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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA – UNIPÊ


CURSO DE DIREITO
NÚCLEO DE MONOGRAFIA

ANA LUÍZA FÉLIX SEVERO

DIREITO E CIDADANIA DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO FEMININA NO


ESTADO DA PARAÍBA

JOÃO PESSOA
2013
1

ANA LUÍZA FÉLIX SEVERO

DIREITO E CIDADANIA DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO FEMININA NO


ESTADO DA PARAÍBA

Trabalho de Conclusão de Curso – TCC


apresentado ao Centro Universitário de João
Pessoa – UNIPÊ, como requisito parcial para
a obtenção do título Bacharel em Direito.

Orientador (a): Profa Mestre Wânia


Claudia Gomes Di Lorenzo Lima

Acadêmica Ana Luíza Félix Severo

Área: Direito da Criança e do Adolescente

JOÃO PESSOA
2013
2

TERMO DE RESPONSABILIDADE

ANA LUÍZA FÉLIX SEVERO responsabiliza-se integralmente pelo conteúdo da


Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Direito do Centro Universitário de João
Pessoa – UNIPÊ, sob o título “DIREITO E CIDADANIA DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE
INTERNAÇÃO FEMININA NO ESTADO DA PARAÍBA,” eximindo terceiros de eventuais
responsabilidades sobre o que nela está escrito.

João Pessoa, novembro de 2013.

ANA LUÍZA FÉLIX SEVERO

RG 2.840.260 SSP-PB
3

ANA LUÍZA FÉLIX SEVERO

DIREITO E CIDADANIA DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO FEMININA NO


ESTADO DA PARAÍBA

Trabalho de Conclusão de Curso – TCC


apresentado ao Centro Universitário de João
Pessoa – UNIPÊ, como requisito parcial para
a obtenção do título Bacharel em Direito.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________

Profa. Wânia Cláudia Gomes Di Lorenzo Lima

Orientadora

________________________________________

1º Examinador

________________________________________

2º Examinador

JOÃO PESSOA
2013
4

Dedico este trabalho as adolescentes da


Casa Educativa que tão bem me receberam e
aceitaram participar desta pesquisa.
5

AGRADECIMENTOS

A Deus, que é Pai, Filho e Espírito Santo pelo dom da vida e pelas maravilhas
concedidas a mim, e também a Nossa Senhora Aparecida por sua intercessão.

Aos meus pais pela educação que me proporcionaram, pelo apoio em todas as minhas
escolhas e por terem me escolhido como filha.

Aos meus irmãos e aos meus cunhados pelos momentos lúdicos.

A pequena Júlia que me encanta com seus cinco anos de vida.

A toda a minha família, em especial aos meus avôs maternos pelo carinho e amor.

A minha orientadora pela paciência e cobrança que foram extremamente necessárias e


por ter compartilhado comigo seu conhecimento.

A todos que fazem a Fundac e a Casa Educativa pela colaboração na minha pesquisa
de campo.

A todos os mestres e doutores citados neste trabalho que muito concorreram para o
meu conhecimento.

As minhas amigas por compreenderem as minhas ausências.

A Diágoras que divide comigo ao longo de dezessete anos momentos importantes das
nossas vidas.

Aos meus amigos da Paróquia São José por mudarem completamente a minha rotina
nos fins de semana.

Enfim, a minha sincera gratidão a todos que contribuíram para a realização de mais
uma etapa da minha vida.
6

“Eu sou aquilo que consegui fazer com o que


fizeram de mim”

Jean-Paul Sartre (1987)


7

RESUMO

O presente trabalho monográfico teve por objetivo analisar a medida socioeducativa de


internação frente ao processo de construção da cidadania na Casa Educativa da
Fundação de Desenvolvimento da Criança e do Adolescente, no Estado da Paraíba. A
idéia de realizar esta pesquisa proveio da ausência de estudos na medida
socioeducativa de internação feminina, em trazer os princípios específicos para a
aplicação de uma medida digna, breve e proporcional promovendo a educação, sem
deixar de lado a resposta imposta pelo Estado a fim de obter uma ressocialização
eficaz. Como também do despertar de que para o direito regulador e coercitivo existir se
faz necessário que as pessoas acatem os seus valores fundamentais; e que a
cidadania em suas várias dimensões é o meio para a efetivação desses direitos. O
levantamento dos dados foi realizado através de aplicação de questionário com
perguntas abertas e fechadas tanto às internas quanto à gestão da unidade, além de
pesquisa bibliográfica, utilizando aporte teórico das ciências sociais e jurídica. A
metodologia utilizada foi a de campo descritiva. O universo amostral compreendeu
quinze adolescentes internas no mês de julho de 2013 que desejaram participar do
estudo. Através de pesquisa de campo realizada na unidade de internação feminina
pudemos identificar o modo como as adolescentes receberam ou exerceram o direito e
a cidadania dentro daquela casa, de acordo com as leis específicas que as regulam.
Procuramos também delinear o perfil das adolescentes que cometem atos infracionais,
analisamos o descumprimento de normas jurídicas dentro de incongruências históricas,
que criam e recriam a realidade social da delinquência juvenil e examinamos os
aspectos socioeconômicos demográficos. Apontamos algumas reflexões sem a
ambição de exaurir o tema e os resultados percebidos. Por fim, não se deseja vitimizar
a adolescente feminina, mas levantar que são diversos fatores que se unem no cenário
de vulnerabilidade social feminina tanto na vida pregressa quanto nas instituições de
internação impossibilitando o exercício efetivo da cidadania e consequentemente do
direito.

Palavras-chave: Direito. Cidadania. Medida socioeducativa. Internação feminina.


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ABSTRACT

This monograph aims analyze the educational measure of internment against the
construction of citizenshipin the Educational House of Development Foundation for
Children and Adolescents in the State of Paraíba. The idea to conduct this study
stemmed from the absence of studies in educational measure of female internment to
bring specific principles for the application of a measure worthy, and soon proportional
promoting education, without forgetting the response required by the State in order to
obtain an effective rehabilitation. As well as that of awakening for the right regulatory and
coercive exist it is necessary that people abide by their core values, and that
citizenshipin its various dimensions is the means for the realization of these rights. The
survey data was conducted through a questionnaire with open and closed questions to
both the internal and the management unit, addition to literature, using theoretical social
sciences and law. The methodology used was analysis of field data. The sample
universe comprised fifteen internal teenagers in July 2013 who wished to participate.
Through field research conducted at the female internment unit we identify how
adolescents received or exercised the right and citizenship inside that house, according
to the specific laws that regulate them. We also sought to define the profile of
adolescents who commit criminal acts, we analyzed the breach of legal rules with in
historical in congruities that create and recreate the social reality of juvenile delinquency
and examine the aspects socioeconomic demographic. We point out some reflections
without the ambition to exhaust the subject and the perceived results. Finally, do not
want to victimize the adolescent, but raise that there are several factors that come
together in the setting of social vulnerability of the women, both in early life as well as in
residential institutions preventing the effective exercise of citizenship and thus the right.

Keywords: Right. Citizenship. Educational measure. Female Internment.


9

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................ 14
2 MEDIDA SOCIOEDUCATIVA....................................................... 17
2.1 A RELAÇÃO HISTÓRICA DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES
COM AS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS..................................... 17
2.2 ESPÉCIES DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA E OS PRINCÍPIOS
NORTEADORES DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE
INTERNAÇÃO................................................................................. 21
3 A MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO NO ESTADO
DA PARAÍBA................................................................................. 29
3.1 A UNIDADE FEMININA DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE
INTERNAÇÃO NO ESTADO DA PARAÍBA.................................... 31
3.2 DIREITO E CIDADANIA.................................................................. 33
3.2.1 Reflexos na população feminina em medida socioeducativa de
internação no Estado da Paraíba..................................................... 33
4 DESCRIÇÃO DA PESQUISA DE CAMPO..................................... 37
4.1 AMOSTRA.................................................................................... 37
4.2 PROCEDIMENTO......................................................................... 38
4.3 INSTRUMENTO............................................................................ 39
4.4 RESULTADO E DISCUSSÃO......................................................... 40
4.4.1 Dados socioeconômicos demográfico....................................... 40
4.4.2 Representação e prática social................................................... 48
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................ 52
REFERÊNCIAS .............................................................................. 55
APÊNDICES
APÊNDICE A: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para
Responsável pela Adolescente....................................................... 60
APÊNDICE B: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para
as Gestoras..................................................................................... 64
10

APÊNDICE C: Termo de Assentimento.......................................... 67


APÊNDICE D: Ficha de Coleta de Dados....................................... 70
APÊNDICE E: Roteiro De Questionário Semi-Estruturado............. 81
ANEXOS
ANEXO A: Termo de Anuência....................................................... 85
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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Média de Internações Femininas

Gráfico 2 - Adolescentes por Faixa Etária

Gráfico 3 - Estado Civil das Adolescentes

Gráfico 4 - Grau de Reincidência Feminino

Gráfico 5 - Quantidade de Filhos por Adolescente


12

LISTA DE SIGLAS

ABMP - Associação Brasileira de Magistrados e Promotores da Infância e Juventude

CEA – Centro Educacional do Adolescente

CEJ – Centro Educacional do Jovem

CONANDA - O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente

CNJ - Conselho Nacional de Justiça

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente

FEBEMAA – Fundação Estadual do Bem Estar do Menor Alice de Almeida

FONACRIAD - Fórum Nacional de Organizações Governamentais de Atendimento à


Criança e ao Adolescente

FUNDAC – Fundação de Desenvolvimento da Criança e do Adolescente Alice de


Almeida

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

LBV - Legião Brasileira de Assistência

ONU – Organização das Nações Unidas

PETI - Programa de Erradicação ao Trabalho Infantil

PROAFE - Programa de Atenção ao Egresso e a Família


13

SEDH – Secretaria de Estado de Desenvolvimento Humano


SETRASS - Secretária do Trabalho e Serviços Sociais

SINASE – Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo

STF – Supremo Tribunal Federal

SUAS - Sistema Único de Assistência Social


14

1 INTRODUÇÃO

Por muito tempo as mulheres enfrentaram lutas e tiveram conquistas no que se


referem às garantias de direitos sociais, políticos, econômicos. A mulher também
passou a lutar por mais espaço na relação com o masculino. No entanto, ainda é vista
de modo desigual seja a respeito da sexualidade ou da vulnerabilidade a que o gênero
está exposto.
Ao focarmos nas adolescentes sabemos que esse período de transição entre a
fase infantil e adulta elas passam por várias mudanças biológicas, psíquicas e sociais, é
um período de conflitos pessoais, pois a adolescente absorverá influências culturais da
família, amigos e da sociedade.
Assim por pouco se saber sobre as adolescentes autoras de atos infracionais,
suas vulnerabilidades, demandas e até que ponto a influência da sociedade está
diretamente ligada ao seu comportamento com suas ações positivas ou negativas,
sabendo que se faz necessária uma responsabilidade dos seus atos para se buscar a
cidadania, desde que esta medida esteja acompanhada do devido processo legal.
Também despertamos para o fato de que para o direito regulador e coercitivo
existir se faz necessário que as pessoas acatem os seus valores fundamentais; e que a
cidadania em suas várias dimensões é o meio para a efetivação desses direitos. O
objetivo do presente trabalho é analisar a forma que as adolescentes internas da Casa
Educativa buscam seus direitos através da cidadania para o cumprimento da medida
socieducativa de internação.
Pesquisas do Conselho Nacional de Justiça (2013); CONSTANTINO (2001);
DELL’AGLIO, SANTOS, BORGES (2004); mostram um aumento significativo dos atos
infracionais cometidos por elas em todo o Brasil. E a medida socioeducativa de
internação representa uma forma em garantir ao autor da prática de ato infracional o
direito e a cidadania para atingir a ressocialização de forma eficaz.
A aplicação da medida socioeducativa de internação será mais justa na medida
em que se possa aplicar mais efetivamente o princípio da excepcionalidade,
15

proporcionalidade e brevidade, levando-se em conta também os princípios da


legalidade e da mínima intervenção do estado.
Sabemos que a medida socioeducativa de internação serve para o cumprimento
da infração penal cometida pela pessoa em desenvolvimento, mas a efetividade
depende entre outros dos valores morais dos juízes que irão aplicar a medida, pois o
tempo penal não vem determinado para cada tipo de infração, tornando-se injusta.
Indagamos se o crescimento da população de internação socioeducativa
feminina ocorre por influências dos parceiros, ou se o meio social com as suas
deficiências em concretizar a cidadania contribuem de forma direta para o aumento da
criminalidade juvenil feminina.
A pesquisa de campo de cunho qualitativo e descritiva foi realizada na Casa
Educativa, onde utilizamos o método de abordagem indutivo, usamos técnicas da
entrevista semiestruturada para aplicar os questionários semi estruturados, que
continham perguntas abertas, fechadas e avaliativas, que foi respondido pelas próprias
internas e também pelas gestoras da unidade. Além da pesquisa bibliográfica e
documental, onde foi feita a seleção, fichamento e arquivamento de informações
relacionadas à pesquisa.
A Casa Educativa foi escolhida por ser a única unidade de internação feminina
na Paraíba e também pouco explorada, já que nos textos pesquisados muito se refere
às unidades masculinas por apresentar maior população interna e também por
participar ou arquitetar infrações mais graves. No entanto, os dados coletados naquela
unidade serão mais precisos por está concentrada a internação feminina de todo o
Estado. Ainda pretendemos verificar qual o município que mais aplica medida de
internação feminina, os motivos e se ela está proporcional ao tipo infracional.
Grande têm sido os questionamentos do aumento da internação feminina na
Paraíba e no Brasil. O Conselho Nacional de Justiça, o Conselho Nacional do Ministério
Público, o Conselho de Direitos Humanos da Paraíba têm fiscalizado constantemente
as unidades para tentar garantir um espaço adequado, com atividades pedagógicas e
sociais constantes no Estatuto da Criança e do Adolescente e também na Lei nº
12.594/12 (Sinase) e, assim, diminuir a reincidência das adolescentes.
16

O problema que nos incomodou e tornou possível pensar neste tema para a
monografia foi saber em que medida a unidade socioeducativa no estado da Paraíba
tem gerenciado o direito e a cidadania na internação feminina; seria a maneira que está
sendo administrada em nosso Estado que facilitará ou não o processo de
ressocialização das internas possibilitando a diminuição da reincidência infracional.
Será que a medida socioeducativa de internação representa uma forma de garantir ao
autor da prática de ato infracional o direito e a cidadania para atingir a ressocialização
de forma excepcional, breve, digna, humana e proporcional.
Assim, o primeiro capítulo deste trabalho traz a relação histórica das crianças e
adolescentes com as medidas aplicadas em resposta ao ato infracional cometido,
lembrando um pouco do primeiro Código Penal que tratou dos adolescentes que
tivessem praticado ato ilícito até promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA), que passou a ver a criança e o adolescente como pessoas de direitos especiais.
Destacamos os vários tipos de medida, em especial a de internação e passamos
conhecer um pouco sobre a Casa Educativa.
O segundo capítulo é destinado às reflexões da natureza metodológica
relacionadas ao tema proposto. Buscamos compreender como são construídos o
Direito e a Cidadania dentro da Casa Educativa, a partir do referencial legal, das
próprias adolescentes e também das gestoras. Para tanto, utilizamos as gerações dos
direitos fundamentais, inspirados no modelo francês como referencial teórico.
O terceiro capítulo visa demonstrar os dados socioeconômicos demográfico e as
representações sociais como as adolescentes em cumprimento da medida
socioeducativa de internação que vão além do senso comum, confrontando-se com a
criminalização da pobreza, do vício em drogas, de modo que levam adiante práticas
ilícitas em nome do afeto, amizade, vontade, aceitação no grupo e forma de mostrar
autossuficiência.
Não pretendemos exaurir o tema, sendo os resultados a forma como
percebemos o trabalho ao longo da pesquisa.
17

2 MEDIDA SOCIOEDUCATIVA

Para se chegar à denominação medida socioeducativa é preciso compreender o


processo histórico de violação dos direitos fundamentais da criança e do adolescente
que tem como característica o atraso das leis para tratar do adolescente, pois em
medidas normativas iniciais se configuraram grave ofensa ao sujeito em
desenvolvimento. No entanto, surgiu a compreensão de que além do caráter punitivo
existe a necessidade e finalidade primacial pedagógica, garantindo todos os direitos
fundamentais para um bom desenvolvimento biopsicossocial do sujeito.
Analisaremos a seguir o histórico das primeiras leis ou decretos que tiveram a
intenção em punir ou educar o adolescente infrator em situação vulnerável até chegar à
medida socioeducativa, nomenclatura e modelo adotado pelo ECA; como também os
princípios, as espécies das medidas socioeducativas e conhecer a fundação
responsável pela aplicabilidade no Estado da Paraíba.

