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“CARACTERIZAÇÃO MICROESTRUTURAL DO
ARCO SUBMERSO
Ilha Solteira
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
‘JÚLIO DE MESQUITA FILHO’
CAMPUS DE ILHA SOLTEIRA
unesp PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
ARAÚJO, Márcia Regina Vieira de; POLIDO, Rafael Saito; VENTRELLA, Vicente Afonso;
GALLEGO, Juno. Microstructural Analysis of Submerged-Arc Weldment in Low-Carbon Steel
by Scanning Electron Microscopy. Brazilian Journal of Morphological Sciences, Campinas, v.
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C JÚNIOR, Donizeth A; POLIDO, Rafael Saito; VIOTO JÚNIOR, Leonildo; ARAÚJO, Márcia
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POLIDO, Rafael Saito; GALLEGO, Juno. Estudo da Deposição do Metal de Solda através do
Processo de Soldagem por Arco Submerso. In: XII CREEM, 2005, Ilha Solteira. Anais do XII
Congresso Nacional dos Estudantes de Engenharia Mecânica. 2005. p. 1-2.
Agradeço a Deus pela minha vida abençoada e pela vida das pessoas
que amo e que me são muito caras: meus pais, meu irmão, minha irmã, tios
e tias, primos, primas e amigos.
A minha tia e querida amiga Maria Lúcia de Araújo Poiati pelo apoio
constante em todo o meu crescimento profissional e pessoal.
como tubos, navios, perfis, vasos de pressão e trocadores de calor, diferencia-se dos demais
componentes minerais como óxidos e silicatos. Este fluxo é alimentado à região de solda
proporcionando uma solda sem respingos, luminosidade e radiação, além de proteger a região de
de solda, neste sentido, estudos realizados demonstram que a microestrutura ferrita acicular
possui uma ótima combinação entre resistência mecânica e tenacidade. Inclusões não metálicas
ferrita acicular (AF) depende da composição e tamanho das inclusões não metálicas presentes no
metal de solda. Estas inclusões são geralmente óxidos, silicatos que são formados durante o
nucleadores da ferrita acicular, neste sentido adicionou-se no metal de base a zircônia, zirconita e
microestrututura do metal de solda. .Os ensaios de soldagem foram realizados com controle e
monitoramento dos parâmetros elétricos, visto que estes são fatores importantes na formação da
geometria do cordão de solda. Os materiais utilizados como metal de base foi uma chapa de aço
estrutural do tipo ASTM A36, como metal de adição o AWS E70S-6, além do fluxo granular
comercial usado na soldagem por Arco Submerso. A alta densidade de inclusões presentes em
metais de solda assegura uma densidade alta de locais de nucleação da ferrita acicular, assim o
analisados foram a geometria do cordão de solda com base nas diferentes energias de soldagem
quantidade de ferrita acicular formada para vinte e quatro condições diferentes de soldagem, além
da ferrita acicular outros microconstituintes estão presentes nos contornos de grão do metal de
solda, como a ferrita poligonal intragranular PF(I) e ferrita de contorno de grão PF(G).que são
Submerged-Arc Welding (SAW) is one of the most important welding processes applied
in the fabrication of modern engineering structures. During the deposition of molten steel, which
is protected against oxidation by agglomerated flux layer, the microstructure of the weldment
undergoes considerable changes because of the heating and cooling cycles directly related to the
welding process were employed. Mechanical properties of welded joint can be improved by a
well design welding microstructure. Some studies have shown that acicular ferrite provides an
optimum combination of strength and toughness in steel weld metal. The flux formulations are
prepared using mineral compounds, such as oxides and silicates, and it is possible to increase the
content of acicular ferrite by higher quantity of intragranular nucleation sites. So, dispersed non-
metallic inclusions can promote the formation of acicular ferrite during phase transformation, at
the expense of other undesirable weld phases such as allotriomorphic and Widmanstätten ferrite.
In experimental procedure ASTM A36 steel grade was used as a metal base, together AWS E70-
S6 solid wire and a commercial active flux commonly applied for SAW processing. Bead on
plate welding was performed in flat position and nominal heat input changed from 1.0 to 3.3
kJ/mm. Transverse sections of weld deposit were prepared according standard grinding (up to
1200-grit SiC paper) and polishing (1.0 µm alumina) methods, followed by moderate etching in
2% nital for optical microscopy (OM). So, it was possible to determine some important weld
bead geometry parameters such as penetration, reinforcement and bead width. Using quantitative
metallography techniques allowed that some microstructure features were determined too, when
inclusion size distribution and volume fraction of microphases were obtained. Heat input
variations were considered main responsible for significant changes of bead geometry, which
behavior have shown increase when higher energy levels were applied to welding process.
Inclusion size distribution has also been affected by heat input and it was possible to define that
inclusions mean size decrease from 6 to 4µm without significant changes in volume fraction,
which was estimated approximately 2%. The analysis carried out on the samples after chemical
etching was able to attain both qualitative and quantitative information about weld metal
microstructure. The microstructure of weld metal showed that acicular ferrite was surrounded by
grain boundary proeutectoid (allotriomorphic) ferrite. Further constituent reveals the prior
austenite grain boundaries, which have shown a characteristic columnar grain growth. Acicular
ferrite, allotriomorphic and idiomorphic ferrite were determined be main constituents of weld
metal microstruture, being very small decrease of volume fraction of acicular ferrite with raising
heat input. The volume fraction of these main constituents were calculated 60%, 20% and 10%,
respectively, and meaning that is a good combination between microstructure and mechanical
properties of submerged arc weld metal can be obtained during the experimental development.
Figura 2.8 - Fotomicrografia do metal de solda, destacando ferrita acicular (AF) formada
contornos de grão da austenita, ferrita acicular (AF) e pequena quantidade de perlita (P), aumento
de 80 x, ataque Nital.......................................................................................................................49
Figura 2.10-Fotomicrografia do metal de solda, mostrando em detalhe ferrita de segunda fase não
ferrita e carbonetos (FC), ferrita de contorno de grão (GF), perlita (P), ferrita acicular (AF),
Figura 2.12 - Fotomicrografia do metal de solda, no destaque a ferrita de segunda fase alinhada
(AC), este constituinte tem sido encontrado na martensita, austenita e carbonetos entre as lamelas
Figura 2.14 - Aspectos típicos das ferritas Acicular (a) e de Widmanstatten (b). Aumento: 360
X.....................................................................................................................................................52
Figura 2.15 - Favorecimento da formação da ferrita acicular com aumento de grão austenítico,
que reduz potencialmente a nucleação da bainita nesses sítios Figura 2.16 - Micrografia
Figura 3.1 - Processo de ponteamento da junção da barra de aço estrutural usado como metal base
no processo de soldagem. Início da união das barras e retalhos para fixação na bancada de
Figura 3.3 - Montagem na seqüência (a), (b), (c) e (d) dos materiais para o ensaio de soldagem.63
Figura 3.4-Fonte utilizada nos ensaios de soldagem (a). Cabeçote de alimentação do arame (b).64
Figura 3.7 - Cordões de solda depositados na barra de aço estrutural ASTM A36........................68
Figura 3.9 - Aspecto da amostra após a preparação macrográfica, revelando as regiões de solda.
Ataque com reativo de iodo. Metal de solda sem aditivo.Energia de soldagem 1,5 kJ/mm..........69
Figura 3.10 - Tratamento digital de imagens do cordão de solda mostrado onde estão definidas as
áreas do metal de solda e ZTA em (a), apenas o metal de solda em (b) e a região de diluição em
(c)....................................................................................................................................................70
original da superfície polida (a) e após o tratamento de imagem (b). Amostra com aditivo zircônia
Figura 3.13 - Microestrutura do metal de solda; aditivo alumina, energia de soldagem de 1,0
Figura 4.2 - Efeito da energia de soldagem sobre a geometria dos cordões: (a) reforço; (b)
penetração; (c) profundidade da ZTA; (d) largura do cordão de solda feito por arco submerso.80
Figura 4.3: - Efeito da energia de soldagem sobre a área da zona fundida (ZF) (a); a razão entre as
Figura 4.4 – Micrografia de amostra soldada com energia de soldagem de 1 kJ/mm. Lâmina fina
observada no MET..........................................................................................................................84
Figura 4.5 - Distribuição de freqüência dos tamanhos das inclusões encontradas no metal de solda
das amostras, soldadas sem aditivo mas com diferentes energias de soldagem: (a) 1,0 kJ/mm; (b)
1,5 kJ/mm; (c) 2,0 kJ/mm; (d) 2,5 kJ/mm; (e) 3,0 kJ/mm e (f) 3,3 kJ/mm....................................86
Figura 4.6 - Distribuição de freqüência dos tamanhos das inclusões encontradas no metal de
solda, usando alumina como aditivo e diferentes energias de soldagem: (a) 1,0 kJ/mm; (b) 1,5
kJ/mm; (c) 2,0 kJ/mm; (d) 2,5 kJ/mm; (e) 3,0 kJ/mm e (f) 3,3 kJ/mm.........................................87
Figura 4.7 - Distribuição de freqüência dos tamanhos das inclusões encontradas no metal de
solda, usando zircônia como aditivo e diferentes energias de soldagem: (a) 1,0 kJ/mm; (b) 1,5
kJ/mm; (c) 2,0 kJ/mm; (d) 2,5 kJ/mm; (e) 3,0 kJ/mm e (f) 3,3 kJ/mm..........................................88
Figura 4.8 - Distribuição de freqüência dos tamanhos das inclusões encontradas no metal de
solda, usando zirconita como aditivo e diferentes energias de soldagem: (a) 1,0 kJ/mm; (b) 1,5
kJ/mm; (c) 2,0 kJ/mm; (d) 2,5 kJ/mm; (e) 3,0 kJ/mm e (f) 3,3 kJ/mm..........................................89
Figura 4.9 - Variação de parâmetros relativos à distribuição de inclusões. (a) quantidade; (b)
tamanho médio; (c) fração em área; (d) fração volumétrica; (e) número de inclusões por unidade
ferrita após o ataque metalográfico das amostras feito com nital 2%............................................97
Figura 4.11 - Exemplos da microestrutura do metal de solda observada nas amostras soldadas
sem aditivo e com diferentes energias de soldagem: (a) 1,0 kJ/mm; (b) 1,5 kJ/mm; (c) 2,0 kJ/mm;
(d) 2,5 kJ/mm; (e) 3,0 kJ/mm e (f) 3,3 kJ/mm. Aumento padrão de 250 vezes. Ataque
Figura 4.12 - Exemplos da microestrutura do metal de solda observada nas amostras soldadas
com aditivo (alumina) mas com diferentes energias de soldagem: (a) 1,0 kJ/mm; (b) 1,5 kJ/mm;
(c) 2,0 kJ/mm; (d) 2,5 kJ/mm; (e) 3,0 kJ/mm e (f) 3,3 kJ/mm. Aumento padrão de 250 vezes.
