtidas as seções já definidas pelos parâmetros e o trecho em MU, deseja-se


determinar o coeficiente de Manning do canal. Portanto, todo procedimento até aqui feito
tem a finalidade de estimar o ​n experimental do canal. A partir da equação de Manning são

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encontrados os coeficientes de rugosidade para cada seção e após é feita uma média de ​n.
Os resultados parciais e finais podem ser visualizados na Tabela 5.

Tabela 5: Cálculo do coeficiente de Manning.

Os valores tabelados do coeficiente de Manning podem ser observados na Figura 8.


Um canal de tijolos com argamassa de cimento, em más condições, possui ​n = 0,017. Para
superfícies de cimento alisado, ​n = 0,10. O valor encontrado aqui, de ​n = 0,0095 está
levemente abaixo do limite inferior. Pode-se concluir que a parede do canal foi construída
com extrema perfeição e, inclusive, pode ter sofrido um alisamento devido à força de arrasto
presente no contato entre a parede e a água.

Figura 8: Valores usuais para o coeficiente de Manning (fonte: FIALHO, 2006)

Para definir o tipo de canal com os valores dos coeficientes de Manning tabelados e
posteriormente comparar suas curvas de remanso, deve-se primeiramente encontrar os
valores da inclinação crítica para cada valor de rugosidade e as suas respectivas
profundidades normais. Utilizando a Equação 10 determina-se a profundidade normal para
as rugosidades tabelas e também para a experimental. Os resultados estão na Tabela 6.

Tabela 6: Alturas normais.

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Para calcular a inclinação crítica é necessário obter os parâmetros referentes ao
escoamento crítico. Assim, primeiramente é obtido a altura crítica (​hC) através da Equação 8,
em seguida com as Equações 3, 4, 5 e utilizando o valor de ​hC, é obtido o raio hidráulico
crítico (​RHC). Com a equação da continuidade e utilizando dos valores para escoamento
crítico, determina-se a velocidade crítica (​VC), e finalmente, pela Equação 9, determina-se a
inclinação crítica (​IC) para cada rugosidade. Os resultados encontram-se na Tabela 7.

Tabela 7: Parâmetros para o escoamento crítico.

Definidos os valores para a inclinação crítica, pode-se classificar o tipo do canal.


Como a inclinação do canal é de 0,002 m/m sendo menor que a inclinação crítica
encontrada nos diferentes canais acima, ​todos são classificados como canais de baixa
declividade​, onde ​hN é maior que​ hC (BAPTISTA, 2010, p. 255).

Para o cálculo da linha d’água, também é definida a zona referente à profundidade


em que o escoamento se encontra. Neste caso, a profundidade conhecida da leitura em
P​móvel é a condição de contorno necessária para iniciar o cálculo. A partir do valor de ​hmóvel
conclui-se que neste ponto o escoamento está na zona 2, segundo a classificação da Tabela
3. Nesse caso, a linha d’água está na profundidade normal e vai para a profundidade crítica.
Portanto o cálculo deve iniciar em ​hmóvel e ir até um valor próximo de ​hN (em torno de 95% do
seu valor).

O cálculo da linha d‘água em remanso para os três valores de rugosidade é feito a


partir das Equações 11, 12 e 13, seguindo os passos descritos na seção 4. Para efetuá-lo foi
montada uma planilha de cálculo. Como os valores das alturas normais são próximos do
valor de ​hmóvel, definiu-se uma aproximação de 98% para o valor de ​hN, fazendo uma
discretização com 20 passos, a fim de obter uma solução mais precisa. As planilhas de
cálculo para cada rugosidade encontram-se nas tabelas abaixo.

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Tabela 8: Cálculo da linha d’água para ​n experimental.

Tabela 9: Cálculo da linha d’água para ​n teórico 0,010.

18
Tabela 10: Cálculo da linha d’água para ​n teórico 0,017.

O incremento do deslocamento para cada variação de ​h é somado na última coluna,


sendo que pode-se estimar o comprimento do remanso de no mínimo ​4,54 m​, ​10,06 m ​e
58,71 m para os canais com o coeficiente de rugosidade experimental de ​n = 0,0095, teórico
com paredes alisadas de ​n = 0,010 e teórico com paredes rugosas de ​n = 0,017,
respectivamente.

Realizados os cálculos, os valores de comprimento de remanso obtidos são plotados


conforme os gráficos 2 e 3.

Gráfico 2 – Desenvolvimento da linha d’água no remanso, com representação de ​hN.

