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INDICADORES DE TIMING: OSCILADDORES E RASTREADORES

Indicadores de Timing são ferramentas que nos permitem avaliar a saúde geral do mercado
confirmando ou não as tendências em andamento, bem como, o estágio sobre-comprado ou sobre-
vendido em que ele se encontra.

Dizem as pessoas mais antigas de Wall Street que seu aparecimento ocorreu na década de 40,
quando alguns artilheiros anti-aéreos que haviam retornado da Segunda-Guerra mundial foram
trabalhar no mercado e passaram a utilizar as média móveis para se posicionar diante dele conforme
posicionavam seus canhões sobre os aviões inimigos. As décadas de 60 e 70 registram sua grande
expansão e a de 80, com o advento dos computadores de uso pessoal, sua popularização.

Acredito que alguns de vocês já tenham ouvido falar no Moving Average Convergence-Divergence
(MACD), ou no Movimento Direcional (MDI), ou no Parabólico, ou no Índice de Força Relativa, ou no
Estocástico, etc. São alguns dos rastreadores e osciladores mais conhecidos. Entretanto, não será
sobre eles que focalizaremos nossos estudos. Por uma questão de simplicidade e facilidade na sua
leitura ou interpretação, aqui trabalharemos apenas com as médias móveis, a Linha de Avanços e
Declínios (LAD) e o Saldo do Volume (On Balance Volume – OBV). No final desta seção, veremos um
pouco de cada um deles, mas apenas com o objetivo de criação de cultura. Àqueles que desejarem
se aprofundar fornecerei bibliografia especializada.

Médias Móveis: a espinha dorsal

As médias móveis são um dos indicadores mais populares e a base de quase todos os outros, pois
todos eles são a média móvel de alguma coisa. Por exemplo, o MACD é um indicador composto por 3
médias móveis exponenciais de periodicidades diferentes dos preços de fechamento; o Movimento
Direcional é uma média móvel das diferenças do que a barra de um dia foi além ou aquém da barra
do dia anterior; o Estocástico é uma média móvel da relação entre cada preço de fechamento e as
máximas e mínimas recentes. Enfim, o alicerce da grande maioria dos indicadores é a média móvel.
Na análise técnica, as mais utilizadas são as médias móveis aritméticas ou simples, geométricas ou
ponderadas e exponenciais. Para efeito didático trabalharemos apenas com as médias simples
calculadas sobre os preços de fechamento de cada dia (ou barra), como elas são mais comumente
utilizadas. Cabe ressaltar, entretanto, que alguns estudos utilizam as máximas, as mínimas ou as
médias. Tudo depende do fim a que se destina.

O que é uma média móvel? Seja ela aritmética, geométrica ou exponencial, é uma média extraída de
um corpo de dados seqüenciais numa janela de tempo. Assim, uma média móvel de 10 períodos (ou
barras), mostra o preço médio do fechamento dos últimos 10 períodos (ou barras). No décimo
primeiro dia, substitui-se o preço de fechamento do primeiro dia (ou barra) pelo preço de fechamento
do décimo-primeiro e calcula-se uma nova média, e assim sucessivamente. Ao conectar os pontos
das médias móveis de cada dia, você cria a linha da média móvel. O primeiro ponto de uma média
móvel surge de acordo com a periodicidade em que está sendo calculada. Numa média móvel de 10
dias, por exemplo, o primeiro ponto aparece no décimo dia.

O principal objetivo de uma média móvel é o de nos informar se começou ou terminou uma
tendência dos preços. Por ser uma média calculada sobre dados passados, ela não prediz, apenas
reage com uma pequena defasagem de tempo em relação aos movimentos dos preços. Portanto, ela
segue, mas não lidera ou antecipa os preços. Sua característica principal é fazer com que o
movimento do gráfico de preço fique mais suave, tornando mais fácil à visualização da tendência
básica.
Tomemos como exemplo, o
10 11 13 12 12 13 14 15 13 15 16 17 18 17
diagrama ao lado.

