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Exames coprológicos: Considerações para um diagnóstico correcto

Article · February 2016

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Sérgio Ramalho Sousa Luis Manuel Madeira de Carvalho


Escola Universitária Vasco da Gama University of Lisbon
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AP Artigo Português

Exames coprológicos: Considerações para


um diagnóstico correcto
Dr. Sérgio Sousa; Prof. Doutor Adolfo Paz Silva; Prof. Doutor Luís Madeira de Carvalho

O exame fecal permite evidenciar e identificar os parasitas que ratório e processamento laboratorial.2
utilizam as fezes como veículo das suas formas de dissemi- As técnicas laboratoriais frequentemente utilizadas em copro-
nação no exterior. Os parasitas do aparelho digestivo e seus logia parasitária são simples e fiáveis, permitindo um diagnósti-
órgãos anexos, como fígado, assim como do aparelho respira- co parasitológico qualitativo rápido assim como uma avaliação
tório produzem ovos ou larvas que abandonam o hospedeiro quantitativa da infecção parasitária.3
através das fezes.1
Para se proceder a um correcto exame coprológico é ne- COLHEITA DE FEZES
cessário considerar os procedimentos básicos de colheita da O procedimento de colheita da amostra fecal, a sua conserva-
amostra fecal, assim como da sua conservação, envio ao labo- ção e envio ao laboratório, assim como o seu processamento
laboratorial podem condicionar o diagnóstico coprológico.4
A colheita de fezes para exame parasitológico pode ser indi-
vidual ou em grupo e sempre que possível a partir da ampola
Dr. Sérgio Sousa
rectal do animal. É facilmente realizada por palpação digital nos
Estudante de Doutoramento em Ciências Veterinárias da Fa-
pequenos animais ou por palpação rectal nos grandes animais,
culdade de Medicina Veterinária (FMV), Universidade de Lisboa
com o auxílio de luva obstétrica descartável ou saco de plástico,
(UL).
com lubrificante para reduzir o desconforto do animal.5
Bolseiro da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT),
A colheita da amostra fecal a partir do solo é menos recomen-
Bolsa de Doutoramento SFRH/BD/65407/2009.
dada do que a anterior e deve ser realizada colhendo pequenas
Docente de Parasitologia e Patologia e Clínica das Doenças
porções da superfície e do interior da matéria fecal recentemen-
Parasitárias da Escola Universitária Vasco da Gama (EUVG).
te emitida.1 A exposição e permanência da amostra fecal às
Escola Universitária Vasco da Gama (EUVG), Av. José R.
condições ambientais pode, não só alterar a sua composição
Sousa Fernandes, Campus Universitário, Bloco B, Lordemão
como, permitir a sua invasão por organismos coprófagos de
3020-210 Coimbra, Portugal.
vida livre, que contaminam a amostra com ovos e larvas e ain-
Centro de Investigação Interdisciplinar em Sanidade Animal
da permitir o desenvolvimento dos organismos parasitas pre-
(CIISA), Faculdade de Medicina Veterinária (FMV), Universidade
sentes, alterando a sua viabilidade e morfologia.6 As alterações
de Lisboa (UL), Pólo Universitário do Alto da Ajuda, Avenida da
morfológicas das formas parasitárias presentes na amostra
Universidade Técnica, 1300-477 Lisboa, Portugal.
fecal podem dificultar um correcto diagnóstico parasitológico.4
A colheita de fezes a um grupo de animais deve ser feita de
Prof. Doutor Adolfo Paz Silva
forma a se obter uma amostra representativa. Pelo que devem
Professor Titular do Departamento de Patologia Animal.
ser colhidas amostras a cerca de 10% dos animais, alguns dos
Faculdade de Veterinária de Lugo, Universidade de Santiago
quais doentes e outros saudáveis.1,6
de Compostela.
A cada animal deve-se colher entre 50 a 100 gramas de fe-
Faculdade de Veterinária, Departamento de Patoloxia Animal,
zes. No entanto, sempre que possível deve-se respeitar a indi-
Campus Universitario, s/n, 27002 Lugo, España.
cação de 500 g de fezes para equídeos e bovinos, 100 a 50 g
para pequenos ruminantes, suínos e canídeos, e de 50 a 20 g
Prof. Doutor Luís Madeira de Carvalho
Professor Associado com Agregação de Parasitologia e Doen-
de fezes para gatos.6
ças Parasitárias, Departamento de Sanidade Animal, Faculda-
de de Medicina Veterinária, Universidade de Lisboa.
CONSERVAÇÃO DAS FEZES
Centro de Investigação Interdisciplinar em Sanidade Animal
Quando o diagnóstico parasitológico não pode ser realizado
(CIISA), Faculdade de Medicina Veterinária (FMV), Universidade logo após a defecação, a amostra fecal deve ser acondiciona-
de Lisboa (UL), Pólo Universitário do Alto da Ajuda, Avenida da da e conservada.3
Universidade Técnica, 1300-477 Lisboa, Portugal. A amostra pode permanecer no interior da luva ou saco de
plástico, utilizados na recolha, ou pode ser transferida para
Financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia um frasco de vidro ou de plástico com tampa hermética. O
(FCT), Bolsa de Doutoramento SFRH/BD/65407/2009 recipiente que acondiciona a amostra fecal deve ser estan-
que e impermeável, não deve ser nunca de material poroso
como cartão ou madeira, de forma a impedir a desidratação da

