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7º COLÓQUIO

PROGRAMA de PÓS-GRADUAÇÃO em MÚSICA


DA UFPR
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SETOR DE COMUNICAÇÃO, ARTES E DESIGN
DEPARTAMENTO DE ARTES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA

7º COLÓQUIO do PROGRAMA de PÓS-GRADUAÇÃO em


MÚSICA DA UFPR
Organização geral:
Coordenação do PPG Música

O colóquio do PPGMúsica/UFPR é um evento para congregar professores, alunos e


pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em música da UFPR e de outras
instituições, com o objetivo de compartilhar e difundir as investigações e estudos
desenvolvidos no âmbito do programa e de seus grupos de pesquisa.

Este evento também oferece créditos aos alunos do PPGMúsica matriculados nas
disciplinas de Seminário de Pesquisa II (nível mestrado) e Seminário Avançado de
Pesquisa I (nível doutorado).

Participam da orientação dos trabalhos os seguintes professores doutores: Ana Paula


Peters, Clayton Mamedes, Danilo Ramos, Edwin Pitre-Vasquez, Ernesto Hartmann, Felipe
Ribeiro, Guilherme Romanelli, Norton Dudeque, Roseane Yampolschi, Rosane Cardoso de
Araújo, Silvana Scarinci, Valéria Lüders e Zélia Chueke.
Programação geral

03/12/2018 segunda-feira (17h30 – 21h00)


04/12/2018 terça-feira (17h40 - 21h00)
05/12/2018 quarta-feira (18h00 - 21h00)

03/12 – Segunda-feira

17:30 Introdução pela coordenadora do PPGMúsica, Profa. Dra. Rosane Cardoso de


Araújo

SESSÃO 1:
17:40 Denis de Artur Carmonário
18:00 Lina Assumi Abe
18:20 Elder Gomes da Silva
18:40 Eduardo Mello
19:00 INTERVALO
19:20 Marcelo Cazarotto Brombilla
19:40 Victor Lucas Bento
20:00 Lincoln Thiengo Ferreira
20:20 Matheus Theodorovitz Prust
20:40 Anderson Toni
21:00 Camilla Figueiredo

04/12- Terça-feira

SESSÃO 2:
17:40 Adailton Puppia
18:00 Thiago Madruga Monteiro
18:20 Daniel Zanella
18:40 Davi Raubach Tuchtenhagen
19:00 INTERVALO
19:20 Paulo Afonso Chaves Macan
19:40 Richard Edward Rautmann
20:00 Cainã Alves
20:20 Luciano da Silva Candemil
20:40 Julio César Matos Borba

05/12 – Quarta-feira

SESSÃO 3:
18:00 Palestra com Prof. Dra. Vera Beatriz Siqueira CAPES/UERJ
19:00
19:30 INTERVALO
19:40 Miriã Machado Cassol
20:00 Francisco Wildt
20:20 Rafael Alexandre da Silva
20:40 Atli Ellendersen

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RESUMOS
SESSÃO 1

ARIANE ET BACCHUS, DE MARIN MARAIS, À LUZ DO TRATADO DE COMPOSIÇÃO DE MARC-ANTOINE


CHARPENTIER

Denis de Artur Carmonário


Orientadora: Profa. Dra. Silvana Ruffier Scarinci

Este projeto de pesquisa busca o entendimento de “Ariane et Bacchus”, tragedie en musique de Marin
Marais (1656-1728), à luz do tratado de composição de Marc-Antoine Charpentier (1643-1704). Marais
recebeu lições de composição de Jean-Baptiste Lully (1632-1687), mestre de música da corte de Luís XIV,
que criou um sólido e original estilo musical francês. É comum se pensar que as obras do compositor e
gambista seguiram o estilo de seu professor; não obstante observa-se uma mudança no estilo de Marais,
principalmente após a morte de Lully. O Laboratório de Música Antiga da UFPR vem estudando ao longo
dos últimos anos essa ópera de Marais. Afim de entender o processo composicional vigente à época das
sua composição (1696), foi escolhido o tratado de composição de Charpentier, comparando-o com
tratados famosos anteriores, como o de Mersenne e o de Zarlino. Embora desconhecido por um bom
tempo, o tratado é de fundamental importância para a compreensão da música da segunda metade século
XVII. A harmonia de Charpentier é permeada por muitas dissonâncias, inspirada na sua educação musical
italiana. O compositor apresenta um tratado que oferece explicações para música de sua época e, claro,
em especial à sua própria música. A Énergie des modes, postulada por Charpentier em seu tratado, é uma
teoria muito importante para a música do século XVII, porquanto atribui afetos às tonalidades mais
praticadas à época, com uma particular singularidade. Com esse estudo, poderemos aprofundar a
compreensão da música dramática francesa da segunda metade do século XVII.

