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OPINIÃO OPINION 839

Abordagem do idoso em programas


de saúde da família

Approach to the elderly in family health


programs

Jorge Alexandre Silvestre 1


Milton Menezes da Costa Neto 2

1 Departamento de Medicina Abstract This article discusses the role of the Brazilian National Policy for Senior Citizens’
Interna, Universidade
Health in the promotion of healthy aging, preservation and improvement of functional capacity
Federal de Rio Grande.
Rua Engenheiro Alfredo in the elderly, disease prevention, recovery of those who fall ill, and rehabilitation of those with
Huch 475, Rio Grande, RS limited functional capacity, will the goal of ensuring that senior citizens can remain in their
96201-900, Brasil.
2 Centro de Saúde de
surroundings and independently exercise their functions in society. Care for the elderly should be
Candangolândia, Secretaria based primarily on the family, with support from primary health care services, under the family
de Saúde do Distrito Federal. health strategy, representing a link between the elderly and the health system. The article goes on
Área Especial 5/7, Lote 17,
to list some health problems among the elderly in which family health programs can have a ma-
Candangolândia, DF
71725-500, Brasil. jor impact. The Family Health Strategy in Brazil is analyzed in relation to health care for the el-
derly, along with the responsibilities, skills, and attributions required by the health care team.
Key words Family Health Program; Aging Health; Health Services for the Aged

Resumo Discorre-se sobre a Política Nacional de Saúde do Idoso cujo propósito basilar reside
na promoção do envelhecimento saudável, na manutenção e melhoria, ao máximo, da capaci-
dade funcional dos idosos, na prevenção de doenças, na recuperação da saúde dos que adoecem
e na reabilitação daqueles que venham a ter a sua capacidade funcional restringida, de modo a
garantir-lhes permanência no meio em que vivem, exercendo de forma independente suas fun-
ções na sociedade. O cuidado do idoso deve basear-se, fundamentalmente, na família com o
apoio das Unidades Básicas de Saúde sob a Estratégia de Saúde da Família, as quais devem re-
presentar para o idoso, o vínculo com o sistema de saúde. Após, são listados alguns dos proble-
mas de saúde do idoso em que os programas de saúde da família podem causar um impacto im-
portante. Se analisa a Estratégia de Saúde da Família no Brasil em relação à atenção ao idoso,
além das competências, habilidades e atribuições necessárias da equipe.
Palavras-chave Programa Saúde da Família; Saúde do Idoso; Serviços de Saúde para Idosos

