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2. Os Pareceres
O Presidente do Tribunal, ao terminar a narração do caso, comenta que foi
correta a decisão do júri e do juiz, já que a lei escrita apenas possibilitava a
condenação. Em um caso polêmico como o acima descrito, é cabível a
misericórdia do chefe do Executivo, mas para que esta seja concedida, o
requerimento deve ser proveniente por aqueles que estudaram o caso. Desta
forma, será pouco provável que não seja deferido o pedido.
O primeiro juiz a dar seu parecer foi Foster, que discorda de forma clara o
posicionamento do Presidente do Tribunal. Afirma que o ordenamento jurídico
e todas as suas respectivas fontes não levariam a condenação dos
exploradores. Parte seu primeiro argumento afirmando que o ambiente em
que os réus se encontravam impossibilitava a coexistência de homens. Os
acusados estariam sob a “lei da natureza”, extinguindo a coerção do Direito
positivo da sociedade tratada no livro. O segundo e último argumento do Juiz
Foster possui outra premissa: estariam estes homens sim submetidos ao
Direito positivo dos homens, mas, da mesma forma, não devem ser
condenados. Isto porque a legislação penal funciona de forma a evitar a
prática do crime. Porém, em um caso como este, seria inevitável a sua
prática, como no caso que é excludente de ilícito a legítima defesa.
É constatado que um destes direitos inatos ao homem seja a vida, mas esta
em momentos que a sua própria conservação está ameaçada, a
desobediência deste direito não é mais ilegítima. Locke, em seu Segundo
Tratado sobre o Governo Civil, afirma que o homem não possui liberdade
para destruir a si mesmo ou a qualquer criatura que esteja em sua posse,
senão quando isto seja exigido por algum uso mais nobre.
4. Referências Bibliográficas
FULLER, Lon Luvois. O Caso dos Exploradores de Cavernas. São Paulo,
safE, 2008.
Tatting, J.
Tatting inicia seu julgamento afirmando que para ess e trágico caso f altam os recursos
habituais. Ao mesmo tempo que sente sim patia pelos réus, sente repulsa pelo ato qu e
cometeram. O juiz esper ava conseguir julgar o at o em questão de maneira imparcial,
pondo suas emoções de lado. Porém, em um caso tão absurdo como esse, o
sentimentalismo esteve presente.
Afirma que mesmo se as leis da natureza fossem válidas perante o caso, são odiosas!
As leis especificam tudo como contratos, portanto, no momento em que os réus estavam
praticando o ato de assassinar a vítima, estavam ap enas exercitando o direito que lhes
foi concedido pelo contrato.
Foster também defende os réus afirmando que não vio laram os dispositivos legais do
N.C.S.A.(n.s.) § 12-A*. Porém Tatting o revida novamente, afirmando que não se pode
analisar uma lei segundo seus propósitos, pois quando haverá muitos propósitos em um
outro caso, ocorrerá a incerteza e discórdia.
E pela terceira vez, Tatting critica outra proposta de Foster, onde o mi nistro apresenta
uma proposta de exceção de lei penal em favor desse caso. Por ém, até onde i ria
essa lei? Quais seriam os limites dela? Ficando vago seu alcance.
Finalizando, Tatting se diz incapaz de participar da d ecisão do caso, pois, após analisar
a decisão de seu colega e após passar muito tempo pensando no caso, acabou se
envolvendo emocionalmente, tornando qualquer decisão que tomasse inválida.
A interpretação que Tatting realizou foi de forma literal, pois busca o sentido do texto
normativo, com base nas regras comuns da língua. *"Quem quer que inten cionalmente
prive a out rem da vida se rá punid o com a morte". N.C.S.A. (n.s.) § 12-A.
Presidente Truepenny, C. J.
O Presidente, após apresentar todo o caso, afirma que tomaria a mesma de cisão de
como a 1º instância o fez: condenando os réus a morte na forca. Sua decisão é expli
cada no N.C.S .A. (n.s.) § 12-A: "Quem quer que intencionalmente prive a outrem d a
vida s erá punido com a morte".
