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Leonardo Fibonacci

Para aqueles que procuram,


a vida revela os seus mistérios.

Nascido entre 1170 e 1180, Leonardo Fibonacci era filho de um mercador proeminente, também funcionário
público, vivendo provavelmente numa das muitas torres de Pisa. Uma torre servia como lugar de trabalho,
fortaleza e residência da família e eram assim construídas para permitir que as flechas pudessem ser atiradas
das pequenas janelas e atingissem estrangeiros ou quem quer que não fosse bem vindo. Durante a vida de
Leonardo, a torre inclinada de Pisa estava sendo construída. Ela foi a última das três grandes edificações
construídas em Pisa, já que a catedral e o batistério ficaram prontos alguns anos antes.

Recebendo educação esmerada Leonardo falava Francês, Grego e Latim, no qual era fluente. Quando seu pai foi
transferido para o norte da África, foi instruído a completar sua educação, período durante o qual Leonardo fez
muitas viagens de negócios em torno do Mediterrâneo. Então, voltando de uma das suas viagens do Egito,
publicou um livro de cálculos denominado “Líber Abaci” que introduziu na Europa uma das maiores descobertas
matemáticas de todos os tempos, o sistema decimal.

Fibonacci, após expressar o princípio básico do ábaco em “Líber Abaci” começou a usar o novo sistema durante
suas viagens e, através dos seus escritos transmitiu para a Europa não só o novo sistema, bem como seu fácil
método de cálculo. Gradualmente o antigo uso dos Algarismos Romanos foi sendo substituído pelo sistema dos
Algarismos Arábicos. A introdução do novo sistema na Europa foi a primeira façanha importante no campo da
matemática após a queda de Roma, sete séculos antes. Fibonacci não apenas manteve a matemática viva
durante a Idade Média, como assentou as bases para grandes desenvolvimentos no campo da alta matemática e
nos campos afins da física, astronomia e engenharia.

Embora a posteridade o tenha perdido de vista, inquestionavelmente, Fibonacci foi um homem do seu tempo.
Sua fama era tanta que Frederico II, cientista e Imperador do Sacro Império Romano, Rei da Sicília e Jerusalém,
herdeiro de duas das mais nobres famílias na Europa e Sicília, e o mais poderoso príncipe daqueles dias foi
conhece-lo, pois necessitava de solução para alguns problemas que envolviam a matemática. As idéias de
Frederico eram as de um monarca e se rodeava com toda a pompa de um imperador Romano.

O encontro entre Fibonacci e Frederico II ocorreu em 1225 e foi um evento de grande importância para a cidade
de Pisa. O imperador a cavalo liderava uma longa procissão de trombeteiros, cortesões, cavaleiros, oficiais e
uma coleção de animais selvagens. Alguns dos problemas apresentados pelo imperador a Fibonacci estão
detalhados no seu livro “Líber Abaci”. Aparentemente os problemas apresentados pelo imperador foram
solucionados e por este motivo Fibonacci tornou-se bem vindo para sempre em sua corte. Quando revisou o
“Líber Abaci” em 1228 dedicou a edição revisada a Frederico II. Não seria exagerar dizer que Leonardo Fibonacci
foi um dos grandes matemáticos da Idade Média. Ao todo, escreveu três trabalhos matemáticos importantes: o
“Líber Abaci”, publicado em 1202 e revisto em 1228, o “Pratica Geometriae”, publicado em 1220, e o “Líber
Quadratorum”. Para aqueles interessados em se aprofundar na obra de Fibonacci, o livro intitulado “Leonardo de
Pisa e a Nova Matemática da Idade Média” por Joseph e Francês Gies, é um excelente trabalho sobre o período
de Fibonacci e seus trabalhos.

Embora tenha sido um dos grandes matemáticos dos tempos medievais, os únicos monumentos em sua
homenagem são uma pequena estátua no cruzamento do rio Arno com a Torre Inclinada e duas ruas, uma em
Pisa e outra em Florença que receberam seu nome. Parece estranho que tão poucos visitantes dos 179 degraus
de mármore da Torre de Pisa, tenham ouvido falar de Fibonacci ou viram sua estátua. Fibonacci era
contemporâneo de Bonanna, o arquiteto da Torre, cuja construção iniciou-se em 1174. Os dois homens fizeram
grandes contribuições para o mundo, mas aquele cuja influência de longe excedeu a do outro é quase um
desconhecido.

Fibonacci chegou ao mercado financeiro, mais especificamente na análise técnica, pelas mãos de Ralph Nelson
Elliott. Quando este último, após ter sido apresentado por seu amigo Charles J. Collins aos editores do “Financial
Word Magazine” publicou sua teoria através de uma série de 12 artigos em 1939. Em 1946, dois anos antes de
sua morte, Elliott escreveu sua obra definitiva sobre o Princípio das Ondas, “Nature’s Law – The Secret of the
Universe”.