Figura 4.13 - Exemplos da microestrutura do metal de solda observada nas amostras soldadas
com aditivo (zircônia) mas com diferentes energias de soldagem: (a) 1,0 kJ/mm; (b) 1,5 kJ/mm;
(c) 2,0 kJ/mm; (d) 2,5 kJ/mm; (e) 3,0 kJ/mm e (f) 3,3 kJ/mm. Aumento padrão de 250 vezes.
com aditivo (zirconita) mas com diferentes energias de soldagem: (a) 1,0 kJ/mm; (b) 1,5 kJ/mm;
(c) 2,0 kJ/mm; (d) 2,5 kJ/mm; (e) 3,0 kJ/mm e (f) 3,3 kJ/mm. Aumento padrão de 250 vezes.
encontrados no metal de solda em (a). Efeito da energia de soldagem sobre AF em (b); PF(G) em
(c); PF(I) em (d); FS em (e) e de outros constituintes em (f). A dispersão está representada
graficamente pelo desvio padrão dos resultado dos grãos desta morfologia de ferrita................105
energia de soldagem, baseada nos resultados apresentados por Basu e Raman (2002) e Schumann
e French (1997) para a ferrita acicular AF (a) e de contorno de grão PF(G) (b)..........................109
Lista de Tabelas
Tabela 2.1 - Corrente aplicada em soldagem de aço com baixo teor de carbono...........................33
Tabela 2.2 - Classificação do fluxo para Arco Submerso segundo a composição química...........40
Tabela 3.1 - Composição química nominal em porcentagens de massa do metal base e do metal
Tabela - 4.1 – Energia de soldagem, parâmetros elétricos e velocidade de solda relativa aos
cordões de solda..............................................................................................................................75
Tabela 4.6 - Efeito qualitativo dos parâmetros de processo sobre a geometria do cordão.............80
Tabela 4.7 - Área da zona fundida medida nos cordões de solda [mm2]........................................81
Tabela 4.8 - Área da região de diluição medida nos cordões de solda [mm2]................................81
Tabela 4.9 - Área da zona termicamente afetada nos cordões de solda [mm2]..............................82
Tabela 4.10 – Microanálise dos constituintes presentes nas inclusões no cordão de solda............85
Tabela 4.17 - Resultados extraídos da literatura sobre a metalografia quantitativa das inclusões
não metálicas..................................................................................................................................94
Tabela 4.19 - Fração volumétrica de ferrita poligonal PF(G) no metal de solda [%]..................102
Tabela 4.20 - Fração volumétrica de ferrita poligonal PF(I) no metal de solda [%]....................103
AF Ferrita acicular
A ampère
aC Antes de Cristo
IB Índice de Basicidade
Mn Manganês
OM Optical microscopy
PF Ferrita primária
Si Silício
TIG Tungsten Inert Gás
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO.......................................................................................23
Capítulo 1
______________________________________________________________________________
INTRODUÇÃO
indústria devido a sua facilidade de operação e produtividade. Pode ser utilizado na fabricação
metálica como tubos, navios, perfis, vasos de pressão, trocadores de calor, caldeiras e todo tipo
de equipamento pesado. Este processo utiliza um fluxo granular que é alimentado à região da
solda produzindo uma completa cobertura do arco e da poça de fusão, permitindo que a soldagem
de solda. O fluxo granular age como elemento desoxidante para remover contaminantes como o
de deposição, que aproxima-se de 100%, pois não há perdas de metal por projeção. A perda de
calor através do arco é baixa devido ao efeito de isolamento térmico proporcionado pela camada
de fluxo.
corrente encontrada (60 a 100A/mm2), oferece ao processo elevada taxa de deposição. Essas
média gasta-se em Arco Submerso 1/3 do tempo de soldagem requisitado para se fazer um
As soldas por Arco Submerso apresentam boa dutilidade, boa uniformidade e uma
A principal limitação da soldagem por Arco Submerso é que o processo não permite a
soldagem fora da posição plana ou horizontal. De fato, a ação da gravidade, que sustenta a
camada de fluxo sobre a poça de solda, impede a soldagem fora de posição. O uso de
A alta quantidade de energia de soldagem faz com que usualmente chapas com espessura
acima de 6,4mm de espessura sejam utilizadas para o processo de soldagem por Arco Submerso
(OGBORN, 1993).
ensaios não destrutivos (visual, líquido penetrante, partículas magnéticas, radiografia e ultrasom)
e ensaios destrutivos (ensaios de tração, impacto, dobramento, fadiga e dureza) que são
deseja-se que os cordões possuam determinada geometria, como valores determinados de largura,
reforço e penetração. Observando a geometria do cordão, nota-se que quanto maior a velocidade
(aporte térmico) e, portanto menor a largura da poça de fusão (LIMA et al., 2005)
ocorre no interior do grão de austenita prévia, apresenta uma morfologia de grãos emaranhados,
bem como contorno de alto ângulo e elevada densidade de discordâncias, também pode ocorrer
isoladamente como ripa (DE MELLO, 2003).A ferrita acicular depende para sua nucleação, de
fatores como o tamanho e composição química das inclusões presentes nos cordões de solda.
O metal de solda típico possui cerca de 1018 m-3 inclusões com tamanhos maiores do que
0,5µm e que estão distribuídas na microestrutura. As inclusões são formadas no metal de solda
líquido pela reação do oxigênio com elementos desoxidantes como silício, alumínio e titânio
acicular, não só pelo fato de serem sítios de nucleação heterogênea, mas, também, por conterem
óxidos que influenciam muito a nucleação deste constituinte. O titânio e o zircônio são poderosos
de óxidos formadas.
metálicas de óxidos. Estas inclusões se formam na poça de fusão ainda líquida e no decorrer do
processo de solidificação, como resultado das reações entre os elementos de liga metálicos e não
metálicos. As inclusões em metais de solda, que usualmente tem uma composição química muito
tem grande influência no poder destas partículas em nuclear a ferrita acicular. A comparação do
permitiu constatar que o zircônio pode formar inclusões eficazes para a nucleação da ferrita
Outros constituintes além da ferrita acicular podem se formar no metal de solda de aços
Instituto Internacional de Soldagem (IIW/IIS,1998), tais como a ferrita primária (PF) como sendo
de contorno ou interior dos grãos, onde denomina-se PF(G) a ferrita de contorno de grão ePF (I) a
ferrita poligonal intragranular, além destes constituintes pode-se encontrar no metal de solda a
ferrita com segunda fase alinhada FS(A) e ferrita com segunda fase não alinhada FS(NA). A
ferrita acicular é constituinte que favorece muito a tenacidade, pois não propicia caminhos
grande dispêndio de energia para a propagação de uma trinca, na medida em que suas ripas
obrigam a trinca a mudar de direção constantemente (DE MELLO, 2003). No presente trabalho
será feita a caracterização do metal de solda depositado por arco submerso e o papel das
Capítulo 2
______________________________________________________________________________________________
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Acredita-se que o processamento dos metais tenha sido originado junto à descoberta do
fogo (8000 a.C.). Há 5000 anos na cidade de Ur, Caldéia, onde uniam-se peças de ouro,
considerado o primeiro metal obtido e utilizado, por meio de brasagem. Há 3000 anos, o homem
inventou o processo de forjar a quente, concentrando o calor na zona da peça que queria ligar,
seguido de martelamento.
A utilização do ferro foi por volta de 2000 a.C. Descobertas arqueológicas indicam que o
início do desenvolvimento do metal deu-se na Mesopotâmia, de onde foi para China e Índia e
depois para o Egito, Grécia e Roma. Nesse período o homem começou a fabricar utensílios de
duas ou mais partes por meio de união por forjamento a quente, colocando uma peça sobre a
Uma das mais antigas notícias que se tem sobre a soldagem remonta ao forjamento da espada
de Damasco (1300 a.C.) e ao uso de uma espécie de maçarico soprado pela boca usando álcool ou
óleo como combustível. Esta técnica usada pelos egípcios para fundir e soldar bronze foi
Após a revolução industrial no século XIX surgiram novos processos de junção metálica. A
soldagem moderna teve seu nascimento a partir da descoberta do arco elétrico em 1801, por Sir
Humphrey Davis, o mesmo que em 1836 descobriu o acetileno. Historicamente os seguintes fatos
por arco elétrico, que obtiveram utilizando um eletrodo de grafite. Iniciou-se assim a
arame metálico.
x 1929, H.M Hobart e P.K Denver utilizaram gás inerte como proteção ao arco elétrico .
x 1932, uso do fluxo granular, que se funde em contato com o calor do arco elétrico e dá
x 1935, Soldagem com eletrodo revestido de tungstênio protegido por gás inerte (Tungsten
Inert Gas –TIG) e soldagem por arco submerso (Submerged Arc Welding) SAW.
x 1948, H. F. Kennedy desenvolve a soldagem com arame protegido por gás (Metal Inert
Gas -MIG)
processos de soldagem por fusão consistem em processos por chama, arco, em banho de
escória, aluminotérmico e raio laser, enquanto que por pressão são os processos na forja a
MECÂNICA, 2006)
O processo de soldagem à chama utiliza o calor gerado pela queima de um gás, com o
soldagem. A fusão por soldagem elétrica a arco voltaico origina-se da ação direta de um arco
voltaico que permite obter elevadas temperaturas limitando a zona de influência calorífica,
além de permitir o uso de qualquer atmosfera gasosa, que quando neutra proporciona menor
contaminação do banho metálico. O processo de soldagem por arco foi introduzido em 1887
por N. R. Bernardos, onde no princípio era um arco voltaico entre um eletrodo de carvão e a
peça e fusão ocorria sem consumir o eletrodo. Em 1889, Zerener introduziu no processo um
segundo eletrodo, fazendo o arco entre os dois eletrodos, sendo que a corrente não mais
percorria a peça, permitindo, portanto a soldagem de materiais não condutores. A Figura 2.1
Figura 2.1 - Processos de soldagem a arco idealizado por Bernardos e Zerener. (CENTRO DE
INFORMAÇÃO METAL MECÂNICA, 2006)
material de adição, tornado o eletrodo consumível. Em 1905, Kjellberg criou o eletrodo revestido,
que permitiu incorporar substâncias, para produzir efeitos especiais na solda, como se pode
Figura 2.2 - Processos de soldagem a arco idealizado por Slavianoff e Kjellberg. (CENTRO DE
INFORMAÇÃO METAL MECÂNICA, 2006)
Figura 2.3 - Processo de soldagem com arco protegido. (CENTRO DE INFORMAÇÃO METAL
MECÂNICA, 2006)
O hidrogênio se dissocia no arco elétrico, passando para o estado atômico com absorção
de energia. Em contato com o metal de solda, o hidrogênio volta ao estado molecular, liberando
transformador especial para produzir uma tensão de 70 volts para iniciar o arco. O processo caiu
em desuso quando gases neutros passaram a ser usados com atmosfera de soldagem.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 31
Além dos processos de fusão, também há os processos de soldagem por pressão, onde a
energia é aplicada para provocar uma tensão no metal de base capaz de produzir a solubilização
na fase sólida.