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A política nacional de saúde do idoso ças, a recuperação da saúde dos que adoecem
e a reabilitação daqueles que venham a ter a
No Brasil, em dezembro de 1999, o Sr. Ministro sua capacidade funcional restringida, de modo
da Saúde, considerando a necessidade de o se- a garantir-lhes permanência no meio em que
tor saúde dispor de uma política devidamente vivem, exercendo de forma independente suas
expressa relacionada à saúde do idoso, bem co- funções na sociedade” (Brasil, 1999:21).
mo, a conclusão do processo de elaboração da Para o alcance do propósito da Política Na-
referida política que envolveu consultas a dife- cional de Saúde do Idoso, foram definidas co-
rentes segmentos direta e indiretamente en- mo diretrizes essenciais a promoção do enve-
volvidos com o tema e, considerando ainda, a lhecimento saudável; a manutenção da capa-
aprovação da proposta da política mencionada cidade funcional; a assistência às necessida-
pela Comissão Intergestores Tripartite e pelo des de saúde do idoso; a reabilitação da capa-
Conselho Nacional de Saúde, resolveu aprovar cidade funcional comprometida; a capacitação
a Política Nacional de Saúde do Idoso e deter- de recursos humanos especializados; o apoio
minar que os órgãos e entidades do Ministério ao desenvolvimento de cuidados informais; e o
da Saúde (MS), cujas ações se relacionem com apoio a estudos e pesquisas.
o tema objeto da Política aprovada, promovam Todas as ações em saúde do idoso, como o
a elaboração ou a readequação de seus planos, previsto na referida Política, devem objetivar ao
programas, projetos e atividades na confor- máximo manter o idoso na comunidade, junto
midade das diretrizes e responsabilidades nela de sua família, da forma mais digna e confortá-
estabelecidas (Brasil, 1999). vel possível. Seu deslocamento para um servi-
Esta Política, em sua introdução, assume ço de longa permanência, seja ele um hospital
que o principal problema que pode afetar o de longa estada, asilo, casa de repouso ou simi-
idoso, como conseqüência da evolução de suas lar, pode ser considerada uma alternativa, so-
enfermidades e de seu estilo de vida, é a perda mente quando falharem todos os esforços an-
de sua capacidade funcional, isto é, a perda das teriores (Galinsky, 1993).
habilidades físicas e mentais necessárias para A internação dos idosos em serviços de lon-
a realização de suas atividades básicas e instru- ga permanência representa um modelo exclu-
mentais da vida diária. dente e que causa uma importante deteriora-
Estudos populacionais realizados no país ção na capacidade funcional e autonomia. Mes-
têm demonstrado que não menos que 85% dos mo a internação hospitalar por curto prazo
idosos apresentam pelo menos uma doença de tempo leva a este tipo de perda. Sager et al.
crônica, e cerca de 10% apresentam pelo me- (1996) demonstraram que, comparando a ca-
nos cinco dessas enfermidades (CEI-RS, 1997; pacidade para realização de atividades básicas
Ramos et al., 1993). A presença de uma ou mais da vida diária que o idoso possuía antes da in-
enfermidade crônica, no entanto, não significa ternação, em um leito de agudos por curto pra-
que o idoso não possa conservar sua autono- zo de tempo, em relação à do momento da alta,
mia e realizar suas atividades de maneira inde- levou a uma significativa queda desta capaci-
pendente. De fato, a maioria dos idosos brasi- dade. Em nova avaliação, três meses após, veri-
leiros é capaz de se autodeterminar e organi- ficou-se que os níveis de capacidade funcional
zar-se sem necessidade de ajuda, mesmo sen- não tinham sido totalmente recuperados em
do portador de uma ou mais enfermidade crô- relação aos de antes da internação.
nica. Os mesmos estudos citados acima reve- O retorno ao modelo de cuidados domici-
lam que cerca de 40% dos indivíduos com 65 liares, como proposto na política em tela, não
anos ou mais de idade precisam de algum tipo pode ter como única finalidade baratear custos
de auxílio para realizar pelo menos uma ativi- ou transferir responsabilidades. A assistência
dade instrumental da vida diária, como fazer domiciliar aos idosos com comprometimento
compras, cuidar das finanças, preparar refei- funcional, demanda programas de orientação,
ções ou limpar a casa, e que 10% requerem aju- informação e apoio de profissionais capacita-
da para realizar tarefas básicas, como tomar dos em saúde do idoso e depende, essencial-
banho, vestir-se, ir ao banheiro, alimentar-se e, mente, do suporte informal e familiar, consti-
até, sentar e levantar de cadeiras e camas (Ra- tuindo-se num dos aspectos fundamentais na
mos et al., 1993). atenção à saúde desse grupo populacional. Is-
Nesse sentido, a Política Nacional de Saúde so não significa, no entanto, que o Estado deva
do Idoso apresenta “como propósito basilar a deixar de ter um papel preponderante na pro-
promoção do envelhecimento saudável, a ma- moção, proteção e recuperação da saúde do
nutenção e a melhoria, ao máximo, da capaci- idoso nos três níveis de gestão do SUS, capaz
dade funcional dos idosos, a prevenção de doen- de otimizar o suporte familiar.

