Você está na página 1de 3

ANOS JK - MARGENS DA MODERNIDADE

BRASÍLIA: A CONSTRUÇÃO DE UM EXEMPLO

- Inauguração em 1960 como nova capital, sendo executada em 3 anos.


- Foi projetada nos modelos urbanísticos dos CIAM's.
- Tinha como objetivo ter importância política e renovação arquitetônica.
- Queriam tirar a capital do litoral desde o século XIX (Rio de Janeiro).
- Juscelino Kubstichek convida Oscar Niemeyer para projetar os prédios e realizar o projeto
urbanístico após a bem sucedida parceria da Pampulha quando JK era prefeito de Belo
Horizonte. Niemeyer aceita somente fazer o arquitetônico, sugerindo um concurso para a parte
urbanística.
- Le Corbusier sabendo do concurso, percebe a boa oportunidade e escreve para JK
oferecendo suas ideias após a experiência em Chandigarh, mas JK e Niemeyer negam seu
pedido, pois não queriam um estrangeiro no novo projeto de um Brasil moderno.
- Nisso, a oposição reage contra a construção da nova capital devido aos desperdícios de
verba e energia, em meio às outras prioridades do país na época.
- Em 1957, abra-se o concurso realizado pela NOVACAP para o plano da nova capital. O edital
era simples: ser para 500.000 hab e a indisponibilidade de uso de uma zona próxima ao lago
artificial, já ocupada pelos projetos de Oscar Niemeyer.
- NOVACAP = Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil, onde a equipe para a
avaliação dos 26 projetos participantes era constituída por Niemeyer (diretor) e mais dois
convidados estrangeiros: William Holford (plano de Londres) e André Sive (reconstrução
francesa).
- Lúcio Costa vence, com destaque aos projetos dos irmãos Roberto e do Rino Levi.

PROJETO DO RINO LEVI: Desvalorização proposital dos edifícios administrativos, o que não
agradou o júri, escala monumental para os edifícios residenciais, sendo torres e gigantescos
blocos ligados por passarelas, gerando a grande crítica pela verticalização.
PROJETO DOS IRMÃOS ROBERTO: Basicamente, tinha uma praça reunindo os 3 poderes e
o restante distribuído em 7 unidades hexagonais com 72.000 hab cada. Não tinha a ideia de
monumentalidade em nenhum edifício.

A MONUMENTALIDADE
- Era a grande discussão do momento do pós-guerra.
- Lewis Mumford afirma em 1938 que "o moderno não pode ser monumental".
- Já a publicação de setembro de 1948 da Architectural Review defende a monumentalidade no
modernismo, com artigos de Henry Russel Hitchcock, Walter Gropius, Guideon Gregor
Paulson, William Holford e Lúcio Costa.
- Sert, Léger e Guideon em 1943: "Através da monumentalidade, a arquitetura e o urbanismo
podem adquirir a mesma liberdade criativa da pintura, escultura, música e poesia".
- Loius Kahn em 1944: "A arquitetura moderna pode adquirir um sentido de eternidade através
da monumentalidade obtida com a qualidade dos materiais e da estrutura".
- No Brasil, estavam fazendo o moderno com a monumentalidade, como o grande exemplo o
Pedregulho.
PROJETO DE LÚCIO COSTA
- Defendia a monumentalidade.
- Partia do sinal da cruz feito pelos descobridores para assinalar a posse da terra.
- A cruz se arqueia para adaptação à topografia em um dos eixos, o que no final deu a
semelhança com um avião.
- No eixo principal, chamado EIXO MONUMENTAL, estão os prédios públicos de poder e
burocracia.
- O outro eixo, que divide as asas em Norte e Sul, abriga o setor residencial.
- Na intersecção de ambos os eixos está o coração da cidade, com a rodoviária e os setores de
diversão e comercial.