A INFLUÊNCIA DA ATIVAÇÃO DO PAREAMENTO RÍTMICO SOBRE RESPOSTAS EMOCIONAIS DE OUVINTES


BRASILEIROS POR MEIO DA MANIPULAÇÃO DE TRECHOS MUSICAIS EM DIFERENTES ANDAMENTOS

Lina Assumi Abe


Orientador: Prof. Dr. Danilo Ramos

O pareamento rítmico é um mecanismo subjacente de mapeamento entre o som e o afeto e um meio de


orientação e atenção a informações musicais. Músicas que apresentam fortes pulsações tendem a
desencadear reações perceptivas, fisiológicas, motoras, sociais e subjetivas associadas a emoções positivas
e comportamentos dançantes em ouvintes. Alguns estudos apontam um “tempo ótimo” para a dança:
aproximadamente 120bpm. O objetivo do presente estudo é investigar a influência da ativação do
pareamento rítmico sobre respostas emocionais de ouvintes brasileiros por meio da manipulação de
excertos musicais em diferentes andamentos. Ele será dividido em duas etapas: na primeira, 30 trechos
musicais de 40 segundos de duração com aproximadamente 120 batidas por minuto serão apresentados a
50 ouvintes brasileiros. Após cada escuta, eles responderão um questionário relacionado à ativação de
mecanismos subjacentes e outro sobre a presença ou ausência específica do pareamento rítmico. Na
segunda etapa, sete trechos serão selecionados a partir da etapa anterior e transpostos para outros dois
andamentos: largo e presto, totalizando 21 excertos. 200 ouvintes brasileiros ouvirão cada um dos trechos
musicais em ordem aleatória e, em seguida, preencher a GRUMEC-SCALE: uma escala (alcance:0-10)
desenvolvida para a mensuração de emoções musicais aplicada ao contexto brasileiro. O teste ANOVA será
aplicado sobre cada variável dependente da GRUMEC-SCALE no intuito de comparar as respostas
emocionais dos participantes em função dos três andamentos investigados. Além disso, o teste p de
Pearson será aplicado para verificar possíveis correlações entre as variáveis emocionais investigadas. Os
resultados serão discutidos com a Teoria Unificada das Emoções Musicais proposta por Patrik Juslin.

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GOLIATH: UMA NOVA FERRAMENTA PARA SUPORTE À ROTINA DE EXTRAÇÃO DE PADRÕES A PARTIR DE
GRANDES CONJUNTOS DE DADOS NO CONTEXTO DA PESQUISA EM MÚSICA

Elder Gomes da Silva


Orientador: Prof. Dr. Danilo Ramos

A mineração de dados é um processo de extração automatizada de padrões a partir de grandes conjuntos


de dados, tendo adquirido importância em função do advento da chamada Big Data – o fenômeno em que
dados são produzidos e armazenados em grande volume, velocidade e variedade. No contexto da pesquisa
em música, diversos estudos têm sido realizados com foco na classificação de registros musicais, extração
de características acústicas e modelagem de respostas humanas, como, por exemplo, a percepção de
emoções e a preferência musical. Neste trabalho, apresento o Goliath, um rastreador virtual desenvolvido
no âmbito do software MATLAB, com o objetivo de auxiliar pesquisadores interessados em mineração de
dados musicais. Rastreadores virtuais são programas destinados a recuperar informações de servidores da
rede mundial de computadores. O Goliath, por sua vez, possibilita a recuperação de dados relacionados à
preferência musical e à popularidade de artistas e faixas disponibilizados pela Last.Fm: uma interface de
programação de aplicativos que permite sua utilização por diferentes usuários. Nesse sentido, dados
acústicos complementares das faixas musicais (como andamento, intensidade, tonalidade e dinâmica,
dentre outros) podem ser recuperados a partir de bancos de dados da iniciativa MetaBrainz Foundation.
No decorrer da presente pesquisa, o Goliath será utilizado para recuperar dados que serão utilizados na
etapa de modelagem preditiva de preferências musicais, utilizando-se recursos derivados de aprendizagem
de máquina. Em um segundo momento, estes modelos serão submetidos à validação experimental, com o
objetivo de investigar a relação entre a preferência e as emoções em atividades de escuta musical sob uma
perspectiva evolucionista. De um modo geral, espera-se que a utilização de Goliath na pesquisa em música
possa facilitar o trabalho de pesquisadores durante a aquisição de dados e contribuir, sobretudo, com
estudos em recuperação de dados musicais, cognição musical e etnografias digitais.

INFLUÊNCIA DA EXPECTATIVA SOBRE RESPOSTAS EMOCIONAIS DE OUVINTES EM TRECHOS MUSICAIS


BRASILEIROS: UM ESTUDO TRANSCULTURAL

Eduardo Mello
Orientador: Prof. Dr. Danilo Ramos

A expectativa musical é um mecanismo cognitivo associado à reação perante a previsibilidade (ou


imprevisibilidade) do desdobramento gradual da estrutura musical no decurso da escuta. A ativação da
expectativa em respostas emocionais à música é aparentemente regulada pelo processamento de dados
ou esquemas sonoros. O primeiro é caracterizado pela organização perceptual de princípios sonoros
básicos, como intervalos e a tonalidade. O segundo é aprendido culturalmente e envolve a identificação de
estruturas acústicas familiares, como as tópicas musicais - unidades de discurso musical que têm
qualidades semióticas atribuídas por convenções culturais. Atualmente já foram identificadas tópicas em
gêneros da música brasileira. O objetivo desta pesquisa é, portanto, investigar a influência da ativação da
expectativa sobre respostas emocionais de ouvintes em trechos musicais brasileiros por meio de um estudo
transcultural. Duzentos ouvintes, sendo 100 brasileiros e 100 estrangeiros, fornecerão julgamentos
emocionais a 15 trechos musicais, que contém tópicas brasileiras, apresentados em três condições
experimentais: (1) original; (2) com manipulação de esquemas; (3) com manipulação de dados. A tarefa
consiste na escuta de um trecho seguida do preenchimento de escalas (alcance: 0-4) referente às variáveis:
previsibilidade, emoções sentidas, familiaridade, arousal e valência afetiva. A tarefa será repetida com os
demais trechos, apresentados em ordem aleatória entre os participantes. O teste ANOVA será empregado
para comparar as médias das respostas dos participantes em função do delineamento experimental: 2
grupos de ouvintes (brasileiros versus estrangeiros) x 3 condições (confirmada versus violada por dados
versus violada por esquemas). Além disso, uma correlação de Pearson será utilizada entre as variáveis
estudadas. Os resultados serão discutidos com a Teoria Unificada das Emoções Musicais, proposta por
Patrik Juslin.