soldagem por Arco Submerso. Inicialmente fez-se uma caracterização breve dos principais
conseguida por fusão e diferem-se dos processos de soldagem no estado sólido (soldagem por
explosão e soldagem por atrito) pelo fato de nestes últimos não haver fusão. Nos processos de
soldabrasagem e brasagem, no fato de que nestes processos somente o metal de adição é fundido,
enquanto que nos processos de soldagem por fusão, ambos, o metal de adição e o de base
soldagem automático no qual o calor é fornecido por um arco desenvolvido entre um eletrodo de
arame sólido ou tubular e a peça-obra. Tanto o metal base quanto a poça de fusão ficam
atmosfera. O fluxo granulado funde-se parcialmente, formando uma camada de escória líquida
Além das funções de proteção e limpeza do arco e do metal depositado, o fluxo na forma
granular funciona como um isolante térmico garantindo uma excelente concentração de calor que
caracteriza a alta penetração obtida por meio do processo. Uma vez que fica completamente
coberto pelo fluxo, o arco elétrico não é visível, e a solda se desenvolve sem faíscas,
(RAMALHO; JÚNIOR, 1997). A Figura 2.4 ilustra o processo de soldagem por arco submerso.
Figura 2.4 - Ilustração do processo de soldagem por arco submerso (RAMALHO; JÚNIOR,
1997).
metálicos como tubos, navios, perfis, plataformas marítimas, trocadores de calor, além de
recuperação de peças como cilindros de laminação e peças rodantes de tratores. O arco submerso
é comumente usado para soldar chapas ou perfis de aço-carbono, os aços ligados também podem
ser soldados utilizando processo de arco submerso observando o limite de aquecimento para que
não ocorram danos na zona termicamente afetada (PARANHOS, 1999). O processo de arco
submerso também pode ser usado para união de peças de aço inoxidável e ligas de níquel, porém
não é recomendado para soldagem de alumínio, titânio, cobre, magnésio e suas ligas.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 33
Os parâmetros a serem considerados na soldagem por arco submerso podem ser aqueles
pré-determinados como tipo e espessura do metal de base e propriedades requeridas para o metal
de solda, além dos parâmetros decididos na fase inicial da produção e em alguns casos,
1997).
penetração e na quantidade do metal de base fundido. Se a corrente é muito alta para uma dada
velocidade de soldagem, o excesso de penetração tende a furar ou vazar o metal de base. Altas
maiores distorções. A Tabela 2.1 possui valores máximos e mínimos de correntes de soldagem
Tabela 2.1 - Corrente aplicada em soldagem de aço com baixo teor de carbono (RAMALHO;
JÚNIOR, 1997).
Diâmetro Faixa de
do eletrodo Corrente (A)
pol mm mínima Máxima
5/64 2,0 200 600
3/32 2,4 230 700
1/8 3,2 300 900
5/32 4,0 420 1000
3/16 4,8 480 1100
7/32 5,6 600 200
¼ 6,4 700 600
5/16 8,0 1000 2500
3/8 9,5 1500 4000
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 34
tipo de transferência e a estabilidade do arco elétrico. O eletrodo com polaridade inversa (+),
produz melhor penetração e um cordão mais bem feito, no entanto, se estiver conectado na
polaridade direta (-), proporcionará uma maior taxa de deposição com diminuição da penetração.
Com corrente alternada (±) a penetração e a taxa de fusão são médias, mas existe a vantagem de
Para soldagem com Arco Submerso recomenda-se o uso de polaridade direta, pois este
externa, como se pode observar na Figura 2.5. Um aumento da tensão resulta em um cordão mais
Uma vez que a corrente está relacionada à velocidade de soldagem, é preciso ajustá-la para
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 35
conseguir a penetração adequada sem que ocorra o transpasse da junta (vazamento). Velocidades
cordões com formato não uniforme e velocidades de soldagem excessivamente baixas produzem
cordões sujeitos à trincas e poças de fusão excessivamente largam, resultando num cordão áspero
produz um cordão em forma de chapéu, que é sujeito a trincas, além da formação da poça de
solda muito grande em torno do arco elétrico, resultando em um cordão rugoso, com respingos e
inclusões de escória.
de comprimento linear, pode ser representada pelas letra E (ou H, de “heat input”). É usualmente
expressa em kJ/mm, podendo também ser apresentada em kJ/cm ou J/mm. Para a soldagem a
arco elétrico o valor de E, em J/mm, é dado pela equação 2.1 (FORTES; ARAÚJO, 1994).
V .I
E K (2.1)
v
Onde:
promover a fusão, ou seja, dá a idéia da potência (em W) utilizada para fundir uma determinada
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 36
área (em cm2), e sabe-se que para fundir a maioria dos metais é necessário utilizar uma fonte cuja
acarretará uma maior penetração, cordões mais altos e estreitos e uma maior taxa de deposição.
Para um valor de corrente igual, a mudança para um diâmetro de arame maior permite uma
Finalmente, a camada de fluxo deve possuir uma altura mínima de maneira que o arco
fique totalmente submerso, pois se a camada for muito alta, o arco fica muito confinado e os
gases tem dificuldade para sair, o aspecto superficial do cordão é irregular. Por outro lado, se a
camada for muito rasa, o arco não ficará complemente submerso no fluxo, podendo vir a causar
integridade do interior da solda, uma vez que poderá ocorrer contaminação pelo ar atmosférico.
Os fluxos utilizados no processo de soldagem por arco submerso podem ser classificados
de acordo com o método de fabricação (A), a influência que estes exercem nos elementos de liga
contida na solda depositada e o efeito causado nas propriedades da solda depositada (B) ou
misturado ou aglomerado.
Fluxo fundido: o fluxo fundido é constituído de óxidos de manganês, silício, alumínio, zircônio
são fundidos em forno para formar um vidro metálico. Após o resfriamento, o vidro é reduzido a
soldagem. A granulação fina é utilizada na soldagem com correntes baixas, enquanto que a
Fluxo misturado: o fluxo misturado forma uma mistura mecânica de dois ou mais tipos de fluxos,
deste tipo de fluxo é que não é possível garantir uma perfeita uniformidade dos componentes,
tais como óxido de manganês, silício, alumínio, zircônio ou cálcio e desoxidantes como ferro-
B - Classificação do fluxo com relação ao efeito aos elementos de liga contido no metal
de solda depositado.
neutro ou fluxo de liga, dependendo da capacidade de mudar a liga contida na solda. Todos os
fluxos num processo de arco submerso variam a tensão do arco. Outras variáveis de solda podem
mudar com uma razão do fluxo consumido, para o eletrodo ou metal de solda depositado de
0,7/0,9 (fluxo/eletrodo). Um aumento desta razão pode ser devido aumento da tensão do arco ou
decréscimo da corrente de solda. Do mesmo modo, um decréscimo da razão fluxo/arame pode ser
Fluxo Ativo: contém quantidade controlada de manganês e/ou silício. Esses elementos de liga são
acrescentados no fluxo para melhorar a resistência a porosidade e trincas na solda causada por
contaminantes como oxigênio, nitrogênio e enxofre. Os fluxos ativos são usados principalmente
em soldas de passe único, pois contém desoxidantes como manganês e silício. Os elementos de
liga contidos no fluxo podem alterar a razão fluxo /arame. As quantidades de manganês e silício
deste metal.
Fluxo Neutro: o fluxo neutro contém pouquíssimo ou nenhum desoxidante, não produz mudança
significativa na composição química do metal de solda em função da grande mudança que ocorre
placas com espessura maiores que 25mm. Para quantificar o fluxo, utiliza-se o número de
onde:
Fluxo ligado: Este fluxo possui quantidade suficiente de elementos de liga para produzir metal de
solda com eletrodo de aço carbono. É usado com arame de aço inoxidável e eletrodos em tira.
Fluxo com elementos de liga são aplicados na soldagem de aços ligados e recobrimento
superficial.
O índice de basicidade é a razão entre óxido metálico forte e óxido metálico fraco. O índice de
onde:
é usado para prever as propriedades do metal de solda. Os fluxos básicos possuem menor
Uma outra maneira de classificação dos fluxos é através da composição química proposta
pela IIW, onde se apresenta oito diferentes classes, conforme mostra a Tabela 2.2 (PARANHOS;
SOUZA, 1999).
Tabela 2.2 - Classificação do fluxo para Arco Submerso segundo a composição química expressa
em porcentagem mássica (PARANHOS; SOUZA, 1999).
Tipo SiO2 TiO2 Al2O3 MnO CaO MgO CaF2
Ácido
Silicato Ca 50-60 3-5 25-30 8-12 2
Alto SiO2
Neutro 30-40 10-15 0-5 25-30 10-15 5-10
Silicato Ca
Básico
Silicato Ca 30-40 3-5 26-45 0-5 10-15
Baixa SiO2
Totalmente Básico
Baixo SiO2 5-12 10-15 10-15 30-40 20-30
Médio Al2O3
Básico
Alumina
Básico 5-15 0-5 20-50 5-15 0-5 5-15 5-15
Alto Al2O3
Neutro
alumina 10-20 5-15 20-50 10-20 0-5 0-10
Rutilo
Al2O3-TiO2
Básico 5-20 5-25 0-10 5-10 10-20 0-20
Rutilico TiO2
Ácido 30-40 0-10 35-45 0-10 0-10
Silicato Mn
soldagem influenciam e alteram o consumo de fluxo, por exemplo, o consumo de fluxo aumenta
Os eletrodos são arames sólidos ou tubulares. Os arames sólidos são fabricados a partir de
fio-máquina e trefilados até sua dimensão final padronizada de acordo coma intensidade de
corrente. Os eletrodos são classificados de acordo com a sua composição química pelas normas
O equipamento básico para soldagem por arco submerso consiste de uma fonte de energia,
alimentação do fluxo, um par de cabos elétricos e uma garra de fixação do cabo a peça. A Figura
2.6 mostra o desenho esquemático utilizado para arco submerso (RAMALHO; JÚNIOR, 1997).
