Você está na página 1de 12

Direito

Internacional
Privado
Aula 10 – Alimentos
Professora Daiana Seabra
Alimentos no DIPri
• “Os alimentos podem ser conceituados como prestações direcionadas à
sobrevivência de uma pessoa, devendo ter aptidão para proporcionar a
manutenção cotidiana mediante o atendimento de suas necessidades.”
(TARTUCE, F.; DELLORE, L.G.P. Alimentos provisionais: atualidades
polêmicas. In: MACHADO, A. C. C.; VEZZONNI, M. (Org.) Processo cautelar:
estudos avançados. São Paulo: Manole, 2010, v. 1, p. 164)
• As 4 principais causas jurídicas da obrigação alimentar são: vínculo
familiar, testamento, responsabilidade civil e convenção.
• No direito brasileiro, são relevantes para esse assunto as seguintes leis:
Lei de Alimentos Nº 5.478/1968; Código Civil arts. 1.694 ao 1.710; Lei
dos Alimentos Gravídicos Nº 11.804/2008 e o Código de Processo Civil.
Alimentos no DIPri
• Na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), inexistem
dispositivos que versem sobre alimentos.
• No CPC, a competência da justiça brasileira para julgar ações sobre
alimentos é concorrente:
“Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e
julgar as ações:
I - de alimentos, quando:
a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil;
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de
bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos;
(...)”
Alimentos no DIPri
• A reforma do CPC colocou o Brasil alinhado com as Convenções
Internacionais sobre alimentos:
• Convenção sobre a prestação de alimentos no estrangeiro celebrada em
Nova Iorque 31 de dezembro de 1956 FOI SUBSTITUÍDA pela Convenção
de 2007
• Convenção Interamericana sobre Obrigação Alimentar (Montevidéu, em
15 de julho de 1989, promulgada e publicada pelo Decreto Nº 2.428 de
17 de dezembro de 1997)
• Convenção sobre a Cobrança Internacional de Alimentos para Crianças e
Outros Membros da Família e Protocolo sobre a Lei Aplicável às
Obrigações de Prestar Alimentos (Haia, 23 de novembro de 2007,
promulgados e publicados no Brasil pelo Decreto Nº 9.176 de 19 de
outubro de 2017)
Convenção de Haia de 2007
• São 40 Estados que ratificaram/aderiram à Convenção de Haia para
Cobrança Internacional de Alimentos para Crianças e Outros Membros da
Família: Albânia, Alemanha, Áustria, Bielorrússia, Brasil, Bulgária, Burkina
Faso, Bélgica, Bósnia e Hezergovina, Canadá, Cazaquistão, Chipre,
Croácia, Eslováquia , Eslovênia, Espanha, EUA, Estônia, Finlândia, França,
Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta,
Montenegro, Noruega, Países Baixos, Polônia, Reino Unido da Grã-
Bretanha e Irlanda do Norte, República Tcheca, Romênia, Suécia, Turquia,
Ucrânia e União Europeia.
• A cooperação se dá através das Autoridades Centrais, indicadas por cada
um dos Estados-parte. No Brasil, a Autoridade Central desse tratado é o
Ministério Público Federal (ver artigos 4º ao 8º)
Convenção de Haia de 2007
“Artigo 1. A presente Convenção tem por Filiação de
objeto assegurar a eficácia da cobrança pessoa
menor de
internacional de alimentos para crianças e 21 anos
outros membros da família, principalmente
ao:
a) estabelecer um sistema abrangente de
cooperação entre as autoridades dos
Estados Contratantes; Obrigações
b) possibilitar a apresentação de pedidos de prestar
para a obtenção de decisões em matéria de alimentos
alimentos; relativas à
c) garantir o reconhecimento e a execução Pessoas
vulneráveis
de decisões em matéria de alimentos; e Relação
(a critério
conjugal
d) requerer medidas eficazes para a rápida dos
Estados)
execução de decisões em matéria de
alimentos.”
Convenção de Haia de 2007
• Os Estados podem limitar a aplicação da Convenção a pessoas menores
de 18 anos (art. 2º, §2º)
• Os Estados podem estender a aplicação da Convenção a outras
obrigações de prestar alimentos, incluindo especialmente as obrigações
relativas a pessoas vulneráveis (art. 2º §3º)
• Credor = a pessoa a quem são devidos os alimentos
• Devedor = pessoa que deve ou de quem se reclama alimentos
• Em regra, será GRATUITA a assistência jurídica para pedidos em matéria
de alimentos para pessoa menor de 21 anos e decorrente de relação de
filiação (art. 15)
Convenção de Haia de 2007
Medidas de Execução (art. 34) Conteúdo mínimo do pedido (art. 11)
• Retenção de salário; • Declaração relativa à natureza do (s) pedido(s);