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ABORDAGEM DO IDOSO EM PROGRAMAS DE SAÚDE DA FAMÍLIA 841

O cuidado comunitário do idoso deve ba- buscando a satisfação do usuário pelo seu es-
sear-se, especialmente, na família e na atenção treito relacionamento com os profissionais de
básica de saúde, por meio das Unidades Bási- saúde;
cas de Saúde (UBS), em especial daquelas sob • Prestar assistência universal, integral, equâ-
a estratégia de saúde da família, que devem re- nime, contínua e, acima de tudo, resolutiva e
presentar para o idoso, idealmente, o vínculo de boa qualidade à população, na unidade de
com o sistema de saúde. saúde e no domicílio, elegendo a família, em seu
contexto social, como núcleo básico de abor-
dagem no atendimento à saúde;
Características e demandas do idoso • Identificar os fatores de risco aos quais a po-
na atenção básica de saúde pulação está exposta e neles intervir de forma
apropriada;
Na Tabela 1, são listados alguns dos problemas • Proporcionar o estabelecimento de parce-
de saúde do idoso em que a atuação dos Pro- rias pelo desenvolvimento de ações interseto-
gramas de Saúde da Família pode causar um riais que visem à manutenção e à recuperação
impacto importante. da saúde da população;
• Estimular a organização da comunidade pa-
ra o efetivo exercício do controle social.
A estratégia de saúde da família Apesar de essa Estratégia ser operaciona-
no Brasil lizada a partir das UBS, todo o sistema deve
estar estruturado segundo a sua lógica, pois a
O Brasil, nas últimas décadas, vem conquistan- continuidade da atenção deve ser garantida,
do importantes avanços no campo da saúde. O por um fluxo contínuo setorial. A implantação
processo de construção do SUS, regulamenta- da mesma vem possibilitando a integralidade
do pela Constituição Federal de 1988 e pelas da assistência e a criação de vínculos de com-
Leis Complementares, vem gradativamente promisso e de responsabilidade compartilha-
ocorrendo sobre os pilares da universalização, dos entre os serviços de saúde e a população.
da integralidade, da descentralização e da par- O profissional deve ser capaz de perceber a
ticipação popular. multicausalidade dos processos mórbidos, se-
Porém, o modelo assistencial ainda forte no jam físicos, mentais ou sociais, tanto indivi-
país é caracterizado pela prática médica volta- duais, quanto coletivos, contextualizando, sem-
da para uma abordagem biológica e intra-hos- pre, o indivíduo em seu meio ambiente. Deve
pitalar, associada a uma utilização irracional estar voltado à criação de novos valores, traba-
dos recursos tecnológicos existentes, apresen- lhando mais a saúde do que a doença e, basi-
tando cobertura e resolubilidade baixas e com camente, por meio do trabalho interdiscipli-
elevado custo. Dessa forma, gera grande insa- nar. Dessa maneira, o profissional de uma UBS
tisfação por parte dos gestores do sistema, dos sob a nova estratégia atua nos fatores que al-
profissionais de saúde e da população usuária teram o equilíbrio entre o indivíduo e o ambi-
dos serviços. Assim sendo, o grande desafio pa- ente, compreendendo a saúde em seu senti-
ra o sistema é conseguir traduzir os avanços do mais abrangente. Para tanto, ele busca co-
obtidos no campo legal em mudanças efeti- nhecer detalhadamente a realidade das famí-
vas e resolutivas da prática da atenção à saúde lias que moram em sua área de abrangência,
da população. O êxito da reforma proposta com incluindo seus aspectos físicos e mentais, de-
o uso potencializado da atenção básica, com- mográficos e sociais. Cabe a ele, também, iden-
plementada pela rede de serviços especializa- tificar os problemas de saúde prevalentes na
dos e hospitalares, vem sendo a busca perma- área de sua abrangência e, construir, junto com
nente dos gestores de saúde. as famílias, um diagnóstico psicossocial que
Nesse contexto, o MS assumiu, a partir de detecte situações de vulnerabilidade familiar.
1994, a Estratégia de Saúde da Família, visando Ele planeja, organiza e desenvolve ações indi-
à reorganização do modelo tradicional por in- viduais e coletivas, avaliando, de forma cons-
termédio da reesquematização da atenção bási- tante, seus resultados. Para tanto, é necessário
ca à saúde. A proposta é uma nova dinâmica que ele tenha uma visão sistêmica e integral do
para a organização dos serviços básicos de saú- indivíduo e da família, trabalhando com suas
de, bem como para a sua relação com a comu- reais necessidades e disponibilidades, valendo-
nidade e entre os diversos níveis de complexi- se de uma prática tecnicamente competente e
dade, assumindo os compromissos de: humanizada, pelas ações de promoção, prote-
• Reconhecer a saúde como um direito de ci- ção e recuperação da saúde.
dadania, humanizando as práticas de saúde e

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Tabela 1

Idoso na atenção básica de saúde – características e demandas.

Problema de saúde Prevalência (p) Impacto individual/ Implicação Requisito Resultado