2.1 A RELAÇÃO HISTÓRICA DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM AS MEDIDAS


APLICADAS EM RESPOSTA AO ATO INFRACIONAL

A história da criança1 nos mostra que ela passou por um processo de


desvalorização, sofrimento e falta de cuidado, desde a Antiguidade até a Pós-
Modernidade, e esse processo pode ser visto de diferentes formas, desde a matar 2,
vender como escrava, condenar à morte, castigar com chicotadas, negação de direitos
individuais, entre tantas outras.
No Brasil, foi a partir do Império que surgiram os primeiros artigos no Código
Penal (1831) tratando dos menores de idade que tivessem agido ilicitamente de forma
consciente, nele o art. 10 limita a inimputabilidade, ao conter que, não serão julgados
“os menores de quatorze anos”. No entanto, no art. 13 reza que se ficar provada à ação
ilegal com discernimento dos menores de catorze anos “deverão ser recolhidos as

1
Quando não vier especificado o termo criança e adolescente, para este trabalho consideramos criança
todo ser humano com menos de dezoito anos de idade, como também é adotado pela Declaração
Universal dos Direitos da Criança.
2
Neste período não se tinha o sentimento pela criança ou jovem, o pai poderia matá-lo, condená-lo à
morte, vendê-lo como escravo, excluí-lo da família, se assim julgasse necessário (ARIÈS, 1981).
18

casas de correção, pelo tempo que ao Juiz parecer, com tanto que o recolhimento não
exceda a idade de dezessete anos”.
Percebemos que esta forma de inserção no Código Penal foi a primeira tentativa
do Brasil-Império em legislar sobre a conduta negativa desses infratores, sendo
privados de sua liberdade e colocado em casas de correção.
Com a implantação da República o país dá início a um novo regime, no qual
perdura até os nossos dias. A sobrevivência continuava difícil para as crianças e
adolescentes, o Código Penal (1890) pouco mudou, mas introduziu no art. 27,
parágrafo primeiro, os inimputáveis, “os menores de 9 anos completos” sem a exceção
do discernimento que figura no parágrafo segundo de mesmo artigo “os maiores de 9 e
menores de 14, que obrarem sem discernimento”.
O Código Penal (1890) inovou ao trazer como estabelecimento disciplinar a
indústria, como traz o art. 49 “a pena de prisão disciplinar será cumprida em
estabelecimentos industriais especiais, onde serão recolhidos os menores até a idade
de 21 anos”. Este código trouxe a pedagogia do trabalho como forma de “regeneração
daqueles que não se enquadravam no regime produtivo vigente” (SANTOS, 2013, p.
216).
Diferentemente do Império que diferenciava a medida imposta entre meninos e
meninas, pois estas eram recolhidas na Santa Casa (FALEIROS e SILVEIRA
FALEIROS, 2007), neste período o código republicano não fazia nenhuma distinção de
gênero, sendo aplicadas penas iguais para os mesmos crimes, o que gerou grande
polêmica e até argumento por se tratar, segundo os críticos da época, do sexo frágil,
assim:

Para sexos diferentes, diferentes regras. A mulher ainda não atingiu um grau de
mentalidade perfeitamente igual ao de homem. A sua educação não
corresponde ainda às aspirações, a que certo levará a evolução humana. A
diferença mental nos dois sexos é um fato positivo, com inferioridade do sexo
feminino” (SANTOS apud VIEIRA, 2013, p. 218).

Vemos claramente a questão do homem como ser superior e do tratamento


inferior dado a mulher ao discorrer que maturidade intelectual dela sempre ocorria
19

tardiamente. Assim Moema Viezzer numa crítica a subordinação feminina patriarcal,


afirma
A única diferença natural entre os seres humanos é o fato biológico de nascer
fêmea ou macho da espécie humana, como traço individual – a partir daí, o
resto é social. Daí em diante, cada um é inserido na sociedade através de uma
práxis alienada, já em andamento: os homens passam pelo processo de
fabricação dos machos e as mulheres são educadas para a submissão
(VIEZZER, 1989, p.105).

Vemos que o Código Penal de 1890 trouxe a inimputabilidade para os menores


de nove anos de idade, sem exceção da faculdade mental, ou seja, os menores de
nove anos não eram recolhidos para instituições corretivas. Diferentemente do que
ocorria aos demais, vale salientar que nesta época a finalidade corretiva era baseada
no trabalho, mesmo que este exigisse grande esforço físico e também a mesma medida
era aplicada aos meninos e as meninas.
O Decreto nº 16.272/1923 regulamenta a proteção aos “menores” abandonados
e deliquentes, sendo a pobreza considerada a razão de crianças abandonadas e
adolescentes/jovens deliquentes. Resta claro que a medida aplicada não diferenciava
do adolescente/jovem abandonado ou infrator, devendo ambos passar pelo processo
correcional.
Surgiu então o primeiro Código de Menores (1927) e a criança e jovem pobre
continuava a ser visto como um futuro deliquente, o Estado, por sua vez, via-se na
obrigação de intervir antes que apresentasse “comportamento deliquencial” (PASSETTI,
2013, p.355), eles eram julgados pelo então Juizado de Menores. A forma encontrada
foi a de educá-lo através do trabalho, política pedagógica empregada desde o Império e
regulamentada por este código, chamado de trabalho infantil.
Após 37 anos desde o Código de Menores (1927) foi lançada a Política Nacional
do Bem-Estar do Menor, em 1964 no ano do Golpe Militar, ela passou a caracterizá-los
como “menores” quaisquer crianças, adolescentes, jovens que vivessem em estado de
pobreza, abandonados, carentes, filhos de famílias desestruturadas, com moradia nas
periferias. Esta política pregava que os “menores” deviam ser educados em reclusão.
(PASSETTI, 2013, aspas nossas).
Promulgado o segundo Código de Menores (1979) continuou a Política Nacional
do Bem-Estar do Menor e também os mesmos critérios para a reclusão dos “menores”
20

de 18 anos que viessem a cometer atos ilícitos ou estivessem em situação de pobreza,


ameaça moral ou risco eram considerados marginalizados (FALEIROS e SILVEIRA
FALEIROS, 2007, aspas nossas), e deviam, por isso, receber atendimento
especializado interdisciplinar, que ora enfatizava a correção, ora a educação para
(re)integração social (PASSETTI, 2013).
Assim, no art. 2º, o Código de Menores (1979) considerava a situação irregular:

Para os efeitos deste Código, considera-se em situação irregular o menor:


I - privado de condições essenciais à sua subsistência, saúde e instrução
obrigatória, ainda que eventualmente, em razão de:
a) falta, ação ou omissão dos pais ou responsável;
b) manifesta impossibilidade dos pais ou responsável para provê-las;
Il - vítima de maus tratos ou castigos imoderados impostos pelos pais ou
responsável;
III - em perigo moral, devido a:
a) encontrar-se, de modo habitual, em ambiente contrário aos bons costumes;
b) exploração em atividade contrária aos bons costumes;
IV - privado de representação ou assistência legal, pela falta eventual dos pais
ou responsável;
V - Com desvio de conduta, em virtude de grave inadaptação familiar ou
comunitária;
VI - autor de infração penal. (BRASIL, 2013)

Para o referido código cuja doutrina era a da situação irregular do “menor” não se
fazia distinção entre o vulnerável e o infrator, estigmatizava a pobreza como a causa
para o cometimento de atos infracionais, rearranjo familiar como necessidade de
intervenção estatal. A Política Nacional do Bem-Estar do Menor era a de intervenção
estatal direta a tudo que eles considerassem anormal fosse à pobreza, abandono,
família monoparental, nada o impedia em retirar o poder familiar e julgar a reclusão
como melhor forma de integração social.
Com o fim da Ditadura Militar e a mobilização social com a Assembleia
Constituinte (1987) para efetivar uma Constituição cidadã, foi levada a proposta de
direitos especiais para a criança e o adolescente, passariam de objeto a sujeitos de
direitos da pessoa humana. Vale salientar que a Organização das Nações Unidas
(ONU) já desenvolvia a doutrina da proteção integral e que foi um fator preponderante
para que o Brasil passasse a adotá-la na sua constituição democrática.
No ano de 1988 é promulgada a Constituição da República Federativa do Brasil,
com Direitos Fundamentais e “inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
21

à segurança e à propriedade” (art. 5º); no art. 60 garante a não emenda ao que se


referir aos “direitos e garantias individuais” e finalmente no art. 227 trata-os como
sujeitos de direitos especiais:

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao


adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-
los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão (BRASIL, 2013)

O Estatuto da Criança e do adolescente (ECA), instituído pela Lei nº 8.069/90


promulga a doutrina da proteção integral, vendo a criança e o adolescente como
sujeitos de direitos especiais, respeitando à sua condição de pessoa em
desenvolvimento, a situação de vulnerabilidades, sendo necessária a proteção integral
por parte da família, sociedade e Estado.
O ECA trouxe a mudança no que se refere à medida socioeducativa, substituindo
a situação de exclusão pela da inclusão social do adolescente em conflito com a lei.

2.2 ESPÉCIES DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA E OS PRINCÍPIOS NORTEADORES


DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO

A Constituição Federal (1988) insculpiu os princípios basilares fundados na


dignidade da pessoa humana para a elaboração da Medida Socioeducativa, que
também consta no Estatuto da Criança e do Adolescente e na Lei nº 12.594/12
(Sinase), esta lei traz as diretrizes das medidas socioeducativas e institui o Sistema
Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE) contendo em seu art. 1º, §1º o seu
conceito,

[É] o conjunto ordenado de princípios, regras e critérios que envolvem a


execução de medidas socioeducativas, incluindo-se nele, por adesão, os
sistemas Estaduais, Distrital e Municipais, bem como todos os planos, políticas
e programas específicos de atendimento a adolescente em conflito com a lei
(BRASIL, 2013).
22

A Carta Magna traz algumas formalidades ao que se refere aos princípios


fundamentais para o atendimento da criança e do adolescente, como nos apresenta
Ramidoff:

Esta ordem de princípios que orienta a integração entre os sistemas de


garantias determina que, primeiro: crianças e adolescentes são sujeitos de
direitos, pelo que devem desfrutar de todos os direitos fundamentais
assegurados à pessoa humana; segundo: as crianças e adolescentes são
detentores de direito à proteção integral; e terceiro: crianças e adolescentes são
garantidos por todos os instrumentos necessários para assegurar o
desenvolvimento pleno de suas personalidades – físico, mental, moral e
espiritual, em condições de liberdade e dignidade (RAMIDOFF, 2011, p. 39).

Sendo a Proteção Integral o princípio fundamental dos direitos da criança e do


adolescente, pois reconhece a condição peculiar da pessoa em desenvolvimento
colocando como responsáveis concorrentes a família, a sociedade e o Estado.
Este princípio tem seu marco legal na Declaração dos Direitos das Crianças
publicada pela Organização das Nações Unidas (1959). Tal princípio “não impede que
se operem contenções de adolescentes que se envolvam em eventos considerados
conflitantes com a lei (RAMIDOFF, 2011, p. 23). Então:

A denominada doutrina da proteção integral estrategicamente consagra


institutos, categorias, sistemas e metodologias assecuratórias destinadas ao
integral cumprimento e efetivação daqueles direitos fundamentais constitucional
e estatutariamente garantidos, mediante a destinação privilegiada de recursos
públicos (RAMIDOFF, 2011, p. 33).