A base de todo o seu trabalho foram as relações matemáticas definidas pela seqüência de Fibonacci (os
números de Fibonacci).

A Seqüência de Fibonacci:
A resposta a uma questão apresentada no livro “Líber Abaci” deu origem à seqüência dos números 1, 1, 2, 3, 5,
8, 13, 21, 34, 55, 89, 144 ... ∞, hoje conhecida como a seqüência de Fibonacci. O problema foi:

Partindo-se de um casal de coelhos colocados dentro de uma área fechada, pergunta-se: quantos pares
de coelhos teremos em um ano, sabendo-se que cada par gera um novo par a cada mês, a partir do
segundo mês?

Para chegar à solução, sabemos que cada par, incluindo-se o primeiro casal, necessita de um mês de
maturação, mas uma vez em produção, gera um novo para a cada mês. O número de pares é o mesmo no
começo dos dois primeiros meses. De modo que os dois primeiros números da seqüência são: 1, 1.

O primeiro par finalmente dobra seu número durante o segundo mês, de modo que no início do terceiro mês
temos dois pares. Desses, o par mais velho gera um terceiro par no mês seguinte de modo que no início do
quarto mês, a seqüência se expande para 1, 1, 2, 3. Desses três, os dois pares mais velhos reproduzem, e o
mais jovem ainda não, de modo que o número de pares cresce para cinco. No próximo mês, três pares
reproduzem de modo que a seqüência se expande para 1, 1, 2, 3, 5, 8 e assim por diante. Se continuarmos a
seqüência veremos que cresce com rapidez logarítmica e em poucos anos o número se tornará astronômico. Em
100 meses, por exemplo, teríamos 354.224.848.179.261.915.075 pares de coelhos.

A seqüência de Fibonacci resultante do problema dos coelhos tem propriedades muito interessantes e reflete
uma relação quase constante entre os seus componentes. Eis algumas delas:

Na seqüência a soma de dois números adjacentes forma o próximo número mais alto, i.é.,1 mais 1 igual a dois, 1
mais 2 igual a 3, 2 mais 3 igual a 5, 3 mais 5 igual a 8 e assim por diante até infinito.

Após os quatro primeiros números, a razão entre dois números consecutivos na seqüência aproxima-se de 1,618
ou o seu inverso, 0,618. Assim a razão de qualquer número para o próximo número mais alto, chamado phi, é
aproximadamente 0,618 para 1 e para o próximo número mais baixo é aproximadamente 1,618 para 1. Quanto
mais alto os números, mais próximos de 0,618 e 1,618 serão as razões entre eles. Na seqüência a razão entre
números alternados é de 2,618 ou o seu inverso 0,382. Algumas afirmações da inter relação das propriedades
dessas quatro razões principais podem ser listadas a seguir:

1) 2,618 - 1,618 = 1
2) 1,618 - 0,618 = 1
3) 1 - 0,618 = 0,382
4) 2,618 x 0,382 = 1
5) 2,618 x 0,618 = 1,618
6) 1,618 x 0,618 = 1
7) 0,618 x 0,618 = 0,382
8) 1,618 x 1,618 = 2,618
À exceção de 1 e 2, qualquer número da seqüência de Fibonacci multiplicado por 4, quando somado a um
número selecionado da série de Fibonacci, dá outro número de Fibonacci, de modo que:

3x4 = 12 + 1 = 13
5x4 = 20 + 1 = 21
8x4 = 32 + 2 = 34
13 x 4 = 52 + 3 = 55
21 x 4 = 84 + 5 = 89

e assim por diante

Assim que a nova seqüência avança, uma terceira seqüência começa naqueles números que são adicionados à
multiplicação por 4. Esta relação é possível porque a razão entre o segundo número alternado de Fibonacci, é
4, 236, onde 0,236 é tanto o seu inverso como sua diferença do número 4.

A soma de quaisquer dez números consecutivos da seqüência é sempre divisível por 11.

A lista de fenômenos relacionados com a seqüência de Fibonacci é enorme e poderíamos continuar citando uma
infinidade deles, mas não vem ao nosso propósito.

As razões 1,618 para 1 e 0,618 para 1 são conhecidas como as razões douradas (a razão perfeita), que dão
origem à espiral dourada. Elas são encontradas em tal extensão no universo que muitas vezes referem-se a elas
como uma “Lei da Natureza”. Elliott teorizava que o progresso da humanidade através da história seguiu uma lei
natural de crescimento e decadência baseada na seqüência de Fibonacci. Acredita-se que este padrão de
crescimento segue a espiral logarítmica definida pela seqüência de fibonacci. Acredita-se que esta espiral não
apenas descreve os padrões de crescimento vistos através da expansão espiralada das galáxias do universo,
mas também mantém uma forma de diminuição constante na direção dos menores elementos da natureza.