No quadro superior, observamos os


1D 2D 3D 4D 5D 6D 7D 8D 9D 10D 11D 12D 13D 14D
preços de fechamento de uma
seqüência de 14 dias (ou períodos)
de um ativo qualquer. Sobre eles,
12,8 13,4 14 14,5 15 iremos calcular uma média móvel de
10 períodos.

O primeiro ponto da média só pode


1D 2D 3D 4D 5D 6D 7D 8D 9D 10D 11D 12D 13D 14D ser calculado no décimo dia. Seu
cálculo é simples e a fórmula é a
seguinte:

M.M.A. = P1+P2+P3 ....... + Pn


N

Onde, P é o preço de fechamento no período de 1 a n e N, o número de períodos da média móvel.

No quadro inferior do diagrama acima, podemos ver de uma forma simples sua mobilidade e os cinco
primeiros pontos calculados com a fórmula acima. Foram somados todos os preços sob as linhas
horizontais coloridas e divididos por 10 obtendo-se os pontos correspondentes que, conectados,
formarão a linha da média móvel. No exemplo abaixo, utilizando os dados ali apresentados, podemos
ver o gráfico dos preços e sob ele a linha da média móvel aritmética plotada a partir do décimo dia.

18 .
17 . .
16 .
15 . . . .
14 . . .
13 . . . .
12 . .
11 .
10 .
1D 2D 3D 4D 5D 6D 7D 8D 9D 10D 11D 12D 13D 14D 15D

Ao observar-se uma média móvel, o que nos interessa é a sua inclinação. Quando ela sobe, mostra
que o mercado está ficando mais otimista (altista). Quando ela cai, mostra que o mercado está
ficando pessimista (baixista). Quando o mercado está mais altista do que antes, os preços sobem
acima da média móvel e, quando está mais baixista do que antes, os preços caem abaixo da média
móvel.

Quanto menor a periodicidade utilizada para o cálculo da média, mais próxima ela se movimenta dos
preços e, inversamente, quanto maior a periodicidade mais afastada ela fica dos preços.
Introduzi no gráfico do
IBX, ao lado, duas
médias móveis simples:
uma de 3 períodos e
outra de 21 períodos.
Como vê, a linha da
média mais curta
(vermelha) anda
praticamente junto com
os preços e a de 21
(azul) mais afastada.

Enquanto os preços
cortam a média mais
curta para cima e para
baixo a todo instante,
na mais longa a
freqüência dos cortes é
muito menor. Qual a
vantagem de se utilizar uma ou outra? Ou, em outras palavras, qual é o tamanho ou a periodicidade
ideal de uma média móvel? Depende do objetivo!

Se for para servir como ponto de suporte ou resistência, terá uma medida; se for para capturar pontos
de retorno numa congestão, terá outra; se for para rastrear uma tendência, outra e ainda; para servir
de estope, terá outra.

Agradecimento :

Há pouco senti uma sensação inexplicável, de enorme satisfação! Por uma casualidade, há alguns minutos atrás,
precisei entrar na sala do fórum, onde raramente entrei, até agora! Dei de cara com a seguinte mensagem:

“A linha de resistência é o "local" onde existem mais vendedores do que compradores, logo há uma pressão para
queda dos preços. Sendo assim, é um ponto de venda, ou seja, aliado a outros indicadores, a venda é indicada neste
momento. Caso a linha de resistência seja rompida, significa que agora o que era caro ficou barato, logo o preço do
ativo irá buscar a próxima resistência, mais alta. Para projetar q ual a próxima resistência são usadas estratégias como
a simetria, onde acredita -se que a história se repete, ou seja, observa -se o histórico do gráfico e repete -se os últimos
movimentos, por exemplo: Se houve um aumento de 20% antes de romper a resistência , projeta-se um aumento de
20% - claro que não é tão simples assim, mas é um meio bem simplificado de explicar. No próprio Investshop existe
um curso virtual de análise técnica, feito pelo Marcio Noronha. É bem legal e ainda está no começo, sexta aula (as 4
primeiras são grátis). É um bom jeito de começar.

Bel_Marques (19/01/01 18:27)

Num curso virtual, a sensação mais desagradável é a falta de retorno. Você está do lado de cá, passa uma mensagem
e não consegue ouvir o baque. Ao ler as linhas acima, senti que meu esforço de tentar mostrar um caminho está sendo
correspondido e assimilado. Me senti recompensado. Obrigado, Bel!