O reconhecimento da condição peculiar da pessoa em desenvolvimento parte da


Declaração dos Direitos das Crianças ao admitir a imaturidade física e mental, a
necessidade de proteção e cuidados especiais, inclusive proteção legal apropriada. Tem
importante destaque como princípio da medida socioeducativa porque é onde se
justifica que o adolescente pelo seu estado de desenvolvimento deve receber
tratamento em resposta ao ato infracional cometido diferentemente de quem recebe
uma pena.
Em resposta ao tratamento proporcional que deve ser aplicado a pessoa em
desenvolvimento ao cometer um ato infracional a Carta Magna trouxe como princípios
da medida socioeducativa, a absoluta prioridade; a brevidade e a excepcionalidade, ao
23

aplicar uma medida privativa de liberdade; e a inimputabilidade penal aos adolescentes


até os 18 anos de idade incompletos.
Diferente do crime, que é a prática típica, ilícita e culpável, o ato infracional
cometido por adolescente não preenche a característica da culpabilidade, por ser a
imputabilidade penal caracterizada a partir dos 18 anos de idade. De modo que o
próprio art. 103, ECA traz o ato infracional como conduta descrita como crime ou
contravenção penal. Sendo assim, a diferença entre ato infracional e crime não é
somente na denominação e nem nas “consequências jurídicas”, mas também nos
“conteúdos normativos [...], os seus âmbitos de aplicação, as suas metodologias e
estratégias teórico-pragmáticas, [...] objetos e finalidades particularmente próprias [...]”
(RAMIDOFF, 2011, p. 74)
Portanto, trouxe a Carta Magna (art. 228) que o adolescente em conflito com a lei
receberá tratamento pedagógico, ou seja, uma responsabilização própria da sua
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento visando o seu fim socioeducativo,
substituindo o penal, que é recebido pelos imputáveis, sendo sujeitos à medida
socioeducativa adequada (SARAIVA, 2010).
O Sistema de Garantias de Direito surgiu com intuito de implementar tudo o que
dispõe a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente ao que diz
respeito aos direitos, princípios e diretrizes da política de atendimento. Nesse sistema
se inclui os três Poderes, as três esferas governamentais e a sociedade civil; dentro
dele há vários subsistemas e um deles é a chama Sistema de Atendimento
Socioeducativo, o SINASE, “é uma política pública destinada à inclusão do adolescente
em conflito com a lei que se correlaciona e demanda iniciativas dos diferentes campos
das políticas públicas e sociais” (BRASIL, 2006, p. 23).
O sistema é todo interligado, isto se explica através do princípio da incompletude
institucional e o dever salvaguardar a vida e o pleno desenvolvimento da pessoa
humana em condição peculiar de formação biopsicossocial. Ramidoff assim confirma:

os sistemas de garantias – direitos fundamentais; prevenção; política de


atendimento; medidas de proteção; medidas socioeducativas; e, garantias
fundamentais (processuais) – estabelecidos e articulados, de forma integrada,
pelo regime jurídico estatutário, certamente, não podem ser desvinculados, haja
vista que muito além de mutuamente implicarem-se, também importam nas
diversificadas e adequadas interpretações formatadas para a resolução das
24

questões inerentes à infância e à juventude [...] Os sistemas estatutariamente


previstos de garantias fundamentais (liberdades substanciais); medidas de
prevenção (asseguramento); políticas de atendimento; medidas de proteção;
medidas socioeducativas; e, garantias fundamentais (processuais) – funcionam,
de forma interativa, como uma estratégia metodológica para efetivo atendimento
e proteção integral dos direitos individuais e das garantias mínimas
fundamentais (RAMIDOFF, 2011, p. 39-40).

Os princípios constantes na Lei Sinase que regem a execução das medidas


socioeducativas também constam na Carta Magna e no ECA, mas sua inserção nesta
lei dá o norte ao cumprimento das medidas socioeducativas, são a legalidade,
excepcionalidade, prioridade nas medidas restaurativas, proporcionalidade, brevidade,
individualização da medida, mínima intervenção do Estado, não discriminação do
adolescente e o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários (Lei nº 12.594/12,
art. 35).
O princípio da brevidade corresponde ao sentido de que o tempo da medida
socioeducativa deva perdurar somente o necessário para a ressocialização do
adolescente. A excepcionalidade se refere mais para a internação, que deve ser a
última razão que o Juiz da Infância e Juventude aplicará.
Podemos dizer que a medida socioeducativa é uma providência originada
através de sentença da Vara da Infância e Juventude que deve obedecer ao princípio
do devido processo legal e a natureza pedagógica e sancionatória como resposta ao
ato infracional cometido pelo adolescente (ISHIDA, 2013).
Além da primícia pedagógica a medida apresenta também o escopo
sancionatório, pois é utilizado como uma forma de defesa social, além de que a
internação priva o adolescente de sua liberdade, mas não poderá privá-lo das
atividades pedagógicas, da convivência familiar, cultural, religião, pois são direitos
inerentes ao bom desenvolvimento biopsicossocial.
Os tipos de medidas socioeducativas podem ser encontrados no art. 112, ECA,
que se apresentam de forma gradativa. O adolescente que comete ato infracional que
não gere grave ameaça ou violência a pessoa, não tenha prática reiterada em atos
infracionais graves e nem descumprido outra medida socioeducativa anteriormente
imposta, não deverá receber a medida socioeducativa de internação de imediato, teria
ele que passar pela medida proporcional ao ato infracional cometido.
25

Ainda que o adolescente tenha cometido ato infracional o juiz deverá levar em
consideração a sua capacidade em cumprir a medida socioeducativa imposta e que ela
seja proporcional à infração cometida.
A medida socioeducativa de internação não apresenta tempo determinado tem
um limite máximo de três anos, pois ela deve atender a brevidade, sendo aplicada
excepcionalmente, caracterizada pelo caráter educacional. E conclui com a
desinternação que tenderá a ocorrer com a evolução social do interno.
As medidas socioeducativas se apresentam em seis tipos: advertência,
obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida,
inserção em regime de semiliberdade e internação em estabelecimento educacional.
Na advertência (ECA, arts. 112, I e 115) será feita uma leitura do ato infracional
cometido, reduzida a termo e assinada, consistirão no comprometimento de que a
situação não repetirá, como apresenta Ramidoff “é uma admoestação verbal a ser
aplicada judicialmente em audiência especificamente destinada para tal desiderato”
(RAMIDOFF, 2011, p. 109).
A obrigação de reparar o dano (ECA, arts. 112, II e 116), havendo prejuízo ao
patrimônio e possibilidade em ressarci-lo poderá ser determinado ao adolescente que
restitua a coisa, promova o recuperação ou compense o prejuízo da vítima. Ela “deve
ser suficiente para despertar no adolescente o senso de responsabilidade social e
econômica em face do bem alheio” (ISHIDA, 2013, p. 277, grifos do autor). Não
havendo possibilidade em restituir a coisa, ressarcir o dano ou compensar o prejuízo
causado à vítima, a medida poderá ser substituída por outra (RAMIDOFF, 2011).
A prestação de serviços à comunidade (ECA, arts. 112, III e 117) é a realização
de tarefas de interesse geral junto a entidades assistenciais, escolas, hospitais,
programas comunitários ou governamentais, não excedendo o período máximo de 06
meses, jornada máxima de oito horas semanais, sem prejudicar a freqüência escolar ou
à jornada normal de trabalho, compatível com as condições pessoais do adolescente,
excluindo-se o caráter vexatório ou humilhante. Ramidoff alerta que para “a eficácia
jurídica e social [...] depende da construção permanente de comunicação e cooperação
técnica entre o Poder Judiciário e as Equipes Técnicas [...] que [...] [desenvolvem]
26

diretamente suas atividades junto ao adolescente e seu respectivo núcleo familiar”


(RAMIDOFF, 2011, p. 110).
A liberdade assistida (ECA, art. 112, IV e 118) será adotada quando for a medida
mais adequada a ser aplicada a fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente de
forma discreta com a finalidade de impedir a reincidência e obter a sua ressocialização
efetiva. Ela poderá ser revogada, substituída por outra medida ou prorrogada a
qualquer tempo, nos termos da lei.
O regime de semiliberdade (ECA, arts. 112, V e 120) pode ser determinado
desde o início ou como forma de transição para o meio aberto, ele permite a realização
de atividades externas, que dentre estas devem incluir a escolarização e a
profissionalização. Não há período fixado, aplicam-se as disposições relativas à
internação, que também foi regulamentada pelo Conselho Nacional dos Direitos da
Criança e do Adolescente, Resolução nº 47 de 05 de dezembro de 1996. Como bem
lembra Ramidoff a medida de semiliberdade pode se “constituir numa estratégia
jurídico-protetiva a ser adotada primordialmente para evitar a privação total da liberdade
do adolescente [e não somente como progressão de medida]” (RAMIDOFF, 2011, p.
111)
Não apresenta prazo determinado, sendo o adolescente avaliado a cada seis
meses pelos profissionais da comunidade socioeducativa da unidade que se encontra
interno, mas apresenta tempo máximo de três anos. Ao atingir o período máximo na
internação, o adolescente receberá sua liberação ou uma progressão de medida e
ocorrerá a liberação compulsória aos 21 anos de idade (ECA; ISHIDA, 2013).
Esta medida privativa de liberdade não impede que o adolescente realize
atividades pedagógicas externas, a critério da equipe psicossocial, salvo proibição
judicial.
A internação deve ser aplicada somente nos casos cometidos mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, reiteração de outras infrações graves ou por
descumprimento repetido e injustificado da medida anteriormente imposta. Deve ser
substituída quando houver outra medida proporcional ao ato infracional cometido (art.
122, ECA), e somente aplicada ao se constatar prova material dos fatos e da autoria,
27

mediante sentença judicial, possibilidade mental e física de cumprimento pelo


adolescente.
Aos adolescentes em medida socioeducativa possuem o direito de:

I - ser acompanhado por seus pais ou responsável e por seu defensor, em


qualquer fase do procedimento administrativo ou judicial;
II - ser incluído em programa de meio aberto quando inexistir vaga para o
cumprimento de medida de privação da liberdade, exceto nos casos de ato
infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa, quando o
adolescente deverá ser internado em Unidade mais próxima de seu local de
residência;
III - ser respeitado em sua personalidade, intimidade, liberdade de pensamento
e religião e em todos os direitos não expressamente limitados na sentença;
IV - peticionar, por escrito ou verbalmente, diretamente a qualquer autoridade
ou órgão público, devendo, obrigatoriamente, ser respondido em até 15 (quinze)
dias;
V - ser informado, inclusive por escrito, das normas de organização e
funcionamento do programa de atendimento e também das previsões de
natureza disciplinar;
VI - receber, sempre que solicitar, informações sobre a evolução de seu plano
individual, participando, obrigatoriamente, de sua elaboração e, se for o caso,
reavaliação;
VII - receber assistência integral à sua saúde, conforme o disposto no art. 60
desta Lei; e
VIII - ter atendimento garantido em creche e pré-escola aos filhos de 0 (zero) a
5 (cinco) anos. (Art. 49, Sinase)

E aos privados de liberdade tem o direito a:

I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Público;


II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
IV - ser informado de sua situação processual, sempre que solicitada;
V - ser tratado com respeito e dignidade;
VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao
domicílio de seus pais ou responsável;
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal;
X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade;
XI - receber escolarização e profissionalização;
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim o
deseje;
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para
guardá-los, recebendo comprovante daqueles porventura depositados em poder
da entidade;
XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais
indispensáveis à vida em sociedade. (Art. 124, ECA)
28

Observamos que diferentemente do Eca que trouxe os direitos individuais


exclusivamente para as medidas privativas de liberdade, a Lei Sinase ampliou esses
direitos para qualquer outra medida socioeducativa que tenha sido aplicada ao
adolescente. Esta Lei mais do que instituir o sistema de atendimento para execução
das medidas socioeducativas ela uniformizou os direitos e deveres das medidas
observando-se as peculiaridades de cada uma.
29

3. A MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO NO ESTADO DA PARAÍBA

No Estado da Paraíba, a Fundação de Desenvolvimento da Criança e do


Adolescente Alice de Almeida3 (FUNDAC) é uma instituição de direito público de
administração indireta, vinculada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Humano
(SEDH), mas com autonomia administrativa e orçamento próprio.
A Fundação de Desenvolvimento da Criança e do Adolescente Alice de Almeida
originou-se nos anos 60, denominada inicialmente de Fundação Estadual do Bem Estar
do Menor Alice de Almeida (FEBEMAA) instituída pela Lei Estadual nº 3.815/75.
A finalidade da FEBEMAA era cuidar das crianças carentes no horário que não
estivessem na escola, no intuito de evitar que fossem para as ruas mendigar ou ser
exploradas. Neste período a fundação era de direito privado e vinculada à Secretária do
Trabalho e Serviços Sociais (SETRASS), onde se mantinha o Departamento do Menor.
Após ser sancionado o Estatuto da Criança e do Adolescente nos anos 90, a
fundação mudou de finalidade, deixou-se a designação FEBEMAA para se tornar a
FUNDAC, tornando-se fundação de direito público. Ao mudar sua missão a FUNDAC
passa “gerir a política de atendimento socioeducativo de jovens e adolescentes em
conflito com, a lei, em privação e restrição de liberdade no Estado da Paraíba. Tendo
por objetivo principal a ressocialização destes(as), para o convívio pleno em sociedade”
(PARAÍBA, 2013).
Até o ano de 2012 o Lar da Criança Jesus de Nazaré estava sob
responsabilidade da Fundac, após a vigência da Lei nº 12.594/12, que trouxe as
competências de cada ente federado, cabendo ao Estado o que for de maior
complexidade, então Lar, que presta serviço de acolhimento institucional às crianças e
adolescentes em situação de vulnerabilidades, passou a pertencer administrativamente
a Prefeitura Municipal de João Pessoa.
Em 2011 o Programa de Atenção ao Egresso e a Família (Proafe) passou por um
reordenamento, este programa tinha como objetivo atender os adolescentes egressos
de medidas socioeducativas de internação e semiliberdade, além de também prestar

3
Alice de Almeida, esposa do governador do Estado da Paraíba Rui Carneiro, foi
presidente da Legião Brasileira de Assistência (LBV) (CARNEIRO, 1977).
30

serviço aos familiares desses jovens. Com o reordenamento passou a encaminhar o


egresso ao mercado de trabalho, após o seu desligamento da unidade.
Ao que se refere ao Proafe, este foi reordenado devido à implementação do
“Sistema Único de Assistência Social (Suas), [que é] responsável pela regulação e
organização das ações socioassistenciais em todo Brasil” (PARAÍBA, 2011).
Então com a lei Sinase a Fundação de Desenvolvimento da Criança e do
Adolescente passa a ser coordenadora em nível estadual pela política de promoção,
proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente, é também co-responsável
pelo assessoramento ao atendimento realizado aos adolescentes em medida
socioeducativa em meio aberto nos municípios deste Estado.
Hoje a Fundação de Desenvolvimento da Criança e do Adolescente Alice de
Almeida tem a sua Sede administrativa na cidade de João Pessoa. Tem seis unidades
de privação de liberdade, em quatro cidades do Estado da Paraíba, sendo: uma
unidade em Sousa4; uma unidade em Lagoa Seca 5; uma unidade em Campina Grande 6;
três unidades em João Pessoa 7. Tem uma unidade restritiva de liberdade em João
Pessoa. Uma Padaria Escola, onde oferece aos adolescentes do sexo masculino curso
de padeiro, e as adolescentes do sexo feminino curso de atendimento. Há ainda uma
unidade masculina prestes a ser inaugurada na cidade de João Pessoa obedecendo
aos parâmetros de construção do Sinase.

