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Original em inglês:
DANIEL -
Introdução
*
Para ser exato, segundo o hebraico o texto de Dn_8:8, 9 (ver NVI, AV, etc.), o chifre pequeno veio
de um dos quatro ventos do céu. – Nota do Tradutor.
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extraordinário pela arte, o qual se expressou nos grandes templos que fez
construir. Quis substituir o Zeus Olímpico por Jeová em Jerusalém.
Deste modo a civilização pagã de baixo, e a religião revelada de acima,
chegaram a um conflito. Identificando-se com o Júpiter, seu propósito
foi o de tornar universal o culto a si mesmo (veja-se v. 25 com
Dn_11:36); tão louco estava com isto que era chamado Epímanes
(maníaco) em lugar do Epifânio. Nenhum dos governantes mundiais
anteriores: Nabucodonosor (Dn_4:31-34), Dario (Dn_6:27, 28), Ciro
(Ed_1:2-4), Artaxerxes Longímano (Ed_7:12), opuseram-se
sistematicamente ao culto religioso dos judeus. Daí a necessidade de
uma profecia que os preparasse para a vinda de Antíoco. A luta dos
Macabeus foi um fruto da profecia de Daniel (1Mc_2:59). Antíoco é o
precursor do Anticristo final, ocupando a mesma relação com a primeira
vinda de Cristo que o grande Anticristo, com a segunda vinda. Os
pecados de Israel que deram origem ao Anticristo grego, eram que
alguns judeus adotaram costumes gregos (veja-se Dn_11:30, 32),
erigindo teatros e considerando iguais todas as religiões, sacrificando a
Jeová, mas ao mesmo tempo enviando dinheiro para os sacrifícios a
Hércules. Tal será o estado do mundo quando estiver amadurecido para a
vinda do Anticristo. Nos vv. 9 e 23 a descrição passa do Antíoco literal a
rasgos que, parcialmente atribuídos àquele, são verdadeiros, em seu
sentido mais completo, só com relação a seu antítipo, o Anticristo do
Novo Testamento. Pode incluir-se também o Anticristo maometano,
correspondendo aos dos “cavalos” do Eufrates (turcos) (Ap_9:14-21),
soltos “uma hora, um dia, um mês, um ano” (391 anos, segundo a teoria
dia-ano), os quais deviam castigar aos cristãos idólatras. No ano 637 d.C,
foi fundada a mesquita maometana do Omar no lugar do templo, “o lugar
do seu santuário foi deitado abaixo” (Dn_8:11-13), e lá ainda permanece.
A primeira vitória dos turcos sobre os cristãos foi em 1281 d.C., e 391
anos depois que chegaram ao ponto culminante de seu poder e
começaram a decair, quando Sobieski os derrotou em Viena. Maomé II,
chamado “o conquistador”, reinou de 1451 a 1481 d.C., período no qual
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caiu Constantinopla; os 391 anos depois chegam até nossos dias, quando
a queda da Turquia está iminente.
se tornou muito forte para o sul — (Dn_11:25). Antíoco lutou
contra Ptolomeu Filométer e Egito, quer dizer, rumo ao sul.
para o oriente — lutou contra os que buscaram uma mudança de
governo na Pérsia.
para a terra gloriosa — Judeia, “a terra gloriosa” (Dn_11:16, 41,
45; veja-se Sl_48:2; Ez_20:6, Ez_20:15). Seu principal rasgo como
“desejável” consistia em que era a terra do povo escolhido de Deus
(Sl_132:13 : Jr_3:19). A ela Antíoco fez sua invasão depois de sua volta
do Egito.
10. Cresceu até atingir o exército dos céus — explicado no v. 24,
“fortes e povo de santos”, quer dizer, os judeus (Dn_7:21) e seus
sacerdotes (veja-se Is_24:21). O serviço dos levitas é chamado “guerra”
(Margem, Nm_8:24-25). Os grandes poderes civis e religiosos são
simbolizados por “estrelas” (Mt_24:29). Veja-se 1Mc_1:25, etc.;
1Mc_2:35, etc.; 1Mc_5:2, 1Mc_5:12-13. Tregelles refere “estrelas”
àqueles judeus cuja porção da parte de Deus é glória celestial (Dn_12:3),
sendo crentes nAquele que está acima, à mão direita de Deus; não os
judeus cegados.
das estrelas lançou por terra — assim Babel (ou Babilônia), como
tipo do Anticristo, é descrito (Is_14:13-14); “Acima das estrelas de Deus
exaltarei o meu trono”. Veja-se Ap_12:4: 2Mc_9:10 quanto a Antíoco.