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TRANSFERÊNCIA DE GESTO EM COMPOSIÇÕES PARA VIOLÃO

Marcelo Cazarotto Brombilla


Orientadora: Profa. Dra. Zélia Chueke

A proposta desse trabalho é, com foco na transferência de gesto musical, analisar as relações e as
correlações entre uma fonte musical primária, indígena e genuinamente brasileira com composições para
violão solo baseadas nessa fonte, compostas e interpretadas por colaboradores. O objetivo principal é
verificar como a transferência de gesto musical acontece em três momentos: (1) entre a fonte e a
composição; (2) entre a composição e a interpretação; (3) entre a interpretação e a fonte. Visitaremos o
conceito de transferência de gesto musical, buscando estabelecer a relação entre este e a transferência de
significado. Nos primeiros passos deste trabalho, o apoio em obras de autores que exploram a semiótica
musical tais como Hatten e Zampronha se prova pertinente.

A FORMAÇÃO DOS CONTRATENORES NOS CURSOS SUPERIORES EM CANTO NO BRASIL

Victor Lucas Bento


Orientadora: Profa. Dra. Zélia Chueke

A presente pesquisa tem como tema a formação de cantores líricos contratenores no Brasil, considerando
as especificidades da voz e da sua atuação. Contratenores são homens que utilizam o registro vocal de
falsete para cantar em regiões agudas de contralto, mezzo soprano e soprano. Essas vozes eram utilizadas
na música religiosa devido a proibição das mulheres participarem dos coros das igrejas. A partir do século
XX, com o movimento de retorno à música antiga, os contratenores começaram a cantar papéis de ópera
escritos para castrati e mezzo sopranos, iniciando assim, uma nova prática para a voz. A problemática deste
estudo parte da seguinte questão: como os cursos de bacharelado contemplam a formação do contratenor.
O objetivo geral da pesquisa é investigar aspectos da formação dos contratenores em cursos superiores
das regiões sudeste e sul do Brasil. Entre os objetivos específicos destacam-se: (1) verificar o impacto do
aporte de conhecimentos construídos no período de formação superior na consolidação de concepções
técnicas, na formação de repertório e na inserção profissional dos contratenores; (2) compreender as
concepções dos docentes sobre a formação dos contratenores, do ponto de vista de suas conduções
pedagógicas e das diretrizes curriculares com as quais trabalham. A fundamentação teórica proposta parte
de um quadro teórico-conceitual oriundo da revisão da literatura especializada, delineando quatro
categorias que norteiam a condução deste estudo, a saber: (1) os aspectos técnicos; (2) os repertórios de
base; (3) as práticas coletivas; (4) a inserção profissional. A metodologia utilizada é um estudo multicaso
com dois grupos como unidade de investigação: 3 contratenores formados em cursos superiores de canto,
e três professores de canto atuantes em universidades brasileiras.

A EXPERIÊNCIA DE APRECIAÇÃO MUSICAL A PARTIR DA EXIBIÇÃO DE DESENHOS ANIMADOS:


POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS

Lincoln Thiengo Ferreira


Orientadora: Profa. Dra. Valéria Lüders

Esta pesquisa de mestrado em andamento, de natureza qualitativa na abordagem estudo de caso, estuda
como se dá a apreciação musical por meio de desenhos animados, e como estes desenhos influenciam na
educação musical de crianças. Segundo o educador musical Keith Swanwick (1979), a apreciação “... é a
primeira na lista de prioridades da atividade musical” (p.43). O referido autor enfatiza que a apreciação
deve ser trabalhada como parte da vivência cotidiana do aluno. O objetivo geral desse estudo é analisar
como crianças apreciam música erudita por meio de desenhos animados em sala de aula. Especificamente,
os objetivos são: a) estudar a apreciação musical e sua relevância na musicalização infantil; b) identificar
como as mídias e demais ferramentas do cotidiano influenciam na educação musical das crianças; c)
elaborar propostas pedagógicas de apreciação musical utilizando desenhos animados. Os participantes
serão alunos de quatro a dez anos de idade. A coleta de dados será realizada no contexto escolar. Para isto,
serão utilizadas animações que contenham música erudita ao longo de sua trilha sonora, nas quais as

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imagens estejam relacionadas ao som, e que utilizam a técnica chamada por Berchmans (2016) de
Mickeymousing. Entendendo que as linguagens das animações infantis comunicam de diversas maneiras
com o universo das crianças, a hipótese é de que a música, estando ali inserida, também pode ser entendida
por elas. Teoricamente, essa pesquisa está referenciada em Swanwick (1979, 2003) na área de apreciação
musical, e na área de animações e música, o aporte teórico são estudos de Goldmark e Taylor (2016). Assim,
os desenhos animados com música erudita podem se constituir em elementos facilitadores para a
apreciação ao aproximar as crianças destas obras musicais.

