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NIETZSCHE E A TRAGÉDIA GREGA

 Friedrich Nietzsche (1844-1900)


 O filósofo do martelo!

 Niilismo – A morte do sentido, a falta de sentido completo para as coisas e para a


existência.
 Deleuze, leitor e comentador de Nietzsche, separa o niilismo nietzschiano em 4
formas:
o Niilismo Negativo: Aqui, nega-se o mundo em nome de outros valores.
Mas o niilista engana a si próprio, ele nunca diz negar o mundo, pelo
contrário, ele se diz afirmando Deus. Divisão de dois mundos, um debaixo:
sensível, mutável, corporal, temporal; outro supra-sensível: imutável,
ordenado, atemporal. O niilista negativo cria outros mundos para poder
suportar este. Se esta ordem terrena o faz sofrer, ele diz: Deus é misterioso,
escreve por linhas tortas. Se o homem sofre aqui na terra ele diz: Deus,
tenha piedade. A vontade se torna doente, remete a mundos fora deste.
“Não amem o mundo nem o que nele há. Se alguém ama o mundo, o amor
do Pai não está nele” [1Jó 2:15]. Este mundo é ruim, portanto, o niilista
deve provavelmente ser o escolhido de Deus (um deus dos fracos,
oprimidos, que sofrem), esta é a figura do ressentimento (podemos falar
aqui de Kierkegaard, salto da fé).

o Niilismo Reativo: o homem capitalista não nega o niilismo negativo ele


dá um passo adiante: morte de Deus. Somos todos ateus! Deus morreu
porque nosso cotidiano não é mais guiado pelos preceitos divinos. Sim,
matamos Deus e ele mereceu, mas agora o homem é sagrado. Viva os
direitos do homem! O além agora é o futuro, “no dia da revolução todos
serão redimidos“. Trabalhe por um mundo melhor, sirva à sociedade. A
ciência dará todas as respostas. Enfim, ainda somos religiosos, o homem
matou a verdade fora deste mundo, mas ainda acredita numa verdade
metafísica neste mundo, um mundo melhor por vir. (podemos falar aqui
de Hegel e talvez até de Sartre, teoria do engajamento)

o Niilismo Passivo: aos poucos, a vontade de potência se esgota no


niilismo, ela vaza, escoa, procura afirmar-se em outros lugares. O
homem cada vez mais doente tem cada vez menos capacidade de
afirmar-se. O niilismo passivo é o dos últimos dos homens (Zaratustra,
parte IV). “Onde está o mar para que eu possa me afogar?“, mas o mar
secou! As figuras anteriores tinham uma vontade de nada mas o niilista
passivo passa para o nada de vontade, estamos perto do fim… É aquele
que prefere extinguir-se passivamente. A chama se apaga, surge a
escuridão sem fim. Mortos-vivos, não encontram vida dentro de si
(mesmo ela estando lá), mas ainda se movem.(podemos dizer aqui de
Cioran)
o Niilismo Ativo: “O homem é uma criação recente cujo fim talvez esteja
próximo” (Foucault). Quando as forças de negação atingem o seu limite,
elas chegam do outro lado. O niilismo nega a si mesmo, há um
rompimento. Encontramos então alguém que quer perecer, ser
ultrapassado, morrer, sim!, e para isso ele faz da vontade de potência
uma negação das próprias forças reativas. Se destruir ativamente!
Destruir o niilismo dentro de si! Como podemos acelerar a roda do
devir? Negando as forças de negação. O que vem depois do homem
moderno? O que está além do homem? Não foi Nietzsche quem matou
Deus, foi o homem moderno, Nietzsche é o filósofo da morte do homem!
Para que? Para criar novos valores! Só é escapar destes valores humano,
demasiado humanos, criando novos; o maior perigo do homem, no fim
das contas, sempre foi o próprio homem, criar é sempre ir para além do
homem. (destruir para reconstruir)

 Para além da negação das coisas, Nietzsche acreditava que muitas vezes a busca
racional pela verdade sucumbia sempre em uma busca desnecessária que não tinha
fundamento, valorizando muito a intuição e a opinião.

 Da mesma forma que a aposta de Pascal, existe uma aposta para o mundo. Essa
aposta serve para destruir com as três primeiras formas de niilismo. Isto porque
acreditar no mundo pode nos trazer ganhos infinitos! Mas não acreditar neste
mundo nos traz perdas terríveis! A realidade existe, isso não necessita de prova
alguma, mas como se situar nela? É preciso apostar na de pessoas com processos
criativos e afirmativos. Fazer da vida matéria prima, só assim se pode viver bem,
mesmo com a dor, a morte, a pobreza e principalmente a tolice!