11. até ao príncipe do exército — quer dizer, o próprio Deus, o
Senhor de Sabaoth, as hostes do céu e da terra, estrelas, anjos e ministros
terrestres. Assim o v. 25, “levantar-se-á contra o Príncipe dos príncipes”;
“contra o Deus dos deuses” (Dn_11:38; veja-se Dn_7:8). Opõe-se não só
ao antigo povo de Deus, mas também ao próprio Deus.
o contínuo sacrifício (RC) — ofertado de amanhã e de tarde
(Êx_29:38-39).
foi tirado (RC) — por Antíoco (1Mc_1:20-50).
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o lugar do seu santuário foi deitado abaixo — embora fossem
roubados os seus tesouros, não foi estritamente “lançado por terra” por
Antíoco. De modo que um cumprimento mais completo é futuro.
Antíoco tirou por uns anos os sacrifícios diários; os romanos, por muitas
idades, e “lançaram por terra” o templo; e o Anticristo, em cooperação
com Roma, o quarto reino, fá-lo-á outra vez, depois que os judeus em
sua própria terra, ainda incrédulos, o tiverem reedificado e restabelecido
o ritual mosaico, havendo-os entregue Deus “por causa das
transgressões” (v. 12), quer dizer, não aceitando o culto assim rendido
[Tregelles], e então, a oposição do “chifre” à “verdade” menciona-se
especificamente.
12. O exército — quer dizer, o povo santo foi entregue às suas
mãos. Assim no v. 10 usa-se “o exército”; e outra vez no v. 13, onde se
usa “põe” por “entregar” para destruição (veja-se Dn_11:6). [Maurer.]
o sacrifício contínuo (RC) — antes, (o exército foi entregue para
ser pisado), “junto com o contínuo sacrifício” (v. 13).
por causa das transgressões— 1Mc_1:11-16 atribui todas as
calamidades sofridas sob Antíoco à “prevaricação” de certos judeus que
tinham introduzido, imediatamente antes, costumes pagãos em
Jerusalém. Mas a “prevaricação” não se teria completado (v. 23) no
tempo de Antíoco; porque Onias, o sumo sacerdote, administrava as leis
piedosamente naquele então (2Mc_3:1). Portanto a “prevaricação” deve
referir-se à dos judeus que se estabeleceriam outra vez na Palestina
apesar de sua incredulidade.
a verdade — o culto ao Deus verdadeiro. Is_59:14, “a verdade
anda tropeçando pelas ruas”.
o que fez prosperou — tudo o que empreendia, prosperava (v. 4;
Dn_11:28, 36).
13. um santo — Daniel não conheceu os nomes dos dois santos
anjos, mas só viu que um falava com o outro.
Até quando durará a visão do contínuo sacrifício (RC) — Por
quanto tempo ficará suspenso o sacrifício diário?
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transgressão assoladora — quer dizer, a profanação desoladora do
templo por Antíoco (Dn_11:31; 12:11). Veja-se quanto a Roma e o
último Anticristo. Mt_24:15.
14. Ele me disse — A resposta é para Daniel, não a quem fez a
pergunta em nome de Daniel, como o “santo” ou o “anjo” (Jó_15:15;
Sl_89:6-7), fala da visão concedida a Daniel, como se tivesse sido
concedida a ele mesmo. Os homens santos nas Escrituras se representam
como tendo anjos acompanhantes, com aqueles que eles em certo modo
se identificam em interesses. Se a conversação tivesse sido limitada aos
anjos, não teria podido ser de uso para nós. Mas Deus a comunica a
homens proféticos para nosso bem, por meio do ministério de anjos.
duas mil e trezentas tardes e manhãs — lit., “manhãs e tardes” ** ,
especificadas com relação aos sacrifícios da manhã e da tarde. Veja-se
Gn_1:5. São seis anos e 110 dias. Isto inclui não só os três anos e meio
durante os quais os sacrifícios diários eram proibidos por Antíoco
(Josefo, Guerras Judias, 1:1.1), mas sim toda a série de acontecimentos
durante os quais eram praticamente interrompidos, começando com “o
chifre pequeno … cresceu … rumo à terra gloriosa” e “parte do exército
do céu … lançou por terra” (vv. 9, 10); quer dizer, quando no ano 171
a.C., ou no mês Sivã do ano 142 da era dos selêucidas, começou-se a
descuidar os sacrifícios, devido ao fato de que o sumo sacerdote Jasom
introduzia em Jerusalém costumes e diversões gregas, a palestra e o
ginásio; terminando com a morte de Antíoco, ano 165 a.C., ou o mês
Sebate, no ano 148 da era selêucida. Veja-se 1Mc_1:11-15; 2Mc_4:9,
etc. A razão pela maior minúcia de atos e datas históricas, dada nas
profecias de Daniel, que no Novo Testamento, é que, não tendo Israel
ainda as vistas claras que temos os cristãos, a respeito da imortalidade e
a herança celestial, só podiam ser dirigidos para com um futuro terrestre;
porque era sobre a terra que devia aparecer o esperado Messias, e a soma
e tema da profecia do Antigo Testamento era o reino de Deus sobre a
**
Errado; é o contrário, no hebraico está ereb boqer, que significa “tarde manhã” – Nota do Tradutor.