3.1 A UNIDADE FEMININA DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO NO


ESTADO DA PARAÍBA

4
Atende as medidas de privação de liberdade, provisória e internação, do sexo masculino e também é
denominado de CEA – Centro Educacional do Adolescente.
5
Chamada de Lar do Garoto, a unidade atende a medida de internação do sexo masculino.
6
Atualmente o Abrigo Provisório se encontra em Lagoa Seca (anexa ao Lar do Garoto) por medida
judicial, que interditou a unidade localizada em Campina Grande, atende a privação provisória do sexo
masculino.
7
Sendo uma feminina, nomeada de Casa Educativa, atende a provisória e internação feminina de todo o
Estado; uma masculina excepcional, CEJ – Centro Educacional do Jovem, (18 – 21 anos) que atende a
provisória e a internação masculina e o CEA que atende adolescentes do sexo masculino em situação
jurídica provisória ou internação.
31

A unidade de internação feminina Casa Educativa foi construída para a lotação


máxima para cinco adolescentes, até porque na época não se tinha muitas
adolescentes em privação de liberdade. Podemos ressaltar dois motivos: o primeiro
seria a gravidade do ato infracional, que por não ser grave elas recebiam outro tipo de
medida proporcional; e até pela distância onde a única unidade feminina é localizada.
A média mensal até a data da pesquisa é de 25 adolescentes/mês, o que
percebemos que são 20 adolescentes a mais do que suportaria a unidade. Sem contar
que uma delas havia tido um bebê durante a medida e ele por não ter completos os seis
meses de vida se encontrava com a mãe adolescente.
A Casa Educativa está localizada na capital da Paraíba, cidade de João Pessoa,
recebe adolescentes de qualquer município do Estado, com idade de 12 a 21 anos de
idade, para cumprirem a medida provisória, que tem o prazo máximo de 45 dias; a
internação, que tem o prazo máximo de três anos; ou o descumprimento de medida
anteriormente imposta, que tem o prazo máximo de três meses. Durante a pesquisa
não encontramos na unidade adolescente que estivesse descumprindo medida
anteriormente imposta, ou seja, em descumprimento de medida como é chamado pelos
técnicos da unidade.
Durante o mês de julho a unidade tinha 03 adolescentes em situação provisória e
16 adolescentes cumprindo a internação.
A unidade apresenta em seu quadro de funcionários uma diretora, uma vice-
diretora, uma pedagoga, uma assistente social, uma psicóloga, 35 agentes sociais, dois
oficineiros8 e uma defensora pública. Os funcionários estão na situação de
terceirizados, contratados, efetivos e cargo comissionado. A forma de trabalho aplicada
aos técnicos (assistente social, psicóloga e defensora pública) é de revezamento por
escala, não há técnicos no período integral porque a unidade dispõe de uma sala para
todos os profissionais.
O acolhimento quando em horário de expediente é realizado da seguinte forma:
primeiro a adolescente passa pela revista, depois o setor técnico, que pode ser pela
psicóloga ou pela assistente social; após isto passa pela direção e só assim
encaminhada para o quarto. Fora do horário de expediente a adolescente fica
8
Oficineiros são assim chamados os profissionais que ministram cursos ocupacionais e de artesanato na
Casa Educativa.
32

reservada em um quarto (quando disponível) ou é encaminhada a algum quarto coletivo


respeitando o critério de idade.
Com relação à alimentação a unidade dispõe de uma cozinha completa, mas as
refeições são terceirizadas, no total de cinco: desjejum; almoço; lanche; jantar e lanche
noturno.
As adolescentes usam fardamento da própria instituição no dia a dia, exceto em
festas, audiência e quando desligadas. As roupas de cama e as fardas são individuais,
elas não trocam enquanto internas, mas substituem no caso de desgaste. O material de
higiene pessoal e de limpeza para as roupas e quartos são distribuídos pela unidade,
entretanto, alguns familiares levam produtos de preferência das adolescentes, o que é
permitida a entrada, depois da revista.
A unidade possui regimento interno onde prevê regras a serem respeitadas pelas
adolescentes e funcionários, descrevendo as condutas que caracterizam transgressão
disciplinar e as sanções aplicáveis quando forem praticadas. A adolescente toma
ciência do regimento interno durante o acolhimento através do técnico e da direção que
passam as orientações necessárias para uma boa convivência coletiva enquanto
perdurar a sua medida. Além disso, o regimento é trabalhado cotidianamente junto às
adolescentes em sala de aula, oficinas ocupacionais, cursos profissionalizantes e até
nos atendimentos individuais.
O plano individual do adolescente é realizado dentro da Casa Educativa e há a
homologação judicial, conforme sistematizou a Lei Sinase. O projeto político
pedagógico da unidade está pronto desde o ano de 2012, mas como a Fundac passava
por um processo de reformulação ainda não concluiu o projeto político pedagógico
institucional.
Contam também com um plano de segurança, mas que ainda não foi instituída a
comissão de apuração disciplinar, sendo a sanção disciplinar aplicada pela direção e
equipe técnica. Apesar da existência do plano de segurança a unidade não dispõe de
nenhum método de contenção além da realizada pelos agentes sociais, mesmo assim
ela apresentou evasão de uma adolescente, sem rebelião ou morte, pois a segurança
individual e coletiva é trabalhada de forma preventivamente e para facilitar a mediação
de conflitos.
33

A unidade de medida socioeducativa de internação da Paraíba apresenta espaço


coletivo pequeno, tem poucos cômodos, mas desenvolve atividades como escola,
educação física, cursos profissionalizantes, cursos ocupacionais de forma que todas as
adolescentes participam independentemente da idade, situação jurídica ou divergência
pessoal.

3.2 DIREITO E CIDADANIA

A Teoria Pura do Direito nos mostra que para termos o Direito Positivo se faz
necessário que as normas sejam estabelecidas por pessoas, através de atos de
vontade explícitos para essas mesmas pessoas. E que essas vontades podem se
apresentar como normas coercitivas, onde prescreve uma determinada conduta e, caso
necessário, uma execução.
De tal forma, se faz necessário resguardar a vida da pessoa humana
proclamando seus direitos fundamentais individuais. As adolescentes que cometem ato
infracional também precisam desses direitos, que são essenciais para aplicação da
medida socioeducativa internação de forma adequada, digna e mais breve possível.
Os direitos fundamentais nasceram do Direito Natural, apresentando-se em três
gerações, e são aqueles inerentes a pessoa humana, constantes na Constituição
Federal e como pessoas com direitos especiais, também no Estatuto da Criança e do
Adolescente.

3.2.1 Reflexos na população feminina em medida socioeducativa de internação no


Estado da Paraíba

A população feminina na medida socioeducativa de internação no Estado da


Paraíba apesar do aumento quantitativo de adolescentes internas (PARAÍBA, 2012)
ainda possui um percentual bem inferior se comparado as unidades masculinas (CNJ,
2013). Ao considerarmos a cidadania como o poder de exercer os direitos políticos,
excluiríamos essa população. No entanto, ao analisarmos as dimensões da cidadania
percebemos que elas poderão desenvolver o direito através da cidadania, ainda que
privadas de liberdade.
34

Por cidadania entendemos ser o exercício dos direitos civis e políticos de um


cidadão e deveres para com o país. Para João Baptista Herkenhoff, a cidadania se
apresenta em quatro dimensões: a social, a econômica, a educacional e a existencial
(HERKENHOFF, 2001).
Na dimensão social afirmam-se os direitos sociais, constantes no art. 6º da
Constituição Federal, que para o assunto em discussão destacamos o direito a uma
educação digna e de qualidade, a saúde, a alimentação adequada, a moradia, ao lazer
e a assistência social.
Com relação à educação além de pertencer a dimensão social, apresenta-se
também como dimensão educacional da cidadania, encontrada no art. 205 da Carta
Magna. A própria Lei Maior diz que a educação é direito de todos e dever do Estado,
este tem a obrigação em manter escolas públicas, de boa qualidade, com professores
valorizados e qualificados, e não poderá excluir ninguém.
A dimensão existencial é a condição para que alguém possa ser uma pessoa
com sua dignidade respeitada, então podemos relacionar “que para ser cidadão é
preciso ser respeitado como pessoa humana” (HERKENHOFF, 2001, p. 222). Para isso,
se faz necessária a obediência aos seguintes itens: ao tratamento igualitário das
pessoas; ao respeito por ser uma pessoa humana; a educação pública a todos e de
qualidade; a saúde pública digna e eficaz; a moradia salubre; a privação de liberdade
na forma da lei, com tratamento humano e esforço social para sua recuperação; ao
lazer; ao meio ambiente equilibrado; ao respeito à cultura, tradições e povos; e ao zelo
pela criança e o adolescente para que se tornem prioridade absoluta do Estado e da
sociedade civil.
Portanto, a cidadania é o direito de fazer serem cumpridas as prerrogativas que
deriva um Estado Democrático, ou seja, “não há cidadãos sem democracia ou
democracia sem cidadãos” (BARACHO apud ARDANT, 1995, p. 01). E o cidadão deve
intervir na efetivação da lei ao caso concreto para obter a plenitude de seus direitos
como pessoa humana.
As adolescentes da unidade pouco conhecem o termo cidadania como vocativo
de direitos, pois comumente escutam em modo pejorativo, onde Roberto Damatta nos
mostra que “a palavra cidadão é usada sempre em situações negativas no Brasil, para
35

marcar a posição de alguém que está em desvantagem ou mesmo inferioridade”


(DAMATTA, 1997, p. 73, grifo do autor), citamos a prática da abordagem policial como
exemplo.
Dessa forma a necessidade de conselhos representativos para lutar pelos
direitos dos adolescentes internos e até mesmo orientá-los quanto aos direitos e
obrigações da pessoa humana enquanto ser coletivo. O Conselho Nacional dos Direitos
da Criança e do Adolescente (CONANDA), o Fórum Nacional de Organizações
Governamentais de Atendimento à Criança e ao Adolescente (FONACRIAD), a
Associação Brasileira de Magistrados e Promotores da Infância e Juventude (ABMP),
os Conselhos de Direitos, gestores e técnicos das unidades de atendimento
socioeducativo, reúnem-se anualmente para debater e deliberar sobre a execução de
medidas socioeducativas e também as práticas pedagógicas desenvolvidas nas
entidades (BRASIL, 2006).
Assim, preconiza Paulo Nader: “A própria vida em sociedade já constitui um
processo de adaptação humana. Para atingir a plenitude do seu ser, o homem precisa
não só da convivência, mas da participação na sociedade” (NADER, 2006, p. 18).
Também converge da mesma idéia Hans Kelsen (2003) ao afirmar que o “sistema de
regras que se tem aceito deve ser efetivo, quer dizer, seguido ou cumprido de modo
geral” (KELSEN, 2003, p. 22).
Essas representações foram necessárias para a elaboração e aprovação do que
é hoje a Lei Sinase, pois a política de atendimento socioeducativo era feito a base do
costume de cada Estado e através de normatização ou termo de ajuste de conduta do
juiz da Vara de Execução e dos promotores públicos da Medida Socioeducativa. Mesmo
privadas de liberdade e não perceberem que são portadoras de direitos mais amplos,
essas adolescentes pôde ter voz através dessas classes representativas.
O Direito estabelece uma correlação entre direitos e obrigações sancionadas
pelos Poderes para reger o comportamento, positivo ou negativo, produzido pela
pessoa e exteriorizado socialmente. No entanto, cabe a pessoa acatar os valores
fundamentais para uma boa convivência coletiva, pois sozinho, o Direito, não mudará
comportamentos, não modificará a natureza intrínseca da pessoa humana. Ao contrário,
ou seja, a não aceitação e a prática negativa da conduta desses valores fará com que a
36

pessoa receba uma medida coercitiva reconhecida socialmente a fim de impedir novas
transgressões.
Sabemos que o Direito vive em constante adaptação para atender o progresso
social e este papel de modificar o direito é exercido através da cidadania, portanto:
“Este processo de adaptação externa da sociedade compõem-se de normas jurídicas,
que são células do Direito, modelos de comportamento social, que fixam limites à
liberdade do homem, mediante imposição de condutas” (NADER, 2006, p. 20).
O direito e a cidadania estão intrinsecamente ligados, pois um depende do outro
para sua existência, o direito depende do exercício da cidadania para existir, e esta
depende de um ambiente democrático para nascer. Então, a democracia compreende
as formas do exercício da cidadania, sendo definidos através dos meios diretos ou
indiretos de participação dos cidadãos no exercício do poder (BARACHO, 1995).
Assim também, coaduna Roberto Damatta ao dizer que a cidadania busca a
igualdade de direitos “o papel social de indivíduo (e de cidadão) é uma identidade social
e de caráter nivelador e igualitário. Essa seria sua característica ideal e normativa, de
modo que, como cidadão, eu só clamo direitos iguais aos de todos os outros homens”
(DAMATTA, 1997, p. 67).
Então, mais do que ter o direito de votar, ser votado e o de participar da vida
política, a cidadania é o exercício da luta individual e coletiva para conquistar seus
direitos (HERKENHOFF, 2001). É através dessas lutas que temos o acesso à justiça, a
garantia processual e os princípios constitucionais, aplicação da lei ao caso concreto,
entre outros (BARACHO, 1995).
Sendo assim, no próximo capítulo trataremos da pesquisa de campo, abordando
a metodologia, instrumentos utilizados, fazendo uma discussão dos resultados obtidos
com a aplicação dos questionários às adolescentes e às gestoras da Casa Educativa.
4 DESCRIÇÃO DA PESQUISA DE CAMPO

O presente trabalho desenvolveu uma pesquisa de campo qualitativo e


descritiva, que foi realizada na Casa Educativa. Utilizamos o método de abordagem
indutivo, partindo de considerações gerais como a cidadania e o direito é aplicado na
37

medida socioeducativa de internação na Paraíba; para questões mais específicas em


como se dá na internação feminina.
Fizemos uso da entrevista semiestruturada para aplicar os questionários, pois
esta técnica nos permite deixar o ambiente preparado para a confiabilidade necessária
para se obter informações pessoais e no que diz respeito à unidade; com o emprego
desta prática pudemos colher respostas para perguntas abertas, fechadas e de
avaliação.
Quanto à classificação da pesquisa com relação ao objetivo geral e
procedimento técnico, empregamos uso de uma pesquisa descritiva, onde observamos,
registramos e analisamos as informações da pesquisa que se relacionam com o
processo da medida socioeducativa de internação feminina na Paraíba com o uso de
técnicas padronizadas de coleta de dados (questionário); bibliográfica que consistiu no
levantamento, seleção, fichamento e arquivamento de informações relacionadas à
pesquisa; documental e de campo a fim de estudar as relações estabelecidas. Isso
porque foram realizadas considerações teóricas a respeito da temática aqui trabalhada.
Além disso, tivemos estudos de compilação, fichamento e levantamento do material
utilizado, o que possibilitou ainda uso da técnica da documentação direta e indireta,
visto que mantivemos contato com o objeto de estudo.

4.1 AMOSTRA

O estudo foi constituído pelas adolescentes que está temporariamente interna na


Casa Educativa, que é uma instituição estadual da Fundação de Desenvolvimento da
Criança e do Adolescente Alice de Almeida, durante o mês de julho de 2013. É a única
unidade feminina de socioeducação do Estado e adolescente de qualquer município
cumpre a medida no prazo de até três anos naquela casa.
Participaram da pesquisa 15 adolescentes em situação jurídica provisória ou
internação, pois no período da aplicação dos questionários não se tinha adolescentes
em descumprimento de medida. Das 19 adolescentes que se encontravam na unidade
durante o mês de julho, foram selecionadas 15 com critério de mais tempo de
internação, ou seja, que estavam em cumprimento de medida privativa de liberdade por,
38

pelo menos, quatro meses, devido ao fato de se acreditar que a apresentaria melhor
avaliação da vivência e estrutura institucional; e também aceitação após a
apresentação inicial de que se tratava a pesquisa.
Não foi excluída nenhuma adolescente, pois todas as selecionadas aceitaram
participar e concluíram o questionário e também não ocorreu desligamento da unidade
durante a pesquisa.