VIOLONCELLE OU BASSE DE VIOLON? O INSTRUMENTO DE BAIXO DA FAMÍLIA DO VIOLINO NA FRANÇA


DO SÉCULO XVII

Matheus Theodorovitz Prust


Orientadora: Profa. Dra. Silvana Ruffier Scarinci

No prefácio do Méthode de Violoncelle, Michel Corrette, destacando a importância do baixo contínuo no


repertório francês, defende as virtudes necessárias para um instrumento de cordas friccionadas. O autor
menciona que há “cerca de vinte e cinco ou trinta anos [c.1715], deixamos o grosse basse de violon, em
Sol, pelo violoncelo dos italianos [...], sua afinação é um tom mais aguda do que a do antigo Basse, o que o
lhe confere mais jocosidade” (CORRETTE, 1741). A partir dessa afirmação, levantamos estas questões:
como o violoncelo não era, caracteristicamente, o instrumento de baixo da família do violino da França,
qual seria o instrumento chamado pelo autor de grosse basse de violon? Quais suas semelhanças com o
violoncelo, dado que puderam ser intercambiados? Por que caiu em desuso no início do século XVIII? Os
tratadistas Jambe de Fer, em Epitome Musicale (1556) e Marin Mersenne, em Harmonie Universelle (1637),
descrevem características dos instrumentos da família do violino francês, dividida em dessus, haute-contre,
taille, quinte e basse de violon. O instrumento de baixo teria quatro cordas, afinadas em intervalos de
quintas, cuja chanterelle (i.e., corda mais aguda) era afinada em sol2, correspondendo a um tom abaixo da
afinação do violoncelo. Diferentes nomenclaturas, tais como bas, basse, basse contre, grosse basse de
violon, referiam-se ao instrumento mais grave dos violons franceses. Mudanças estéticas vivenciadas na
França em fins do século XVII, que exigiam maior densidade sonora e virtuosidade técnica, culminando na
substituição do basse de violon pelo violoncelo no século XVIIII, resultaram na adição de uma quinta corda,
ré³ ao basse. Registros de contratação no periódico L’État de la France permitem reconstituir o efetivo de
basses da corte de Louis XIV. A análise das aberturas das Tragédies en Musique de Jean-Baptiste Lully
demonstram usos desse instrumento, cujo aumento de complexidade pôde-se perceber gradativamente.

A RELAÇÃO ENTRE EMOÇÃO E ENGAJAMENTO MUSICAL EM AULAS DE PRÁTICA MUSICAL EM CONJUNTO


EM UM CURSO SUPERIOR DE MÚSICA

Anderson Toni
Orientador: Prof. Dr. Danilo Ramos

O engajamento musical é uma ação musical ativa multidimensional e está fortemente ligado à experiência
emocional, sejam elas relacionadas ao material musical, ao ambiente de ensino-aprendizagem ou às
relações interpessoais. A compreensão da relação entre música, emoção e educação musical pode
esclarecer questões relacionadas com as situações de escuta e fazer musical em sala de aula. O objetivo da
presente pesquisa é investigar a relação entre emoção e engajamento musical em aulas de prática musical
em conjunto em um curso superior de música. A metodologia utilizada foi a de métodos mistos por meio
de um projeto paralelo convergente. 16 estudantes matriculados na disciplina de Prática de Conjunto
Musical II ofertada na licenciatura em música da Universidade Federal do Paraná participaram da pesquisa.
A Lista de Estados de Ânimo Presentes (LEAP) foi utilizada como instrumento de coleta de dados
quantitativos no início e no final de 15 encontros (aulas e apresentação final). Como instrumentos de coleta
de dados qualitativos, foram realizadas perguntas sobre emoção e engajamento musical no final de cada
encontro e uma entrevista semiestruturada com grupo focal próximo ao final da disciplina. A pesquisa
encontra-se em fase de análise de dados. Testes t-Students pareados serão aplicados para calcular as
médias das respostas dos participantes em relação à cada um dos itens da LEAP, no intuito de compará-las
antes e após cada aula. Uma análise de conteúdo será aplicada para a categorização das respostas

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qualitativas dos participantes, bem como na entrevista com grupo focal. Os dados serão discutidos a partir
da filosofia da educação musical proposta por David Elliott e Marisa Silverman.

A INTERAÇÃO MUSICAL DO ADOLESCENTE COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA EM AMBIENTE


DIGITAL

Camila Fernandes Figueiredo


Orientadora: Profa. Dra. Valéria Lüders

O presente artigo é parte de pesquisa de doutorado em andamento. O objetivo é estudar a interação


musical em adolescentes com transtorno do espectro do autismo (TEA), partindo do pressuposto que
durante as aulas de música os estudantes interagem musicalmente entre eles e com o professor, por meio
de atividades como tocar em grupo ou cantar em um coral. A interação musical de grupo é compreendida
como uma organização social complexa que requer certas habilidades cognitivas. Os ambientes digitais de
aprendizagem (ADA), como instrumentos de mediação, são relevantes para o desenvolvimento cognitivo e
social de pessoas com autismo. Os pressupostos desta pesquisa estão fundamentados na cognição musical
incorporada (Leman, 2008) e na Teoria da Atividade (Leontiev, 1978). A hipótese é que a interação musical
em adolescente com TEA seja favorecida em ambiente digital de aprendizagem, mais especificamente com
a Plataforma Miror-Impro. Optou-se pela metodologia qualitativa, com abordagem em estudo de caso. O
estudo piloto foi realizado com 7 participantes com TEA, sendo um com grau severo, com idades entre 10-
17 anos, de ambos os gêneros. Os responsáveis reponderam a um questionário relativo à vivência
musical/tecnológica dos participantes. O protocolo experimental é baseado no protocolo de Addessi e
Pachet, 2005 e Addessi, Anelli, Benghi e Friberg, 2017. O processo de análise dos dados consistiu na análise
dos vídeos, identificando as categorias de interação musical baseadas nas pesquisas de Addessi (2015). Os
resultados sugerem a interação musical positiva do adolescente com a plataforma visto que foram
observados os seguintes modos de interação: repetição e variação, alternância de turno, regularidade
temporal dos turnos e co-regulação da comunicação, atenção analítica, surpresa, gesto sonoro,
entrainment, mutualidade, reconhecimento da imitação e invenção de regras.