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Exames coprológicos ●

amostra com consequente alteração das formas parasitárias.1 Exame microscópico directo das fezes frescas
A amostra fecal deve permanecer sem ar, de forma a atrasar O exame microscópico directo das fezes frescas, em prepa-
o desenvolvimento das formas parasitárias.2 rações lâmina-lamela, permite fazer um diagnóstico parasito-
A conservação temporária da amostra fecal por refrigeração, lógico correcto, no entanto este exame coprológico apresenta
entre 4 a 5ºC, permite interromper o desenvolvimento das for- uma baixa sensibilidade pela ocorrência frequente de resulta-
mas parasitárias sem as inviabilizar, podendo ocorrer a retoma dos falsos negativos. O facto de se observar uma pequena
o seu desenvolvimento em laboratório.1 amostra fecal numa preparação microscópica com muito re-
Para atrasar ou mesmo interromper o desenvolvimento das síduo, na qual se encontram diluídas as formas parasitárias,
formas parasitárias presentes numa amostra fecal é neces- dificulta o correcto diagnóstico parasitológico.8
sário acondicioná-la em recipiente hermético e refrigerá-la à
temperatura de 4 a 5ºC.4 Com este procedimento é possível Exames fecais de concentração ou enriquecimento
conservar as formas parasitárias durante uma semana sem se Os exames fecais de concentração ou enriquecimento são os
observar alterações morfológicas consideráveis.7 mais frequentemente utilizados em coprologia veterinária.8
A conservação definitiva das fezes com recurso a líquidos Estes exames permitem separar as formas parasitárias dos
fixadores, como etanol a 70% e formaldeido a 10%, não permi- constituintes fecais e concentrá-las de modo a facilitar a sua
te o desenvolvimento posterior das formas parasitárias. Deste observação. Para suspender e separar os constituintes fecais
modo quando se pretende identificar parasitas por coprocultu- é necessária a utilização de uma solução que permita diluir a
ra a conservação definitiva não deve ser utilizada.1,2 amostra fecal. Após obter uma suspensão fecal é possível es-
tratificar os constituintes de acordo com as suas densidades
ENVIO DA AMOSTRA FECAL AO LABORATÓRIO ou gravidade específica. Esta estratificação pode ser lenta,
A amostra fecal deve ser enviada ao laboratório perfeitamente devido apenas à acção da força da gravidade, ou rápida com
acondicionada, conservada e correctamente identificada com a aplicação de uma força centrífuga. A centrifugação permite
a data, número e origem da colheita.8 uma melhor separação entre as formas parasitárias e os res-
A amostra deve ser acompanhada por um relatório com to- tantes constituintes fecais, aumentando a sensibilidade dos
das as indicações importantes para um correcto diagnóstico métodos, sendo particularmente importante quando o número
laboratorial.3 Os dados sobre o animal, o proprietário, o Médi- de formas parasitárias é muito baixo ou quando se utilizam so-
co Veterinário assistente, a localidade, a doença ou parasitose luções viscosas que atrasem a separação dos vários consti-