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Gráfico 3 – Detalhe da aproximação da linha d’água no remanso com ​n experimental

O gráfico 2 demonstra o que já era esperado com o valor encontrado para o ​n


experimental: a linha d’água do canal utilizado para as leituras está fora do intervalo das
linhas d’água plotadas para os coeficientes teóricos. Além disso, percebe-se que quanto
mais elevado o valor de ​n, mais elevada é a altura da linha d’água normal e mais extenso é
o desenvolvimento do remanso. O exemplo disso é a extensão do remanso para a
rugosidade teórica de ​n = 0,017, que chega a ter no mínimo 58,0 m. Isso quer dizer que se
canal do laboratório, que possui aproximadamente 35,0 m de extensão, possuísse um ​n =
0,017, poder-se-ia afirmar que a linha d’água não atingiria sua altura normal, considerando a
vazão de 39,3 l/s.

Outro fato notável é a variação nas leituras e a escolha do intervalo em movimento


uniforme. A variabilidade nas leituras ocorre por causa da oscilação da linha d’água, que
oscila em torno de uma média. Deve-se, portanto, ter extremo cuidado e paciência para
aguardar que o escoamento estabilize, para após efetuar as leituras. Isso influencia a
visualização do trecho em MU, que também deve ser realizado com cuidado. Esses
processos iniciais influenciam na verificação do ​n experimental, que vai governar a definição
da linha d’água do escoamento.

Outro ponto a ser lembrado é a importância da verificação do coeficiente de


rugosidade. Se porventura não houvesse a possibilidade de efetuar a verificação do ​n
experimental, mas sim a adoção de um ​n teórico, o desenvolvimento da linha d’água seria
consideravelmente diferente. Um exemplo desse fato é a pequena diferença de valores
entre ​n experimental e ​n teórico, que é aproximadamente de 5%, gera uma diferença muito
maior no desenvolvimento da linha d’água. Considerando a extensão do remanso, essa
diferença é de no 55% aproximadamente, fazendo uma ressalva ao limitado processo de
discretização adotado neste trabalho.

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6. Conclusões

Para o escoamento produzido experimentalmente com Froude < 1 e com vazão


calculada de 39,29 litros/s foram determinadas as seções do canal que é desenvolvido o
movimento uniforme (MU). As seções 6, 7 e 8 expõem a linha d’água paralela ao fundo do
canal - o que caracteriza esse tipo de movimento.

Em consulta bibliográfica, foram encontrados valores tabelados do coeficiente de


Manning. Para um canal de tijolos com argamassa de cimento, em más condições, o
coeficiente é ​n = 0,017. Para superfícies de cimento alisado ​n = 0,10. O valor encontrado
aqui, de ​n = 0,0095, está levemente abaixo do limite inferior. O que indica que a parede do
canal do laboratório de ensino foi construída com extrema perfeição e, inclusive, pode ter
sofrido um alisamento devido à força de arrasto presente no contato entre a parede e a
água.

Nas seções finais do canal o escoamento sofre variações graduais, o que caracteriza
a ocorrência de remanso nesse trecho. A partir dos valores para a inclinação crítica pode-se
classificar o tipo do canal. Sendo o canal em estudo de baixa declividade do tipo M - pois a
inclinação do canal é de 0,002 m/m e menor que a inclinação crítica, onde a altura normal é
maior que a altura crítica.

Também foi definida a zona referente à profundidade em que o escoamento se


encontra para o cálculo da linha d’água. A linha d’água está na profundidade normal e vai
para a profundidade crítica, conclui-se que o escoamento está na zona 2.

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7. Referências Bibliográficas

BAPTISTA, M. B.; COELHO, M. L. P. ​Fundamentos de engenharia hidráulica. B


​ elo
Horizonte: Editora UFMG, 2010. 473 p.

FIALHO, G. ​Curso de Especialização em Engenharia Sanitária e Ambiental.​ Disponível


em: <http://images.slideplayer.com.br/7/1818062/slides/slide_24.jpg>. Acesso em: 30 nov.
2016.

Notas de aula da disciplina de Mecânica dos Fluidos e Hidráulica, 2016.

TOMAZ, P. ​Curso de manejo de águas pluviais: F ​ órmula de Manning e Canais. Disponível


em: <http://www.pliniotomaz.com.br/downloads/capitulo_50_formula_de_manning_galerias_
e_canais.pdf>. Acesso em 04 nov. 2016.

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