Foster, J.
Foster começa seu discurso criticando a decisão do Presidente, afirmando que se o tribunal em
questão condenar os pobres réus, será julgado pelo tribunal do senso comum, pois
como esse sendo um caso raro, pode ser julgado como uma exceção às normas impostas no
regimento.
Não acredita que a lei possa condenar os homens ao crime de assassinato, bem pelo
contrário, na visão de Foster a lei pode até inocentá -los. Fundamenta-se a conclusão
sobre duas premissas independentes, cada uma das quais é por si própria suficiente
para justificar a absolvição dos acusados.
Foster d efende a ideia do estado de natureza, onde um lu gar que torne a coexistência
impossível, as leis do homem se tornam nulas e s e prevalecem as leis da n atureza,
onde tudo que é feito tem como resultado a existência, a vida.
Leva-se em consideração tal afirmação como um princípio, que além do mais, pelo estado
que se encontraram os réus, eles estavam tão dist antes quando a mil milhas de
quilômetros dos juízes do que apenas um grande rocha esp eça trancando sua saída.
Portanto, o caso que se encontrou a vítim a, não estava na verdade em uma “sociedade
de soci edade civil”, mas sim em um “estado natural”, tornando natural a morte por
sobrevivência.
Foster também defende os réus explicando que da mesma forma onde 10 operários
morreram para salvar as 5 vidas na caverna, o mesmo foi realiz ado no interior dela: 1 vida
par a salvar as outras 4 restantes e não seria justo, depois do ato, sacrificá-los, toda
vida deve se r resguardada.
É claro que os homens julgados descumprem a interpretação li teral da lei , mas como
Foster defende, um homem pod e infringir a l etra da lei sem violar a própria lei. Ou
seja, a lei deve ser interpretada de forma racional, segundo seu propósito evidente.
Nestas condições, Foste r conclui que os réus são inocentes do crime de homicídio
contra Roger Whetmore e que a sentença de condenação deve ser reformada.
A forma de interpretação usada por Foster é tel eológico, pois busca os fins sociais e
bens comuns da norma, dando-lhe certa autonomia em relação ao tempo que ela foi feita.
Keen, J.
O ministro Ke en, antes de tudo, deixa claro que se comoveu ao que os acusados
passaram e que os perdoaria, mas em um segundo momento esclarece que n ão im
porta a gravidade dos atos, isto seria irrelevante perante o seu voto como juiz , pois
não se deixaria levar pelos seus próprios princípios de moralidade, pelo contrário, seu
julgamento estaria regulamentado d e acordo com as leis do país.
Keen rejeita o argumento usado por Foster, pois W hetmore não repr esentava ameaç a
à vida dos outros quatro sobrev iventes. Ele reforça a tese de que o jui z Foster esteja
agindo pela sua não “apreciação da lei escrita”, argumentando que acaba prejudicando
o caso devido a opiniões dos outros juízes.
Keen após discorrer sobre seu apego ao Direito posi tivo e o desapego ao mesmo de
seus colegas, termina seu julgamento defendendo a condenação dos réus.
Handy, J.
Handy inicia seu julgamento falando que ouviu muito sobre direito posit ivo e direito
natural, mas pareceu que seus colegas esqueceram do contrato estabelecido na caverna.
S e era unilateral ou bilateral, e se não se poderia considerar que Whetmore revogou a
sua anuência antes que se tivesse atuado com fundamento nela.
Afirma que este c aso teve bastante repercussão tanto no país, quanto no exterior. E
um jornal de bastante renome postou uma enquente perguntando aos seus leitores s e
dev eriam absolver ou condenar os réus acusados de homicídio. N oventa por cento dos
leitores optou pela liberdade de tais. Portanto, foi claro a opinião pública diante do caso.