suspeita, assim como o número de animais afectados ou mor- tuintes fecais.4
tos, sintomas e lesões, podem ser importantes para a realiza- Quando não é possível centrifugar e não se pretende uma
ção de um correcto diagnóstico coprológico.8 diminuição da sensibilidade do exame fecal, é frequente utilizar
uma maior amostra fecal ou um período de repouso mais longo.8
PROCEDIMENTO GERAL DOS EXAMES FECAIS Os exames fecais de concentração mais frequentemente
Independentemente do procedimento laboratorial a desen- utilizados baseiam-se na sedimentação ou na flutuação das
volver, é necessário respeitar as regras básicas de higiene de formas parasitárias.1,2
forma a diminuir o risco de zoonoses parasitárias assim como
a disseminação de formas parasitárias para o meio ambiente.2 Métodos de sedimentação
Em helmintologia, a coprologia recorre frequentemente à ob- Os métodos de sedimentação utilizam soluções diluidoras me-
servação directa da amostra fecal assim como à identificação nos densas do que as formas parasitárias e mais densas do que
morfológica das formas parasitárias como ovos, larvas e para- os restantes constituintes fecais. A diluição da amostra fecal em
sitas adultos. Deste modo o conhecimento da sua morfologia é água, solução com gravidade específica de 1, permite a sedi-
necessário para um correcto diagnóstico parasitológico directo.4 mentação de formas parasitárias mais densas e a flutuação dos
restantes constituintes fecais, menos densos do que a água. As
Exame macroscópico das fezes formas parasitárias concentram-se no sedimento de onde são
O exame macroscópico das fezes pode auxiliar e orientar o diag- facilmente recuperadas e observadas.8 Estes métodos de sedi-
nóstico parasitológico. A aparência geral das fezes, a sua con- mentação são frequentemente utilizados para pesquisa de ovos
sistência e cor devem ser normais para o hospedeiro em causa.4 de tremátodes, cuja densidade é superior a 1.4, sendo os ovos
A alteração destas características pode indicar alguma infecção de nemátodes e céstodes, de densidade inferior a 1.2, frequen-
parasitária.8 O exame macroscópico das fezes permite realizar o temente observados em métodos de flutuação.3
diagnóstico parasitológico directo avaliando a presença de para-
sitas adultos ou fragmentos destes na amostra de fezes.2 Métodos de flutuação
Os métodos que se fundamentam na flutuação utilizam solu-
Exame microscópico das fezes ções mais densas do que as formas parasitárias e menos den-
A identificação das formas parasitárias cujas dimensões são inferio- sas do que os restantes constituintes fecais de modo a estra-
res ao limite de resolução do olho humano, como ovos e larvas de tificá-los e separá-los de acordo com a gravidade específica.
helmintes, só é possível por observação microscópica das fezes.2 Deste modo as formas parasitárias concentram-se à superfície

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● Exames coprológicos

Detritos
Ovos
Ovos
Detritos
Ovos FIGURA 2. Preparação lâmina-lamela. As setas indicam que a prepa-
ração deve ser observada de forma sistemática.3
Detritos