4.2 PROCEDIMENTO

Inicialmente foi estabelecido contato prévio com a fundação responsável pelas


unidades de medida socioeducativa da Paraíba a fim de obter autorização para a
pesquisa. O projeto foi analisado por toda a equipe técnica, que atualmente é
constituído por, no seu quadro funcional, uma diretora (assistente social), duas
psicólogas, uma enfermeira, uma técnica de enfermagem, uma cientista social e uma
pedagoga. Apresentaram-se para análise, além do projeto, o termo de assentimento, o
de voluntariedade das adolescentes, os riscos e benefícios, garantindo o sigilo da
identificação das adolescentes.
Após consentimento expresso entramos em contato com as gestoras da unidade
Casa Educativa, onde apresentamos o questionário a ser aplicado as adolescentes e
também o das gestoras; a direção nos explicou a rotina da casa, o perfil das
adolescentes internas e como poderia ser realizado o trabalho acadêmico.
Ao ser estabelecido primeiro contato nos foi informado que as adolescentes se
encontravam em recesso escolar, mas que seu retorno seria para a semana seguinte, o
que nos foi pedido um prazo para começar a pesquisa, pois necessitariam observar a
rotina escolar e das adolescentes por alguns dias. No entanto, neste primeiro contato já
solicitamos a lista das adolescentes para selecionarmos as internas que estavam ali a
mais de quatro meses.
No segundo contato as gestoras nos comunicaram que a pesquisa seria
realizada no período da tarde, pois pela manhã todas freqüentavam as aulas, e
individualmente, por três motivos: a primeira seria pela segurança, pois a capacidade
máxima de atendimento naquela unidade é de cinco adolescentes e no momento
tinham 19 internas; a segunda pela questão da dificuldade de leitura e interpretação das
39

questões que alguma adolescente poderia apresentar e a última por questão de


espaço, pois a unidade é bastante pequena.
No terceiro contato já iniciamos a aplicação da pesquisa explicando
individualmente a finalidade da pesquisa, o caráter voluntário e sigiloso das respostas,
o termo de consentimento livre e esclarecido, a autorização prévia da fundação bem
como a desistência sem ônus a qualquer momento.
Inicialmente pensamos em passar 30 minutos para aplicação do questionário
com cada uma delas, contudo a depender da adolescente extrapolamos esse tempo e
não a interrompemos por entender que ela tinha necessidade em falar, de atenção e
não seria justo obter os dados da pesquisa sem ao menos deixá-las desabafar.
Mesmo deliberando mais tempo com cada adolescente o questionário foi
aplicado em três dias as 15 adolescentes e à diretora e vice-diretora da unidade.
Obtivemos os dados estatísticos do mês de julho daquela unidade, bem como
informações sobre a história da unidade, pois nem a Casa Educativa, nem a Fundac
dispõe de uma memória histórica.

4.3 INSTRUMENTOS UTILIZADOS

Foram utilizados como instrumentos dois questionários semi estruturados com


perguntas abertas, fechadas e de avaliação direcionadas a finalidade do trabalho uma
para as adolescentes e outro para as gestoras da unidade de atendimento
socioeducativo. Os instrumentos foram aplicados no próprio ambiente institucional, de
forma individual, tomando-se todos os cuidados éticos que envolvem a pesquisa com
seres humanos.
Ainda se dispôs de tempo para a escuta das adolescentes, visto dar um espaço
para expressão de sentimentos e conteúdos verbais e não-verbais, a fim de obter mais
dados sobre a vivência de cada uma na instituição.
4.4 RESULTADO E DISCUSSÃO

4.4.1 Dados socioeconômicos demográfico


40

A coleta de dados realizada na Casa Educativa com as gestoras nos permitiu ter
uma visão ampla de todas as 19 internas durante o mês de julho como também a parte
estrutural, pedagógica, rotina e gestão socioeducativa da unidade. As perguntas foram
respondidas pelas gestoras, pedagoga e assistente social da casa.
Durante o mês de julho a lotação atual da unidade era de 19 adolescentes;
sendo a média mensal de 25. Se compararmos as médias estatísticas dos anos 2010,
2011 e 2012, obtidas através Fundac perceberemos o aumento de internações
femininas.
Gráfico 1 - Média de Internações Femininas9

Fonte: pesquisa direta

“Recentemente, o fenômeno de criminalidade entre jovens do sexo feminino tem


aumentado em muitos países no mundo, elevando a preocupação da sociedade civil,
das instituições sociais e do meio acadêmico” (CONSTANTINO, 2001, p. 1).
É certo e notável que “as mulheres participam muito menos do que os homens
da criminalidade em geral” (ZALUAR, 1993, p. 135), mas esse aumento da população
feminina pode se dá pelo fato da maior participação das mulheres no ato ilícito; como
bem demonstrou Constantino (2001) para dar continuidade à atividade ilícita praticada
pelos parceiros, para proteger seus parceiros, escondendo armas e ou drogas, ou até
mesmo por desejarem uma posição de destaque na comunidade e com o lucro possuir
objetos de desejo de qualquer adolescente.
9
Frequência dos dados N = 25
41

A Casa Educativa é um estabelecimento destinado a privação de liberdade


provisória e internação10, havendo separação interna dos quartos, mas as atividades
são realizadas com os dois tipos de medida juntos. No momento da pesquisa tinham 14
adolescentes em situação jurídica de internação e 05 na provisória.
O dado seguinte é com relação à faixa etária das adolescentes internas durante
o mês da pesquisa. No questionário aplicado de forma individual observamos que a
faixa etária que mais se repetiu foi entre 16 e 17 anos. Essas idades também
apresentaram maior quantidade na unidade e pela metodologia de seleção adotada na
pesquisa estão entre as mais antigas no cumprimento da medida socioeducativa de
internação, ou seja, cumprindo medida socioeducativa de internação a mais de quatro
meses.
Gráfico 2 - Adolescentes por faixa etária11

Fonte: pesquisa direta


Então, o gráfico apresenta da maior quantidade de adolescentes internas na
faixa etária dos 16 aos 17 anos de idade, além de ser essa fase de grandes
transformações biopsicossociais, assim:

Durante a adolescência, um período de desenvolvimento que se estende


aproximadamente dos treze aos dezoito anos, as pessoas enfrentam
numerosos desafios. O adolescente mais jovem é confrontado com mudanças
muito rápidas em altura e dimensões do corpo, maturação sexual, novas
capacidades cognitivas e diferentes exigências e expectativas da família e

10
O descumprimento de medida é uma internação com tempo determinado de três meses. No momento
da pesquisa não havia nenhuma adolescente cumprindo esse tipo de medida socioeducativa.
11
Frequência dos Dados das Adolescentes N = 15 / Frequência dos Dados da Gestão N = 19.
42

amigos e comunidade. O adolescente mais velho está formando uma identidade


(DAVIDOFF, 1983, p. 569).

Em pesquisa trazida no livro de Linda Davidoff mostram que a segunda fase da


adolescência (15 aos 18 anos) não são os anos de maiores mudanças ou “um período
perturbador da vida” (DAVIDOFF, 1983, p. 569).
No entanto, não é isso o que mostra a nossa pesquisa realizada na Casa
Educativa, pois o período onde elas mais transgrediram regras sociais ocorre entre os
16 aos 17 anos de idade. Assim também traz o estudo realizado pela Coordenação da
Infância e Juventude no ano de 2009, onde a faixa etária que apresentou maior
quantidade de adolescentes internas também foi a de 16 a 17 anos de idade.
Em 2012 foi realizada uma pesquisa pelo CNJ e novamente voltamos a perceber
que a faixa etária predominante nas casas de internação é de 16 a 17 anos, sendo este
com 22% e aquele com 31%. Então comparando todas essas pesquisas, visualizamos
que com o passar dos anos, desde 1983, com a pesquisa trazida por Linda Davidoff,
até 2013, com a nossa, verificamos que ocorreu uma mudança comportamental na fase
da adolescência.
Com tudo isso as adolescentes na Casa Educativa são separadas internamente
apenas pela questão de maioridade alcançada ou não, assim as adolescentes de 12 a
17 não dormem nos mesmos quartos das jovens de 18 a 21 anos.
No que diz respeito ao estado civil, verificou-se que grande parte das internas
considera-se solteira, tanto no questionário aplicado às internas quanto ao aplicado às
gestoras. Desde o Censo 2000 a mulher tem casado cada vez mais tarde, com o Censo
Demográfico 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não foi
diferente, apresentando uma diminuição em casamento entre 17 a 20 anos 12, e também
um aumento na união estável, em contrapartida do casamento civil.

Gráfico 3 - Estado Civil das Adolescentes13

12
O IBGE utilizou a idade média ao casar para pessoas de 15 anos ou mais de idade, com base na
técnica Singulate Mean Age at Marriage - SMAM, desenvolvida por Hajnal (1953).
13
Frequência dos Dados das Adolescentes N = 15 / Frequência dos Dados da Gestão N = 19
43

Fonte: pesquisa direta

Embora o gráfico acima nos mostre que a maioria das adolescentes se considere
solteira, Alba Zaluar apresenta que as mulheres são iniciadas ao mundo ilícito através
do companheiro ou namorado.

Usualmente, o envolvimento das mulheres começa pelo amor por um bandido


ou pelo vício. Começam a furtar para ajudar o namorado ou para pagar a droga.
São elas também que escondem as drogas e as armas em casa e que passam
a roubar nas lojas para dar roupa bonita e dinheiro aos namorados (ZALUAR,
1993, p. 137).

Ainda que os dados obtidos na Casa Educativa nos indiquem que a maioria das
adolescentes internas está solteira, isto não quer dizer que não foram incentivadas pelo
e para o masculino. Constantino (2001) nos diz além do grupo feminino iniciado pelo
masculino existe um

outro distinto grupo de garotas que se envolve no tráfico o faz de forma mais
independente de maridos e namorados, podendo ter a entrada facilitada por
parentes ou amigos. Essa forma de inserção não indica que tenham excluído a
influência masculina em suas vidas, mas que este não é o fator determinante da
entrada e continuidade na atividade infracional (CONSTANTINO, 2001, p. 12).

Também observamos o envolvimento das adolescentes com o masculino quando


foram perguntadas o que as levaram a cometer o ato infracional e se o companheiro as
teriam incentivado e, em caso negativo, quem as incentivou. Na frequência de 15
adolescentes, oito adolescentes responderam que as más amizades foram o que as
levaram a prática do ato infracional; quatro disseram que o incentivo veio de amigos.
44

A privação de liberdade feminina apresenta uma característica peculiar no que se


refere ao baixo índice de reincidência. Apesar de na pesquisa do CNJ (2012)
apresentar elevado índice de reincidência em adolescentes internos, podemos justificar
essa diferença de dados pelo fato de que ela foi realizada com adolescentes de ambos
os sexos, como há maior representatividade do sexo masculino, de acordo com o
Levantamento Nacional concluiu que a reincidência de atos infracionais feminina é bem
menor em comparação com a masculina, assim:

O menor número de meninas em envolvimento com o ato infracional deve


resultar de diversos fatores sociais e econômicos, mas principalmente,
relacionados a valores culturais que permeiam a questão de gênero: em suas
diferenças de oportunidades, de representações sociais, de lugar no imaginário
da sociedade e das expressões ainda preconceituosas do dito “sexo frágil”
(BRASIL, 2011, p. 16).

Além do fator de gênero e das questões culturais em envolver a mulher no


mundo ilícito, outro motivo pode justificar o baixo envolvimento feminino no ato
infracional porque para eles, elas “desempenham função de caráter sexual e são
consideradas perigosas, capazes de traição e não confiáveis, com exceção das que
passam por provas especiais que demonstrem seu valor” (CONSTANTINO, 2001, p. 2)
e também nos chama atenção para o ponto que “o perfil típico das mulheres que
infringem a lei mostra que são adolescentes ou jovens, primárias no crime, presas por
roubo em lojas e têm como destino a advertência ou a sentença sem detenção”
(CONSTANTINO, 2001, p. 2), por isso o baixo índice de reincidência, pois resta claro
que a mulher se arrepende mais facilmente do ato ilícito cometido.
Assim também a nossa pesquisa mostra que somente duas adolescentes
estavam na unidade pela segunda vez.

Gráfico 4 - Grau de Reincidência Feminino 14

14
Frequência dos Dados das Adolescentes N = 15
45

Fonte: pesquisa direta

Sobre a escolaridade destacamos o fato de todas estarem atrasada no


calendário escolar no quesito série/idade, todas frequentaram a escola antes da
apreensão. No entanto, o índice de analfabetismo funcional alto se considerarmos que
todas escreviam, mas ler e compreender ainda era a sua maior dificuldade. Para nossa
surpresa uma adolescente entrevistada com idade entre 18 e 19 anos prestará
vestibular este ano.
Pesquisa realizada no Educandário Santos Dumont, na cidade do Rio de Janeiro,
aponta algumas causas para a evasão escolar, que pode se dar de maneira variada:

A saída de casa é a explicação mais usual dada pelas garotas, de um lado


mostrando a família cumprindo o papel fundamental de garantir o uso do direito
à educação, e de outro, denotando a dificuldade de conciliar os estudos com a
vida na rua e com as atividades do tráfico de drogas. O interesse no
investimento escolar claramente decai à medida que se eleva a inserção nas
atividades ilegais, onde, com certeza, algum cálculo, ainda que imaturo,
influência na escolha de outro caminho [...] Outra importante causa para o
afastamento tem a ver com o próprio desenvolvimento da sexualidade feminina
[...] A gravidez e o nascimento do filho também impedem a jovem de conviver
com os antigos colegas de escola [...]Episódios de violência sexual também
inviabilizam a continuidade dos estudos [...] As demais razões para o
afastamento escolar são fruto das transferências de núcleos familiares e por
conseqüência de bairros e de escolas, da responsabilidade de cuidar dos
irmãos menores e das dificuldades originadas na própria escola
(CONSTANTINO, 2001, p. 36-37).