Figura 2.6 - Esboço do processo de soldagem com arco submerso (RAMALHO; JÚNIOR, 1997).
A fonte de energia utilizada para este processo pode ser corrente contínua ou alternada. A
tocha de soldagem consiste de um bico de contato deslizante, de cobre e ligas, um sistema para
fixação do cabo de saída da fonte e um suporte isolante. O bico de contato deve ser adequado
roletes que servem para fazer a alimentação e auxiliar o desempeno do arame. O sistema de
controle permite o ajuste dos diversos parâmetros de soldagem, como por exemplo: velocidade de
corrente e tensão de soldagem. Estes vários controles podem estar em único painel, ou espalhados
elementos de soldagem.
elétrica da fonte de energia ao porta eletrodo e cabo de retorno, quando levam a corrente da peça
de trabalho para a fonte de energia. É necessária que os cabos sejam cobertos por uma camada de
circuito.
Independentemente de qual seja a região crítica do cordão de solda (metal base, zona
foram e ainda está sendo desenvolvido com o propósito de determinar qual seria o melhor
binômio estrutura - propriedades mecânicas . Recentemente, a estrutura ferrítica acicular tem sido
apontada como a microestrutura que melhor possibilita ótimos níveis de tenacidade sem que haja
complexa, com várias morfologias e fases dispersas. Esta região pode ser subdividida em três
Não afetada termicamente- constituída pelo metal base (chapa), apresenta a microestrutura típica
dos produtos laminados destinados para esta aplicação. No caso dos aços, ferrita e perlita são
freqüentemente observados.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 43
Afetada termicamente (ZTA)- constituída pela alteração da microestrutura do metal base pelo
ciclo térmico de soldagem. A energia fornecida é suficiente para promover a austenitização e/ou
formada pode ser transformada em compostos como ferrita não poligonal, bainita ou martensita.
Zona de fusão- é constituída pelo volume fundido de metal base e de adição , cuja composição
química obviamente é diferente daqueles materiais que a originaram. Durante a soldagem esta
região geralmente é protegida por uma camada vítrea, produzida pela fusão de compostos
ferrita acicular.
altas velocidades de solda, mantendo-se constante tensão e corrente, menor será a energia de
serviço é necessário evitar a fratura por clivagem pelo controle da microestrutura. Para os metais
de solda, isto pode ser conseguido pelo aumento da quantidade de ferrita acicular através do
controle dos elementos de liga, pelo uso de consumíveis do tipo básico para produzir soldas de
baixo oxigênio com conseqüente diminuição de volume de frações de inclusões e pelo rigoroso
Bhadeshia (2001) observou que o efeito do manganês em metais de solda na região como
ferrita intergranular PF(G). Ao mesmo tempo também causa o refinamento da ferrita acicular na
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 45
região de como depositado e o refinamento das zonas reaquecidas de granulação grosseira e fina.
Verificou-se também que o pico de tenacidade é alcançado com aproximadamente 1,5% em peso
de manganês.
ferrita de contorno de grão e também afeta a taxa de formação da ferrita com segunda fase
alinhada FS(A). A largura média dos grãos da austenita primária é diminuída com o aumento do
teor de carbono, aumento da quantidade de carbonetos formados, causa o refinamento das regiões
reaquecidas e aumenta a quantidade de segunda fase nas regiões reaquecidas de granulação fina.
O níquel age de maneira similar ao manganês e assim, tem um grande efeito sobre a
1,4 para 0,6% em peso, quando até 3,5% em peso de níquel é adicionado.
último estágio, a ferrita acicular inicial é substituída pela ferrita com segunda fase alinhada
FS(A).
silicatos usados como constituintes dos fluxos. Com o aumento do teor de silício no metal de
solda, o teor de oxigênio diminui e a quantidade de ferrita acicular AF nas regiões como
depositada aumenta. Para metais de solda com baixos teores de manganês (0,6% em peso) o
PF(G) e da ferrita com segunda fase alinhada FS(A). Para altos teores de manganês (1,4% em
Assim como para o silício e o titânio, o alumínio tem um grande efeito na população de
inclusões, mas este elemento tende a reduzir a temperabilidade. Para metais de solda, na condição
compensada pela ferrita FS(A). O alumínio tem ação desoxidante, pois reduz o teor de oxigênio,
formando inclusões.
para o contorno de grão durante a solidificação e isto causa uma alta temperabilidade local e a
formação de redes isoladas de martensita. Os níveis de nióbio devem ser mantidos o mais baixo
possível, uma vez que ele parece ser deletério à tenacidade devido a formação de carbonitretos.
A adição de vanádio causa o aumento da quantidade de ferrita acicular nas regiões como
depositada à custa das ferritas PF(G) e FS(A) e também promove o refinamento dos grãos nas
O nitrogênio é conhecido por ter forte efeito prejudicial na tenacidade das soldas. Atuando
conjuntamente com o boro, o níquel aumenta a temperabilidade e não tem forte influência no
se em ferrita acicular, ao invés de PF(G)e FS(A). O nitrogênio pode ser combinado com titânio
para formar nitretos, em vez de óxidos de titânio, que são nucleantes efetivos da ferrita acicular.
austenita continue estável a temperatura ambiente Nos aços C-Mn, que apresentam um limite de
escoamento entre 350-550 MPa o processo no qual a austenita se decompõe sob resfriamento
contínuo pode dar origem a diferentes morfologias de ferrita. Estas morfologias consistem em
alguma combinação de ferrita de contorno de grão PF(G), ferrita com segunda fase alinhada e
ferrita acicular, que geralmente abrange uma distribuição de outras fases finais tais como
austenita retida e martensita. Nos metais de solda com alta resistência e baixo carbono, com
tensão de escoamento superior a 650 MPa, decomposição da austenita resulta em ferrita acicular,
Usando microscópio ótico, alguns trabalhos sugeriram uma classificação dos constituintes
das soldas baseados na sua morfologia, que foi adotado com algumas modificações pelo Instituto
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 48
respectivas nomenclaturas. As Figuras 2.8 até 2.13 ilustram as morfologias da ferrita descritas
Ferrita com segunda Ferrita com segunda fase mais não Ferrita com distribuição de
fase não alinhada alinhada FS (NA) microfases ou ferrita de 2.10
FS (NA) placas laterais.
Ferrita/Carbonetos Ferrita-agregados Ferrita fina/estrutura de
agregados (FC) carbonetos(incluindo perlita lamelar) carbonetos, incluindo a 2.11
perlita
Pequenos grãos de ferrita 2.8
Ferrita acicular (AF) Plaquetas de ferrita intragranular; não ligados encontrados 2.9
Ferrita intragranular fina; dentro dos grãos de 2.11
austenita
Solução sólida de carbono
Austenita (A) Austenita Retida no ferro gama e apresenta 2.13.
estrutura de grãos
poligonais irregulares.
colônias de martensita
Martensita (M) adjacentes as ferritas 2.13.
laterais
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 49
Figura 2.8 - Fotomicrografia do metal de solda, destacando ferrita acicular (AF) formada
intragranularmente e ferrita primária (GF), ataque Nital.
(LINNERT,1994)
Figura 2.10-Fotomicrografia do metal de solda, mostrando em detalhe ferrita com segunda fase
não alinhada (NAC). (LINNERT,1994)
Figura 2.12 - Fotomicrografia do metal de solda, no destaque a ferrita de segunda fase alinhada
(AC), este constituinte tem sido encontrado na martensita, austenita e carbonetos entre as lamelas
de placas laterais de ferrita, ataque Nital.
(LINNERT,1994)
Figura 2.13-Fotomicrografia do metal de solda, neste caso utilizou-se solução de picral a 4%,
onde pode-se observar fases retidas de austenita e martensita. (LINNERT,1994)
A Figura 2.14 apresenta a morfologia típica observada em microscopia ótica para a ferrita
(a) (b)
Figura 2.14 – (a)-Aspectos típicos das ferritas acicular. (b) e ferrita com segunda fase alinhada
FS(A) .
pode ser apontada como a principal causa da formação da ferrita acicular e se deve a três fatores
(BHADESHIA, 2001):
transformação prosseguir.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 53
Entretanto, a eficácia das inclusões como sítios preferenciais para nucleação é um assunto
metálicas e crescem em diferentes direções. A estrutura ferrítica possui forma de agulha, cujo
maiores que 0,5 Pm, com tamanho médio de 0,4Pm distribuídos através da microestrutura. O
oxigênio contido no metal de solda reage com fortes elementos desoxidantes, tais como silício,
responsáveis pela nucleação de vazios durante a fratura dúctil ou nucleação de trincas por
metal de solda de um processo de arco submerso onde existem partículas não metálicas com
núcleo de nitreto de titânio encapsuladas por outras fases contendo óxidos de silício, manganês e
alumínio com uma fina linha de sulfeto de manganês cobrindo em parte a superfície das inclusões
ferrita acicular. O refino deste grão pode ser obtido através de partículas como carbonitreto de
titânio e nióbio que minimizam a mobilização nos contornos de grão e inibem o seu crescimento
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 54
em altas temperaturas. No entanto não se pode afirmar que os refinos dos grãos austeníticos
favoreçam a formação da ferrita acicular, pois esta não nucleia-se nos contornos de grão onde os
sítios de nucleação são mais favoráveis do que no interior do grão. A Figura 2.15 ilustra
soldas onde tanto na ZTA como na zona de fusão possuem grandes tamanhos de grãos
austeníticos. Quando aços com inclusões apropriadas são soldados, a razão de ferrita acicular
para bainita é maior na ZTA próximo ao contorno de grão da zona de fusão onde o tamanho de
grão austenítico é máximo. Outra forma de se atenuar o efeito do refino de grão sobre a ferrita
seria a adição de boro (30 ppm) ao aço, o que proporcionaria uma segregação que inibiria a
Figura 2.15 - Favorecimento da formação da ferrita acicular com aumento de grão austenítico,
que reduz potencialmente a nucleação da bainita nesses sítios (HONEYCOMBE; BHADESHIA,
1995).