Observação: após ter lido o texto da Bel, resolvi ler mais alguns comentários para ter uma idéia da dinâmica do fórum.
Qual não foi a minha surpresa ao me deparar com um texto que não me lembrava de tê-lo escrito. Depois ter lido umas
três linhas, tive que reler para perceber que não fora eu que o escrevera. Tive a minha segunda alegria do dia:
descobri que já tenho um discípulo que ass imilou tão bem a minha concepção de simetria que chegou a me confundir.
Era a prova que precisava! Se consegui deixar tão claro para um no primeiro curso da revista Timing, há dois anos
atrás, poderei deixar para muitos, no decorrer deste!

Observando o gráfico acima, você pode notar, por exemplo, que a média de 3 períodos não se presta
como indicador de tendência, pois os preços movem-se praticamente o tempo todo costurando sobre
ela. Já a de 21 períodos, consegue capturar boa parte das tendências, podendo ser utilizada como
um indicador de tendência.
A média móvel de 200 dias é ótima para confirmar a mudança da tendência primária do
mercado. Coloquem-na sobre seus gráficos e notem como quando ela inverte sua direção, o
topo/fundo principal já ficou para trás há algum tempo.

As médias móveis podem ser posicionadas de três maneiras diferentes em relação ao gráfico de
preço. A posição normal é se colocar o último valor da média alinhado com a última barra do gráfico
de preço. Alguns analistas, objetivando diminuir o número de sinais falsos, a deslocam para a direita,
para que haja necessidade de mais tempo para uma perfuração e outros, estudiosos de ciclos,
preferem antecipa-la, centralizando-a para melhor percepção do ciclo.

No gráfico acima, introduzi uma média móvel de 21 períodos ocupando as três posições em que ela
pode ser visualizada. A linha vermelha está posicionada da forma normal; na posição da linha azul,
ela foi atrasada de modo que seus pontos de retorno fiquem alinhados com os pontos de retorno do
gráfico; na linha verde ela está postecipada, visando diminuir o número de penetrações falsas.

Disse, há pouco, que a


média móvel de 3 períodos,
não se presta como
sinalizador da tendência.
Entretanto, deslocada para
a direita, funciona com
muita precisão como nível
de estope de entrada e de
proteção da operação em
andamento. Observe, no
gráfico ao lado, como ela se
presta na captura de
possíveis reversões da
tendência em andamento e
como pode ser utilizada
como estope de entrada e
de saída.
Sistemas operacionais:

Além de serem utilizadas para as funções a que me referi nos parágrafos anteriores, outra maneira
de utilizar uma ou mais médias móveis, é na construção de sistemas operacionais manuais ou
computadorizados.

Na sua forma mais simples, estes sistemas consistem apenas do cruzamento dos preços através da
linha da média. Para utiliza-los, inicialmente deve-se selecionar uma média móvel que comprove ter
tido um desdobramento confiável durante os momentos em que o ativo se manteve em tendência,
bem como, na captura dos pontos de reversão das tendências anteriores.

Para tal, necessita-se de um programa (o programa de análise metastock permite construir macros)
que possa, utilizando um banco de dados com histórico que abranja diferentes tendências, testar
diferentes periodicidades de uma média móvel associada aos cruzamentos dos preços sobre ela.
Será necessário que o programa esteja projetado para testar uma variedade de médias e os
respectivos comandos de compra e venda gerados pelos cruzamentos para cima e para baixo. No
final, deverá lhe apresentar um relatório informando quais as combinações mais lucrativas (a melhor
média), qual a maior seqüência de operações lucrativas, qual a maior seqüência de operações
deficitárias, qual a operação que forneceu o maior lucro isolada, o maior prejuízo, etc. Veja um
exemplo manual, abaixo:

No exemplo acima, introduzi uma média móvel de 5 períodos e outra de 21 períodos.


