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Tensão de Von Mises e o Critério de Escoamento de VM

A ideia da tensão de Von Mises foi proposta primeiro por Huber em 1904. Entretanto, apenas recebeu
atenção em 1913 quando Richard Von Mies propôs novamente. Enquanto ambos apenas propuseram uma
equação matemática, foi Heinrich Hencky que desenvolveu a ideia de “Tensão de Von Mises” como uma
interpretação física plausível.

Vamos começar considerando um simples teste de tração uniaxial num espécime dúctil e isotrópico.

Como mostrado na figura acima, o material começa a se deformar elasticamente até o limite elástico (ou
limite de escoamento), seguido de algum “escoamento”, “estricção” e finalmente ruptura na tensão
última.

Esse ponto (ou tensão) no qual o comportamento do material se transforma de comportamento elástico em
plástico é conhecido como “Tensão de Escoamento”. Nós geralmente dizemos que o material escoou se a
tensão é maior que a resistência de escoamento. Entretanto, é importante notar que a tensão é um tensor e
não apenas um número isolado (ou escalar). Digamos que o material está sendo tracionado na direção x-x.
É tecnicamente preciso dizer que o material começa a escoar quando a componente x-x de tensão é maior
que a tensão de escoamento.

Entretanto, em aplicações da vida real, os tensores de tensão são mais genéricos e não essencialmente
uniaxiais. É provável que cada componente do tensor de tensões seja não-nulo. Nesse caso, como alguém
pode dizer que o material começou a escoar? Ou como podemos dimensionar componentes de forma que
alguém esteja certo de que estão dentro do limite de escoamento? Qual é o número escalar que podemos
usar para compara com a tensão de escoamento encontrada experimentalmente?

Para proceder mais é necessário entender algo da terminologia essencial e frequentemente usada na área
de modelagem de plasticidade e inelasticidade. O tensão de tensões tem 6 componentes independentes e
pode ser decomposto em parte volumétrica (ou hidrostática) e parte desviadora. Similarmente, o tensor de
deformações pode também ser decomposto em deformações análogas.

Matematicamente, a deformação e tensão volumétrica podem ser definidas como um terço do traço do
tensor de tensões e deformações. A diferença gera a parte desviadora.
A deformação volumétrica corresponde puramente a uma mudança no volume do objeto sem mudanças
no seu formato. Seria como escalar o objeto. Em contraste, a deformação desviadora corresponde a
efeitos de cisalhamento e distorção observados.

Energia de Distorção e Tensão de Von Mises

Agora que entendemos a ideia de deformações volumétrica e desviadora, podemos ir em frente e definir
energia de distorção.

Devemos sempre lembrar que o comportamento mecânico dos materiais são também governados pelas
duas leis da termodinâmica. A primeira lei da termodinâmica diz que a energia não é nem criada nem
destruída. É apenas convertida de uma forma em outra. Então, quando uma força mecânica age num
corpo (ou na aplicação de um deslocamento prescrito), algum trabalho está sendo colocado no corpo. Essa
energia é armazenada como energia de deformação no corpo. A densidade de energia de deformação é
definida como:

Em outras palavras, essa é a energia de deformação total armazenada em cada volume diferencial do
corpo. Se essa energia de deformação é somada em todos os volumes diferenciais do corpo (ou chamado
de integração sobre o volume do corpo), podemos obter o total de energia de deformação armazenada no
corpo.

Desse total uma parte vai para alteração do volume do material (ou deformação volumétrica) e é
conhecida como energia volumétrica. O resto da energia é usada para distorcer a forma do material e é
conhecida como energia desviadora. A tensão de Von Mises é relacionada a essa componente da tensão
total que vai para a energia de distorção. Em termos matemáticos:

Onde os subíndices “v” e “d” representam as partes volumétricas e desviadoras. Entretanto, o produto de
qualquer tensor volumétrico e desviador é sempre zero. Assim, a densidade de energia de deformação se
reduz a:

Onde o total de energia pode ser escrito em termos de partes volumétricas e desviadoras. Agora podemos
reescrever a energia de deformação desviadora por meio de uma “tensão escalar representativa” como:

A tensão representativa aqui é a tensão de Von Mises. A tensão de Von Mises para o caso de tensão 1D
fica:
Tensão principal

O próximo assunto importante a considerar é a ideia de tensão principal. Numa situação genérica, a
tensão é uma matriz cheia e simétrica. Nessa situação, é difícil fazer decisões de projeto considerando
simplesmente informações de testes uniaxiais simples. Entretanto, em qualquer situação, vai existir um
plano que está sujeito a carga puramente volumétrica. Rotacionando um tensor de tensões qualquer leva a
uma matriz diagonal. Os elementos diagonais são conhecidos como tensões principais.

Critério de Escoamento de Von Mises

O termo derivado acima, com a raiz de 2/3, para a tensão representativa ou tensão de Von Mises para
familiar. As três tensões principais podem ser tratadas como as coordenadas e a tensão de Von Mises
resultante pode ser plotada.

A figura abaixo mostra o critério de escoamento no espaço de tensões principais. Qualquer estado de
tensões pode ser convertido nas três tensões principais, que, se consideradas as 3 coordenadas, a tensão de
VM para diferentes combinações leva à superfície cilíndrica mostrada na figura.

Em outras palavras, isso significa que os estado de tensões em qualquer ponto está no cilindro, então o
material começou a escoar nesse ponto da estrutura. Similarmente, o critério de escoamento de Tresca é
definido baseado na máxima tensão normal e de cisalhamento possível que o material pode aguentar.

Conclusão

Geralmente as estruturas consistem de materiais como aço que apresentam deformação plástica e
escoamento antes de romperem. É sempre preferível dimensionar estruturas de forma que estejam dentro
do limite elástico e não escoem. Enquanto a maior parte do experimentos são de condições simples de
carga (como tração uniaxial), projetistas geralmente enfrentam uma dilema de como relacionar isso com
condições genéricas de carga observadas na realidade.

Apesar de a tensão de VM soar exótica, é apenas uma métrica para determinar se a estrutura começou a
escoar em algum ponto. As tensões calculadas em qualquer ponto podem ser matematicamente escritas
como um escalar, que então pode ser comparada com pontos de escoamento observados
experimentalmente.

Por: Ajay Harish

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