As zonas aciculares e bainíticas não possuem uma transição bem definida, logo, se houver
Esta reação decresce com o aumento da temperatura na direção de formação da bainita superior
bainita, porém em todas as fases pode haver inclusões onde há nucleação de ferrita de segunda
fase que surge quando não há difusão dos átomos de ferro existentes na matriz. Em termos de
trajeto preferencial para a propagação de trincas. A Figura 2.16 ilustra agulhas ferrita acicular
Inclusões não-metálicas presentes nos aços possuem uma composição complexa, cujas
Entretanto, a função de algumas inclusões finas como inoculantes tem atraído muita
atenção nestes últimos anos. O termo inoculante implica que certas inclusões dispersas no aço
elementos com grande potência de nucleação tenham retículo cristalino que combine com a
ferrita. Podendo existir assim uma reprodução da orientação da relação entre nucleação de
Existem várias inclusões não-metálicas com potencial de nucleação da ferrita acicular, tais
como o óxido de titânio Ti2O3, SiO2, Al2O3, silicatos de manganês como MnO.SiO2, MnS, TiN e
VN. Entretanto a potencialidade de algumas inclusões ainda é contestada, pois algumas inclusões
cristalinas e/ou fases amorfas que dificultam na identificação da fase específica responsável pela
Al2O3, Ti2O3 e VN como nucleadores da ferrita acicular. Entre eles, SiO2, MnO.SiO2, Al2O3 TiN
MnS foram considerados inertes na nucleação da ferrita intragranular abaixo das condições
experimentais. Partículas de Ti2O3 com manganês contido no aço foi o nucleador mais efetivo de
ferrita intragranular, entretanto partículas de Ti2O3 com manganês disperso no aço não foram
efetivos na nucleação. O MnS e Al2O3 com alta quantidade de nitrogênio e vanádio contida no
Óxidos de titânio como (TiO, Ti2O3 e TiO2) são potentes nucleadores da ferrita acicular, o
alumínio é um forte agente oxidante tanto como o titânio, onde a alumina forma-se primeiro
seguida da formação da titânia que pode formar-se como revestimento nas partículas de alumina.
Para formação dos óxidos de titânio a concentração de alumínio deve ser mínima, caso
contrário não haverá formação deste óxido ainda que haja adição de titânio no aço. O oxigênio
pode ser consumido na zona de fusão pelo excesso de alumínio, impedindo a formação do óxido
de titânio desejável. Uma solução seria a diminuição da quantidade de alumínio sem alteração na
quantidade de óxido de titânio presente. O alumínio também influencia no tamanho das inclusões
não-metálicas que pode ser modificado com pequeno aumento na concentração deste elemento.
Uma substância formada pelo enxofre como sulfeto de manganês (MnS) algumas vezes
tem ação de agente de nucleação de sítios heterogêneos. Utilizando-se um aço contendo 0,07% de
enxofre e 0,1% de vanádio produz-se finas partículas de MnS obtidas de sucessivas precipitações
de nitreto de vanádio, carboneto de vanádio e finalmente ferrita poligonal intragranular PF(I). Por
outro lado, em alguns trabalhos os nitretos têm alcançado a nucleação da ferrita através do
nos aços que contém titânio encontram-se precipitados MnS que estimulam a nucleação de ferrita
acicular. A fração de ferrita acicular decresce quando a fração de enxofre é menor que 0,001%.
O fósforo é uma impureza que raramente é acrescentada nos aços, pois sabe-se da
tendência que este elemento possui em fragilizar os contornos de grão. Sua concentração é
usualmente mantida abaixo de 50ppm, mas em soldas a concentração média pode exceder
100ppm e durante a segregação na solidificação induzida pode exceder para 500ppm. Isto pode
acicular na solda.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 58
Alguns trabalhos sugerem que o contorno de grão da austenita coincide com regiões ricas
em fósforo que então estimulam a formação da ferrita acicular, caso contrário ocorre crescimento
das placas de ferrita nos contornos de grão consumindo a maioria da austenita impedindo a que a
A austenita nos contornos de grão não é coincidente com regiões de fósforo por muito
pois causa detrimento da tenacidade. Alguns estudos sugerem que nitrogênio não influencia na
influenciando na transformação Ȗ-Į através de interações cinéticas com fases contendo inclusões.
Na prática, o efeito do nitrogênio no metal de solda deve ser considerado junto do titânio
formação da ferrita acicular. Alguns estudos indicam que a presença de 100 a 300ppm de Ti e de
basicamente de ferrita acicular, que lhe confere ótima tenacidade ao impacto, devido a que o
pequeno tamanho de grão e os contornos de alto ângulo desta natureza fazem a propagação de
se precipita na forma de TiN e inclusões de óxido, que promovem a nucleação de ferrita acicular
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 59
permitindo que ele segregue no contorno de grão austenítico, reduzindo assim a energia de
contorno de grão e retardando a nucleação de ferrita primária PF(G). Os níveis ótimos de titânio e
como o Mn, Ni, Mo e Cr bem como do teor de elementos não metálicos e de parâmetros e de
exemplo, determina a transferência de elementos de liga para o metal de solda, cuja composição
chapas de aço API5L-X70. Eles concluíram que a presença de 160ppm de titânio e 15ppm de
boro no metal de solda depositado por arco submerso levou a um aumento de 60% da fração
refinamento da microestrutura do metal de solda reaquecido sem que houvesse uma variação
Capítulo 3
______________________________________________________________________________
MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Materiais
Para realização dos ensaios de soldagem, utilizou-se como metal base uma barra chata de
aço estrutural do tipo ASTM A36, que possui na condição como laminado resistência à tração
entre 400 a 500 MPa e limite de escoamento da ordem de 250 MPa. O metal de adição
selecionado foi o arame sólido de aço-carbono revestido de cobre, classificação AWS E70 S6,
com diâmetro de 1,2 mm. As composições químicas nominais do metal base e metal de adição
O fluxo utilizado nos ensaios de soldagem foi do tipo ativo granulado, correspondente à
especificação AWS F7AZ. O metal base constitui-se de barras de aço estrutural com as
barras com essas dimensões para os ensaios de soldagem. Estas barras foram unidas através de
sargentos numa bancada, em seguida ponteadas conforme mostra a Figura 3.1. Na seqüência
Capítulo 3 – Materiais e Métodos 61
soldou-se com eletrodo revestido retalhos de barras de aço-carbono como suporte para fixação
das barras durante os ensaios de soldagem como pode ser observado em detalhes no item b da
Figura 3.1. Além das três barras chatas e suportes para fixação, soldou-se também duas chapas de
mesma largura e espessura da chapa de metal base nas duas extremidades com a finalidade de
estabilizar o arco elétrico nos ensaios de soldagem, totalizando assim um comprimento de 1600
Nas operações de soldagem foram aplicados sobre o metal base aditivos como a zircônia,
alumina e zirconita, que foram depositados sobre a superfície da barra através de uma camada de
pó fino emulsificado em etanol, como mostra a Figura 3.2. Estes aditivos foram selecionados
solda.
(a) (b)
Figura 3.1 - Processo de ponteamento da junção da barra de aço estrutural usado como
metal base no processo de soldagem. Início da união das barras e retalhos para fixação na
bancada de soldagem em (a). Processo de ponteamento finalizado em (b).
Capítulo 3 – Materiais e Métodos 62
observada na seqüência através da Figura 3.3, onde o primeiro equipamento a ser fixado na
bancada de solda foi o trilho, seguido do trator de solda juntamente com a extensão do eletrodo,
chapa na forma de viga e barra de soldagem (a), posteriormente foi feita a fixação da barra a ser
soldada através de sargentos (b). Os aditivos de soldagem foram pincelados na barra após sua
fixação na bancada (c) e finalmente a deposição do fluxo granular sobre a superfície da barra de
(a) (b)
(c) (d)
Figura 3.3 - Montagem na seqüência (a), (b), (c) e (d) dos materiais para o ensaio de soldagem.
Capítulo 3 – Materiais e Métodos 64
Figura 3.4 e consiste em uma fonte de máquina multiprocessos (a), com capacidade de 30kVA,
comprimento anexado ao bico da extensão do eletrodo feito de cobre eletrolítico, com objetivo de
passar a corrente elétrica para o arame de soldagem (DONIZETH et al, 2005). Adaptou-se ao
porta eletrodo um trator de soldagem com velocidade ajustável cujo percurso foi definido por um
(
(a) (b)
Figura 3.4-Fonte utilizada nos ensaios de soldagem (a). Cabeçote de alimentação do
arame (b).
Capítulo 3 – Materiais e Métodos 65
garantindo assim valores de tensão e corrente mais estáveis durante a soldagem de cada cordão.
60.n.V .I
E (3.1)
1000.v
onde:
n = eficiência
V = tensão [V]
I =corrente [A]
soldagem nos valores de 1,0; 1,5; 2,0; 2,5; 3,0 e 3,3 kJ/mm para cada aditivo contido no metal de
identificados na Figura 3.6. Para tanto, os parâmetros elétricos esperados para as determinadas
energias de soldagem foram de corrente e tensão de 240A, 44V e 230A, 43V, corrente e tensão
mínimas.
A obtenção das diferentes energias foi feita principalmente pelo controle da velocidade de
velocidade de soldagem que seria adequada para obter a energia de soldagem planejada
Capítulo 3 – Materiais e Métodos 67
depositando-se dois cordões de solda sobre a barra chata de aço estrutural ASTM A36, como
Figura 3.7 - Cordões de solda depositados na barra de aço estrutural ASTM A36.