Desconsiderarei a de 5 porque, como pode verificar, os sinais de compra e venda se confundem a
todo o tempo e, com certeza, o desempenho do sistema será desastroso.Supondo que o seu
programa estivesse testando a média móvel de 21 períodos e os cruzamentos dos preços sobre ela,
para efeito de avaliação, ele pegaria o primeiro cruzamento para baixo (PV) e assumiria como uma
venda. No primeiro cruzamento que ocorresse para cima ele assumiria como uma compra (PC) e
guardaria na memória o resultado obtido. Terminada a varredura sobre o banco de dados utilizado,
arquivaria o somatório dos resultados positivos e negativos. No final, lhe apresenta um relatório das
periodicidades testadas. Embora simples, é muita provável que o seu desempenho tenha sido pior
do que o do sistema no período analisado.

Não me lembro exatamente quem, embora ache que tenha sido Richard Donchian, começou a
desenvolver métodos operacionais utilizando médias móveis. Nas suas pesquisas, acabou
percebendo que existe uma alternância entre os melhores momentos das médias. Existem momentos
que ora é melhor usar uma curta, ora uma longa. Por que, então, não usá-las combinada? Por que
não usar uma mais longa, portanto menos sensível às pequenas correções, para definir a tendência e
uma mais curta, com propósitos de timing. Compare o gráfico da página anterior com este visto sob
este novo prisma:

Veja que diferença! Os pontos de compra e de venda foram minimizados e, se fizer os cálculos,
embora tenha operado um menor número de vezes, lucrou muito mais. Note como muitos sinais
falsos foram eliminados.

Partindo do mesmo princípio, isto é, que o cruzamento de duas médias é melhor do que o
cruzamento de uma média, o cruzamento de três médias deveria ser melhor ainda. Bem, o que posso
dizer a respeito é que durante um longo período em que fiz pesquisas para encontrar um sistema
ótimo, nunca encontrei nenhum combinando três médias que pudesse se enquadrar entre os
melhores sistemas. Mas, existem muitos analistas que seguem este modelo.

A linha de avanços e declínios: a ferramenta mais simples e a mais importante deste curso:

Em 1984 adquiri o livro “GRANVILLE”S New Strategy of Daily Stock Market Timing for Maximum
Profit”. Na medida em que fui lendo seu conteúdo, minha visão sobre o mercado foi mudando para
melhor. Seu autor (Joseph Granville), na minha modesta opinião, um dos grandes gênios do
mercado, dotado de enorme capacidade perceptiva e criativa, entre outras descobertas, criou duas
ferramentas extraordinárias: A linha de avanços e declínios (LAD) e o Saldo do Volume (OBV).
Ambas de construção muito simples, não me permitem que hoje olhe para o mercado sem antes
saber o que elas e as suas variantes estão dizendo.

O que pode ser mais simples para se conhecer a saúde interna do mercado do que o saldo diário
entre as ações que subiram e caíram. O que poderá refletir melhor do que isto a força predominante
do mercado? A LAD de avanços e declínios é um indicador técnico puro, baseado inteiramente na
estatística diária do mercado.

Sua construção é bastante simples. Ela pode ser construída a qualquer tempo, e depois de alguns
dias seu curso será exatamente igual a todas as outras LADs construídas por outras pessoas.

Diariamente você tem acesso através da mídia às cotações do pregão do dia anterior. Basta que
entre na página de cotações na coluna de fechamentos e verifique quantas ações estão com o sinal
(+) e quantas estão com o sinal ( - ). Identifique o saldo e abra no Excel ou no Word uma planilha com
o seguinte aspecto:

AVANÇOS DECLÍNÍOS DIFERENÇA


DATA AVANÇOS DECLÍNIOS ACUMULADOS ACUMULADOS CUMULATIVA BOVESPA

Suponha que hoje estará começ ando a sua LAD. Pegue o jornal do pregão anterior e some quantas
ações subiram e quantas caíram. Verificará que 121 ações subiram e 75 caíram e as demais não
foram negociadas ou o preço de fechamento permaneceu inalterado.