A Seção Dourada
Fonte: “Elliott Wave Principle” de Frost and Pretcher

Qualquer extensão pode ser dividida de uma forma tal que a razão entre a parte menor e a parte maior é
equivalente à razão entre a parte maior e o todo. Esta razão é sempre 0,618.

O Retângulo Dourado

Os lados de um Retângulo Dourado estão numa proporção de 1,618 para 1. A construção do Retângulo Dourado
começa com um quadrado de 2 x 2 onde se traça uma linha partindo do meio de um dos lados até o vértice do
lado oposto, conforme pode se ver na figura abaixo:

A 2 B
O Triângulo EDB é um Triângulo Retângulo. Aplicando-se o Teorema de Pitágoras
(a hipotenusa ao quadrado é igual a soma dos quadrados dos catetos), temos:
X = Ö5 X2 = 22 + 12
2 2 X2 = 5
X =Ö5

O próximo passo na construção do Retângulo Dourado é estender a linha CD,


C 1 F 1 D
fazendo EG igual à raiz quadrada ou 2,236 unidades de extensão, como mostrado
na figura abaixo:

A 2 B F

Quando completos, os dois retângulos AFCG e BFDG são Retângulos


X = Ö5 Dourados. As provas são as seguintes:
2 2
CG = Ö5 +1 e DG = Ö5 - 1
FG = 2 FG = 2

C 1 E 1 D G CG = Ö5 + 1 DG = Ö5 - 1
FG 2 FG 2
Ö5
= 2,236 + 1 = 2,236 - 1
2 2

= 3,236 = 1,236
2 2

= 1,618 = 0,618

Desde que os lados dos retângulos estão na proporção da Razão Dourada, então, os retângulos são, por
definição, Retângulos Dourados.

Obras de arte têm sido muito realçadas com o conhecimento do Retângulo Dourado. Leonardo da Vinci, que
achava a razão agradável nas suas proporções, disse. “Se uma coisa não tem o aspecto correto ela não
funciona”. Muitas das suas pinturas têm uma forma correta devido à utilização dos Retângulos Dourados.
Salvador Dali também usava nas suas obras muitos Retângulos dourados.

Enquanto possa ter sido usado conscientemente e deliberadamente por muitos artistas por razões próprias, a
proporção phi aparentemente tem um efeito sobre o observador da arte. Experiências têm demonstrado que as
pessoas acham a proporção 0,618 esteticamente favorável.

Enquanto a Seção Dourada e o Retângulo dourado representam porções estáticas, uma idéia de crescimento
ordenado, pode ser feita apenas através de uma das mais notáveis formas do universo, a Espiral Dourada.

A Espiral Dourada (Logarítmica):

Se começarmos com o Retângulo Dourado, poderemos dar o próximo passo, a construção da espiral logarítmica.
Desenhando um grande retângulo, como o anterior, e então dividi-lo num quadrado e num retângulo menor,
como em A e B. Depois pegamos o retângulo B, traçamos um quadrado
e o retângulo C. Depois dividimos o retângulo C no quadrado C e no
retângulo D e assim sucessivamente. O cruzamento das bissetrizes
B pontilhadas, que são proporções douradas em relação a cada uma delas,
assinalam o centro teórico dos quadrado à sua volta. Desse ponto central
A nós podemos desenhar a espiral conectando os pontos de interseção
para cada quadrado a sua volta.
C
D A espiral logarítmica não tem limites e tem uma forma constante. O
centro nunca é alcançado e a expansão é ilimitada. O núcleo de uma
espiral logarítmica visto através de um microscópio tem o mesmo aspecto de uma galáxia espiralada vista
através de um Telescópio. Ela é a única espiral que nunca muda o seu formato.
Saindo fora da matemática, vamos ao que interessa. Os números de Fibonacci são usados pelos observadores
do mercado de muitas maneiras para chegar às decisões de timing.

Alguns usam os próprios números para projetar pontos de virada do mercado numa base anual, mensal,
semanal, diária, horária, ou outra periodicidade de dados.

Outros usam as razões dos números como uma referência para monitorar o mercado e projetar áreas de suporte
e resistência.

Outros, ainda, usam as razões como guias para determinar níveis de retração durante as correções do mercado
ou para projetar os pontos de virada do mercado.

Estas técnicas serão examinadas na próxima revista.

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