SESSÃO 2

ALUSÕES, GESTUALIDADE E TÓPICAS MUSICAIS NO ANDANTE DA SINFONIA N. 8 DE HEITOR VILLA-LOBOS

Adailton Sergio Pupia


Orientador: Prof. Dr. Norton Dudeque

Esta pesquisa consiste em algumas reflexões analíticas referentes ao Andante, primeiro movimento da
Sinfonia n. 8 (1950) de Heitor Villa-Lobos (1887-1959). Observa-se por meio da análise musical a ocorrência
de gestos cadenciais, herdados pela influência de obras precursoras; alusões temáticas, como o intertexto
com a Sinfonia n. 9 de Franz Schubert; tópicas musicais, que representam a música indígena; e
procedimentos criativos adotados pelo compositor na obra em questão. Este tipo de investigação incide
na compreensão dos processos composicionais de Heitor Villa-Lobos.

A VOZ DE ORFEU
Thiago Madruga Monteiro
Orientadora: Profa. Dra. Silvana Ruffier Scarinci

O trabalho trata sobre a voz do famoso cantor do início do período Barroco Francesco Rasi, conhecido por
ter personificado o personagem de Orfeu na ópera homônima de Claudio Monteverdi. Uma análise da
afinação utilizada pelos músicos naqueles dias e nas localidades onde ele atuou, em conjunto com as obras
por ele executadas e compostas bem como dos espaços onde essa música foi executada, é feita no sentido

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de esclarecer quais as características de sua voz, proporcionando uma reflexão mais fundamentada no
momento da escolha de interpretes modernos para este repertório.

O INDIANISMO EM SEIS POEMAS SINFÔNICOS DE HEITOR VILLA-LOBOS

Daniel Zanella dos Santos


Orientador: Prof. Dr. Norton Dudeque

Esta apresentação expõe os resultados parciais da pesquisa de doutorado do autor, em andamento no


PPGMUS da Universidade Federal do Paraná, que se concentra na análise do indianismo nos poemas
sinfônicos de Heitor Villa-Lobos. O objetivo da pesquisa é compreender como Villa-Lobos construiu o
indianismo de seus poemas sinfônicos e quais foram os significados que essas obras colocaram em ação
durante a carreira do compositor. Será apresentado o texto presente no relatório de qualificação, no qual
é feita uma historiografia da representação do índio na cultura brasileira e as fontes e obras de Villa-Lobos
em que a temática indianista está presente. Analisa-se a representação do índio no Brasil colonial através
dos relatos de viajantes, dos textos dos jesuítas e dos poetas arcadistas que abordaram a figura do índio
em suas obras. Em seguida discute-se as transformações sofridas por estas representações com a
independência do Brasil e a consequente busca pela identidade nacional por meio da atuação do Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro e da arte do romantismo, principalmente a literatura, as artes visuais e a
música. Chegando ao contexto coevo a Villa-Lobos, procura-se compreender quais são os fatores que levam
os artistas do modernismo a recuperarem a temática indianista romântica, atualizando-a de acordo com
os princípios estético-ideológicos do movimento. É feita também uma análise das fontes indígenas nas
quais Villa-Lobos buscou material para utilizar em suas obras, quais foram essas obras e a relação desse
uso com o cenário artístico do período. Por fim apresenta-se alguns trechos de análise musical em que é
possível identificar estruturas musicais de representação programática em quatro obras do compositor,
Uirapuru (1917 [1934?]), Amazonas (1918 [1928?]), Erosão (1950) e Mandú-Çárárá (1940).
FLUXOS EM INTERAÇÃO NA MÚSICA ELETROACÚSTICA MISTA

Davi Raubach Tuchtenhagen


Orientador: Prof. Dr. Felipe de Almeida Ribeiro

Esta pesquisa investiga a interação entre fluxos (streams) na música eletroacústica mista. Trabalhos como
os de Trevor Wishart e Dennis Smalley utilizam o termo para indicar níveis de estruturação dos materiais
na composição, percebidos no processo de escuta. Estes níveis são percebidos através de um processo de
segregação do todo sonoro em fluxos distintos. Tais níveis podem se relacionar de maneira (in)dependente,
com (dis)similaridade, interagindo, entre outras relações. Propomos como principal problema desta
pesquisa uma investigação de como interagem os fluxos na música eletroacústica mista, tendo em vista as
particularidades relativas à união dos meios instrumental e eletroacústico. Sob uma perspectiva
composicional, abordamos o conceito de fluxo, sua relação com a tecnologia e com a visualidade da
performance. Além disso, são abordadas as relações entre fluxos distintos e as ferramentas teóricas para
descrevê-las. Para isso, a metodologia proposta consiste em revisão de literatura sobre o tema; a partir das
teorias levantadas, análise de peças eletroacústicas mistas; e, uma discussão sobre os aspectos levantados
na análise em relação às abordagens teóricas. Como resultado, esperamos contribuir para a
comunidade/área sobre a relevância do pensamento composicional por fluxos, tanto nas peças analisadas
quanto no repertório (misto) em geral.