Os dados acima nos fazem refletir quão são as razões para o abandono escolar
pelas adolescentes, que além do mero desinteresse pelos estudos, esta evasão está
ligada a fatores subjetivos que, muitas vezes, estão arraigados a sua infância, ou seja,
ao início da sua vida escolar, onde os abusos são mais frequentes, seja através da
46

violência sexual, abandono familiar, responsabilidade precoce ou qualquer outro. Não


há um fator determinante a ser considerado.
No entanto, apesar de todas estarem atrasadas requisito idade/série, 11
adolescentes frequentavam a escola antes de sua apreensão, somente 4 delas tinha
abandonado os estudos. Mesmo assim, todas as adolescentes (frequência N=15)
reconhecem que o estudo é importante para um bom emprego no futuro, da mesma
forma todas elas reconhecem que cursos profissionalizantes a preparam para um bom
trabalho. Resta claro a consciência das 15 adolescentes pesquisadas de que a escola
combinada ao curso profissionalizante proporcionará um emprego de melhor qualidade.
Observamos também que com relação a fecundidade as adolescentes de uma
instituição de medida socioeducativa de internação feminina, na cidade de Porto Alegre,
das 50 internas entrevistadas “48% das adolescentes já haviam ficado grávidas, sendo
que 17 participantes tinham de um a três filhos e oito haviam tido aborto espontâneo ou
provocado” (DELL’AGLIO; SANTOS; BORGES, 2004, p. 92).
A pesquisa do IBGE (2010) aponta um aumento na população do Estado da
Paraíba que sabe ler e escrever em comparação ao censo realizado em 2000, como
também mostra uma diminuição de crianças (7 a 14 anos) fora da escola, mas não fica
evidenciado se a idade da criança está condizente a séria escolar.
É interessa ressaltar que a maioria das adolescentes internas não possui filhos,
dado importante diante do forte índice dos anos anteriores do aumento de gravidez na
adolescência, mas que tem diminuído recentemente, segundo nos mostra o IBGE,
censo 2010, que a idade média da fecundidade tem se dado entre 24 a 27 anos.
Para confirmar essa queda também há publicação do Ministério da Saúde, no
Painel Panorâmico de Indicadores do SUS nº 7, dizendo que “a taxa específica de
fecundidade entre adolescentes e jovens mantém o padrão nacional” (2013, p. 43), a
queda entre adolescentes de 10 a 19 anos vem caindo desde o ano 2007.
O gráfico 5 nos mostra que da freqüência dos dados obtidos somente três
adolescentes possuem filhos, e uma delas com dois filhos. No momento da entrevista
uma dessas adolescentes havia terminado o período gestacional e estava com a
criança na Casa Educativa, que contava com dois meses de vida.
47

Gráfico 5 - Quantidade de Filhos por Adolescente 15

Fonte: pesquisa direta

Com relação ao nível econômico nos chamou atenção o fato de que na família
de uma adolescente ninguém exercia atividade remunerada e recebiam auxílio
governamental no valor de R$ 300,00 (trezentos reais), através do Programa Bolsa
Família16; três delas nos disseram que viviam abaixo de um salário mínimo brasileiro 17 e
não faziam parte do programa de assistência do governo; cinco adolescentes falaram
que a família tinha uma renda acima de dois salários mínimos e sete famílias
sobreviviam com a renda de um salário mínimo por mês. Somente uma adolescente
apontou participar mais de um Programa governamental que era o Bolsa Família e o
Programa de Erradicação ao Trabalho Infantil (PETI) 18; três disseram não fazer parte do
15
Frequência dos Dados das Adolescentes N = 15
16
“É um programa de transferência direta de renda que beneficia famílias em situação de pobreza e de
extrema pobreza em todo o país. O Bolsa Família integra o Plano Brasil Sem Miséria, que tem como foco
de atuação os 16 milhões de brasileiros com renda familiar per capita inferior a R$ 70 mensais e está
baseado na garantia de renda, inclusão produtiva e no acesso aos serviços públicos” ( site do Ministério
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome).
17
Atualmente o valor do salário mínimo brasileiro é de R$ 678,00 (seiscentos e setenta e oito reais) (site
do Portal Brasil).
18
É “um conjunto de ações para retirar crianças e adolescentes com idade inferior a 16 anos da prática
do trabalho precoce, exceto quando na condição de aprendiz, a partir de 14 anos. O programa
compreende transferência de renda – prioritariamente por meio do Programa Bolsa Família –,
acompanhamento familiar e oferta de serviços socioassistenciais, atuando de forma articulada com
estados e municípios e com a participação da sociedade civil” (site do Ministério do Desenvolvimento
48

programa assistencialista e somente uma disse que não deseja que o serviço social da
unidade fizesse o encaminhamento para a inscrição no município onde residem.
Tendo em vista o ano do Censo do IBGE ter sido realizado em 2010, o valor
referente ao salário mínimo deste ano era de R$ 510,00 (quinhentos e dez reais), a
pesquisa mostrou que a Paraíba tinha grande parte da população com salário entre o
um a dois salários mínimos. Quando recorremos ao mapa do rendimento por área
urbana e rural verificamos que esta percebe até um salário pouco maior que um salário
mínimo, enquanto na área urbana o mais comum é perceber até dois salários mínimos.

4.4.2 Representação e prática social

Tratar do envolvimento das adolescentes no ato infracional e sua relação com a


representação e prática social que elas levam na construção da sua identidade, não
são características restritas delas, mas que faz parte da constituição de toda a sua
trajetória na história.
Duas das adolescentes que participaram da pesquisa aparentavam um
estereótipo masculino, através de expressões corporais, corte de cabelo e a falta da
vaidade comum feminina, (brincos, unha pintada, batom, entre outros). Conforme
relatos durante a pesquisa elas mantinham esse padrão para serem mais facilmente
aceitas no mundo do tráfico, desta forma eram tratadas como homens, recebendo até
nomes masculinos.
Constantino (2001) relata que esse tipo de caracterização é comum para a
inserção no mundo ilícito, pois as mulheres para entrar nessas atividades precisam
demonstrar força, frieza de um homem, coragem, disposição, correr rápido, saber pular
muros e nadar, além de não poder dedurar os integrantes do tráfico. Desta forma, são
mais facilmente aceitas quando mostram que podem ser iguais aos homens.
No entanto, não é o bastante, pois essas adolescentes precisam dar provas de
que suportariam tudo com bravura e coragem, elas são testadas constantemente
através de vivências arriscadas, como troca de tiros com policiais ou rivais, prática de

Social e Combate à Fome).


49

cobrança de dívida com drogas para terem asseguradas sua permanência no tráfico
(CONSTANTINO, 2001).
Bourdieu trata a questão da dominação masculina,

Os dominados aplicam a todas as coisas do mundo e, em particular, às relações


de por nas quais eles estão enredados, às pessoas através da quais estas
relações se realizam, portanto também a sim mesmos, esquemas de
pensamento impensados, os quais – sendo o produto da incorporação dessas
relações de poder sob a forma transformada de um conjunto de pares de
oposição (alto/baixo, grande/pequeno) funcionando como categorias de
percepção – constroem estas relações de poder do ponto de vista próprio
daqueles que aí afirmam sua dominação, fazendo-as parecer como naturais
(COSTA apud BOURDIEU, 2007, p. 44).

Esta relação de poder sobre a mulher submetida como se fosse algo natural, que
fora construído socialmente, que tenta trocar a identidade feminina pela masculina, o
homem submete a mulher a esta inversão a fim de exercer exclusivamente essa
dominação.
É sob esta dominação também que mesmo sem a troca da identidade a mulher
passa a fazer parte do mundo ilícito através de influência de amigos, namorados,
companheiros, ou seja, do poder masculino.
Em nossa pesquisa, como demonstramos rapidamente no ponto que discutimos
os dados socioeconômicos demográficos, trouxemos que oito adolescentes afirmaram
que praticaram o ato ilícito por influência de más amizades, uma adolescente por
influência do namorado e quatro através de amigos e duas disseram que praticaram por
vontade própria.
Outra questão relevante é a relação dessas adolescentes com as técnicas que
fazem o atendimento individual (assistente social, psicóloga e defensora pública) que
unanimemente classificada como ótima. Com relação às gestoras a classificação foi
ótima para 90% delas, onde somente uma adolescente categorizou como regular. Este
vínculo de aceitação e confiança das adolescentes para com as técnicas é importante
porque favorece um ambiente de reconstrução do meio social através da percepção
individual de cada uma.
Assim como as influências negativas é um grande fator para o desenvolvimento
de distúrbios de comportamento na adolescência; as influências positivas podem ser
50

um fator preponderante para o processo de ressocialização das internas (DELL’AGLIO;


SANTOS; BORGES, 2004). Já que muitas vezes a família não consegue exercer a
função protetiva e de exemplo positivo, a imagem social vista pelas adolescentes de
confiança, bondade passa a ser das técnicas e gestoras da unidade.
Todas as adolescentes moram com pelo menos um membro da família (mãe, tia,
avó, irmão), mas somente uma adolescente reside com mãe, pai e irmãos. Sabemos
que a família é o primeiro grupo social do indivíduo, pois é a partir dela que recebemos
os primeiros valores fundamentais para uma boa convivência social (DELL’AGLIO;
SANTOS; BORGES, 2004). A ruptura de vínculos, a sequência de abandonos,
afastamento, ausência da figura paterna são sucessões negativas para a formação do
sujeito, pois
os vínculos afetivos se desenvolvem, através do processo de apego, de acordo
com as capacidades cognitivas e emocionais da criança, assim como pela
consistência dos procedimentos de cuidado, sensibilidade e responsividade dos
cuidadores. Estes vínculos afetivos e recíprocos, relacionados a uma imagem
interna instaurada com os cuidadores primários, estão relacionados à
construção de modelos internos de funcionamento, os quais irão atuar como
base para relacionamentos futuros (DELL’AGLIO; SANTOS; BORGES, 2004, p.
193).

Podemos perceber que as adolescentes da Casa Educativa apresentam vários


fatores para o cumprimento da medida socioeducativa de internação. Mais do que a
questão econômica e do incentivo negativo dos amigos, mesmo que a influência
masculina apareça negativamente de forma direta ou indiretamente na vida do tráfico;
ou da localidade onde residem; elas apresentaram um alto índice de total desestrutura
na sua fase inicial de formação biopsicossocial, que é na família natural.
Sem o acompanhamento familiar adequado, sem a convivência com quem possa
se espelhar elas cresceram sem vínculos afetivos e de confiança numa outra pessoa.
Assim, uma unidade feminina quando foi construída com limite máximo para atender 5
adolescentes, hoje atende média de 25 adolescentes por mês.
Não se evidenciou risco à saúde física durante a realização da pesquisa, além do
perigo cotidiano de uma unidade privativa de liberdade.
De fato a estrutura física da unidade Casa Educativa não apresenta nenhuma
condição para uma ressocialização eficaz, e isto já é apresentado desde o ano 2009
quando o Tribunal de Justiça da Paraíba realizou o diagnóstico adolescentes em
51

conflito com a lei no estado da paraíba unidades de internação, onde apresentou os


pontos que não estavam em conformidade, tais como: estrutura física pequena; sem
espaço para atividades físicas; quartos pequenos com ventilação inadequada; sala
única para atendimento psicológico, social e jurídico; equipe técnica reduzida. E
sugestionou que fosse construída uma unidade própria nos moldes do SINASE.
Destacamos ainda os municípios que apresentaram maior índice de
adolescentes internas na Casa Educativa, foram eles: João Pessoa, Cabedelo e
Monteiro. Sendo que em João Pessoa os bairros com maior incidência foram
Mandacaru e Alto do Mateus. O ato infracional mais cometido pelas adolescentes são o
tráfico de drogas, homicídio e roubo.
A medida socioeducativa de internação feminina na Paraíba aumentou
consideravelmente nos últimos dois anos (Fundac, 2012), merecendo maior
preocupação do Estado e da sociedade, sendo assim, verificamos que a necessidade
de investigar componentes das infrações deve ser constante, bem como, os fatores
sociais interligados a prática infracional em questão.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar dos problemas que observamos como a estrutura física da unidade, ficou
evidenciada que as adolescentes procuram romper as dificuldades através do exercício
da cidadania. Através da freqüência escolar, da participação em cursos
profissionalizantes e entender que ambos a preparam para um futuro melhor.
Ao buscar a cidadania as adolescentes colocam em prática o direito, pois se o
direito não existe sem a cidadania, é necessária a consciência de que devemos lutar
para obter algo. Além disso, o processo de responsabilização deve ser trabalhado
durante todo o tempo da internação para que as adolescentes tenham a consciência do
52

ato infracional cometido e da ressocialização que precisam passar para retornarem a


sociedade, pois se o direito depende da cidadania para existir, a cidadania depende da
responsabilização, e este depende do devido processo legal juvenil.
Outrossim, a própria unidade respeita as diferenças como critério de igualdade,
colocando em prática a Teoria Pura do Direito de Hans Kelsen de que é inapropriado
aplicar o direito de forma idêntica a pessoas diferentes. No caso, observamos o
momento em que há uma criança (0 a 6 meses) com a mãe adolescente e elas
decidiram que esta mãe adolescente tenha um quarto só para ela e a criança, como
também se uniram e lutaram reivindicando da direção, mudança no horário das
atividades para possibilitar maior silêncio durante o dia na unidade e o bebê pudesse
dormir melhor.
Elas também reconhecem que estão privadas de liberdade porque ofendeu o
direito de outrem, quando perguntadas o motivo da medida socioeducativa de
internação, ou seja, sabiam que estava pré-fixada em lei a conduta negativa e que
receberiam uma resposta do Estado. Então, a noção da primeira geração do direito,
que é a liberdade, também é algo ligado a pessoa humana e construído socialmente do
que seriam conduta positiva ou negativa, estas respostas construídas através da
dimensão existencial da cidadania, onde o respeito a pessoa humana deve está acima
de qualquer vontade.
Conforme apresentada nos resultados da pesquisa além do aumento contínuo de
internação feminina nos últimos anos, a maioria das adolescentes internas estão entre
a faixa etária dos 16 a 17 anos de idade e ao considerarmos o tempo máximo de
internação, três anos, estas adolescentes alcançam a maioridade civil e penal em
cumprimento de medida socioeducativa.
Com o aumento de internações femininas nos últimos anos resta claro que parte
da população adolescente está em situação vulnerável e parte da sociedade em
resposta a este fato reage com incentivo a retroceder as leis garantidoras dos direitos,
principalmente em proteção aos direitos das crianças e dos adolescentes, como, por
exemplo, a redução da maioridade penal. Diante de tudo isso é urgentemente
necessário que o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) se
consolide cada vez mais garantindo uma ressocialização eficaz.
53

Além da consolidação da Lei nº 12.594/12 o investimento em formação


continuada de toda a comunidade socioeducativa também é indispensável para
avançarmos na socioeducação juntamente com o adolescente e sua família. Também a
necessidade em contratação através de concurso público dos socioeducadores, ou
educadores sociais, ou monitores, pois como vimos a maioria é terceirizada de uma
empresa de segurança privada, só assim, seria quebrada a imagem de agentes
penitenciários e diminuiria a rotatividade desses profissionais.
Outra preocupação é com relação ao espaço físico que está em total desacordo
com o Estatuto da Criança e do Adolescente e com a Lei nº 12.594/12, pois não
respeita o mínimo de um espaço físico digno para atender a média mensal de 25
adolescentes. Como já trazido em relatório pelo Conselho Nacional de Justiça e
também do Tribunal de Justiça da Paraíba é essencial a construção de uma nova
unidade feminina com observância ao projeto arquitetônico do Sistema de Atendimento
Socioeducativo. Somente garantindo um espaço adequado será possível assegurar as
adolescentes em medida socieducativa de internação um ambiente que mantenha um
trabalho efetivamente pedagógico.
Sendo assim com a construção de uma nova unidade, funcionários concursados,
o trabalho a ser desenvolvido com as adolescentes através da educação, saúde,
esporte, cultura e profissionalização está no mesmo grau de importância, pois elas
trarão qualidade no atendimento e valorizando as práticas humanas. Como a própria
Lei nº 12.594/12 traz a atividade socioeducativa tem sua natureza intersetorial, ou seja,
envolve todos os poderes e se efetiva por intermédio dos entes da federação, que
distribuem competências e através das redes assistencialistas facilitam a reinserção da
adolescente na sociedade.
A população feminina da Casa Educativa busca a cidadania, possuindo ou não
consciência do que seria isso, participam da vida coletiva dentro daquela unidade,
tentam tomar decisões juntas e a mais adequada para todos, respeitando as diferenças
de algumas. Elas buscam pela solidariedade de todos, seja das gestoras, professores,
funcionários, educadoras sociais, família e entre elas mesmas; a solidariedade para que
favoreça a sua plena capacidade como pessoa peculiar em desenvolvimento. Por
54

último, é preciso que os órgãos e a sociedade em geral busque maior concordância para a
elaboração de novas oportunidades as adolescentes internas.