A análise metalográfica das amostras foi feita em duas etapas, sendo análise macro e
micrográfica. Após a soldagem, as chapas foram usinadas na secção transversal dos cordões com
auxílio de uma cortadeira metalográfica com disco abrasivo e em seguida fez-se o embutimento
das amostras em resina termoplástica de cura a frio (poliéster). A Figura 3.8 ilustra uma amostra
embutida, composta por dois cordões de solda. Considerando as diferentes energias e aditivos
Após a preparação das amostras, a primeira etapa da análise metalográfica inicia-se com o
desbaste de cada amostra utilizando lixas de granulação 120, 220, 320, 400, 600 e 1200 para que
a superfície ficasse suficientemente plana. Para revelação das macroregiões dos cordões de solda,
utilizou-se o reativo de Iodo (COLPAERT, 1983), onde as amostras foram imersas por tempo
adequado, sendo em seguida lavadas em água corrente e depois feita a secagem por um jato de ar
quente. A Figura 3.9 ilustra o aspecto típico de uma amostra após o ataque químico.
dos cordões de solda preparados. Deste modo as imagens foram tratadas digitalmente para
definição das áreas relacionadas ao metal de solda, zona termicamente afetada e o metal base.
diferentes regiões dos cordões de solda, gerando novas imagens preto e branco onde as áreas
relacionadas ao metal de solda juntamente com a ZTA, somente a ZTA e a área da diluição
fossem caracterizadas, Figura 3.10. Esses arquivos de imagem digital foram, então, analisados
largura do cordão de solda, bem como a área da secção do metal de solda, a taxa de deposição e a
preparação das amostras foi similar ao realizado para a macrografia. Antes de ser iniciado o
Para a aquisição de imagens das distribuições de inclusões existentes no metal de solda foi
utilizado uma bancada metalográfica equipada com acessórios e uma câmera fotográfica digital
com resolução de 3 megapixels. Testes preliminares mostraram que a utilização de uma objetiva
com ampliação 12,5X, fator de ampliação 20X e uma ocular P12,5X permitia a observação de
inclusões maiores que 0,5µm sobre a superfície polida das amostras. Para que houvesse
padronização da região do cordão de solda fotografado, mapeou-se uma região central de cada
cordão através do microscópio, de forma que a área total mapeada de cada cordão foi de 1,8mm2,
600 imagens distintas para a série de amostras analisadas. A Figura 3.11 ilustra o procedimento
De maneira análoga foi necessário um tratamento das imagens para a análise quantitativa
das inclusões, como mostrado exemplarmente na Figura 3.12. Com a definição das partículas em
preto foi possível novamente utilizar as ferramentas existentes no freeware Image Tool, sendo
possível coletar o tamanho equivalente (diâmetro de Ferret) e a área das inclusões observadas em
4 área da inclusão
d (3.2)
S
(a) (b)
Figura 3.12 - Exemplo de distribuição de inclusões no metal de solda observadas na
imagem original da superfície polida (a) e após o tratamento de imagem (b). Amostra com aditivo
zircônia soldada com energia de soldagem 3,0 kJ/mm.
A partir dos resultados obtidos pela análise de imagens foi possível determinar vários
O número de inclusões por unidade de área NA e o número de partículas por unidade de volume
NA
NV (3.5)
d
Onde d é o diâmetro de Ferret médio das inclusões. Assim, a fração volumétrica das inclusões
S
VV
6
NV d
3
(3.6)
superfície polida feito com nital 2%. Nesta fase experimental o objetivo deste procedimento foi
avaliar a quantidade de ferrita em suas variadas morfologias. Nos metais de solda são típicas a
ferrita acicular (AF), a ferrita primária PF(G), a ferrita intragranular ou idiomórfica PF(I) e a
ferrita alinhada com segunda fase FS(A) (GRONG; KLUKEN, 1992). O procedimento utilizado
para a documentação das 25 áreas contíguas no metal de solda foi idêntico ao utilizado para a
caracterização das inclusões não metálicas, de maneira que uma área correspondente a 1,8mm2
As imagens obtidas foram submetidas novamente ao Image Tool, onde após a inclusão de
uma grade de pontos, aproximadamente 4000 pontos foram analisados e contados revelando as
Figura 3.13 - Microestrutura do metal de solda; aditivo alumina, energia de soldagem de 1,0
kJ/mm, amostra com e sem a grade de pontos de contagem.Ataque Nital 2%.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 75
Capítulo 4
______________________________________________________________________________________________
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados discutidos neste trabalho foram obtidos a partir dos parâmetros elétricos
observados na Tabela 4.1, além da velocidade de alimentação do arame que manteve-se constante
com o valor de 660mm/min. A energia de soldagem foi calculada utilizando a equação 3.1
Tabela 4.1 – Energia de soldagem, parâmetros elétricos e velocidade de solda relativa aos
cordões de solda.
Parâmetros Elétricos Velocidade de Energia de
soldagem Soldagem
Cordão (mm/min) (kJ/mm)
Tensão (V) Corrente (A)
profundidade da ZTA que podem ser observados nas Tabelas de 4.2 a 4.5. Estes valores foram
Através da análise de variância (ANOVA) (Costa Neto, 2002), feita com um nível de
geometria do cordão de solda, desprezando-se assim a influência dos aditivos utilizados nos
observados na Figura 4.2, onde a dispersão foi representada pelo desvio padrão dos resultados
reforço (R2 = 0,85). Qualitativamente estes resultados são coerentes com trabalhos de soldagem
por arco submerso realizados (BASU; RAMAN, 2002; GUNARAJ; MURUGAN, 2000).
de soldagem. Os efeitos causados por estes parâmetros na geometria do cordão de solda podem
ser observados na Tabela 4.6. Durante os ensaios mediu-se valores de tensão de 35 a 44 V e 227 a
240 A para corrente, calculando-se a potência, observa-se que houve variação de 8 a 10,5 kVA. A
diminuição da velocidade de soldagem de 500 para 190 mm/min foi fator de grande influência
2000). A exposição do arco elétrico por mais tempo, resultado da diminuição da velocidade de
MURUGAN, 2002).
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 80
5,0 5,0
4,5 4,5
4,0 4,0
3,5 3,5
penetração [mm]
3,0 3,0
reforço [mm]
2,5 2,5
2,0 2,0
1,5 1,5
1,0 1,0
0,5 2 0,5
R = 0,85 2
R = 0,48
0,0 0,0
0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
energia de soldagem [kJ/mm] energia de soldagem [kJ/mm]
(a) (b)
7,0 18
6,5
17
6,0
5,5 16
5,0 15
profundidade ZTA [mm]
4,5
14
4,0
3,5 13
3,0
12
2,5
2,0 11
1,5 10
1,0
9
0,5 2 2
R = 0,49 R = 0,45
0,0 8
0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
energia de soldagem [kJ/mm] energia de soldagem [kJ/mm]
(c) (d)
Figura 4.2 - Efeito da energia de soldagem sobre a geometria dos cordões: (a) reforço; (b)
penetração; (c) profundidade da ZTA; (d) largura do cordão de solda feito por arco submerso.
Tabela 4.6 - Efeito qualitativo dos parâmetros de processo sobre a geometria do cordão.
parâmetro efeito
tipo variação máxima reforço penetração largura
Ÿ tensão + 25% Ÿ Ÿ ź
Ÿ corrente + 6% ź ź Ÿ
ź velocidade - 62% Ÿ Ÿ Ÿ
Nota: ź – redução; Ÿ - aumento.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 81
As áreas das diferentes regiões do cordão da solda foram determinadas através de recursos
computacionais e podem ser observadas nas Tabelas 4.7 a 4.9. A análise de variância foi feita
com nível de significância de 5% (COSTA NETO, 2002) e confirmou que apenas a energia de
se a diluição e taxa de deposição do metal de adição TDP, expressa em kg/h e determinada por:
Tabela 4.7 - Área da zona fundida medida nos cordões de solda [mm2].
energia de soldagem [kJ/mm]
aditivo
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,3
Tabela 4.8 - Área da região de diluição medida nos cordões de solda [mm2].
energia de soldagem [kJ/mm]
aditivo
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,3
Tabela 4.9 - Área da zona termicamente afetada nos cordões de solda [mm2].
energia de soldagem [kJ/mm]
aditivo
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,3
Na Figura 4.3 observa-se os valores analisados das regiões do cordão de solda, sendo as
dispersões representadas pelos respectivos valores de desvio padrão. Observou-se que houve um
crescimento linear (R2=0,90) da área da zona fundida com o aumento da energia de soldagem,
como pode ser observado na Figura 4.3 (a), estes resultados são satisfatórios quando comparados
com outros trabalhos (BASU;RAMAN,2002). Na Figura 4.3 (b) pode-se observar um aumento da
4.3 (c), observa-se que a taxa média da diluição variou entre 28 a 36%, valores ligeiramente
abaixo dos trabalhos pesquisados na literatura (GUNARAJ; MURUGAN, 2000). Houve também
crescimento do metal de reforço em relação ao metal diluído e que foi favorecido pela queda da
mostra a variação entre (3,1 a 4,3 kg/h), (MARQUES; MODENESI; BRACARENSE, 2005) da
taxa média de deposição que diminuiu como o aumento da energia de soldagem, isto pode ter
ocorrido, pois apesar da haver maior quantidade de energia para fundir maior quantidade de metal
limitando assim a massa de metal adicionada ao cordão, mesmo este tendo sofrido alterações na
2,0
70
1,8
área da secção do metal de solda [mm ]
2
1,4
50
1,2
1,0
40
0,8
30 0,6
0,4
20 0,2 2
2 R = 0,30
R = 0,90
0,0
10 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
energia de soldagem [kJ/mm]
energia de soldagem [kJ/mm]
(a) (b)
0,50
6,0
5,5
0,45
5,0
4,5
taxa de deposição [kg/h]
0,40 4,0
taxa de diluição
3,5
0,35 3,0
2,5
0,30 2,0
1,5
1,0
0,25
0,5 2
2
R = 0,70
R = 0,10 0,0
0,20 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
energia de soldagem [kJ/mm]
energia de soldagem [kJ/mm]
(c) (d)
Figura 4.3: - Efeito da energia de soldagem sobre a área da zona fundida (ZF) (a); a razão entre as
áreas da ZTA e ZF (b); a taxa de diluição (c) e a taxa de deposição (d).
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 84
de inclusões de tamanho maior que 0,5 µm devido à restrição do microscópio óptico; porém,
partículas com esta ordem de grandeza possam ser potenciais nucleadores da microestrutura
ferrita acicular. Identificou-se, como exemplo, algumas amostras analisadas por microscopia
eletrônica de transmissão (MET), como se pode observar na Figura 4.4 (ARAÚJO, 2005). Apesar
desta limitação técnica, a obtenção destes resultados torna-se relevante se for levado em
consideração que as partículas com esta ordem de grandeza possam ter destaque sobre a
Tabela 4.10 – Microanálise dos constituintes presentes nas inclusões no cordão de solda
[ARAÚJO,2005]
Elementos Porcentagem em peso (%).