maximizar o contraste entre o parasita e o meio da preparação


microscópica a observar. A forma de aumentar o contraste é
pela utilização do condensador baixo, afastado da preparação
microscópica, pela redução da intensidade da luz ou ainda
pela diminuição da abertura da íris do diafragma.8
Muito baixa Ideal Muito elevada Quando há necessidade de tornar mais visíveis pequenas
estruturas das formas parasitárias é utilizado o parafuso micro-
FIGURA 1. Efeito da gravidade específica na flutuação dos ovos.5
métrico do microscópico óptico de forma a focar a imagem
que se pretende observar.7
da mistura fecal, de onde podem ser facilmente recuperadas
e observadas por microscopia, e os restantes constituintes fe-
Observação microscópica de preparações
cais sedimentam.8
As soluções de flutuação podem ser escolhidas de acordo A observação microscópica deve ser o mais completa e sis-
com a sua gravidade específica e composição. As soluções temática possível para que os resultados obtidos possam ser
mais frequentemente utilizadas em métodos de flutuação com- correctos e comparáveis (Figura 2).
preendem limites de gravidade específica entre 1.10 e 1.35, a A preparação microscópica deve ser examinada com am-
20ºC.1 Soluções de flutuação com gravidade específica entre pliações crescentes. A primeira observação deve ser rápida
1.10 e 1.20 permitem a flutuação de uma grande variedade de mas cuidada de forma a percorrer a totalidade da preparação e
formas parasitárias, como ovos e larvas da maioria dos nemá- a identificar as formas parasitárias, apenas em caso de dúvida
todes e ovos de céstodes. A flutuação de ovos de tremátodes de diagnóstico ou necessidade de se obter medidas rigorosas
só é possível com soluções muito densas, com 1.30 a 1.35 deve-se utilizar ampliações maiores. Como exemplo de am-
de gravidade específica.4 O aumento da gravidade específica pliações mais utilizadas na observação de preparações para
da solução promove a flutuação de mais constituintes fecais e diagnóstico parasitológico directo pode-se referir as 40x, 60x,
aumenta o risco de deformação das formas parasitárias, difi- 100x, 200x, 400x resultantes da adição de objectivas de 4, 6,
cultando a sua observação (Figura 1).5 10, 20, 40 a uma ocular de 10x, respectivamente.1,2
As soluções de flutuação utilizadas em parasitologia vete- A ampliação de 1000x, com objectiva de 100x para óleo de
rinária incluem solução de açúcar a 1.20 e 1.25 de gravidade imersão, não deve ser utilizada na observação de preparações
específica e várias soluções salinas como soluções de nitrato a fresco, sem lamela ou de flutuação. O contacto da objectiva
de sódio (NaNO3) a 1.20 e 1.30, sulfato de zinco (ZnSO4) a com a preparação pode danificar a lente ou a preparação. A
33% com 1.18 de densidade, cloreto de sódio (NaCl) a 1.20 e pressão da objectiva sobre a preparação pode formar fluxos
sulfato de magnésio (MgSO4) a 1.32.8 dificultando a observação.8
A solução de flutuação de açúcar permite uma boa separa-
ção entre os constituintes fecais, cristaliza lentamente e man- Medir as formas parasitárias microscópicas
tém as formas parasitárias sem alterações morfológicas duran- A mensuração das formas parasitárias é muito útil quando se
te alguns dias.7 No entanto as soluções salinas são preferíveis pretende identificar um parasita pouco comum ou quando di-
à solução de açúcar devido à menor viscosidade e ao maior ferentes organismos são morfologicamente semelhantes mas
período de conservação.3 de diferentes tamanhos.3 Sendo que a maior parte das formas
parasitárias utilizadas para diagnóstico microscópico medem
UTILIZAÇÃO DO MICROSCÓPIO ÓPTICO entre 10 µm a 100 µm de comprimento.5
A correcta utilização do microscópio óptico é fundamental para
a observação de preparações assim como para o bom diag- Calibrar a ocular micrométrica
nóstico parasitológico microscópico.2 Antes de medir é necessário calibrar a ocular micrométrica
A maior parte das formas parasitárias dos helmintes são des- com as diferentes objectivas do microscópio.7
coradas ou apresentam uma coloração que dificulta a sua dife- A ocular micrométrica é uma ocular particular que apresenta
renciação no meio em que encontram, pelo que é importante uma escala gravada na lente. As dimensões da escala e das