incidência (i) familiar operacional esperado

Inatividade crônica p: 75% Risco de Avaliar capacidade Programa ↑ Qualidade


dependência funcional de exercícios de vida
Redução de função p: 42% Dependência Avaliar causas Programa Prevenção
funcional média reversíveis de reabilitação da dependência
Imobilidade p: 4% Dependência Dx Considerar Programa Prevenção
funcional grave, causas reversíveis de reabilitação de complicações
Risco para e dependência
hospitalizações ou
Institucionalização
Desnutrição Desnutrição ↓ Qualidade de Dx Programa de ↑ Qualidade
protéico-calórica Calórica: vida pessoal alimentação de vida
e micronutrientes p: 20-30% ↑ Riscos
Tabagismo p: 18% ↓ Capacidade Dx Educação, ↑ Qualidade
respiratória programa de vida
↑DBPOC, Ca, de recuperação
coronariopatias
Alcoolismo p: 10-20% ↓ Qualidade Dx Educação, ↑ Qualidade
de vida pessoal programa de de vida
e familiar; Riscos recuperação
Maus tratos: p: 4-10% ↓ Qualidade Dx Detectar riscos Educação familiar, ↑ Qualidade
negligência e abuso de vida pessoal denunciar suspeita de vida
Acidentes (Quedas) I: 20-30% 1a causa de Avaliação pessoal, Controle dos riscos ↓ acidentes
ao ano incapacidade medicamentosa
entre os idosos e ambiental
Enfermidade oculta p: 50% ↓ Riscos de Morbi- Dx Triagem para Controle precoce
mortalidade alto risco
Multipatologias p: 10% ↓ Riscos de Dx Reavaliação Estabelecer ↑ Controle
mais que Polimedicação periódica prioridades, ↓ Fármacos
5 crônicas controle ↓ Iatrogenia
Multifármacos p: 11% ↓ Riscos Reavaliação Estabelecer ↓ Fármacos
mais que 4 de Iatrogenias periódica prioridades, ↓ iatrogenia
fármacos Descontinuar
desnecessários
Demência p: 5% ↓ Qualidade Dx positivo Referenciar Melhor controle
de vida pessoal Dx diferencial para avaliação ↓ Carga familiar
e familiar Dx etiológico
Depressão maior p: 6-10% 2a causa de Dx positivo Rx ↑ Qualidade
incapacidade Dx diferencial de vida
entre os idosos Dx etiológico
Isolamento p: 10-15% ↓ Qualidade de Dx Educação, ↑ Qualidade
vida e risco para programa de vida
institucionalização de recuperação
Hipertensão Arterial p: 20-25% ↑ Riscos de morbi- Dx Rx ↓ Prevenção
Sistêmica mortalidade de complicações
e dependência
Hipertensão Sistólica p: 35-40% ↑ Riscos de morbi- Dx Rx ↓ Prevenção
Isolada mortalidade de complicações
e dependência
Insuficiência p: 1,5-2,5% 1a causa de Dx Referenciar para ↓ Hospitalizações
Cardíaca Congestiva hospitalização e avaliação Rx e re-hospitalização
re-hospitalizações ↑ Qualidade
em idosos de vida
Cardiopatia isquêmica p: 10-20% Principal causa de Dx Referenciar para ↓ Hospitalizações
morte no idoso avaliação Rx e re-hospitalização
↑ Qualidade
de vida

(continua)

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ABORDAGEM DO IDOSO EM PROGRAMAS DE SAÚDE DA FAMÍLIA 843

Tabela 1 (continuação)

Idoso na atenção básica de saúde – características e demandas.

Problema de saúde Prevalência (p) Impacto individual/ Implicação Requisito Resultado