.Handy após isso cita 4 formas em que al guém po de se livrar da punição caso tenha
cometido um crime a primeira é a decisão do jui z, de acordo com a lei aplicável, de
que ele não cometeu nenhum crime. A segunda é uma decisão do representante do mi
nistério p úblico não solicitando a instauração do processo, terceiro uma absolvição feita
p elo júri e quarto um indulto ou comutação da pena pelo poder executivo.
Observa-se também que Handy agiu em jurisprudência em relação há um caso que ele
resolveu a 30 anos atrás, em qu e el e absolveu os acusados por falta de provas, era
um cas o sobre um sacerdote qu e foi espancado por participantes da r eunião do culto
em que estava, por estar disfarçado no local. C om a decisão de absolver os réus o juiz
foi aplaudido pela mídia e teve grande aceitação social.
Handy usou de int erpretação histórica, pois buscou fatos do passado pa ra resolver um
fato presente.
Concordo em muitas partes com Handy, p rincipalmente quando o mesmo afirma que
os réus sofreram na caverna e depois com tantas acusações em cima deles. Concordo
também com a parte em que Hand y con corda com a situação pú blica do caso, onde
el e aceita a opinião do povo, afinal, quem faz a justiça é o povo.
De certa forma, Foster também ganha meu apoio quando ex plica o caso como uma
“lei natural” na caverna, a final, 5 vidas estav am sedentas à sobreviv ência e 1 das vidas
salvou 4 delas. Discordo da parte que as leis posi tivas se omitiram nesse ponto, afinal, eles
devem estar sendo julgados, mas para aceitação do povo e maior justiça na história,
para o caso não ficar vago.
Antes do ato acontecer, ouve um contrato onde cada um, maiores d e idade penal, se
responsabilizaram pelos seus próprios atos e resultados , portanto, declaro a inocência
do s réus.
Tradução e notas Ricardo Rodrigues Gama. Campinas/SP: Russell edito res, 2013.
O autor, Lon Luvois Fuller (1902 -1978), estudou Economia e Direito em Stanford, foi
professor de Teoria do Direito nas Faculdades de Direito do Oregon, Illinois e Duke e, a
partir de 1940, na Faculdade de Direito da Universidade de Harvard, onde trabalhou até
1972, foi um d estacado intelectual d o campo da jusfilosofia.
Essa estória inicia-se em maio do imaginário ano de 4299, onde cinco membros da So
ciedade Espeluncolo gia (organização amadorística de exp loração de cavernas) adentraram
no interior de uma caverna de rocha calcária. Quando estavam bem distantes da
entrada dessa caverna, ocorreu um desmoronamento da terra, que obstruiu,
completamente, a única saída da caverna. Não voltando dentro do tempo normal, os
familiares dos exploradores a dvertiram a Sociedade
O trabalho de resgate foi extrema mente penoso e dif ícil. Novos deslizamentos da terra
ocorreram, em uma dessas oportunidades, e 10 operários m orreram soterrados. Os f
undos da Sociedade Espeleológica f oram exauridos, foi necessária uma subvenção do
poder legislativo, e u ma campanha de arrecadação financeira para a complementação
dos f undos. A libertação da ca verna só foi possível no trigésimo dia, contado a partir do
início dos trabalhos de resgate.
Foster propõe a absolvição dos réus baseando-se numa posição jus naturalista,
alegando que quando W hetemore foi morto e les não se encontravam em um estado de
sociedad e civil, mas em um estado natural e por isso a lei não poderia ser aplicada. A
fundamentação de seu voto se dá pela razão geográfica e o fundamenta no artigo 7º do
código civil austríaco, onde d iz que circunstâncias imprevistas pela lei autorizam a invocação
da justiça natural.
Tatting critica os po ntos expostos por Foster, mas no final se mostra confuso e
emocional na decisão fica em cima do muro e pede afastamento do caso.
para tentar defender e acha que o caso não deveria ser resolvido por eles.
Handy relata uma pesquisa que f oi f eita para saber a opnião púb
lica e 90 %
opinião, mas