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Exames coprológicos ●

Escala

Lâmina micrométrica

Ocular micrométrica

FIGURA 3. Exemplo de lâmina e ocular micrométricas.5 FIGURA 4. Exemplo de calibração de uma ocular micrométrica com
uma objectiva de 4x e uma ocular de 10x. As 45 divisões da ocular
suas subdivisões dependem do fabricante e são diferentes de micrométrica correspondem a 0,76 mm (760 µm) da escala da lâmina
ocular para ocular. A lâmina micrométrica é uma lâmina de vi- micrométrica. Cada divisão da escala da ocular micrométrica corres-
ponde a 16,9 µm (760 µm/45).5
dro sobre a qual se encontra gravada uma escala de 1 mm
dividida em 100 partes iguais, sendo que cada divisão é igual
a 1 mm/100 = 10 µm (Figura 3).8
Para que possa ser utilizada a ocular micrométrica deve ser
calibrada individualmente com cada objectiva, sendo que a ca-
libração ocorre apenas para uma objectiva e um microscópio
particular1, visto que a ampliação real difere com o microscópio.5
A ocular micrométrica é inserida no tubo da ocular do mi-
croscópio óptico e a lâmina micrométrica é colocada na platina
do microscópio. A escala da lâmina micrométrica é focada e
ajustada com a escala da ocular micrométrica de forma que
ambas as escalas se sobreponham e se alinhem, com a linha
do zero. Contam-se as divisões na escala da ocular micromé-
trica e medem-se com a escala da lâmina micrométrica, como
exemplifica o esquema da Figura 4.8
A ocular micrométrica deve ser calibrada com objectivas em
ampliação crescente (4x, 10x ...) sendo que quanto maior for
a ampliação da objectiva mas largas serão as linhas da esca-
la da lâmina micrométrica (Figura 5) e mais rigorosa e precisa
será a medição.3

CALCULAR O ÍNDICE DE AMPLIAÇÃO


Para cada microscópio e para cada objectiva deve ser regista-
do o índice de ampliação que corresponde à medida, em µm,
de cada uma das 100 divisões da escala da ocular micrométri- FIGURA 5. Exemplo de calibração da ocular micrométrica de 10x com
uma objectiva de 100x. As 73 divisões da ocular micrométrica corres-
ca. Esta medida unitária deve ser calculada para as diferentes pondem a 0,07 mm (70 µm) da escala da lâmina micrométrica. Cada
ampliações ou objectivas utilizadas.7 As Figuras 4 e 5 ilustram divisão da escala da ocular micrométrica corresponde a 0,96 µm (70
dois exemplos de cálculo de diferentes índices de ampliação µm/73).5
para diferentes ampliações ou objectivas. Para uma mesma
ocular micrométrica, de ampliação 10x, o índice de ampliação

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● Exames coprológicos

é de 16,9 µm para uma objectiva de 4x e de 0,96 µm para uma


objectiva de 100x.5

MEDIÇÃO DE UMA FORMA PARASITÁRIA


Em qualquer preparação microscópica as formas parasitárias
podem ser medidas se o microscópio (ocular) estiver calibra-
do. Para medir um objecto a ocular normal deve ser substituída
por uma ocular micrométrica de forma a sobrepor e alinhar a
escala da ocular micrométrica à forma parasitária a medir. O
número de divisões da escala da ocular micrométrica que se
sobrepõem ao parasita, são contadas e as divisões incom-
pletas são estimadas.5,7 Multiplicar o número total de divisões
sobrepostas da escala da ocular micrométrica com o parasita,
pelo índice de ampliação da objectiva e microscópio utilizados,
o que permite medir com rigor a forma parasitária. Como por
exemplo, uma forma parasitária ocupa 3 divisões completas da
escala da ocular micrométrica e 8/10 de uma divisão, quando
observada com uma objectiva de 10x cujo índice de amplia-
ção é 15 µm. O comprimento da forma parasitária é calculado
multiplicando 3,8 pelo índice de ampliação utilizado, 3,8 x 15
µm = 57 µm.3

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354 pp.

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