GALOPERA – MÚSICA INSTRUMENTAL PARAGUAIA NO BRASIL RESUMO

Julio César Matos Borba


Orientador: Prof. Dr. Edwin Ricardo Pitre-Vásquez

Este artigo apresenta uma discussão sobre os elementos musicais e extramusicais (BLACKING, 1973)
constituintes da Polca paraguaia. O objeto de análise utilizado é a gravação da música Galopera,
interpretada pelo harpista Luís Bordón no disco “La Paloma” de 1998. Obteve-se como resultado a
verificação dos conceitos musicológicos dos autores paraguaios, como o sincopado paraguaio e a

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polirritmia constante. Foi discutido também o conceito de táticas (CERTEAU,1998) de resistência à
invisibilização dos paraguaios nos meios de produção discográfica no Brasil.

CENA MUSICAL ROCK EM CURITIBA: A RELAÇÃO ENTRE INDIVÍDUOS, INDÚSTRIA E ESPAÇO NA CULTURA
DA CONVERGÊNCIA APÓS O ANO DE 2005

Paulo Afonso Chaves Macan


Orientador: Prof. Dr. Edwin Pitre-Vásquez

Este estudo concentra-se na área de Etnomusicologia com abordagens em Comunicação e tratará do tema
cena musical rock (STRAW, 1991, 2006; JANOTTI JUNIOR, 2013) na cidade de Curitiba, do ano de 2005 à
atualidade. Partirá de um estudo prévio, A Cena Musical em Curitiba: a partir do acervo do programa
Ciclojam entre 1996 e 2005, apresentado no 40º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, em
2017. Tal estudo levantou questões sobre a realidade atual das manifestações musicais da capital
paranaense após o contexto de conectividade generalizada, observado a partir de 2005 (LEMOS, 2005).
Assim, esta pesquisa averiguará se houveram mudanças de paradigmas em comparação com o estudo
anterior. Utilizará três frentes de abordagem: (1) indivíduos, comunidades de prática e de interesse, as
alianças e afetos entre eles, seus usos e funções para a música. (BLACKING, 1995; WENGER, 1998; STRAW,
2006; BLACKING 1974; MERRIAN, 1964); (2) espaço, territórios, lugares, não lugares e ciberespaço
(VERGARA, 2013; AUGÉ, 2008; LÉVY, 2014); (3) tempo, representado pelo avança tecnológico em relação
à indústria musical (LONGO, 2017; BAUMAN, 2001; JENKINS, 2008, 2013; ANDERSON, 2006; MARCHI,
2016). Buscará compreender se as tecnologias digitais online interferiram na cena curitibana após 2005, a
partir do ano em que termina o recorte temporal do estudo feito anteriormente. Para isso o trabalho
utilizará também como ponto de partida o livro e o documentário Sob uma fina camada de gelo, lançados
em 2017 e 2018, respectivamente; uma pesquisa quantitativa e qualitativa feita em meio digital com
músicos atuantes na cidade; pesquisa bibliográfica e documental e entrevistas presenciais com diversos
músicos, jornalistas, produtores, agitadores culturais e profissionais envolvidos com o cenário musical local.
Por fim, o estudo se aproximará do conceito de inovação, de Schumpeter, e buscará iniciar o debate sobre
processos inovadores na cena musical.

O PROCESSO HISTÓRICO DE DESENVOLVIMENTO DO CAMPO DA ETNOMUSICOLOGIA BRASILEIRA

Richard Edward Rautmann


Orientador: Prof. Dr. Edwin Pitre-Vásquez

O presente trabalho, já submetido ao Exame de Qualificação no mês de Outubro, expõe uma pesquisa de
mestrado em andamento que se propõe a investigar o processo histórico pelo qual passou o campo de
estudo da Etnomusicologia Brasileira, desde as primeiras pesquisas de etnografia musical, bem como o
folclore até a primeira turma de ensino regular numa instituição acadêmica ao final da década de 1980. O
trabalho foi aprovado para dar continuidade e finalizar o texto da dissertação. A principal modificação pós-
Qualificação foi o escopo do projeto, ao qual estava focando o período de 1981-2001, mas devido às
diversas lacunas e erros históricos anteriores a este período, alteramos o enfoque dele para o período
anterior ao ensino regular da Etnomusicologia no Brasil, ao qual está sendo ignorado nos estudos da área.
Para a realização do estudo estão sendo investigadas as situações onde a pesquisa etnomusical já estava
vinculada às instituições, sejam elas privadas ou pública, que possam caracterizar uma institucionalização
dos estudos, bem como a utilização de outros termos na pesquisa, que não sendo a Etnomusicologia, se
enquadram no mesmo escopo de estudo. A pesquisa possui relevância na dentro da área, pois difere
substancialmente às demais pesquisas até então realizadas, que enfocam o surgimento da pesquisa
etnomusical no Brasil somente a partir da década de 1980.

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O FANDANGO CAIÇARA E A FORMAÇÃO DA IDENTIDADE PARANAENSE ATRAVÉS DA MÚSICA

Cainã Alves
ORIENTADOR: Prof. Dr. Edwin Ricardo Pitre-Vásquez

Este trabalho apresenta aspectos do Fandango enquanto manifestação pertencente a cultura brasileira e
com características próprias no Paraná. Trata-se de um levantamento bibliográfico, baseado nas primeiras
pesquisas realizadas do gênero, trazendo definições próprias da manifestação e da música executada na
mesma. A investigação auxiliou na produção de um mapa mental, com todos os aspectos que deverão ser
trabalhados na minha tese de doutorado, dividos por etapas e por temas. O fandango é caracterizado pela
reunião de várias danças chamadas “marcas”, que são realizadas de forma batida (sapateada), valsada ou
mista (batida e valsada). Os movimentos femininos são baseados no caminhar, acompanhado do balanço
das saias enquanto os masculinos são baseados no sapateado e no ato de arrastar os tamancos, tendo
como instrumentos musicais acompanhadores a viola, a rabeca e o adufo. O trabalho também apresentará
reflexões sobre o processo de extinção do Fandango e suas influências extramusicais.