 Vontade de Verdade –Ímpeto do homem em busca de justificar a verdade através


do campo metafísico (Deus, pós morte, religião) sendo uma vontade de
representar as coisas como elas não são. A vontade de verdade é muitas vezes
usada pela política como ferramenta de manipulação da verdade. A vontade de
verdade se revela nas religiões e na filosofia pós-socrática como um desprezo pelo
mundo, fazendo o homem voltar-se para um suposto além-mundo, criando uma
valorização espiritual que acaba por desligar o homem da realidade, tornando-o
doente, fraco e manipulável. Até mesmo o ateísmo é uma vontade de verdade,
uma crítica estéril a um Deus que não existe, gerando uma atividade filosófica
inútil. Nietzsche nos fala que a modernidade foi tomada por uma vontade de
verdade que atenta contra a vida, e que todos os valores que hoje são difundidos
nas sociedades ocidentais são como doença, valores infestados de preconceitos
morais que degeneram o homem. Isto fez com que o ocidente gerasse homens
fracos, “humildes” e dignos de pena. A valorização do espiritual acaba por gerar
uma precariedade espiritual. A vontade de verdade é, para Nietzsche, uma
mentira. (A verdade como algo que engana o real, a busca pela verdade destrói a
vontade)
A filosofia na época trágica dos gregos época trágica dos gregos

Tales de Mileto
 Obra focada nos pré-socráticos
 A filosofia pré-socrática é sobre a physis.
 Physis enquanto processo dinâmico, processo da natureza em constante mutação
dentro do cosmos, buscando a arché.
 A filosofia ainda era vinculada com a ideia da vida
 Após a Sócrates a filosofia começou a se preocupar com um além-mundo
(metafisica), ou seja, começou a negar a própria vida para falar de algo para além
da vida.
 Pensamento trágico: Afirmar o mundo e vida tal como eles são.
 Assim Sócrates/ Platão se preocuparam em fugir da verdade criando um mundo
ideal.
 A sabedoria dos pré-socráticos é dionisíaca, pois se preocupou em falar de um
mundo real escapamos a beleza perfeita e mostra de forma crua a vida.
 Tales (proposição absurda) importante por três motivos (por que tales é o primeiro
filósofo?):
o A proposição enuncia algo sobre a origem das coisas (mas isso não o torno
o primeiro pois já foi dito por sacerdotes já falavam sobre origem,
religiosos e supersticiosos)
o Enuncia algo sobre a origem das coisas sem imagem e fabulação. (Não
cumpre com a ideia de primeiro filosofo por que os cientistas da época
enunciavam isso).
o A proposição tudo é agua torna Tales o primeiro por que para além da
origem ele pensa na ideia de que tudo é um. Ele diz sobre o ser e não sobre
os entes.
o Ser é tudo aquilo que existe, para além das coisas já existem.
o Ente tudo que eu possa delimitar.
o Quem fala de entes é a ciência, Tales ultrapassa a proposição dos entes
para falar do ser.
 O filósofo vai além da experiencia, sendo a esperança e o pressentimento superior
a razão. “A esperança e o pressentimento põem asas nos pés dos filósofos”
(NIETZSCHE)
 Exemplo “ dois andarilhos cruzando um rio, tendo várias pedras, primeiro
andarilho (filósofo) vai a diante atravessando as pedras mesmo com elas
afundando bruscamente, pois não precisa construir o fundamento de seus passos,
diferente do segundo que é o cientista que tem que demonstrar como chegar lá.
 Demócrito: a proposta do átomo com esperança e pressentimento.
 A filosofia mostra as coisas que são dignas de serem conhecidas. A ciência sem o
sapio (saborear) da filosofia não possui rumo.
 Anaximandro: se há uma unidade eterna como é possível haver várias entidades
se o ser é um? Há um mundo físico e um mundo metafísico que permanece por de
trás das coisas. Ai entra Heráclito!
Heráclito de Éfeso