incidência (i) familiar operacional esperado

Reumatismos p: 30-50% Risco de Dx positivo Referenciar para Prevenção da


dependência Dx diferencial avaliação Rx dependência
↓ Qualidade de ↑ Qualidade
vida e risco para de vida
institucionalização
Incontinência urinária p: 10-15% Risco de Dx positivo Referenciar para Prevenção da
dependência Dx diferencial avaliação dependência
↓ Qualidade de Dx etiológico ↑ Qualidade
vida e risco para de vida
institucionalização
Doença Bronco Pulmonar p: 10-20% ↑ Riscos de morbi- Dx Rx ↓ Hospitalizações
Obstrutiva Crônica mortalidade
↓ Qualidade de ↑ Qualidade
vida pessoal de vida
Diabetes mellitus p: 10-20% ↑ Riscos de morbi- Dx Rx Prevenção
mortalidade de complicações
↓ Qualidade de vida e dependência
pessoal
Osteoporose p: 30-40% Riscos de fratura Dx Referenciar Prevenção
pós-menopáusica óssea e de para avaliação de complicações
Dependência e dependência
Parkinsonismo p: 1-2% Dependência Dx positivo Referenciar ↓ Dependência
Dx diferencial para avaliação ↑ Qualidade
de vida
Dislipidemia p: 15-40% Risco de Dx Rx Prevenção
(antes 70 anos) coronariopatias de complicações
e dependência
Hipotireoidismo p: 4-8% ↑ Riscos de morbi- Dx Rx Prevenção
mortalidade de complicações
↓ Qualidade de ↑ Qualidade
vida pessoal de vida
Câncer p: 1-2% ↑ Risco de Dx positivo Referenciar ↑ Qualidade
mortalidade Dx diferencial para avaliação de vida
↓ Qualidade de Rx suporte
vida pessoal
Hospitalizações por I: 16%ano Risco iatrogênico Avaliar causas Controle ↓ Hospitalizações
doenças controláveis Ansiedade determinantes, adequado ↑ Qualidade
e re-hospitalizações ↑ Dependência Dx riscos de dos problemas de vida
hospitalização de saúde
Hospitalizações por I: 7% das Risco iatrogênico Avaliar causas Vacinação ↓ hospitalizações
infecções respiratórias hospitalizações Ansiedade determinantes ↓ riscos
(3acausa) ↑ Dependência
Hospitalizações por 5a e 7a causa Risco iatrogênico Avaliar causas Controle adequado ↓ hospitalizações
diabetes e hipertensão hospitalar Ansiedade determinantes de ambas
respectiva ↑ Dependência
Re-hospitalizações I: 5%ano Risco iatrogênico Avaliar causas Controle ↓ Re-hospitalização
Ansiedade determinantes, adequado
↑ Dependência Dx riscos de dos problemas
re-hospitalização de saúde

p = prevalência aproximada; I = Incidências aproximadas; Dx = Diagnóstico; Rx = Tratamento.


Fonte: Guimarães (1996).

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A atenção ao idoso no contexto sica do MS “a equipe de saúde precisa estar sem-


da estratégia de saúde da família pre atenta à pessoa idosa, na constante atenção
ao seu bem-estar, à sua rotina funcional e à sua
No contexto da Estratégia de Saúde da Família, inserção familiar e social, jamais a deixando à
destaca-se o trabalho dos profissionais de saú- margem de seu contexto, mantendo-a o mais
de voltado para a assistência integral e contí- independente possível no desempenho de suas
nua de todos os membros das famílias vincu- atividades rotineiras” (Costa Neto & Silvestre,
ladas à UBS, em cada uma das fases de seu ci- 1999:11).
clo de vida, sem perder de vista o seu contexto
familiar e social. Cabe a atenção do profissio-
nal à mudança do perfil populacional em sua Competências, habilidades e atribuições
área de abrangência, com o aumento progres- da equipe da atenção básica sob
sivo da população idosa fruto da queda da fe- a estratégia de saúde da família
cundidade e redução da mortalidade em todos voltadas à pessoa idosa
grupos etários. A ele é requerida uma especial