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terra. A minúcia da revelação do destino terrestre de Israel, era para
compensar pela ausência no Antigo Testamento, de vistas da glória
celestial. Assim, em Daniel 9, os tempos do Messias são preditos até o
próprio ano; em Daniel 8 os tempos de Antíoco, até mesmo o dia; e em
Daniel 11, as lutas siro-egípcias em detalhes muito exatos.
Tregelles crê que os 2.300 dias correspondem com a semana de
anos (Dn_9:27), durante a qual o príncipe destruidor faz uma aliança que
ele viola no meio da semana (quer dizer, no fim de três anos e meio). Os
sete anos excedem aos 2.300 dias por muito mais de meio ano. Este
período do excedente dos sete anos sobre os 2.300 dias pode ser
destinado aos preparativos necessários para estabelecer o culto no
templo, com a permissão de Antíoco aos judeus restaurados, segundo sua
“aliança” com eles; os 2.300 podem contar-se desde o estabelecimento
do culto. Mas, diz Auberlen, quanto mais exatas, até o dia, sejam as
datas a respeito de Antíoco, tão menos deveríamos dizer que os 1.200, ou
1.335 dias (Dn_12:11, 12) correspondam com a meia semana (mais ou
menos), e os 2.300 com o todo. O acontecimento, entretanto, no caso do
Anticristo, poderá mostrar uma relação entre os dias dados aqui e em
Dn_9:27, tal como não é ainda aparente. O termo 2.300 dias, não pode
referir-se aos 2.300 anos, de que seria pisado o cristianismo pelo
maometismo, como isto deixaria a parte maior ainda futura; enquanto
que o maometismo está decaindo rapidamente. Se os … 2.300 dias
querem dizer anos, contando das conquistas de Alexandre, anos 334 a
323 a.C. chegaríamos como no fim do sexto milênio do mundo, assim
como os 1.260 anos (Dn_7:25) do decreto do Justiniano chegaria ao
mesmo fim. A tradição dos judeus representa o sétimo mil como o
milênio. Cumming observa que o ano 480 a.C., é a data do decaimento
do império persa diante da Grécia; restando 480 de 2.300, temos 1.820; e
em 1.821, a Turquia, a sucessora do império grego, começou a decair, e
a Grécia veio a ser um reino independente. Veja-se Nota, Dn_12:11.
purificado — lit., “justificado” vindicado da profanação. Judas
Macabeu celebrou a festa da dedicação depois da purificação, no dia
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vigésimo quinto do nono mês, Quisleu (1Mc_4:51-58; 2Mc_10:1-7;
Jo_10:22). Quanto à dedicação antitípica do novo templo, veja-se
Ezequiel 43, etc.; também Am_9:11-12.
16. Gabriel — que quer dizer, “a fortaleza de Deus”.
17. se refere ao tempo do fim — lit., “(Será) o tempo do fim da
ira”. Assim no v. 19; Dn_11:35, 36, 40. Como o acontecimento tem que
suceder “ao tempo do fim”, estabelece a probabilidade de que o
Anticristo mencionado ultimamente (além da referência imediata a
Antíoco) neste capítulo, e o de Dn_7:8, sejam um e o mesmo. A objeção
de que o mencionado em Daniel 7 provenha das dez divisões do império
romano e de que o quarto reino, o dos capítulos 8 e 11 provenha de uma
das quatro divisões do terceiro reino, Grécia, resolve-se desta maneira:
As quatro divisões do império grego, que tinha chegado a ser parte do
império romano, no final formarão quatro de suas dez divisões.
[Tregelles.] Entretanto, a origem dentre uma das quatro partes do
terceiro reino, poderá limitar-se a Antíoco, que é o tema imediato dos
caps. 8 e 11, enquanto a última referência típica destes capítulos, quer
dizer, o Anticristo, poderá pertencer a uma das dez divisões romanas,
não necessariamente a uma anterior às quatro divisões do terceiro reino.