 Só há devir, pois, a única coisa que é da realidade é a própria mudança. Nada é


essencial.
 Não é possível se banhar duas vezes no mesmo rio.
 A mudança ocorre porque há uma luta entre ordem e caos, luz e sombra, quente e
frio, grande e pequeno. Não é possível chegarmos a algo sem uma comparação.
 Por mais que qualidades dicotômicas pareçam ser opostas, elas habitam o mesmo
ser. Somos grandes em relação a uma formiga e pequenos em relação a uma
baleia. Sendo a qualidade algo feito da ocasião.
 Não há nada que permaneça nas entidades.
 Não há também algo que habite um eidos, pois as coisas não estão em um plano
das ideias, pois elas não têm essência.
 O paradoxo do barco de Teseu. Para Platão o barco é o mesmo, para Heráclito
não.
 A justiça (Diké (olhos abertos) gregos/ Iustitia (olhos vendados) romanos) para
Nietzsche é vinda através do embate entre opostos, não podendo ser determinada
por nada para além do devir. Sendo a justiça a luta dos contrários. Negando a
essência da justiça e negando assim também uma ética.
 Nietzsche dirá que Heráclito valoriza o lúdico infantil que constrói e destrói sem
a ideia de bem ou mal. Na sua inocência total.
 Heráclito era cercado de crianças, apesar de ser conhecido como uma pessoa
solitário e obscura.
 Agon era o patrono dos jogos olímpicos e das peças teatrais, as discussões
filosóficas eram regidas pelo aspecto agônico.
 Para Heráclito o fogo é a base de todas as coisas. Pois o fogo pode transmutar
todos os elementos.
 Para Heráclito o fogo é o logos, o verbo. Pois tanto o fogo quanto o logos não se
mantem o mesmo.
 Nietzsche explica que o logos é o que justifica tudo o que se faz, pois não há uma
razão sem uma ação. Sendo o logos e as coisas formam uma complexidade de
sentidos que é renovável e espontâneo.
 Hybris: Tudo o que ultrapassa a medida. (Heróis). Sendo a hybris a medida da
filosofia heraclitiana, sendo assim o filósofo deve ser essa falta de medida, sendo
orgulhoso (como Heráclito).
 Para Nietzsche o filosofo de ter desprezo pelo presente e pelo momentâneo pois o
filosofo transcende seu tempo. Sendo Heráclito o melhor exemplo disso, pois a
solidão e o desprezo pelos outros o faziam o ser que melhor ilustra a ideia de
“conhece-te a ti mesmo”. É expondo sua hybris de modo sincero que ele é o
exemplo de conhecer a si mesmo.
 Para Nietzsche, Heráclito é o mais trágico dos filósofos. Por que ele celebra a vida
em todas as perspectivas que ela pode contar na sua inconstância.
Parmênides
 Parmenides e a proposta do vir-a-ser e do ser-absoluto
 Nada foi criado o SER sempre existiu e sempre existirá, o que podemos dizer
contrário a ele é o não ser. Sendo assim, o vir-a-ser nada mais é que o ser que
ainda não é.
 Novamente uma explicação de como são todas as coisas. Atitude que para
Nietzsche é do filósofo.
 Para Nietzsche a filosofia de Parmênides é dividida em dois momentos
o Primeiro, sua cosmologia como desdobramento critico a filosofia de
Anaximandro
 Proposta do Ápeiron, matéria que significa á – Não e Peiron –
Criado. O ilimitado e o infinito.
 (Curiosidade) A terra em formato de cilindro e que era circundada
por várias rodas cósmicas, imensas e cheias de fogo. O Sol era um
furo, numa dessas rodas cósmicas, que deixava o fogo escapar. À
medida que essa roda girava, o Sol também girava, explicando-se
assim o movimento do Sol em torno da Terra. Eclipses se deviam
ao bloqueio total ou parcial desse furo.
o Buscou solucionar o dualismo que Anaximandro trouxe sendo de um lado
a dimensão temporal e do outro o Ápeiron
o Segundo, a preocupação com questões, como o não ser e a metafisica
 A antinomia ser e não-ser é vazia, dado que o que é é e o que não
é não é, dado que o não-ser não carrega nenhum conteúdo das
coisas do mundo.
 O equívoco que de Parmênides foi, para Nietzsche, confundir ser
e pensar. Para ele essa dualidade não serve de justificativa para
afirmar ser.
 Vemos novamente que Nietzsche tem uma preocupação com teorias que afirmam
verdades duras e dualidades metafisicas.