QUÃO MUSICAIS SÃO OS ORIXÁS?


APONTAMENTOS SOBRE O 2º CONGRESSO DE ETNOMUSICOLOGIA DA FACULDADE DE MÚSICA DA
UNAM, CIDADE DO MÉXICO

Luciano da Silva Candemil


Orientador: Prof. Dr. Edwin Pitre-Vásquez

Esse trabalho apresenta diversos apontamentos acerca da participação no 2º Congresso de


Etnomusicologia da Faculdade de Música da Universidade Nacional Autônoma do México, direcionando a
atenção para as percepções surgidas na comunicação “Quão musicais são os orixás?”, que debateu a
definição de música cunhada por John Blacking. No livro “How musical is man?”, o autor define a música
como “um som humanamente organizado” (BLACKING, 1995), partindo do princípio que todo ser humano
é musical, e que a música seria o reflexo de comportamentos culturais como resultado de interações sociais
(ibid, 2003). No entanto, mediante um estudo realizado no terreiro de candomblé Ilê Alaketú Oyá Onìrá
Asé, situado no município de Itajaí, Santa Catarina, foram observados diálogos musicais e extra-musicais
entre percussionistas e divindades religiosas, que promoveram os seguintes questionamentos: Seria a
música apenas humanamente organizada? Poderia a música ser humanamente e espiritualmente
organizada? A motivação para essa pesquisa surgiu durante a realização de uma etnografia (SEEGER, 2008)
no referido terreiro. Nessa casa religiosa, além dos rituais do Candomblé Ketu, também são praticadas as
giras de Umbanda, porém com calendários alternados. A saber, o Candomblé Ketu é a religião dos orixás
(SANTOS, 2010), divindades africanas (LÜHNING, 1990; CARDOSO, 2006); enquanto a Umbanda está
alicerçada em quatro matrizes: catolicismo, kardecismo, africanismo e rituais indígenas (SILVA, 2005;
JÚNIOR, 2011). Durante as visitas de campo foi observado que apesar de ser a mesma comunidade
religiosa, havia fatos contrastantes entre a realização dos rituais. Despertou a atenção o fato dos adeptos
agirem de formas distintas entre as duas práticas religiosas, musicalmente principalmente. Portanto,
considerando a música como parte simbólica da vida (MERRIAM, 1980), olhando para além dos sons
(BLACKING, 1995), e levando em conta a interação cultural entre os orixás e os músicos, será apresentado
algumas considerações preliminares sobre quão musical são os orixás.

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SESSÃO 3

A IMPROVISAÇÃO MUSICAL NO CHORO E SUA IMPORTÂNCIA NA EDUCAÇÃO MUSICAL

Miriã Machado Cassol


Orientadora: Profa. Dra. Ana Paula Peters

Esta pesquisa de mestrado em andamento procura investigar o conceito de improvisação musical presente
no ensino do repertório do choro em Curitiba, buscando apresentar definições e entendimento sobre o
assunto na literatura específica e em entrevistas com músicos da cidade. O projeto tem como objetivo
investigar como a improvisação é ensinada à alunos que estudam o gênero musical em cursos específicos
de Curitiba, como no Conservatório de MPB e graduação em Música da FAP. Uma das definições
encontradas sobre improvisação é a habilidade musical de composição ou criação de frases musicais em
tempo real, no momento da prática musical. Permite a exploração e aplicação de conhecimentos já
adquiridos por instrumentistas de diferentes níveis e idades (GAINZA, 2009). A improvisação tem recebido
espaço na educação musical, mas ainda enfrenta desafios de metodologia, repertório e aplicação em sala
de aula. Apesar das dificuldades, diversos educadores como Jaques Dalcroze, Violeta de Gainza, Hans-
Joachim Koellreutter, Wuytackm e Carl Orff defendem a importância da improvisação como prática e
instrumento pedagógico para assimilação e fixação de conhecimentos musicais. A improvisação é dividida
entre idiomática ou livre. A improvisação livre proporciona maior liberdade criativa, gestual/instrumental
e musical, sem conter, geralmente, regras ou normas como estrutura, forma, campo harmônico, tonalidade
e outros. Já a improvisação idiomática, mais utilizada no choro, ocorre quando o músico leva em
consideração as características musicais de um determinado gênero ou idioma musical. Assim, umas das
perguntas norteadoras desta pesquisa é, sendo uma prática recorrente do repertório de choro, quais as
definições de improvisação encontradas entre professores e alunos? A prática do repertório de choro tem
especificidades ao realizar improvisações? Como professores e alunos se percebem ao improvisar no
choro?

A HERMENÊUTICA DA RELAÇÃO MÚSICA-TEXTO NO LIED ROMÂNTICO E AS CANÇÕES EM PORTUGUÊS DE


ALBERTO NEPOMUCENO: SEMPRE!, OPUS 32 NO 1.