ao idoso e uma participação ativa na melhoria Atribuições comuns da equipe
de sua qualidade de vida, abordando-o, como
apregoa a Estratégia em destaque, com medi- • Conhecimento da realidade das famílias
das promocionais de proteção específica, de pelas quais são responsáveis, com ênfase nas
identificação precoce de seus agravos mais fre- suas características sociais, econômicas, cultu-
qüentes e sua intervenção, bem como, com me- rais, demográficas e epidemiológicas;
didas de reabilitação voltadas a evitar a sua • Identificação dos problemas de saúde e si-
apartação do convívio familiar e social. tuações de risco mais comuns aos quais o ido-
Assim sendo, a Estratégia de Saúde da Fa- so está exposto, e a elaboração de um plano lo-
mília, de acordo com seus princípios básicos cal para o enfrentamento dos mesmos;
referentes à população idosa, aponta para a • Execução, de acordo com a formação e qua-
abordagem das mudanças físicas consideradas lificação de cada profissional, dos procedimen-
normais e identificação precoce de suas altera- tos de vigilância à saúde da pessoa idosa;
ções patológicas. Destaca, ainda, a importância • Valorização das relações com a pessoa ido-
de se alertar a comunidade sobre os fatores de sa e sua família, para a criação de vínculo de
risco a que as pessoas idosas estão expostas, no confiança, de afeto e de respeito;
domicílio e fora dele, bem como de serem iden- • A realização de visitas domiciliares de acor-
tificadas formas de intervenção para sua eli- do com o planejado;
minação ou minimização, sempre em parceria • Prestação de assistência integral à popula-
com o próprio grupo de idosos e os membros ção idosa, respondendo às suas reais necessi-
de sua família. Os profissionais que atuam na dades de forma contínua e racionalizada;
atenção básica devem Ter de modo claro a im- • Garantia de acesso ao tratamento dentro de
portância da manutenção do idoso na rotina um sistema de referência e contra-referência
familiar e na vida em comunidade como fato- para aqueles com problemas mais complexos
res fundamentais para a manutenção de seu ou que necessitem de internação hospitalar;
equilíbrio físico e mental. • Coordenação e participação e/ou organiza-
Visualizar e defender como fundamental a ção de grupos de educação para a saúde;
presença da pessoa idosa na família e na so- • Promoção de ações intersetoriais e de par-
ciedade de forma alegre, participativa e cons- cerias com organizações formais e informais
trutiva é uma das importantes missões daque- existentes na comunidade para o enfrentamen-
les que abraçaram a proposta da atenção bási- to conjunto dos problemas identificados na
ca resolutiva, integral e humanizada. Não de- população idosa, além da fomentação da parti-
vem aceitar apenas a longevidade do ser hu- cipação popular, discutindo com a comunida-
mano como a principal conquista da humani- de conceitos de cidadania, de direitos à saúde
dade contemporânea, mas que esse ser huma- e suas bases legais.
no tenha garantida uma vida com qualidade,
felicidade e ativa participação em seu meio. As Competências e habilidades requeridas
“coisas da idade” não devem ser vistas como ao médico e/ou enfermeiro
uma determinação, mas, sim, como possibili-
dade. Podem ser destacadas as seguintes competên-
Como destaca o primeiro Caderno de Aten- cias e correspondentes habilidades requeri-
ção Básica voltado para a atenção à pessoa ido- das, no que diz respeito à saúde do idoso no ní-
sa editado pelo Departamento de Atenção Bá- vel da atenção básica:

