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Universidade Federal do Ceará

Instituto de Cultura e Arte


Curso de Música – Licenciatura
Estágio Supervisionado III
Prof: Pedro Rogério
Aluno: José Roberto Pereira de Freitas Júnior

Relato da Escola 18/04: Após conversas com a professora de artes da escola, fui até a
mesma pela primeira vez. Conversei com uma gestora da escola e encaminhamos como
será a atividade. Na semana do dia 25/04 a escola estará em período de provas, não terá
atividades. Na primeira semana de maio teremos as inscrições e primeiras aulas.

Relato da Escola 02/05: Tive mais uma reunião com a direção. Modificamos algumas
coisas no projeto e refizemos o plano de curso. Pude conhecer toda estrutura da escola e
ter contato com os demais professores, que também demonstraram bastante interesse em
participar do projeto.

Relato da Escola 09/05: Passei nas salas divulgando o projeto com o auxílio da
coordenação. Foi incrível ver o entusiasmo dos alunos - e até mesmo dos professores -
em saber das aulas. A escola, apesar de ser apenas de ensino médio, possui várias turmas.
A expectativa geral é que a demanda seja alta. Um ponto importante a ser frisado é o
apoio da gestão da escola e da professora de Artes que estão fazendo de tudo para que o
projeto aconteça e dê certo. Esse apoio me dá mais ânimo para começar o projeto e
também me deixa mais confortável na escola. De todas as experiências que tive em
escolas, essa é a que estou percebendo verdadeiramente um apoio e esforço da gestão para
que o projeto aconteça. Temos aqui um exemplo de gestão moderna, que se contrapõe ao
modelo de gestão que existia antes. Segundo Heloísa Luck, o trabalho do diretor
“constituía-se, sobretudo, repassar informações, controlar, supervisionar, dirigir o fazer
escolar, de acordo com as normas propostas pelo sistema de ensino ou pela mantenedora.
Era considerado bom diretor quem cumpria essas obrigações plenamente, de modo a
garantir que a escola não fugisse ao estabelecido em âmbito central ou em hierarquia
superior” (Luck, 2000).

Relato Escola 16/05: Tivemos nossa primeira aula. Aproveitei o momento para conhecer
a turma, que tem 20 alunos. Dentre esses alunos, a grande maioria já tem alguma
experiência com o instrumento. Apenas 5 alunos têm nenhuma experiência. Pedi para que
cada aluno que já tem experiência tocasse alguma música para saber com qual público
estou trabalhando. Percebi, de maneira geral, uma turma com gosto musical bem eclético
e com um nível técnico razoável. Conversei com eles sobre as atividades que serão
desenvolvidas ao longo desses dois próximos semestres e pedi para que os alunos
trouxessem sugestões de repertório para trabalharmos com o grupo. Com os alunos que
não tem experiência, expliquei para eles que o intuito do grupo é de formar um grupo
para execução de repertórios, logo o foco são os alunos que já tocam, porém, dentro dos
arranjos que vou criar, farei com que eles toquem também. Se for o caso, é possível que
eu abra outra turma para os alunos que não tocam, para que assim, aos poucos, comecem
a frequentar o grupo da camerata de violões. Algo que será crucial no trabalho vai ser a
ajuda dos mais experientes para com os menos experientes, trabalhando na perspectiva
de Aprendizagem Cooperativa. Sobre Aprendizagem Cooperativa, lembramos que “a
Aprendizagem Cooperativa (AC) surge como uma metodologia através da qual os alunos
interagem durante a aprendizagem, com objetivos comuns e focando-se na importância
da interação entre pares na sala de aula” (Lopes & Silva, 2009).

Relato Escola 23/05: Dividi a aula em dois momentos. Primeiramente, trabalhei com os
alunos iniciantes, realizando alguns exercícios técnicos do livro Iniciação ao Violão, de
Henrique Pinto, e de um método usado pelo professor Marco Túlio. Nessa primeira etapa,
o auxílio dos demais alunos que já tocam foi bastante importante pois eles ajudaram os
iniciantes com algumas dicas e com suas próprias experiências (Aprendizagem
cooperativa). Outro ponto importante falado na aula foi sobre a postura no instrumento.
Busquei trazer uma abordagem bem simples, enfatizando o fato de que o corpo precisa
realizar movimentos naturais para tocar e que seja o violão a se adaptar ao corpo do aluno,
não o inverso. “Essa evolução violonística personalizada está diretamente ligada a uma
postura. na qual o instrumento venha a se adaptar às condições anatômicas naturais do
aluno, e não o contrário, como se costuma pensar.” (Pinto, 1978). Ainda nesse primeiro
momento técnico, passei alguns exercícios com um nível um pouco mais avançado para
os mais experientes, trabalhando principalmente a mão direita. Na segunda parte, falei de
algumas coisas mais teóricas, pensando ainda nos iniciantes. Falamos sobre cifras e um
pouco sobre tablatura e uma iniciação sobre partituras.