Francisco Koetz Wildt


Orientador: Prof. Dr. Norton Dudeque

Chantler (2002) destacou a relevância do conceito de hermenêutica no pensamento dos primeiros


românticos alemães, incluindo a atividade crítica de E. T. A. Hoffmann, como exemplo de abordagem
interpretativa. Ainda que tenha ressaltado diferenças essenciais entre as abordagens de Hoffmann e
Schleiermacher, a autora aponta para a presença, nos escritos do músico e crítico alemão, de princípios
tais como a valorização do sublime, os quais permitem a identificação aí de uma atitude interpretativa de
cunho psicológico, característico da abordagem hermenêutica romântica. Feurzeig (2014) e Malin (2010),
cada qual a partir de um ponto de vista diverso, indicam ser possível a compreensão da relação entre
música e texto no lied romântico a partir de uma perspectiva interpretativa, isto é, que coloca a música
numa função de leitura do texto. Essa perspectiva encontra correspondência plausível com o conceito de
hermenêutica, tal como compreendido no contexto da intelectualidade alemã da primeira geração
romântica. Com base nos estudos dos autores supracitados, é possível inferir que a transposição desse
conceito ao contexto da análise de lieder pode ser feita com base em dois principais aspectos: que a
interpretação ou hermenêutica é concebida como um ato criativo e que o conceito romântico de
hermenêutica fundamenta-se em noções de unidade e organicidade. Quanto ao primeiro aspecto,
entende-se que a música representa, no lied, um veículo de interpretação do texto musicado: isto é, mais
do que um recurso a serviço da ilustração descritiva de realidades mencionadas no texto, a música se
apresenta como manifestação de um ato criativo de interpretação do texto. O segundo aspecto implica
numa visão segundo a qual o conjunto de texto e música comporta, na concepção do lied romântico, não
apenas uma soma de partes, mas um todo orgânico. A partir do pressuposto de que em parte de suas
canções em português, Nepomuceno emula o modelo de canção artística romântica (Coelho de Souza,

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2006), o presente estudo tem como objetivo demonstrar a presença, em uma de suas canções em
português, de uma relação de unidade entre música e texto na qual a música opera uma função
interpretativa. Sob este ponto de vista, é apresentada uma análise de Sempre!, opus 32 no 1, com o
objetivo de identificar os recursos que permitiram a realização desse modelo artístico.

‘EM TODAS AS COISAS A MUDANÇA É DOCE’: VARIETAS E PAIXÃO NA MÚSICA ITALIANA RENASCENTISTA

Atli Ellendersen
Orientadora: Profa. Dra. Silvana Ruffier Scarinci

O conceito retórico de varietas – variedade ou variação – desenvolvido nos tratados sobre retórica Retórica
a Herênio, anônimo, e Do orador de Cícero é considerado um ideal de composição que concerne todas as
fases de elaboração de um discurso, incluindo a invenção do assunto inicial, a organização do discurso,
memorização e apresentação para o público. A aplicação do conceito de varietas foi recomendado no
contexto musical pelos teóricos da música na Itália renascentista como um recurso para evitar monotonia
e mover as paixões, uma ideia que hoje identificaríamos como expressividade. O reconhecimento da
ligação forte da música com a língua, ou mais especificamente a poesia, e a variedade de imagens mentais
que esta propicia foi decisivo para o rumo que o caráter da música italiana tomou no final da Renascença.
Para elucidar o nexo entre palavra e música apresentamos alguns argumentos da Antiguidade. Mostramos
a estrutura da retórica como um todo e especificamos a maneira como as partes ornatus, decorum e
pronuntiatio junto com o conceito de varietas foram aplicados à música por Johannes Tinctoris, Vincenzo
Galilei e Nicola Vicentino – três humanistas que simultaneamente eram teóricos, compositores e músicos.

A ESTRATÉGIA CRIATIVA COMO PROCESSO COMPOSICIONAL E PROVOCADORA DA PESQUISA

Rafael Alexandre da Silva


Orientador: Profa. Dra. Roseane Yampolschi

O processo composicional demanda do artista algum planejamento norteador das ações envolvidas na
criação de uma nova obra, embora seja dinâmico e mobilize uma série de saberes relativos diretamente ao
fazer artístico, e outros que, se não diretamente relacionados, concorrem para a sua constituição. Sendo
assim, proponho a adoção de uma estratégia criativa com vistas a delimitar esse campo de ação envolvido
na criação de uma nova peça. Tal estratégia visa possibilitar a um compositor se localizar no processo
criativo e localizar cada elemento constitutivo da nova forma a ser formada. A confluência entre uma
metodologia criativa, a metodologia de pesquisa e, em última análise, as temáticas de pesquisa, congrega
aspectos técnicos diretamente implicados e demandados pela criação musical, e sugere e requer reflexões
conceituais que extraiam algum grau de epistemologia do fazer artístico, de modo a pôr em perspectiva as
barreiras da congenialidade implicadas em todo e qualquer processo criativo. Ademais, essa estratégia
criativa se dá em bases dialéticas, já que medeia as intuições e arbitrariedades envolvidas na criação
artística, e o conhecimento científico (lato sensu) do compositor-pesquisador. Minha peça Entroncamentos
serve, analogamente, como objeto de estudo de caso em que a intuição de uma estratégia criativa motivou
a reflexão e pesquisa sobre conceitos que categorizassem os processos criativos envolvidos na criação
dessa peça, que, por sua vez, clarearam aspectos da própria peça – conceitos ligados à filosofia da música
de Peter Kivy (2002). Para minha pesquisa de doutorado, isso sugeriu e demandou a categorização de
outras estratégias criativas além daquela aqui tratada, e a necessidade de revisitar o conceito de forma
musical, tanto a partir de uma abordagem poética quanto estética.

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