• Nome e dados de contato do demandante,


• Bloqueio de contas bancárias ou de outras incluídos endereço e data de nascimento;
fontes;
• Nome do demandado e, quando conhecidos,
• Deduções nas prestações do seguro social; endereço e data de nascimento;

• Gravame ou alienação forçada de bens; • Nome e data de nascimento de qualquer pessoa


para qual se solicite alimentos.
• Retenção do reembolso de tributos;
• Motivos em que se fundamenta o pedido;
• Informação aos organismos de crédito; • Quando a demanda for apresentada pelo credor,
informação relativa ao local ao qual deve ser
• Denegação, suspensão ou revogação de enviado ou eletronicamente transmitido;
certas permissões (carteira de habilitação
p. ex.); • Qualquer informação ou documento especificado
por declaração formulada pelo Estado Requerido;
• Recurso à mediação, conciliação ou a
outros meios alternativos de solução de • Nome e dados de contato da pessoa ou do setor
litígios que favoreçam a execução da Autoridade Central do Estado Requerente
voluntária. responsável pelo processamento do pedido.
Protocolo sobre a lei aplicável às
obrigações de prestar alimentos
• Âmbito de aplicação: Art. 1º “O presente Protocolo definirá a lei aplicável à
obrigação de prestar alimentos resultante de relações de parentesco, filiação,
casamento ou afinidade, inclusive a obrigação de prestar alimentos em relação a
crianças, independentemente do estado civil dos pais”
• Aplicação universal do Protocolo: Aplica-se mesmo que a lei aplicável indicada seja
aquela de um Estado não-contratante (art. 2º)

Situação Jurídica Lei Aplicável (Regra de Conexão)


Obrigação de prestar alimentos Lei do Estado de residência habitual do
(REGRA GERAL, art. 3º) CREDOR
Protocolo sobre a lei aplicável às
obrigações de prestar alimentos
Exceções à regra geral do art. 3º: Regras específicas:
• No caso de obrigação de prestar • Estados que adotem o conceito de
“domicílio” em matéria de família
alimentos entre cônjuges ou ex- poderá comunicar tal fato e a
conjuges (art. 5º) palavra “nacionalidade” será
substituída por domicílio (art. 9º)
• Quando NÃO for obrigação de
prestar alimentos surgidas das • Está excluído o reenvio , ou seja,
relações de filiação, o devedor não se aplicam as normas de
poderá se opor com base na lei do conflito de leis do ordenamento
seu Estado de residência habitual jurídico indicado (art. 12)
(art. 6) • A aplicação de determinada lei
indicada de acordo com o
• É possível que credor e devedor Protocolo somente poderá ser
designem de comum acordo a lei recusada se violar a ordem pública
aplicável a uma obrigação de (art. 13)
prestar alimentos, (art. 8º)
Convenção Quanto ao tipo Competência
Interamericana sobre de obrigação jurisdicional do
Obrigação Alimentar alimentar Estado de:

•Convenção feita no âmbito da


Organização dos Estados Americanos Domicílio ou
Menores de 18
(OEA) em Montevidéu, 1989 residência habitual
anos
do CREDOR
•Fazem parte da Convenção 15 Estados:
Argentina. Belize, Bolívia, Brasil,
Colômbia, Costa Rica, Equador,
Guatemala, México, Panamá, Paraguai, Relações Domicílio ou
Peru, Uruguai e Venezuela matrimoniais entre residência habitual
(ex)cônjuges (Esse do DEVEDOR, ou
• Toda pessoa tem direito a receber local no qual o
tipo de obrigação
alimentos sem distinção de pode ser excluída DEVEDOR tem
nacionalidade, raça, sexo, religião, pelo Estado renda ou bens
filiação, origem, situação migratória ou contratante)
qualquer outro tipo de discriminação
(art. 4)
Convenção Interamericana sobre Obrigação Alimentar
PARA REGER: APLICA-SE: (ART. 6)

• A obrigação alimentar; A ordem jurídica mais favorável ao CREDOR, a


• A qualidade de credor; critério da autoridade competente, entre:
• A importância do crédito de alimentos e a) O ordenamento jurídico do Estado de
condições para torná-lo efetivo; domicílio ou residência habitual do CREDOR;
• Determinação daqueles que podem promover a b) O ordenamento jurídico do Estado de
ação de alimentos em favor do credor; domicílio ou residência habitual do DEVEDOR;
• As demais condições necessárias para o
exercício do direito aos alimentos.

Você também pode gostar