REFERÊNCIAS

ARIÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. Tradução de Dora


Flasksman. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora LTC, 1981. Disponível em:
<http://www.faroldoconhecimento.com.br/livros/Educa%C3%A7%C3%A3o/PHILIPPE-
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59

APÊNDICE A: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para Responsável pela


Adolescente

PESQUISA: DIREITO E CIDADANIA DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO


FEMININA NO ESTADO DA PARAÍBA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

A adolescente _______________________________________________, sob


sua responsabilidade jurídica, está sendo convidada como voluntária a participar da
pesquisa intitulada DIREITO E CIDADANIA DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE
INTERNAÇÃO FEMININA NO ESTADO DA PARAÍBA. Nesta pesquisa pretendemos
compreender se os direitos preconizados pelo ECA (Estatuto da Criança e do
60

Adolescente) e SINASE (Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo) são de fato


respeitados dentro da Instituição Casa Educativa.
O motivo que nos leva a estudar esse assunto é o fato da medida socioeducativa
de internação feminina na Paraíba ter aumentado consideravelmente, merecendo maior
preocupação do Estado e da sociedade, sendo assim, verifica-se a necessidade de
investigar componentes das infrações, bem como, os fatores sociais interligados a
prática infracional em questão.
As 15 adolescentes que participarão desta pesquisa poderão ter idade de 12 a
18 anos, que estejam internas há mais tempo e aceitem livremente participar do
processo de entrevista e assinem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE) para o desenvolvimento desta será executado o procedimento de aplicação de
questionário semiestruturado, sem utilização de outros meios, exceto quando a
adolescente não souber ler que será lido por ela e as respostas gravadas para posterior
compilação dos dados.
Para participar desta pesquisa, a adolescente sob sua responsabilidade jurídica
não terá nenhum custo, nem receberá qualquer vantagem financeira. Ela será
esclarecida em qualquer aspecto que desejar e estará livre para participar ou recusar-
se. Você, como responsável pela adolescente, poderá retirar seu consentimento ou
interromper a participação dela a qualquer momento. A participação dela é voluntária e
a recusa em participar não acarretará qualquer penalidade ou modificação na forma em
que será atendida pelo pesquisador que irá tratar a identidade da adolescente com
padrões profissionais de sigilo. A adolescente não será identificada em nenhuma
publicação.
A pesquisa será realizada na Casa Educativa, unidade de cumprimento de
medida socioeducativa de internação no estado da Paraíba, onde as adolescentes de
qualquer município cumprem a medida no período de até 3 anos, sendo abordadas
para esta pesquisa inicialmente através de uma apresentação do projeto de pesquisa
em grupo ou individual (a decidir de acordo com a gestão da unidade); e
individualmente para aplicação do questionário semiestruturado das adolescentes
selecionadas e que desejarem participar dele. A adolescente que se recusar não será
tratada de forma diferente das demais, pois a participação será voluntária; para tanto o
61

material a ser utilizado é um questionário semiestruturado. Este material é considerado


seguro, não oferecendo riscos à saúde física, podendo trazer somente riscos rotineiros
da própria unidade, no entanto apresentamos o benefício no sentido de mostrar a visão
das adolescentes de como seria o cumprimento da medida socioeducativa digna, breve
e proporcional, como proposto legalmente.
Para tanto a pesquisadora poderá ser contactada a qualquer momento através
do email: wclorenzo@terra.com.br.
A sua participação na pesquisa é voluntária e, portanto, você não é obrigada a
fornecer as informações e/ou colaborar com as atividades solicitadas pelas
pesquisadoras. Caso decida não participar da pesquisa, ou se resolver posteriormente
desistir da participação, não sofrerá nenhum dano ou prejuízo.
Os resultados estarão à sua disposição quando finalizada. O nome ou o material
que indique a participação da adolescente não será liberado sem a sua permissão. Os
dados e instrumentos utilizados na pesquisa ficarão arquivados com o pesquisador
responsável por um período de 5(cinco) anos, e após esse tempo serão destruídos.
Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias, sendo que uma
cópia será arquivada pelo pesquisador responsável, e a outra será fornecida a você.
Solicito sua permissão para apresentar os resultados deste estudo em eventos
científicos e para publicá-los em periódicos da área. Por ocasião da publicação dos
resultados seu nome será mantido em sigilo.
As pesquisadoras estarão à sua disposição para qualquer esclarecimento que
considere necessário em qualquer etapa da pesquisa.

____________________________________________
email: wclorenzo@terra.com.br

Eu, ____________________________________________________, portador (a) do


documento de Identidade ____________________, responsável pela adolescente
_______________________________________________________, fui informado (a)
dos objetivos do presente estudo de maneira clara e detalhada e esclareci minhas
dúvidas. Sei que a qualquer momento poderei solicitar novas informações e modificar a
62

decisão da adolescente sob minha responsabilidade de participar, se assim a desejar e


também para que as pesquisadoras apresentem os seus resultados em eventos
científicos e/ou os publiquem em periódicos da área. Recebi uma cópia deste termo de
consentimento livre e esclarecido e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer as
minhas dúvidas.

João Pessoa, ______ de ___________________de 2013.

____________________________________________
Assinatura do (a) Responsável

___________________________________________
Testemunha (em caso de analfabeto)

____________________________________________
Assinatura da Pesquisadora

Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar:
Pesquisadora Responsável: Wânia Cláudia Gomes Di Lorenzo Lima
E-mail: wclorenzo@terra.com.br
63

APÊNDICE B Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para as Gestoras

PESQUISA: DIREITO E CIDADANIA DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE


INTERNAÇÃO FEMININA NO ESTADO DA PARAÍBA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

A senhora ______________________________________________, está sendo


convidada como voluntária a participar da pesquisa intitulada DIREITO E CIDADANIA
DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO FEMININA NO ESTADO DA
PARAÍBA. Nesta pesquisa pretendemos compreender se os direitos preconizados pelo
ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e SINASE (Sistema Nacional de
Atendimento Socioeducativo) são de fato respeitados dentro da Instituição Casa
Educativa.
64

O motivo que nos leva a estudar esse assunto é o fato da medida socioeducativa
de internação feminina na Paraíba ter aumentado consideravelmente, merecendo maior
preocupação do Estado e da sociedade, sendo assim, verifica-se a necessidade de
investigar componentes das infrações, bem como, os fatores sociais interligados a
prática infracional em questão.
As 15 adolescentes que participarão desta pesquisa poderão ter idade de 12 a
18 anos, que estejam internas a mais tempo e aceitem livremente participar do
processo de entrevista e assinem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE) para o desenvolvimento desta será executado o procedimento de aplicação de
questionário semiestruturado, sem utilização de outros meios, exceto quando a
adolescente não souber ler que será lido por ela e as respostas gravadas para posterior
compilação dos dados.
Para participar desta pesquisa, a adolescente sob sua responsabilidade jurídica
não terá nenhum custo, nem receberá qualquer vantagem financeira. Ela será
esclarecida em qualquer aspecto que desejar e estará livre para participar ou recusar-
se.
A senhora como responsável pela administração da unidade socioeducativa de
internação no estado da Paraíba, poderá retirar seu consentimento ou interromper a
sua participação a qualquer momento. A sua participação é voluntária e a recusa em
participar não acarretará qualquer penalidade ou modificação na forma em que será
atendida pelo pesquisador que irá tratar a sua identidade com padrões profissionais de
sigilo. A senhora não será identificada em nenhuma publicação.
A pesquisa será realizada na Casa Educativa, unidade de cumprimento de
medida socioeducativa de internação no estado da Paraíba, onde as adolescentes de
qualquer município cumprem a medida no período de até 3 anos, sendo abordadas
para esta pesquisa a direção da unidade de forma individual para aplicação do
questionário semiestruturado. Este material é considerado seguro, não oferecendo
riscos à saúde física, podendo trazer somente riscos rotineiros da própria unidade, no
entanto apresentamos o benefício no sentido de mostrar a visão das adolescentes de
como seria o cumprimento da medida socioeducativa digna, breve e proporcional, como
proposto legalmente.
65

Para tanto a pesquisadora poderá ser contactada a qualquer momento através


do email: wclorenzo@terra.com.br.
A sua participação na pesquisa é voluntária e, portanto, você não é obrigada a
fornecer as informações e/ou colaborar com as atividades solicitadas pelas
pesquisadoras. Caso decida não participar da pesquisa, ou se resolver posteriormente
desistir da participação, não sofrerá nenhum dano ou prejuízo.
Os resultados estarão à sua disposição quando finalizada. O nome ou o material
que indique a sua participação não será liberado sem a sua permissão. Os dados e
instrumentos utilizados na pesquisa ficarão arquivados com o pesquisador responsável
por um período de 5(cinco) anos, e após esse tempo serão destruídos. Este termo de
consentimento encontra-se impresso em duas vias, sendo que uma cópia será
arquivada pelo pesquisador responsável, e a outra será fornecida a você.
Solicito sua permissão para apresentar os resultados deste estudo em eventos
científicos e para publicá-los em periódicos da área. Por ocasião da publicação dos
resultados seu nome será mantido em sigilo.
As pesquisadoras estarão à sua disposição para qualquer esclarecimento que
considere necessário em qualquer etapa da pesquisa.
____________________________________________
email: wclorenzo@terra.com.br

Eu, ____________________________________________________, portadora do


documento de Identidade ____________________, fui informada dos objetivos do
presente estudo de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que a
qualquer momento poderei solicitar novas informações e modificar a minha decisão, se
assim desejar, e também para que as pesquisadoras apresentem os seus resultados
em eventos científicos e/ou os publiquem em periódicos da área. Recebi uma cópia
deste termo de consentimento livre e esclarecido e me foi dada a oportunidade de ler e
esclarecer as minhas dúvidas.

João Pessoa, ______ de ___________________de 2013.


66

____________________________________________
Assinatura da Participante

____________________________________________
Assinatura da Pesquisadora

Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá
consultar:
Pesquisadora Responsável: Wânia Cláudia Gomes Di Lorenzo Lima
E-mail: wclorenzo@terra.com.br

APÊNDICE C: Termo de Assentimento

PESQUISA: DIREITO E CIDADANIA DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE


INTERNAÇÃO FEMININA NO ESTADO DA PARAÍBA

TERMO DE ASSENTIMENTO

Você está sendo convidada como voluntária a participar da pesquisa DIREITO E


CIDADANIA DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO FEMININA NO
ESTADO DA PARAÍBA. Neste estudo pretendemos compreender se os direitos
preconizados pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e SINASE (Sistema
Nacional de Atendimento Socioeducativo) são de fato respeitados dentro da Instituição
Casa Educativa. O motivo que nos leva a estudar esse assunto é o fato da medida
socioeducativa de internação feminina na Paraíba ter aumentado consideravelmente,
merecendo maior preocupação do Estado e da sociedade, sendo assim, verifica-se a
67

necessidade de investigar componentes das infrações, bem como, os fatores sociais


interligados a prática infracional em questão.
As adolescentes que participarão desta pesquisa poderão ter idade de 12 a 18
anos, para o desenvolvimento desta será executado o procedimento de aplicação de
questionário semiestruturado, sem utilização de outros meios, exceto quando a
adolescente não souber ler que será lido por ela e as respostas gravadas para posterior
compilação.
Para participar deste estudo, o responsável por você deverá autorizar e assinar
um termo de consentimento. Você não terá nenhum custo, nem receberá qualquer
vantagem financeira. Você será esclarecida em qualquer aspecto que desejar e estará
livre para participar ou não. O responsável por você poderá retirar o consentimento ou
interromper a sua participação a qualquer momento. A sua participação é voluntária e a
recusa em participar não acarretará qualquer penalidade ou modificação na forma em
que é atendida pela pesquisadora que irá tratar a sua identidade com padrões
profissionais de sigilo. Você não será identificado em nenhuma publicação.
A pesquisa será realizada na Casa Educativa, unidade de cumprimento de
medida socioeducativa de internação no estado da Paraíba, onde as adolescentes de
qualquer município cumprem a medida no período de até 3 anos, sendo abordadas
para esta pesquisa 15 adolescentes, através de uma apresentação do projeto de
pesquisa em grupo ou individual (a decidir de acordo com a gestão da unidade); e
individualmente para aplicação do questionário semiestruturado das adolescentes que
forem selecionadas e desejarem participar dele. A adolescente que se recusar não será
tratada de forma diferente das demais, pois a participação será voluntária; para tanto o
material a ser utilizado é um questionário semiestruturado. Este material é considerado
seguro, não oferecendo riscos à saúde física, exceto os riscos comuns do dia a dia da
unidade, para tanto a pesquisadora poderá ser contactada a qualquer momento através
do email: wclorenzo@terra.com.br.
No entanto poderá trazer benefícios, ao mostrar a visão das adolescentes de
como seria o cumprimento da medida socioeducativa digna, breve e proporcional, como
proposto legalmente.
68

Os resultados estarão à sua disposição quando finalizada. Seu nome ou o


material que indique sua participação não será liberado sem a permissão do
responsável por você. Os dados e instrumentos utilizados na pesquisa ficarão
arquivados com o pesquisador responsável por um período de 5 anos, e após esse
tempo serão destruídos. Comunico também que os dados poderão ser utilizados em
periódicos da área. Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias,
sendo que uma cópia será arquivada pelo pesquisador responsável, e a outra será
fornecida a você.
Eu, __________________________________________________, portadora do
documento de Identidade ____________________ (se já tiver documento), fui
informada dos objetivos do presente estudo de maneira clara e detalhada e esclareci
minhas dúvidas. Sei que a qualquer momento poderei solicitar novas informações, e o
meu responsável poderá modificar a decisão de participar se assim o desejar. Tendo o
consentimento do meu responsável já assinado, declaro que concordo em participar
desse estudo. Recebi uma cópia deste termo assentimento e me foi dada a
oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas.