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ABORDAGEM DO IDOSO EM PROGRAMAS DE SAÚDE DA FAMÍLIA 845

• Promoção da saúde do idoso: capacidade l) Estimular a organização de grupos de ido-


de identificar os fatores determinantes da qua- sos para discussão e troca de experiências re-
lidade de vida da pessoa idosa, em seu contex- lativas à sua saúde e como melhorar a qualida-
to familiar e social, bem como compreender o de de vida, mantendo-se participante ativo em
sentido da responsabilização compartilhada sua comunidade;
como base para o desenvolvimento das ações m) Construir coletivamente um saber direcio-
que contribuem para o alcance de uma vida nado às práticas de educação em saúde do ido-
saudável. Aqui temos as seguintes habilidades so que integre a participação popular no ser-
requeridas ao médico e ao enfermeiro: viço de saúde e ao mesmo tempo aprofunde a
a) Compreender o significado da promoção à intervenção da ciência na vida cotidiana das fa-
saúde da pessoa idosa e sua relação com os fa- mílias e da sociedade;
tores determinantes da qualidade de vida (so- n) Realizar o diagnóstico das condições de vi-
ciais, políticos, econômicos, ambientais, cultu- da e de saúde da família e da comunidade na
rais e individuais); qual a pessoa idosa está inserida mediante as
b) Compreender a influência da família, da co- informações do cadastro das famílias;
munidade, das instituições e dos valores cultu- o) Estimar e caracterizar a população de ido-
rais e sociais no processo permanente de ma- sos da área de abrangência da equipe de saúde,
nutenção funcional e da autonomia do idoso; na perspectiva de enfoque de risco;
c) Estimular a iniciativa, a organização e a par- p) Identificar as doenças prevalentes da popu-
ticipação da comunidade em atividades inter- lação idosa na área de abrangência do trabalho
relacionadas em prol da qualidade de vida das da equipe, bem como seus determinantes;
pessoas idosas; q) Acompanhar e avaliar permanentemente
d) Compreender o envelhecimento como um o impacto das ações sobre a realidade inicial-
processo essencialmente benigno, não patoló- mente diagnosticada das condições de vida e
gico, sem perder de vista, entretanto, que o es- de saúde da pessoa idosa, na perspectiva de se
tresse de agravos físicos, emocionais e sociais, atingir a situação desejada, pela identificação e
com o aumento da idade, representa uma efe- desenvolvimento de indicadores de avaliação
tiva e progressiva ameaça para o equilíbrio di- de processo e de resultado em relação às ações
nâmico do indivíduo, ou seja, sua saúde; desenvolvidas;
e) Compreender as diferenças entre o que se r) Identificar métodos e técnicas de ensino-
pode considerar como envelhecimento nor- aprendizagem mais adequados à capacitação
mal, com suas limitações fisiológicas gradati- de pessoas da comunidade que lidam com prá-
vas, e as características patológicas que podem ticas de cuidado às pessoas idosas.
instalar-se durante esse processo; • Prevenção e monitoramento das doenças
f ) Identificar possíveis fatores de risco à saú- prevalentes na população idosa: capacidade
de do idoso, assim como os sintomas claros ou para desenvolver ações de caráter individual
não específicos de qualquer alteração física ou e coletiva, visando à prevenção específica e o
mental; monitoramento das doenças prevalentes na
g) Identificar ações de promoção à saúde da população idosa. Neste contexto, as habilida-
pessoa idosa, desenvolvidas pelos setores go- des requeridas ao médico e ao enfermeiro são:
vernamentais e não governamentais, na área a) Conhecer as condições de vida e de saúde
de abrangência da UBS; da pessoa idosa em seu contexto familiar na
h) Estabelecer parcerias, visando ao desenvol- área adstrita à unidade de saúde (aspectos de-
vimento do trabalho intersetorial (escolas, clu- mográficos, perfil de morbi-mortalidade – mor-
bes, igrejas, associações e outros); talidade por causa específica, maltrato e aban-
i) Gerar, reproduzir e disseminar informações dono – renda e pobreza, trabalho);
relativas ao desenvolvimento integral da pes- b) Desenvolvimento de ações de caráter cole-
soa idosa para que a população seja informada tivo voltadas à prevenção individual e coleti-
e possa participar ativamente do processo de va com base nos fatores de risco universais à
forma integral e abrangente; saúde da população idosa;
j) Desenvolver ações que visem à melhoria c) Associar aos fatores de risco universais a
das práticas sanitárias no domicílio, bem como outros que podem adquirir pesos variáveis de
a vigilância à saúde do idoso; acordo com a realidade da área de abrangência
k) Entender a atenção básica à saúde do idoso da equipe de saúde;
enquanto processo eminentemente educati- d) Orientar as pessoas idosas, seus familiares,
vo, uma vez que se baseia no estímulo e apoio seus cuidadores e a comunidade acerca de me-
para que eles se mantenham, o máximo possí- didas que reduzam ou previnam os riscos à saú-
vel, no controle de sua saúde e de sua vida; de da pessoa idosa;