AVANÇOS DECLÍNÍOS DIFERENÇA


DATA AVANÇOS DECLÍNIOS ACUMULADOS ACUMULADOS CUMULATIVA BOVESPA

12/01/01 121 75 121 75 46 17530

Se na próxima segunda-feira, após o pregão ter sido encerrado, tiver como calcular o saldo entre as
ações que subiram e caíram, já poderá entrar com os novos dados. Do contrário, terá que esperar até
o dia seguinte para apanha-los num jornal. Suponha, então, que ao se encerrar o pregão de segunda-
feira próxima, encontre que 80 ações subiram e 113 caíram, o que dá um saldo de 33 ações caindo a
mais do que subindo. Transferindo estes dados para a planilha, teríamos:

AVANÇOS DECLÍNÍOS DIFERENÇA


DATA AVANÇOS DECLÍNIOS ACUMULADOS ACUMULADOS CUMULATIVA BOVESPA

12/01/01 121 75 121 75 46 17530


15/01/01 80 113 201 188 13 17320

Na terça-feira o mercado caiu, apresentando os seguintes números: 57 ações subiram e 131 ações
caíram. Nossa tabela, então, ficaria assim:

AVANÇOS DECLÍNÍOS DIFERENÇA


DATA AVANÇOS DECLÍNIOS ACUMULADOS ACUMULADOS CUMULATIVA BOVESPA

12/01/01 121 75 121 75 46 17530


15/01/01 80 113 201 188 13 17320
16/01/01 57 131 258 319 (61) 17125

Depois de algum tempo e alguns fundos e topos terciários, a LAD irá tomando sua forma geralmente
muito parecida com a do índice) e poderá começar a fazer sua leitura. Para efeito de avaliação, só
trabalharemos com três colunas: Data, Diferença Cumulativa e a do índice Bovespa. Com o tempo,
poderá, utilizando os dados da planilha, montar um gráfico da evolução do índice e da linha de
avanços e declínios, conforme pode observar na próxima página.
Como pode ver, a LAD é um indicador que deve (sem falha) ser computado diariamente. Ë um
indicador cumulativo. A diferença líquida (saldo) das ações que subiram e caíram é adicionada ou
subtraída de um número cumulativo contínuo. Pode-se iniciar sua construção em qualquer dia.
Depois de algum tempo, estará emitindo os mesmos sinais que uma outra que tenha sido iniciada
muito tempo antes. Para calculá-la, você precisa apenas de um jornal diário de onde possa extrair o
número de ações que subiram e caíram em relação à véspera. A maioria dos jornais informa sobre a
variação positiva ou negativa. Ë só contá-las, apurar o saldo e começar!

A teoria por trás da LAD é mais bem descrita nos termos do que Granville chamou de analogia da
“banheira”. Imagine o mercado como uma banheira. Ações subindo elevam o nível da água e ações
caindo abaixam o nível da água. A força real do mercado é determinada pelo nível da água. Quando
o índice Bovespa está subindo e o nível da água do mercado como um todo baixando, temos um
problema se desenvolvendo nas nossas mãos. Inversamente, quando o Bovespa parece fraco, mas o
nível da água do mercado está virtualmente estagnado ou ligeiramente mais baixo, podemos dizer
que o cenário real do mercado está relativamente mais forte do que o quadro de fraqueza proclamado
pela maioria dos seguidores de todos os índices do mercado.

Num mercado de alta convencional, os primeiros meses da subida mostram a LAD e o Bovespa
engrenados para cima num casamento feliz. A banheira do mercado está enchendo. Entretanto, está
feliz combinação eventualmente desengrena, e a lua de mel acaba. O índice continua subindo
alegremente, mas a LAD, há algum tempo, não está mais no mesmo passo, caminhando lateralmente
ou para baixo. Temos agora um casamento rompido nas nossas mãos. Enquanto o público está
hipnotizado com o índice subindo, o nível da água está baixando. O que eram dois fatores subindo de
mãos dadas são agora dois fatores seriamente desengrenados. O ciclo sempre mostra uma ordem
estrita neste fenômeno técnico: (1) engrenados, (2) desengrenados, e novamente (3) engrenados.
Quando ocorre uma divergência entre o índice e a LAD, a ordem usual dos eventos prediz que o
índice engrenará com a direção da LAD. No exemplo abaixo, veja como as disparidades entre a LAD
(linha vermelha) e o índice Bovespa (linha preta) sempre se equacionaram a favor da direção da LAD,
com a linha não confirmando nenhuma vez os movimentos de subida do índice.
O BOVESPA E A LAD DOS SEUS COMPONENTES