AlK 10,05
SiK 28,45
CaK 2,03
TiK 4,47
MnK 38,37
FeK 11,26
CuK 4,56
O tamanho das inclusões analisadas por microscopia óptica pode ser observado nas
Figuras de 4.5 a 4.8. Essas curvas mostram que a variação dos tamanhos das inclusões pode ser
interpretada como uma distribuição do tipo “log-normal” (ATKINSON; SHI, 2003), confirmada
pela análise estatística dessas curvas que revelou nas mesmas um coeficiente de assimetria
positiva (0,4 < A3 < 13,0). O grau de curtose ou de achatamento A4 das distribuições variou entre
3,2 a 9,0 – valores típicos para distribuições leptocúrticas, onde a frequência modal é bastante
pronunciada (COSTA NETO, 2002). A análise de variância feita com um nível de significância
de 5% confirmou que nem a variação do nível de energia na soldagem e tampouco a mudança dos
aditivos usados nos ensaios mostraram efeito sobre a distribuição dos tamanhos das inclusões
O processamento digital das imagens contendo inclusões permitiu determinar uma série
Tabelas 4.11 a 4.16. Assim sendo foram também determinados os valores médios e o
correspondente desvio padrão (DP) de parâmetros como a fração em área ocupada pelas inclusões
AA, o total de partículas observadas N, o número de inclusões por área NA, densidade de partículas
40 40
sem aditivo sem aditivo
Energia de soldagem 1,0 kJ/mm Energia de soldagem 1,5 kJ/mm
Frequência relativa [%].
20 20
10 10
0 0
5 10 15 20 25 30 5 10 15 20 25 30
Tamanho da inclusão [Pm]. Tamanho da inclusão [Pm].
(a) (b)
40 40
sem aditivo sem aditivo
Energia de soldagem 2,0 kJ/mm Energia de soldagem 2,5 kJ/mm
Frequência relativa [%].
30 30
20 20
10 10
0 0
5 10 15 20 25 30 5 10 15 20 25 30
Tamanho da inclusão [Pm]. Tamanho da inclusão [Pm].
(c) (d)
40 40
sem aditivo sem aditivo
Energia de soldagem 3,0 kJ/mm Energia de soldagem 3,3 kJ/mm
Frequência relativa [%].
30 30
20 20
10 10
0 0
5 10 15 20 25 30 5 10 15 20 25 30
Tamanho da inclusão [Pm]. Tamanho da inclusão [Pm].
(e) (f)
Figura 4.5 - Distribuição de freqüência dos tamanhos das inclusões encontradas no metal de solda
das amostras, soldadas sem aditivo mas com diferentes energias de soldagem: (a) 1,0 kJ/mm; (b)
1,5 kJ/mm; (c) 2,0 kJ/mm; (d) 2,5 kJ/mm; (e) 3,0 kJ/mm e (f) 3,3 kJ/mm.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 87
40 40
aditivo: alumina aditivo: alumina
Energia de soldagem 1,0 kJ/mm Energia de soldagem 1,5 kJ/mm
Frequência relativa [%].
20 20
10 10
0 0
5 10 15 20 25 30 5 10 15 20 25 30
Tamanho da inclusão [Pm]. Tamanho da inclusão [Pm].
(a) (b)
40 40
aditivo: alumina aditivo: alumina
Energia de soldagem 2,0 kJ/mm Energia de soldagem 2,5 kJ/mm
Frequência relativa [%].
30 30
20 20
10 10
0 0
5 10 15 20 25 30 5 10 15 20 25 30
Tamanho da inclusão [Pm]. Tamanho da inclusão [Pm].
(c) (d)
40 40
aditivo: alumina aditivo: alumina
Energia de soldagem 3,0 kJ/mm Energia de soldagem 3,3 kJ/mm
Frequência relativa [%].
30 30
20 20
10 10
0 0
5 10 15 20 25 30 5 10 15 20 25 30
Tamanho da inclusão [Pm]. Tamanho da inclusão [Pm].
(e) (f)
Figura 4.6 - Distribuição de freqüência dos tamanhos das inclusões encontradas no metal
de solda, usando alumina como aditivo e diferentes energias de soldagem: (a) 1,0 kJ/mm; (b) 1,5
kJ/mm; (c) 2,0 kJ/mm; (d) 2,5 kJ/mm; (e) 3,0 kJ/mm e (f) 3,3 kJ/mm.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 88
20 20
10 10
0 0
5 10 15 20 25 30 5 10 15 20 25 30
Tamanho da inclusão [Pm]. Tamanho da inclusão [Pm].
(a) (b)
30 30
20 20
10 10
0 0
5 10 15 20 25 30 5 10 15 20 25 30
Tamanho da inclusão [Pm]. Tamanho da inclusão [Pm].
(c) (d)
30 30
20 20
10 10
0 0
5 10 15 20 25 30 5 10 15 20 25 30
Tamanho da inclusão [Pm]. Tamanho da inclusão [Pm].
(e) (f)
Figura 4.7 - Distribuição de freqüência dos tamanhos das inclusões encontradas no metal
de solda, usando zircônia como aditivo e diferentes energias de soldagem: (a) 1,0 kJ/mm; (b) 1,5
kJ/mm; (c) 2,0 kJ/mm; (d) 2,5 kJ/mm; (e) 3,0 kJ/mm e (f) 3,3 kJ/mm.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 89
40 40
aditivo: zirconita aditivo: zirconita
energia de soldagem 1,0 kJ/mm energia de soldagem 1,5 kJ/mm
Frequência relativa [%].
20 20
10 10
0 0
5 10 15 20 25 30 5 10 15 20 25 30
Tamanho da inclusão [Pm]. Tamanho da inclusão [Pm].
(a) (b)
40 40
aditivo: zirconita aditivo: zirconita
energia de soldagem 2,0 kJ/mm energia de soldagem 2,5 kJ/mm
Frequência relativa [%].
30 30
20 20
10 10
0 0
5 10 15 20 25 30 5 10 15 20 25 30
Tamanho da inclusão [Pm]. Tamanho da inclusão [Pm].
(c) (d)
40 40
aditivo: zirconita aditivo: zirconita
energia de soldagem 3,0 kJ/mm energia de soldagem 3,3 kJ/mm
Frequência relativa [%].
30 30
20 20
10 10
0 0
5 10 15 20 25 30 5 10 15 20 25 30
Tamanho da inclusão [Pm]. Tamanho da inclusão [Pm].
(e) (f)
Figura 4.8 - Distribuição de freqüência dos tamanhos das inclusões encontradas no metal de
solda, usando zirconita como aditivo e diferentes energias de soldagem: (a) 1,0 kJ/mm; (b) 1,5
kJ/mm; (c) 2,0 kJ/mm; (d) 2,5 kJ/mm; (e) 3,0 kJ/mm e (f) 3,3 kJ/mm.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 90
podem ser observados na Figura 4.9 onde os valores das tabelas acima também foram utilizados.
Os comportamentos dos parâmetros mostrados nas Figuras 4.9(a) e (b) foram bem ajustados por
regressões lineares, cujos coeficientes de correlação foram 0,83 e 0,93, respectivamente. É bem
plausível que o aumento da temperatura ocasionado pelo incremento do calor na soldagem tenha
favorecido a dissolução de óxidos no metal fundido, diminuindo o seu tamanho sem que
de inclusões no metal de solda, expressa tanto por NA como NV, mostrou ter um comportamento
observar alguns valores através da Tabela 4.17, onde nota-se dispersões entre os valores devido
aos diferentes processos de soldagem e consumíveis utilizados nos ensaios, além das técnicas
diferentes de análise de metalografia. Assim, a escolha das áreas a serem analisadas, o aumento e
10
100000
9
7
10000
6
4
1000
3
2 1
R = 0,83 2
R = 0,93
100
0
0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
energia de soldagem [kJ/mm]
energia de soldagem [kJ/mm]
(a) (b)
0,10 0,10
fração volumétrica das inclusões VV
0,08 0,08
fração em área das inclusões AA
0,06 0,06
0,04 0,04
0,02 0,02
0,00 0,00
0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
energia de soldagem [kJ/mm] energia de soldagem [kJ/mm]
(c) (d)
7
10000 10
número de inclusões NV [mm ]
número de inclusões NA [mm ]
-3
-2
6
1000 10
2 2
R = 0,85 5 R = 0,91
10
100
0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
energia de soldagem [kJ/mm] energia de soldagem [kJ/mm]
(e) (f)
Figura 4.9 - Variação de parâmetros relativos à distribuição de inclusões. (a) quantidade; (b)
tamanho médio; (c) fração em área; (d) fração volumétrica; (e) número de inclusões por unidade
de área observada; (f) número de inclusões por unidade de volume.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 94
Nota 1: SAW – soldagem por arco submerso; SMAW – eletrodo revestido; GMAG – soldagem
com proteção gasosa; FCAW – arame tubular; E – energia de soldagem; d – tamanho; Na –
partículas por área observada; Nv – partículas por unidade de volume; Aa – fração em área; Vv –
fração volumétrica das inclusões; MO – microscopia ótica; MEV – microscopia eletrônica de
varredura; MET – microscopia eletrônica de transmissão; * - .resultados deste trabalho.
Nota 2: Referências adotadas na tabela: [1] ( ABSON ,1989); [2] (DE MELLO. et al,2003); [3]
(BASU; RAMAN,2002); [4] (VAN DER EIJK. et al,1998); [5] (OSIO et al,1996); [6] (LEE;
PAN,,1995); [7] (BOSE-FILHOH et al.,2006); [8] (INDACOCHEA; OLSON,1983); [9] (BHOLE et
al.,2006); [10] (GRONG; KLUKEN,1992); [11] (ST-LAURENT; L’ESPÉRANCE.,1992); [12]
(SCHUMANN; FRENCH,1997); [13] (ZHANG; FARRAR,1996); [14] (QUINTANA. et al.,2001); [15]
(FOX; BROTHERS,1995); [16] (KIM; CHANG; LEE,2005); [17] (KIM; LEE; OH,2002).
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 95
O tamanho médio das inclusões encontradas nos ensaios de soldagem são maiores que os
menores ao limite inferior de resolução do microscópio óptico, sendo assim, a observação das
amostras soldadas deste trabalho reduziria o tamanho médio das inclusões medidas na zona
fundida.
introduzido durante a fusão e a solidificação do metal de solda tenha sido mantido em níveis
comportamento semelhante, onde não há uma variação expressiva desses parâmetros com a
energia de soldagem, percebe-se que os valores médios são distintos. Uma razão para isto estaria
relacionada com a metodologia empregada para a obtenção desses parâmetros: enquanto a fração
em área foi determinada através da razão entre as áreas ocupadas pelas inclusões e as áreas
das expressões descritas no capítulo anterior. Assim, a fração volumétrica VV foi calculada a
partir da estimativa do tamanho médio das inclusões – uma grandeza que seria bem menor que os
tamanhos existentes nas distribuições assimétricas leptocúrticas observadas para estas partículas.