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846 SILVESTRE, J. A. & COSTA NETO, M. M.

e) Identificar as condições do meio ambiente 1) Programar visitas domiciliares ao idoso em


físico, social e domiciliar que constituem risco situação de risco ou pertencente a grupos de
para a saúde da pessoa idosa. risco e por solicitação dos Agentes Comunitá-
• Identificação de agravos e recuperação da rios de Saúde (ACS);
saúde no idoso: capacidade para desenvolver 2) Realizar assistência domiciliar da pessoa
ações de caráter individual e coletiva, visando idosa quando as condições clínicas e familiares
à prevenção específica, o diagnóstico precoce da mesma permitirem ou assim o exigirem;
e o tratamento adequado dos principais pro- 3) Supervisionar e desenvolver ações para ca-
blemas da pessoa idosa. pacitação dos ACS e de auxiliares de enferma-
a) Habilidades requeridas ao médico e ao en- gem visando ao desempenho de suas funções
fermeiro: na atenção integral à pessoa idosa.
1) Ensinar ao idoso, aos familiares e/ou ao cui-
dador a administração de medicamentos em
casa, a utilização de tratamento sintomático e Desejo e realidade
a detecção de sinais e/ou sintomas que requei-
ram retorno imediato à unidade de saúde; Almeja-se para o trabalho na atenção básica
2) Aconselhar ao idoso, aos familiares e/ou ao sob a Estratégia de Saúde da Família uma ade-
cuidador a alimentação apropriada à pessoa quada abordagem da pessoa idosa. Busca-se
idosa doente e sobre quando retornar à unida- a necessária compreensão do envelhecimento
de de saúde; como um processo benigno e não patológico.
3) Identificar grupos específicos e traçar es- Entretanto, as equipes de saúde da família não
tratégias para a redução de danos no idoso com podem perder de vista que o estresse de agra-
deficiência física ou mental, com desnutrição e vos físicos, emocionais e sociais, com o passar
vítima de violência intrafamiliar. do tempo e, conseqüentemente, com o aumen-
b) Habilidades específicas do médico: to da idade, representa uma efetiva e progres-
1) Realizar consulta médica para avaliação siva ameaça para saúde da pessoa idosa. Fren-
dos fatores de risco, confirmação diagnóstica e te a tal realidade, o profissional de saúde en-
identificação de processos terapêuticos especí- frenta o desafio de traçar limites entre o que se
ficos referentes aos transtornos físicos e men- pode considerar como envelhecimento nor-
tais prevalentes na população idosa; mal com suas limitações fisiológicas gradati-
2) Avaliar a pessoa idosa, classificando-a se- vas e as características patológicas que podem
gundo o risco, em relação aos problemas típi- instalar-se durante esse processo. Diversos fe-
cos de sua idade – imobilidade, instabilidade nômenos que eram tidos como normais com
postural, incontinência, insuficiência cerebral o avançar da idade, hoje são considerados co-
e iatrogenia, bem como empregar terapêuticas mo decorrentes da instalação de processos pa-
específicas; tológicos, e devem ser precocemente identifi-
3) Realizar consulta médica com vistas a iden- cados e trabalhados de forma participativa e
tificar possíveis causas orgânicas ou causas psi- efetiva.
cossociais com os idosos que apresentam pro- Os cuidados para uma pessoa idosa devem
blemas de relacionamento; visar à manutenção de seu estado de saúde,
4) Explicar à pessoa idosa, aos familiares e/ou com uma expectativa de vida ativa máxima
aos cuidadores os aspectos referentes ao trata- possível, junto aos seus familiares e à comuni-
mento não medicamentoso e medicamentoso dade, com independência funcional e autono-
específicos de cada agravo; mia máximas possíveis.
5) Usar tratamento não medicamentoso e me- Idealmente seria que todas as UBS já traba-
dicamentoso de acordo com a necessidade; lhassem com os princípios acima apontados,
6) Acompanhar o idoso doente, na unidade ou com as competências e atribuições mencio-
no domicílio, até a sua cura; nadas, bem como suas habilidades respecti-
7) Realizar atendimentos de primeiros cuida- vas. Ocorre que, no Brasil, a formação básica
dos nos casos de urgência geriátrica; na graduação, como a pós-graduação, esta últi-
8) Encaminhar o idoso refratário aos trata- ma, em especial, fundamental para a adequada
mentos convencionais ou com doenças não execução das ações previstas para uma atenção
compatíveis com a complexidade da UBS para básica competente e humanizada, estão bas-
unidades especializadas de referência; tante aquém das necessidades nacionais. É ne-
9) Acompanhar a evolução de pessoas idosas cessária a formação de profissionais, no âmbi-
que foram encaminhadas a outros serviços até to da pós-graduação, voltados ao trabalho na
sua total recuperação e/ou reabilitação. atenção básica, fazendo dela importante e efi-
c) Habilidades específicas do enfermeiro: ciente nível do sistema de saúde.

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19(3):839-847, mai-jun, 2003


ABORDAGEM DO IDOSO EM PROGRAMAS DE SAÚDE DA FAMÍLIA 847

Merecem destaque importantes iniciativas mo nos processos de educação permanente,


voltadas à qualificação da atenção básica de- na busca de se atingir a abordagem idealmen-
sencadeadas pelo MS em parceria com os ges- te proposta para esse grupo etário, sempre em
tores estaduais e municipais, tanto quanto com seu contexto familiar e social.
diversas instituições de ensino superior. Bus- Cabe a todos aqueles que lidam direta ou
cam, em sua maioria, a formação pós-gradu- indiretamente com a Estratégia de Saúde da Fa-
ada de profissionais desejosos de aderirem a mília, quer seja na sua prática, na qualificação
proposta, bem como a melhoria da graduação de seu pessoal ou no suporte especializado às
e o desenvolvimento do processo de educação suas equipes, estarem atentos à permanente
permanente. Procuram, também, a capacita- necessidade de capacitação e formação de seus
ção do ACS de saúde como importante traba- profissionais, visando fazer com que a aten-
lhador integrante da equipe de saúde e não ção básica à saúde do povo brasileiro possa ser
apenas como um membro da comunidade in- competente, humanizada e resolutiva, realida-
formante de seus problemas. A atenção à saú- de possível e desejada por todos, gestores, do-
de do idoso está inserida em todos os cursos de centes, profissionais e, acima de tudo, pela pró-
especialização em saúde da família, bem co- pria população.

Referências

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