14000 500

12000
0

10000
-500

8000
BOV
-1000
LAD
6000

-1500
4000

-2000
2000

0 -2500
/0 7
7/ 7

/0 7
/0 7
/0 7
/1 7
/1 7
/1 7
/1 7
/1 7
2/ 9 7

/0 8
/0 8
/0 8
/0 8
/0 8
/0 8
/0 8
/0 8
2/ 9 8

/0 8
/0 8
/0 8
/0 8
/0 7
/1 8
/1 8
/1 8
5/ 9 8

/1 8
/0 8
99
22 7/9
0 7/9
25 8/9
10 8/9
26 9/9
14 9/9
30 0/9
17 0/9
03 1/9
19 2/9

28 1/9
13 1/9
05 2/9
23 3/9
08 3/9
29 4/9
18 4/9
03 5/9

08 6/9
27 7/9
12 7/9
28 8/9
16 8/9
02 9/9
21 0/9
09 0/9

11 1/9
04 2/9
1 2/

2 6/

2 1/

1/
/0

1
03

Comentei que o Granville faz uma analogia da LAD com uma banheira. No livro, a comparação é feita
levando em conta uma avaliação de que o mercado continuamente se movimenta em ciclos de
duração de 4 a 4 anos e meio, durante os quais passa por três fase de alta seguidas por três fases de
baixa, e todas as comparações da movimentação do dinheiro são feitas em cima delas. Como
importante é a idéia que está por trás da movimentação, vou omitir a comparação com os ciclos e
passar uma visão de curto prazo dissociada dos ciclos do mercado. Ao invés da banheira, imagine
uma pia que enche e esvazia da mesma maneira que a banheira, isto é, saldo positivo eleva nível da
água e saldo negativo reduz o nível da água. Como se movimenta o dinheiro esperto dentro da
dinâmica do enche e esvazia?

No final de uma tendência de alta, quando a água encontra-se próxima do nível de transbordamento,
é extraída a rolha da pia e o primeiro dinheiro a escoar pelo ralo é o “dinheiro esperto”. Este grupo
não tem nome e qualquer um de nós pode fazer parte dele. Basta que estejamos na ponta certa. À
medida que o nível da água vai baixando (tendência de baixa), os últimos a permanecerem dentro da
pia vão constituir o grupo do “dinheiro burro”. Do mesmo modo, qualquer um de nós pode fazer parte
dele. Basta que tenhamos permanecido dentro da pia. Quando não há mais água dentro da pia, a
rolha é colocada e a primeira água a entrar na pia é o “dinheiro esperto”. Gradualmente (tendência de
alta),o nível da água volta a subir e o ciclo fica se alternando. Deste modo, a linha de avanços e
declínios é uma ferramenta, que embora trabalhe apenas com a variável preço, nos fornece uma
idéia de acumulação ou distribuição.

Existem apenas dois fatores que podem mudar o preço de uma ação. Estes fatores são a oferta e a
procura. No mercado, oferta e procura só podem ser medidos em termos de volume. Como a técnica
de medição da linha de avanços e declínios determina quando o mercado está sob acumulação ou
distribuição, então a técnica da linha de avanços e declínios usando volume ao invés de preço deverá
ser infinitamente mais efetiva em determinar quando uma ação está sendo acumulada ou distribuída
e o somatório de várias, a situação de acumulação ou distribuição geral do mercado. Este é o
conceito do OBV (saldo do volume): uma linha de avanços e declínios medida pelo volume, que
veremos na próxima aula, após trabalharmos mais um pouco com os sinais da LAD.
Estive muito ocupado durante a semana passada e me sobrou pouco tempo para dedicar ao curso.
Somente hoje, após ter enviado as revistas é que consegui terminar a aula. Mas, como ainda ficou
faltando a parte referente ao OBV, e já está tarde e estou muito cansado, os exercícios de
assimilação referente a esta aula e à próxima serão enviados juntos com a aula 8.

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