Do exposto pode-se destacar que o aumento da energia durante a soldagem por arco submerso
que estas modificações sobre a distribuição das partículas provocassem alterações muito
O ataque químico feito com nital 2% sobre as superfícies polidas revelou a complexa
microestrutura do metal de solda existente nas amostras analisadas. Assim sendo, a ampliação
usada durante a análise das imagens variou entre 500 a 700 vezes, dependendo do tamanho da
INSTITUTE OF WELDING,1988).
observada na região da zona fundida das amostras, constituída principalmente por ferrita acicular
(AF) circundada com grãos de ferrita primária (PF(G)). Raramente um outro microconstituinte, a
ferrita com segunda fase alinhada – FS(A), também foi identificado (GRONG; KLUKEN, 1992).
A identificação das inclusões não metálicas sobre a superfície da amostra também foi possível,
As Figuras 4.11 a 4.14 mostram exemplos típicos das microestruturas observadas nos
cordões de solda feitos com diferentes aditivos e sob diversos níveis de energia de soldagem.
(a) (b)
(c) (d)
(e) (f)
Figura 4.11 - Exemplos da microestrutura do metal de solda observada nas amostras
soldadas sem aditivo e com diferentes energias de soldagem: (a) 1,0 kJ/mm; (b) 1,5 kJ/mm; (c)
2,0 kJ/mm; (d) 2,5 kJ/mm; (e) 3,0 kJ/mm e (f) 3,3 kJ/mm. Ataque metalográfico feito com nital
2%.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 99
(a) (b)
(c) (d)
(e) (f)
Figura 4.12 - Exemplos da microestrutura do metal de solda observada nas amostras
soldadas com aditivo (alumina) mas com diferentes energias de soldagem: (a) 1,0 kJ/mm; (b) 1,5
kJ/mm; (c) 2,0 kJ/mm; (d) 2,5 kJ/mm; (e) 3,0 kJ/mm e (f) 3,3 kJ/mm. Ataque metalográfico feito
com nital 2%.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 100
(a) (b)
(c) (d)
(e) (f)
Figura 4.13 - Exemplos da microestrutura do metal de solda observada nas amostras
soldadas com aditivo (zircônia) mas com diferentes energias de soldagem: (a) 1,0 kJ/mm; (b) 1,5
kJ/mm; (c) 2,0 kJ/mm; (d) 2,5 kJ/mm; (e) 3,0 kJ/mm e (f) 3,3 kJ/mm. Ataque metalográfico feito
com nital 2%.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 101
(a) (b)
(c) (d)
(e) (f)
Figura 4.14 - Exemplos da microestrutura do metal de solda observada nas amostras
soldadas com aditivo (zirconita) mas com diferentes energias de soldagem: (a) 1,0 kJ/mm; (b) 1,5
kJ/mm; (c) 2,0 kJ/mm; (d) 2,5 kJ/mm; (e) 3,0 kJ/mm e (f) 3,3 kJ/mm. Ataque metalográfico feito
com nital 2%.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 102
das diversas morfologias da ferrita que foram observadas, como a acicular (AF), ferrita primária
PF(G), ferrita poligonal intragranular PF(I), ferrita com segunda fase alinhada FS(A) e outros
microconstituintes, cujos resultados são mostrados respectivamente nas Tabelas 4.18 a 4.22.
Tabela 4.18 - Fração volumétrica de ferrita acicular (AF) no metal de solda [%].
Tabela 4.19 - Fração volumétrica de ferrita primária PF(G) no metal de solda [%].
Tabela 4.20 - Fração volumétrica de ferrita poligonal intragranular PF(I) no metal de solda [%].
Tabela 4.21 - Fração volumétrica de ferrita de segunda fase alinhada FS(A) na solda [%].
A análise de variância, feita com um nível de significância de 5%, foi aplicada aos
resultados indicados nas Tabelas 4.18 a 4.22 (COSTA NETO, 2002). Assim, determinou-se
estatisticamente que havia uma variação perceptível entre as frações volumétricas apresentadas
pelos diferentes microconstituintes, mas que, entretanto, não havia uma diferença significativa
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 104
deste parâmetro que pudesse ser atribuída aos efeitos dos aditivos e das energias de soldagem
empregados.
graficamente através da Figura 4.15, onde fica evidente que a ferrita acicular pode ser
de contorno de grão PF(G) ou intragranular PF(I), foi significativa mas menor. A análise
quantitativa estimou entre 15 a 23% da fração volumétrica constituída por PF(G), enquanto estes
valores caíram entre 7 a 10% para PF(I). A ferrita com segunda fase alinhada FS foi identificada
muito raramente nas amostras observadas, constituindo uma fração volumétrica que atingiu no
frações volumétricas indicadas acima, nota-se que há uma boa conformidade dos resultados
obtidos neste trabalho com resultados extraídos da literatura e que estão citados na Tabela 4.23.
A presença de ferrita primária PF(G) e/ou com segunda fase alinhada FS(A) permitiu
identificar a localização dos antigos contornos de grão da austenita. O agrupamento dos grãos de
ferrita revelou que a estrutura antes da transformação de fase era constituída por grãos grosseiros
crescimento epitaxial manteve normalmente uma orientação muito próxima à normal da linha de
fusão – direção onde o fluxo de calor tende a ser maximizado. Evidências que as inclusões não
metálicas podem restringir o crescimento desses grãos colunares têm sido indicadas na literatura
100 80
AF
fração volumétrica do microconstituinte [%]
90
50 50
40
40
30
20
30
10
0 20
0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
energia de soldagem [kJ/mm] energia de soldagem [kJ/mm]
(a) (b)
fração volumétrica de ferrita alotriomórfica [%]
40 40
fração volumétrica de ferrita idiomórfica [%]
30 30
20 20
10 10
0 0
0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
energia de soldagem [kJ/mm] energia de soldagem [kJ/mm]
(c) (d)
fração volumétrica de ferrita de Widmanstätten [%
5 40
fração volumétrica de outros constituintes [%]
4
30
20
10
1
0 0
0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
(e) (f)
Figura 4.15 - Variação média da fração volumétrica dos diferentes microconstituintes
encontrados no metal de solda em (a). Efeito da energia de soldagem sobre AF em (b); PF(G) em
(c); PF(I) em (d); FS(A) em (e) e de outros constituintes em (f). A dispersão está representada
graficamente pelo desvio padrão dos resultados dos grãos desta morfologia de ferrita.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 106
pode ser afetada tanto pelos parâmetros usados na soldagem por arco submerso quanto pela
zona fundida complexa, normalmente constituída por diferentes morfologias da ferrita. A ferrita
primária PF(G) tem a sua formação iniciada com pequenos superesfriamentos em relação à
grãos colunares da austenita e tendo o seu crescimento controlado pela difusão do carbono
através da interface planar incoerente D-J (GRONG; KLUKEN, 1992). O papel das inclusões não
metálicas sobre a formação da ferrita poligonal de contorno de grão PF(G) pode ser desprezado,
considerando que várias destas partículas podem ser observadas no interior dos grãos desta
morfologia de ferrita. Entretanto, o mesmo não se pode afirmar quanto ao efeito das inclusões
sobre a nucleação da ferrita poligonal intragranular PF(I), posto que as mesmas podem atuar
importante papel. Neste caso a interface J-D segue uma das 24 variantes da orientação
cristalográfica de Kurdjumov-Sachs (K-S), onde o plano (111)J é paralelo a (110)D , que avança
com a direção [011]J paralela à [111]D. Tal restrição cristalográfica torna mais eficiente a
redistribuição do carbono nas extremidades de uma estrutura com interfaces incoerentes com alta
transformação para ripas ou agulhas de ferrita com segunda fase alinhada FS. (GRONG;
Embora seja evidente que exista o efeito dos parâmetros do processo de soldagem sobre a
permite comparar os resultados experimentais com outros obtidos na literatura (BASU; RAMAN,
2002; SCHUMANN; FRENCH, 1997) onde se observa que não há um comportamento muito
bem definido para a variação da fração volumétrica com a energia de soldagem. Teoricamente
acicular AF, posto que haveria uma aumento no tamanho de grão da austenita prévia. Este efeito
PF(G) e que sendo formada ocuparia um volume onde a ferrita acicular poderia ser nucleada a
partir das inclusões. Babu (2004), Basu e Raman (2002),observaram o aumento do tamanho de
grão austenítico no metal de solda feito por arco submerso mas, no entretanto, nota-se pela Figura
4.16(a) que houve uma redução da fração de AF. Estes autores justificaram estes resultados pela
40
80
70
30
60
20
50
40 10
experimental experimental
Basu & Raman Basu & Raman
30 Schumann & French Schumann & French
0
0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
energia de soldagem [kJ/mm] energia de soldagem [kJ/mm]
(a) (b)
Figura 4.16 - Análise comparativa da variação da fração volumétrica de
microconstituintes com a energia de soldagem, baseada nos resultados apresentados por Basu e
Raman (2002) e Schumann e French (1997) para a ferrita acicular AF (a) e de contorno de grão
PF(G) (b).
observados nas amostras mostrou ser coerente com a expectativa (BABU, 2004). Verificou-se
que houve uma redução no tamanho médio das inclusões, mas sem que houvesse variação
ferrita acicular formada. Já o incremento do tamanho de grãos da austenita, causado pelo aporte
de calor durante a soldagem, pode responder pela pequena redução na quantidade de ferrita
Capítulo 5
______________________________________________________________________________________________
CONCLUSÕES
regiões de solda, o aporte térmico também mostrou-se parâmetro mais representativo no aumento
da região da ZTA com relação à superfície da zona fundida, isto devido à redução da velocidade
de solda. Conclui-se que tanto para a geometria do cordão quanto para as regiões de solda a
energia de soldagem foi o principal parâmetro responsável pelas variações, sem influência
inclusões, porém com redução considerável do tamanho das inclusões observadas, e sem que
tenha havido variação na fração volumétrica. Este resultado é esperado se consideramos que com
o aumento da temperatura pode haver maior dissolução dos óxidos no metal fundido. A
observadas assim, inclusões maiores que 0,5µm, porém uma pequena amostra observada como
ordem decrescente de quantidade, a ferrita acicular (AF), a ferrita primária de contorno de grão
Capítulo 5 - Conclusões 111
PF(G), a ferrita primária intragranular PF(I) e a ferrita de segunda fase alinhada (FS).
austenita e pode ser afetada pelos parâmetros de soldagem e composição química na região de
diluição, a formação da ferrita primária de contorno de grão PF(G) não sofreu influência
considerável durante sua formação pelas inclusões presentes no metal de solda, visto que estas
encontram-se na sua maioria no interior dos grãos, contribuindo assim para a nucleação da ferrita
de ferrita acicular com o aumento da energia de soldagem mostrou ser coerente com a literatura,
solda.
112
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