João Pessoa, ______ de _______________ de 2013.

________________________________
Assinatura da Adolescente

_________________________________
Assinatura da Pesquisadora
69

APÊNDICE D: Ficha de Coleta de Dados

IDENTIFICAÇÃO DA UNIDADE

1 - Nome e cargo do profissional entrevistado


2 – Data:
3 - Unidade:
4 - Gestor:
5 - Capacidade de atendimento:
6 - Lotação Atual:
7 - Média de atendimento/mês:
8 - O estabelecimento é destinado para internação:
( ) Provisória
( ) Definitiva
( ) Ambas
70

PERFIL DA ADOLESCENTE

1 - Qual é a quantidade de adolescente por faixa etária atendida:


Faixa Etária Feminino Total
12 a 15
16 a 17
18 a 21
Não Confirmada
Total

2 - Qual é a quantidade de adolescente por cor/raça?

Cor/ raça Feminino Total


Branca
Negra
Parda

3 - Qual é a quantidade de adolescente por estado civil?


Estado civil Feminino Total
Solteira
Casada civilmente
União estável não registrada
Separada
Divorciada
Viúva

4 - Quais as cidades com maior índice de adolescentes em medida socioeducativa de


internação na Paraíba? (citar três)

5 - Quais os bairros de João Pessoa com maior incidência de adolescentes internas?


(citar três)

6 - Qual o ato infracional mais cometido pelas adolescentes? (citar três)


71

7 - Qual o nível de escolaridade da maioria das adolescentes?


Fundamental I incompleto
Fundamental II completo
Fundamental II incompleto
Fundamental II completo
Médio incompleto
Médio completo

8 – Existe adolescente interna com dependência química?


( ) sim
( ) não

9 - Em caso afirmativo, qual a substância química mais comum entre as adolescentes?


Cigarro
Álcool
Maconha
Crack
Outro:__________________
_

ACOLHIMENTO

1 – A instituição adota o período integral de trabalho para os profissionais técnicos


(médico, jurídico, psicológico, odontológico, social, familiar)?

2 – Como é feito o acolhimento inicial da adolescente (tem atendimento médico,


jurídico, psicológico, odontológico, social, familiar)?

ACOMODAÇÃO DA ADOLESCENTE NA UNIDADE

1 – Após o acolhimento como é definida a separação das internas? Há separação dos


internos de acordo com art. 123 do ECA:
Sim Não
Por tipo de infração?
Por idade?
Por tipo de modalidade
de internação?
Por compleição física?
72

2 - Em caso negativo, por quais motivos?


( ) Divisão por grupo/facção
( ) Espaço físico insuficiente
( ) Outro:__________________

3 - Qual é o número de internos por modalidade de internação:


Provisória Descumprim
(art. 108 do ento de
Definitiva
ECA): medida
(art. 122,
Faixa Etária anteriorment Total
incs. I e II, do
e imposta
ECA)
(art. 122, inc.
III, do ECA):
12 a 15
16 a 17
18 a 21
Não
Confirmada
Total

4- Existe adolescente(s) grávida(s) na instituição?


( ) sim
( ) não

5 - Há espaço adequado para permanência dos filhos das internas? ( ) Sim ( ) Não

6- Até que faixa de idade é permitida a permanência dos filhos das internas em sua
companhia?
( ) 0 a 6 meses
( ) 7 meses a 1 ano
( ) 1 a 3 anos

7 – Há espaço destinado para a visita íntima?


( ) sim
( ) não

8 – Alguma interna recebe a visita íntima, de acordo com o art.68, SINASE?


( ) sim
( ) não
73

9 – Se sim, em quantos casos isso ocorre?

ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO

1 - Há articulação entre o programa de atendimento socioeducativo e os programas de


atendimento a crianças ou adolescentes e famílias nos municípios de origem dos
adolescentes?
( ) Sim
( ) Não

2 - Existem Instituições Privadas e/ou Órgãos parceiros envolvidos no atendimento


socioeducativo?
( ) Sim
( ) Não

3 - Se sim, atuam de qual forma (especificar):

4 - Os CRAS/CREAS e CAPS atendem:

4.1 - Os internos?
( ) Sim
( ) Não

4.2 - As famílias?
( ) Sim
( ) Não

5 - Os relatórios são elaborados por equipe técnica interdisciplinar?


( ) Sim
( ) Não

6 – Se sim, quem são os profissionais que fazem parte da equipe interdisciplinar?

7 - Os relatórios contêm, de maneira expressa, conclusão acerca da necessidade de


manutenção da internação ou da possibilidade de progressão da medida?
( ) Sim
( ) Não
74

8 - No envio dos relatórios é respeitado o prazo máximo previsto pelo art. 121, §2º (seis
meses), da Lei nº 8.069/90?
( ) Sim
( ) Não

9 - Os adolescentes recebem assistência jurídica de forma sistemática?


( ) Sim
( ) Não

10 - Em caso positivo, o atendimento é realizado pela Defensoria Pública?


( ) Sim
( ) Não

11 - Em caso positivo, o defensor público é lotado na Unidade?


( ) Sim
( ) Não

12 - Os adolescentes realizam atividades externas?


( ) Sim
( ) Não

13 - Há estímulo ao contato entre os adolescentes internos e seus pais ou responsáveis


e demais familiares?
( ) Sim
( ) Não

14 - Há adolescentes com transtorno mental grave, passíveis de enquadramento no


disposto no art. 112, §3º, da Lei nº 8.069/90?
( ) Sim
( ) Não

15 - Em caso positivo, quantos adolescentes possuem transtorno mental grave?

16 - Existência de salas para atendimento técnico individual?


( ) sim
( ) não

17 - Existência de salas para atividades em grupo?


( ) sim
( ) não
75

18 – Há realização de atividades coletivas de lazer e integração para adolescentes,


famílias e comunidade educativa?
( ) sim
( ) não

19 – Há equipe interdisciplinar para atendimento biopsicossocial pedagógico?


( ) sim
( ) não

20 – Se sim, quais profissionais estão inclusos no atendimento biopsicossocial


pedagógico?

PEDAGOGIA DA UNIDADE

1 - Existem propostas pedagógicas diferenciadas para adolescentes em:


Regime de internação provisória (art. 108, do ECA)? Sim Não
Internação decorrente de sentença (art. 122, incisos I ou II, do
ECA)?
Internação decorrente do descumprimento de medida (art. 122,
inciso III, do ECA)?

2 - Há oferta de propostas pedagógicas diferenciadas e programas destinados à


aceleração da aprendizagem ou adequação idade série?
( ) Sim
( ) Não

3 - Existe escola formal dentro da unidade?

4 - Quantos adolescentes estão matriculados?

5 - Quantos professores fazem parte do quadro?

6 - Existem trabalhos artísticos, ocupacionais e culturais na unidade? Quais?

7 - Existem oficinas profissionalizantes? Quais?

8 - Existe assistência espiritual dentro da unidade?


76

ALIMENTAÇÃO

1 - Quantas refeições são servidas diariamente aos adolescentes?

2 - Existem nutricionistas responsáveis pelo cardápio?

VESTUÁRIO

1 - Os adolescentes usam fardamento personalizado?

MATERIAL DE HIGIENE

1 - São distribuídos materiais de higiene pessoal aos adolescentes?


( ) sim
( ) não

REGIMENTO INTERNO

1 - A entidade possui Regimento Interno?

2 - Em caso positivo, o Regimento Interno prevê regras a serem respeitadas pelos


adolescentes e servidores, descrevendo condutas que caracterizem transgressão
disciplinar e as sanções aplicáveis quando de sua prática?

3 - Em caso de inexistência de Regimento Interno, existe outro documento formal com


finalidade análoga?

4 - Em caso positivo, esse outro documento análogo prevê regras a serem respeitadas
pelos adolescentes e servidores, descrevendo condutas que caracterizem transgressão
disciplinar e as sanções aplicáveis quando de sua prática?
77

5 - O adolescente toma conhecimento do regimento interno da unidade?

6 - Como o regimento interno é trabalhado junto ao adolescente?

PLANO INDIVIDUAL DO ADOLESCENTE

1 - Existe um plano individual de atendimento? É realizado?

2 - Há a Homologação Judicial do PIA?

PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DA UNIDADE

1 - Existência de Projeto Político-Pedagógico da unidade?

SEGURANÇA

1 – Existe algum Plano de Segurança?


( ) sim
( ) não

2 - A entidade realiza atividades destinadas à prevenção e à mediação de conflitos? ( )


sim
( ) não

3 - Houve evasão de interna(s) no último ano?


( ) sim
( ) não

4 - Em caso positivo, especifique quantos: _______ interna(s)

5 - Houve rebeliões no último ano?


78

6 - Em caso positivo, especifique quantas: ___________ rebelião(ões)

7 - Durante a rebelião, houve casos de lesão corporal?


( ) sim
( ) não

8 - Durante a rebelião, houve casos de mortes?


( ) sim
( ) não

9 - Em caso positivo, especifique quantas: __________

10 - De que forma é feita a contenção na Unidade?


( ) Agentes de Segurança Pública
( ) Ofendículo (Ex.: cerca elétrica, arame farpado, fragmentos de vidros, etc.)
( ) Muro Elevado
( ) Outros Agentes de Segurança Privada

11 - A unidade possui quantos agentes sociais?

12 - É instaurado procedimento administrativo disciplinar, antes da aplicação das


sanções disciplinares?

13 - Em caso positivo, é garantida a assistência jurídica no procedimento disciplinar?

14 - É facultada a adolescente a assistência de seus pais ou responsáveis durante o


procedimento disciplinar?

15 - Qual órgão ou autoridade é responsável pela aplicação da sanção disciplinar?


( ) Direção da Unidade
( ) Comissão Disciplinar
( ) Agentes Socioeducativos
( ) Outro:__________________

GESTÃO E RECURSOS (HUMANOS E MATERIAIS)


79

1 - Especificar os profissionais que atuam na entidade (especificar se tem, quantidade):


Tipo de Profissional Possui Quantidade
Sim Não
Pedagogo
Psicólogo
Assistente Social
Educador Social
Monitor
Nutricionista
Médico
Enfermeiro
Auxiliar de enfermagem
Terapeuta ocupacional
Advogado/ Defensor Público
Dentista
Professor
Outros (Especificar)

2 - Os recursos repassados à entidade são considerados suficientes para seu


funcionamento e manutenção das atividades desenvolvidas? ( ) sim ( ) não

AMBIENTE FÍSICO E INFRA-ESTRUTURA:


Sim Não
Refeitório para adolescentes
Refeitório para funcionários
Sanitário no refeitório
Cozinha
Dormitório com banheiros
Sala de TV
Biblioteca
Área de espera para visitantes
Sanitário para visitantes
Sanitário para funcionários
Sala de revista masculina
Sala de revista feminina
Guarda volume
Vestiário Feminino para funcionário
Vestiário Masculino para funcionário
Dispensário de medicamentos
Rouparia
Lavanderia
Quadra poliesportiva
80

Espaço para atendimento jurídico


Espaço para atendimento social
Espaço para atendimento psicológico
Espaço para atendimento familiar
Oficinas profissionalizantes
Espaço interno para visita com sanitário
Espaço para atividade em grupo
Salas de aula
Espaço para sala de professores e funcionamento de
secretaria e direção da escola
Auditório
81

APÊNDICE E: Roteiro de entrevista para as adolescentes

PESQUISA: DIREITO E CIDADANIA DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE


INTERNAÇÃO FEMININA NO ESTADO DA PARAÍBA

ROTEIRO DE QUESTIONÁRIO SEMI-ESTRUTURADO

1 – Qual a sua idade?


( ) entre 12 e 13
( ) entre 14 e 15
( ) entre 16 e 17
( ) entre 18 e 21

2 - É a sua primeira vez na Casa Educativa?


( ) sim
( ) não
Se não, quantas entradas deu na Casa Educativa?
()2
()3
( ) mais de 3

3 - O que você acha que te levou a uma nova medida sócio-educativa?

4 – Na tua opinião, qual a sua infração?

5 – Você tem família (pai, mãe, irmãos)?


( ) sim
( ) não
Se sim, mora com quem (eles)?
Se não, com quem você reside?

6 – Tem filho(s)?
( ) sim
( ) não
Se sim, quantos?
82

7 – Qual seu estado civil?


( ) solteira
( ) casada
( ) viúva
( ) união estável
( ) outro
Se tem companheiro, onde ele está?

8 – Você acha que o teu companheiro te incentivou a prática do ato infracional?


( ) sim
( ) não
Se não, quem você acha que foi?

9 – Você estudava antes de vir para a Casa Educativa?


( ) sim
( ) não

10 – Quem trabalha na sua casa?


( ) pai
( ) mãe
( ) irmãos
( ) todos

11 – Qual a renda familiar da sua casa?


( ) acima de 2 salários mínimos
( ) um salário mínimo
( ) abaixo de um salário mínimo

12 – Você recebe visita da sua família?


( ) sim
( ) não
Se não, qual o motivo?

13 – Você gosta de receber visita da sua família?


( ) sim
( ) não

14 – Você ou sua família recebe ou já recebeu algum tipo de assistência social de


programas governamentais?
83

( ) sim
( ) não
Se sim, qual?
( ) Bolsa Família
( ) PETI
( ) Agente Jovem
( ) Auxílio maternidade
( ) outro
Se não, você acha que o Serviço Social da Casa Educativa deve encaminhar sua
família a programas socioassistenciais do governo?
( ) sim
( ) não

15 - Como você avalia sua rotina dentro da Casa Educativa?


( ) ótima
( ) regular
( ) ruim

16 – Você acha que a quantidade de dias e horas em que frequenta a escola


facilita seu aprendizado?
( ) sim
( ) não

17 – Já frequentou algum curso profissionalizante?


( ) sim
( ) não
Se sim, qual?

18 - Acha que a oficina a prepara para um futuro emprego?


( ) sim
( ) não

19 - Quanto aos tipos de oficinas oferecidas, você acha que elas atendem ao
desejo das adolescentes internas?
( ) sim
( ) não

20 - Como você avalia o acompanhamento social oferecido à sua família pela


Instituição?
( ) ótimo
84

( ) regular
( ) ruim

21 - Como você avalia este tempo de internação na Casa Educativa?


( ) ótimo
( ) regular
( ) ruim

22 - O que você acha que poderia melhorar?

23 - Como as adolescentes são separadas aqui (por idade, por amizade - nos
setores e nos quartos)?

24 - Como você acha que é a sua relação com os técnicos: assistente social,
psicóloga...?
( ) ótima
( ) regular
( ) ruim

25 - Como você acha que é a relação de vocês com as diretoras?


( ) ótima
( ) regular
( ) ruim

26 – E, por fim, o que você quer fazer quando sair daqui? O que espera para o
futuro
85

Anexo A: Carta de Anuência

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