OBJETIVOS DE LÚCIO COSTA


- "Naturalizar" o projeto e descontextualiza-lo da corrente do urbanismo moderno.
- Tem referência das cidades dos CIAM's: as áreas verdes inglesas (Lawns), de Le Corbusier
com os eixos de Paris e as pistas livres, sem cruzamentos de New York.
- Trouxe a pureza das linhas do estilo colonial, relacionando o passado e o futuro com a
brasilidade.
- A rua foi abolida, sendo substituída por pistas, vias, passeios e eixos.
- Desaparece o pedestre e surge o automóvel, já que a indústria automobilística era prioridade
do governo JK.
- Propôs a diversidade social nas áreas residenciais, sem divisões de bairros pela classe
social. O que diferenciava eram as áreas dos apartamentos e a localização em relação ao eixo
rodoviário.
- Defendia o convívio entre a vizinhança e o uso dos equipamentos por todos.
- Previa uma grande arborização para proteção visual das possíveis "arquiteturas ruins" do
futuro.
- Com essa proposta "socialista", o destaque se dava aos prédios públicos no eixo
monumental, que conduziam até a Praça dos Três Poderes.
- Com isso, houve o perfeito entrosamento entre os desenhos de Lúcio, os prédios de
Niemeyer e o paisagismo de Burle Marx.

OSCAR NIEMEYER
- Contrapôs ao slogan "a forma segue a função", com o argumento que de a forma é a principal
função da arquitetura.
- Utilizou o concreto armado e procurou a leveza das estruturas, diferentemente de Le
Corbusier com o brutalismo.
- Nos palácios, a composição é simples e ousada nas formas externas, formando grades
símbolos e monumentos nacionais.
- Kenneth Frampton critica as obras de Niemeyer quando comparadas à Pampulha, pois afirma
que perdeu-se a complexidade nas formas.
- Bruno Levi diz que são arbitrárias e gratuitas as formas da capital, no ponto de vista orgânico.
- Jean-Paul Sarte e Alberto Maravia defendem a arquitetura "onírica" e ideal de Brasília.
- Os ministérios são discretos e iguais, destacando a monumentalidade da Praça dos 3
Poderes.
- Alguns edifícios residenciais não foram projetados por ele, mas Niemeyer definiu a
configuração geral e respeitou o gabarito de 6 andares proposto por Lúcio Costa.

A CONSTRUÇÃO DE BRASÍLIA
- Teve importância política, envolvendo a maioria dos brasileiros.
- Os operários eram recrutados, principalmente os nordestinos após a grande seca.
- Politicamente, apoiar a construção de Brasília era considerada um ato progressista.

ERROS E ILUSÕES DESFEITAS


A origem das favelas: Pelas previsões da Novacap, um terço dos operários iriam permanecer
após a inauguração da capital, outro terço iriam para as colônias agrícolas e o outro terço iriam
volta às origens. Mas o que sucede é que nenhum operário abandonou a nova capital e ainda s
juntaram aos familiares. Não havia moradia prevista no plano piloto da Asa-Sul. Nisso,
formaram-se acampamentos excluídos, gerando as "cidades satélites". O governo "legaliza"
tais aglomerações e por ocasião da abertura da capital, confinam os mais pobres na periferia,
destruindo a ideia de capital igualitária.
- Não funciona a convivência entre as graduações sociais, já que a cidade era
predominantemente de parlamentares e de funcionários públicos.
- A especulação imobiliária cresce e em 1965, os funcionários mais modestos foram expulsos
das unidades nas superquadras de acordo com a lei de mercado.
- Houve a adaptação do plano para recriar as ruas, já que a população vinda do RJ não
aprovou a ausência de ruas e praças.
- Os fundos viraram frentes, não mantendo a ideia de calçada e vitrines.
- As vias W3 Sul e Norte ganham estabelecimentos comerciais, se transformando em avenidas
tradicionais.
- O centro de diversões, o coração, acaba limitando-se pela estação rodoviária a ganha dois
shopping centers.
- Os espaços propiciam somente o convívio entre iguais: visitantes com visitantes, elites em
clubes à beira do lago e os pobres na rodoviária.

HOJE
- Os shoppings são os únicos espaços de convívio entre todos, por estarem localizados entre o
plano piloto e as cidades satélites.
- A arquitetura dos últimos 10 anos é péssima, meras cópias baratas do pós-modernismo de
Miami.
- A desigualdade social, realidade brasileira, segregou a cidade ainda mais.
- A cidade é patrimônio da humanidade na lista da UNESCO por ser o único exemplo em sua
escala de uma cidade modernista completa.

Você também pode gostar