Xenófanes de Cólofon

 Poeta errante, banido de sua cidade natal, se instalando em Eléia (Parmenides e


Zenão)
 Propunha um deus único, não antropomórfico. E não possui paixões humanas.
 Nietzsche quer entender de onde vem a ideia de um deus uno e completamente
imóvel. Ele acredita que uma das coisas que influenciou ele foi sua idade, pois
estando velho buscava nesse deus uno uma espécie de tranquilidade e paz
panteísta.
 O misticismo de Xenófanes se utiliza de rapsódias para criticar os deuses gregos.
O nascimento e morte da tragédia

 Não podemos renunciar os prazeres como Schopenhauer propunha, ao contrário


disso, Nietzsche afirma a vida através dos gregos. Eles sabiam que a vida é
terrível, perigosa e trágica, mas ao contrário da negação da vida, eles trouxeram
o prazer da vida pela arte.
 A tragédia então é entender é viver a vida do modo que ela é.
 Diferentemente de Sócrates, que afirmava a vida em seu mundo ideal, Nietzsche
se esforça para tirar o caráter ideal e belo da vida para afirmar a transitoriedade
da existência.
 O terror próprio da vida só pode ser evitado pela transmutação estética da
realidade através do apolíneo ou dionisíaco.
 Primeira ideia da tragédia: a função do trágico
o Apolíneo –
 A atitude apolínea realça o lado luminoso da existência, as formas
puras, a majestade dos traços, o mundo de sonhos e deidades
olímpicas.
 Mundo ideal da forma e da beleza.
 Conceito de apolíneo pode ser compreendido a partir do
“principium individuationis” ou a individualização.
 Lema de Apolo “conhece-te a ti mesmo”, “ Nada em demasia”.
 O apolíneo de certa forma expressa a busca por dar uma identidade
a si mesmo, ser indivíduo único.
 Deus do brilho e da aparência.
 Apolo também representa o sol
 Ao brilhar, o apolíneo afasta a tenebrosidade da vida e cria um
mundo que é regido pela aparência.
 Os deuses e heróis apolíneos são aparências artísticas que tornam
a vida desejável, encobrindo o sofrimento pela criação de uma
ilusão.
 Notamos que beleza de Apólo ultrapassa apenas a ideia estética do
deus para ser a medida para os homens, a individualização é um
processo ético que dá a certa medida através dos deuses apolíneos.
 A individualização está intrinsicamente ligada ao conceito de
agon, ou seja, luta, disputa, rivalidade.
 “O agon em Homero” – Texto que Nietzsche debate a importância
da disputa para a cultura grega. Essa disputa não pede sempre um
vencedor, mas sim a superação de si. Vide olimpíadas.
 Teogonia titânica e teogonia olímpica. Nascimento dos titãs,
através do horror (discórdia, a velhice, a morte, a noite) e o
nascimento dos deuses olímpicos através da súplica.
 Teogonia de Hesíodo:
o - Éris má: fomenta a guerra e a dissensão entre os
homens a se matarem pelo ódio.
o - Éris boa: Colocada por Zeus para incitar os
homens a agir, estimulando a disputa justa.
 Dionisíaco
o Dionísio é o símbolo da corrente da vida em si mesma, tenebrosa, informe,
rompendo barreiras. Nos rituais de Dionísio a vida é comemorada e
homens e mulheres mergulham na corrente da unidade primordial.
o Dionísio é o deus da música.
o Dionísio é a afirmação da triunfante existência em toda a sua escuridão e
horror (Se apresenta principalmente pela tragédia e pela música)
o Não há nos cultos a Dionísio o processo de individuação que traz o
apolíneo. Mas sim a experiencia de reconciliar-se com as pessoas, a
natureza, como parte de uma totalidade harmônica universal.
o Dionísio também significa o abandono dos preconceitos estéticos
apolíneos.
o Desprendimento da medida e da consciência de si
o Inverso ao apolíneo, o dionisíaco é a afirmação da desmesura, da hybris,
da falta de medida.
o Sendo o deus da música e da embriaguez, a arte dionisíaca produz o
entusiasmo, o êxtase divino, A loucura mística e a possessão.

 Dionísio e Apolo não são opostos!