Relato Escola 30/05: A turma sofreu uma mudança. Apareceram alguns alunos novos
enquanto outros que estavam inscritos não vieram para a aula, Fui informado por alguns
colegas da turma dos mesmos que boa parte dos que faltaram não iriam mais participar
por várias questões, entre elas a falta de instrumento, dificuldade em conseguir ficar no
turno da tarde, ter que voltar com os pais no horário determinado, dentre outras. Com a
rotatividade, tive que voltar a explicar os exercícios técnicos iniciais e retomar conceitos
de postura e cifras. Percebi que uma parte da turma conseguiu entender como se faz a
leitura e até já conseguiu decorar, mas outra parte ainda tinha dúvidas, principalmente os
que nunca tiveram contato com o instrumento. Após a explicação e realização de um
exercício em que coloquei as cifras na lousa e pedia para cada um falar o nome da cifra,
percebi que as dúvidas foram sanadas. Mais uma vez a participação dos alunos com mais
experiência foi fundamental, com destaque a um deles, Vinícius da turma do 1°H. Alguns
alunos que começaram agora, mas que já conseguiram entender o conteúdo, também
ajudaram, O fato da turma de violão ter predominância de alunos de algumas turmas
específicas da escola é um fator que facilita o aprendizado dos mesmos pela familiaridade
que os alunos mostram entre si. Pude notar que alguns alunos não estavam tão à vontade
com os exercícios técnicos. Conversei com eles e expliquei os motivos pelos quais optei
em realizar os exercícios, falando também da importância dos mesmos. Abel Carlevaro,
notável violonista e professor, afirma que a técnica instrumental é “uma correta formação
mecânico-digital” (Carlevaro, 1979). Sem esse trabalho mais técnico no começo do curso,
o aprendizado dos alunos será mais demorado.

Relato Escola 06/06: Realizamos os exercícios técnicos, dando ênfase aos exercícios de
mão esquerda. Após esse momento, mostrei a eles o diagrama do acorde de Em,
ensinando-os com se faz a leitura dos diagramas e, em seguida, pedindo para que
mostrassem no violão o que tinha no diagrama. Boa parte da turma conseguiu colocar os
dedos na posição correta. Os que tiveram dificuldade, fui em cada um e expliquei
individualmente. Percebi alguns erros na postura dos alunos, principalmente na mão
esquerda. Utilizei de algumas figuras de linguagem para que compreendessem o que eu
estava pedindo e foi incrível perceber que na hora eles já demonstraram uma postura bem
melhor. Mostrei também o diagrama do acorde de C e, assim como no acorde de Em, pedi
para que os alunos executassem no violão o que estava no diagrama. Dessa vez a turma
inteira conseguiu ler, com dificuldade apenas em posicionar os dedos, mas sabendo a
posição de cada um. No último momento da aula, treinamos a mudança entre os dois
acordes. A dificuldade maior foi no acorde de C, que exige uma certa abertura da mão
que no início é um pouco complicada de se realizar, porém a turma entendeu o que deve
fazer para conseguir realizar a mudança e tirar uma boa sonoridade. Um fato interessante
que ocorreu foi o depoimento que alguns alunos deram sobre o aprendizado ao violão. Na
turma, há duas alunas que, além das aulas da escola, estão tendo aulas comigo em um
projeto na igreja perto de onde moramos. Elas falaram para a turma que nas primeiras
aulas elas não se sentiram totalmente motivadas pelo fato de serem apenas exercícios,
mas quando aprenderam os primeiros acordes e a primeira música elas se sentiram
motivadas e entusiasmadas, na ansiedade de aprenderem novos acordes e novas músicas.
A fala delas, na minha visão, foi importante para salientar o que eu já vinha falando para
a turma em aulas anteriores, dando também uma motivação a mais para quem está
começando a aprender. O depoimento dos estudantes se enquadra em um dos cinco pilares
da Aprendizagem Cooperativa, que trata da “Interação Estimuladora”. “Na realização de
uma tarefa com objetivos comuns, cada aluno tem de se preocupar com o sucesso dos
elementos restantes. Por isso, tem que ajudar os colegas, caso seja necessário, e partilhar
os recursos, estabelecendo-se um compromisso entre todos. Os elementos do grupo têm
que se motivar mutuamente, felicitando-se em conjunto pelas aprendizagens realizadas”
(Johnson; Johnson; Holubec, 1999).

REFERÊNCIAS

CARLEVARO, Abel. Escuela de la guitarra: Exposición de la teoría instrumental.


Buenos Aires: Barry, 1979, p.35

JOHNSON, D. W.; JOHNSON, R. T.; HOLUBEC; E. J. El aprendizaje cooperativo

en el aula. Buenos Aires: Paidós, 1999.

LOPES, J.; SILVA, H. S. A aprendizagem cooperativa na sala de aula: um guia

prático para o professor. Lisboa: Lidel, 2009.

PINTO, Henrique. Iniciação ao Violão, Vol. 1. Editora Ricord. 1978

LUCK, Heloísa. Perspectivas da gestão escolar e implicações quanto à formação dos seus
gestores. 2000

NICOLETTI, Angelita A. M e FILHO, Raulito R.G. Aprender brincando: a utilização de jogos,


brinquedos e brincadeiras como recurso pedagógico. Revista de divulgação técnico-cientifica do ICPG,
v.2, n.5. p.91-94, abr. /jun.2004.
KISHIMOTO Tizuko M. Jogo brinquedo, brincadeira e a Educação –, (Org.). – 9ª edição, São Paulo:
Cortez, 2006.

SILVA, Marco. Educação Online. 2ª edição, São Paulo: Edições Loyola, 2006.
CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto.
Porto Alegre: Artmed, 2007.
BASTIÃO, Zuraida Abud. Prática de conjunto instrumental na educação básica. Revista
Música na Educação Básica, v. 4, n. 4, 2012, ABEM

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