O próprio acontecimento, o futuro o dirá. “O tempo do fim” poderá
referir-se ao tempo de Antíoco. Porque esta é a frase profética pelo
tempo de cumprimento, visto sempre no fim do horizonte profético
(Gn_49:1; Nm_24:14).
19. último tempo da ira — o desagrado de Deus com os judeus por
causa de seus pecados. Para seu consolo lhes diz que as calamidades que
estão por vir, não devem ser para sempre. O “tempo” está limitado
(Dn_9:27; 11:27, 35, 36; 12:7; Hb_2:3).
21. o primeiro rei — Filipe foi rei da Macedônia antes de
Alexandre, mas este foi o primeiro que, como generalíssimo da Grécia,
subjugou ao império persa.
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22. não com força igual à que ele tinha — não com o poder que
tinha Alexandre. [Maurer]. Um império unido, como sob Alexandre, é
mais poderoso que um dividido, como sob os quatro sucessores dele.
23. quando os prevaricadores acabarem — Isto não é verdade
quanto aos tempos de Antíoco, mas sim dos tempos finais da
dispensação cristã. Veja-se Luc_18:8, e 2Tm_3:1-9, quanto à maldade
do mundo em geral, imediatamente antes da segunda vinda de Cristo. A
culpa de Israel, também, estará cheia então, quando os que tiverem
rejeitado ao Cristo, receberão ao Anticristo; cumprindo as palavras de
Jesus: “Eu vim em nome de meu Pai, e não me recebeis; se outro vier em
seu próprio nome, certamente, o recebereis” (Veja-se Gn_15:16;
Mt_23:32; Jo_5:43; 1Ts_2:16).
feroz de cara (RC) — (Dt_28:50); um que não perdoará nem
velhos nem jovens.
especialista em intrigas — antes, “em artifícios”. [Gesênius.]
Antíoco fez-se dono sucessivamente do Egito e de Jerusalém por astúcia
(1Mc_1:30, etc.; 2Mc_5:24, etc.).
24. não por sua própria força — a qual no princípio era
“pequena” (v. 9; Dn_7:8); mas ganhando a outros por astúcia, o chifre
uma vez pequeno, veio a ser “poderoso” (veja-se v. 25; Dn_11:23), o
que será realizado plenamente pelo Anticristo. Ele operará pelo poder de
Satanás, a quem então se permitirá operar por meio dele com licença sem
limites, tal como não tem feito até agora (Ap_13:2); daí que os dez reis
darão seu poder à besta (2Ts_2:9-12; Ap_17:13).
prosperará e fará — terá êxito em tudo o que empreender (v. 12).
o povo santo — suas perseguições são dirigidas especialmente
contra os judeus.
25. por causa da tranquilidade (RC) — fingindo “paz” e amizade,
“no meio da segurança” [Gesênius], repentinamente pegando o golpe
(veja-se Nota, Jr_15:8). “Um destruidor ao meio-dia”.
contra o Príncipe dos príncipes — não somente contra os judeus
(v. 11; Dn_11:36).
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será quebrado sem esforço de mãos humanas — por uma
visitação especial de Deus. A pedra “cortada da montanha sem auxílio de
mãos”, quer dizer, Cristo, deve ferir a imagem do poder mundial em seus
pés (Dn_2:34), quer dizer, em seu último desenvolvimento (veja-se
Dn_7:11). A horrível morte de Antíoco por vermes e úlceras, quando
estava no caminho a Jerusalém, pensando vingar-se pela derrota de seus
exércitos pelos Macabeus, foi um cumprimento primeiro, prefigurando o
juízo de Deus sobre o último inimigo da Igreja judia.
26. preserva a visão — dando a entender que não seria
compreendido no momento. Em Ap_22:10 diz-se: “Não seles as palavras
da profecia deste livro; porque o tempo está perto.” O que no tempo de
Daniel estava escondido, foi esclarecido mais completamente no
Apocalipse, e à medida que se aproxime o tempo, será ainda mais claro.
porque se refere a dias ainda mui distantes — refere-se a tempos
remotos (Ez_12:27).
27. estive enfermo — por pesar por causa das calamidades que
vinham sobre o meu povo e a igreja de Deus (veja-se Sl_102:14).
então, me levantei e tratei dos negócios do rei — aquele que
mantém a comunhão mais íntima com o céu, melhor poderá cumprir os
deveres da vida comum.
não havia quem a entendesse — tinha ouvido de reis, mas não
conhecia seus nomes; previu os acontecimentos, mas não o tempo em
que deviam suceder; portanto só podia sentir-se “espantado”, e deixar
tudo com o Deus Onisciente. [Jerônimo].
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