o A proposta nietzschiana não é fazer uma oposição as duas forças.
o Para o autor, é através da aliança e reconciliação das duas forças que surge
a tragédia.
o A tragédia surge através da música. Sujeitos enfeitiçados, embriagados
pela música entram no ritmo dionisíaco da vida, perdendo a consciência
de si e se desprendendo da individuação apolínea.
o A origem da tragédia se dá na possessão pela música.
o Citar influência de Schopenhauer e Wagner. A interpretação de que a
música é a expressão imediata e universal da vontade não entendida como
vontade individual, mas sim como essência do mundo.
o Sendo a música o principal componente dionisíaco, Apolo assume a
palavra e a cena, como seus componentes.
o A tragédia então se faz na como um coro dionisíaco que se descarrega em
um mundo apolínea de imagens. Tal mundo é o mito trágico que traz a
sabedoria de Dionísio para o mundo aniquilando o indivíduo heroico e se
desprendendo do uno no processo.
o Processo esse que é chamado de vontade por Schopenhauer.
o Assim, o espectador que se desprende do mundo, cumprindo apenas com
sua vontade, vive a vida na sua plenitude, aceitando o sofrimento com
alegria, como parte da vida.
o A tragédia então é: expressão das pulsões artísticas apolínea e dionisíaca,
união da aparência e da essência, da representação e da vontade, da ilusão
e da verdade, é a atividade que dá acesso às questões fundamentais da
existência.
 Segunda ideia da tragédia: A denúncia da morte da morte do trágico
o Segundo Nietzsche o trágico não sofreu de uma morte natural, mas sim
teria se suicidado.
o Eurípedes seria o culpado do suicídio por dois motivos:
 Primeiro motivo:
 O homem teórico que o discurso de Eurípedes enaltece
acima do poeta e do artista
 A transformação da poesia em Eurípedes como “eco de
consciência”. Analise metodológica do que é o trágico se
esquecendo da embriaguez dionisíaca.
 Nietzsche chama essa forma de ver poesia de “tendência de
Eurípedes”. Postura crítica em relação a tragédia.
Racionalização da mesma. Reconstrução do trágico com
uma arte, uma ética e uma visão de mundo não-trágicas.
 Ou como Nietzsche cita “Um misto de frios pensamentos
paradoxais e afetos ardentes" que sacrificam tanto o
apolíneo quanto o dionisíaco.
 Segundo motivo:
 O socratismo de Eurípedes. Para Nietzsche, Eurípedes não
passava de um porta-voz de Sócrates, o homem teórico por
excelência.
 Sócrates é a causa principal pelo suicídio da tragédia, pois
há em Sócrates a análise da tragédia através de uma
“estética racional” ou o “socratismo estético”.
 O Socratismo estético:
 “Tudo deve ser inteligível para ser belo” – “Tudo deve ser
consciente para ser belo”. Paralelo com a ética que afirma
a mesma ideia na bondade.
 Para Nietzsche, tal proposta coloca o poeta e o artista
trágico como algo sem valor, pois não possui total saber
sobre o que diz nem é totalmente consciente do que busca.
 Destruição do saber intuitivo e inconsciente.
 Sendo assim o Socratismo estético é a morte da mescal entre a
experiência da verdade dionisíaca ligada a beleza da aparência
apolínea. Transformando o mito trágico em metafísica racional,
espírito científico, incapaz de expressar o “pior dos mundos”, o
sofrimento que é existir.
 Terceira ideia da tragédia: A busca pelo renascimento da tragédia

o A tragédia retorna a vida em movimentos musicais da modernidade.


o Para Nietzsche, Wagner é um dos principais ícones da tragédia moderna.
o A supressão da moral socrática através da filosofia de Schopenhauer.
Schopenhauer seria novamente o surgimento do dionisíaco no pensamento
filosófico.
o A tragédia em Nietzsche é de certa forma um entender do que é a arte
alemã na época. Sendo os gregos os “luminosos guias” para uma reflexão
do que é a arte moderna.
o Assim, as concepções de dionisíaco e apolíneo serviram como base para
entendermos melhor o que é a arte alemã moderna.
o Nietzsche ao assumir o dionisíaco como parte constituinte da arte trágica
grega, vai na contramão do que pensavam os grandes filósofos que
discorreram sobre o assunto como Goethe, Winckelmann e Schiller.
o Para além da filosofia da música schopenhauriana que Nietzsche se utiliza
como base para sua filosofia. Ele inaugura um pensamento que usa da arte
trágica para explicar o renascimento da tragédia nas óperas de Wagner que
cantam os mitos germânicos que como ele diz é “o espírito alemão intato
em sua esplêndida saúde, profundidade e força dionisíaca”.
o Assim, O nascimento da tragédia estabelece a origem musical da tragédia
grega, c sua importância como uma metafísica de artista, sobretudo para
legitimar a arte wagneriana, sugerindo que o renascimento do espírito
dionisíaco tem como sua expressão mais forte o drama musical
wagneriano. Ideia que já motiva Nietzsche a escrever com toda ênfase no
fragmento 9[34]. De 1870: "Reconheço na vida grega a única forma de
vida; e considero Wagner a tentativa mais sublime do ser alemão na
direção de seu renascimento."

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