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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA
BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL

MAURICIO SOUZA FIGUEIRÊDO

MEDIDAS PARA O APRIMORAMENTO DE HABITAÇÕES


UNIFAMILIARES EM FUNCIONAMENTO AO CONSUMO
EFICIENTE DA ÁGUA

Feira de Santana – BA
2017
MAURICIO SOUZA FIGUEIRÊDO

MEDIDAS PARA O APRIMORAMENTO DE HABITAÇÕES


UNIFAMILIARES EM FUNCIONAMENTO AO CONSUMO
EFICIENTE DA ÁGUA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


na Universidade Estadual de Feira de Santana,
como um dos pré-requisitos para aprovação na
disciplina PROJETO FINAL II e para
obtenção de título de Bacharel em Engenharia
Civil.

Orientador:
Prof. Dr. Eduardo Henrique Borges Cohim
Silva

Feira de Santana – BA
2017
MAURICIO SOUZA FIGUEIRÊDO

MEDIDAS PARA O APRIMORAMENTO DE HABITAÇÕES


UNIFAMILIARES EM FUNCIONAMENTO AO CONSUMO
EFICIENTE DA ÁGUA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


como requisito parcial para a obtenção do
título em Engenharia Civil.

APROVAÇÃO:

EXAMINADORES:

___________________________________________________________
Prof. Eduardo Henrique Borges Cohim Silva, Doutor
Orientador (UEFS)

___________________________________________________________
Prof. Diogenes Oliveira Senna, Mestre (UEFS)

___________________________________________________________
Eng. Jodilson Amorim Carneiro, Mestre (UEFS)
AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Eduardo Cohim que aceitou me orientar nesta pesquisa, e que me forneceu
importantes observações e direcionamentos neste Trabalho de Conclusão de Curso.
Ao Prof. Diogenes Senna e o Eng. Jodilson Amorim por aceitarem participar da
avaliação deste trabalho.
Aos meus pais que me deram apoio em todas as etapas de minha vida.
Aos meus familiares que torceram verdadeiramente pelas minhas realizações e que me
ofereceram palavras de incentivo.
Aos meus amigos e colegas do curso que me prestaram apoio e atenção para realização
deste trabalho, em especial Maria Virgínia que foi minha grande companheira.
E por fim, agradeço à todas as energias que regem o universo e que de alguma forma
me trouxeram forças para a realização dos meus objetivos.
RESUMO

FIGUEIRÊDO, M.S. Medidas para o aprimoramento de habitações unifamiliares em


funcionamento ao consumo eficiente da água. Feira de Santana, 2017. Trabalho de
Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Estadual de Feira de
Santana.

Com os atuais eventos de escassez de água para o consumo humano decorrente no Brasil e no
mundo e com perspectivas negativas para o futuro, entram cada vez mais para as questões de
debate a forma como este bem é gerido. Ainda hoje parte das construções convencionalmente
funcionam sem a preocupação com a sustentabilidade do seu consumo de água. Diante disso,
este trabalho teve como objetivo analisar a possibilidade de aplicação de algumas tecnologias
sustentáveis em habitações unifamiliares já construídas, e em funcionamento, de modo que as
condicionem a conservação de água, e os possíveis impactos gerados por estas modificações
relacionados ao custo financeiro e efeitos físicos na edificação. A pesquisa foi de natureza
quantitativa, de abordagem aplicada e os métodos de pesquisa utilizados foram revisão da
literatura e uma aplicação prática. Consta-se como resultado da pesquisa um quadro
resumindo características das medidas abordadas no trabalho, o potencial de poupança no
consumo de água utilizando as medidas hidro eficientes em comparação com o que é utilizado
convencionalmente, a abordagem de algumas certificações ambientais em relação a aplicação
dessas modificações, um exemplo de aplicação de algumas das medidas levantadas em uma
residência modelo e levantamento de custos, e uma diretriz para a otimização de residências
em uso à conservação de água. Concluiu-se sobre alto potencial de economia de água que
essas medidas podem agregar, sendo que boa parte delas é de simples aplicação como o caso
de dispositivos hidro eficientes, que funcionam na diminuição da demanda, e outra parte é
mais complexa para aplicação em residências em uso, como as fontes alternativas de captação
de água.

Palavras-chave: Habitação sustentável, Gestão eficiente de água, Conservação de água,


Medidas hidro eficientes, Certificações ambientais.
ABSTRACT

FIGUEIRÊDO, M.S. Measures for the improvement of single family housing in operation
to the efficient consumption of water. Feira de Santana, 2017. Completion of Course Work
(Graduate in Civil Engineering) – State University of Feira de Santana.

With the current water shortage of events for human consumption arising in Brazil and in the
world and with negative prospects for the future, come increasingly to debate issues and how
this is managed. Today part of the buildings conventionally operate without concern for the
sustainability of its water consumption. Therefore, this study aimed to examine the possibility
of implementing some sustainable technologies in single-family dwellings already built and in
operation, so that the conditional water conservation, and the possible impacts caused by these
changes related to financial costs and physical effects in the building. The research was
quantitative nature and, applied approach and the research methods used were literature
review and a practice aplication. It is shown as search result a chart summarizing features of
the measures discussed at work, the potential savings in water consumption using the efficient
hydro as compared with that used conventionally, the approach of some environmental
certifications regarding the application of these changes, an example of application of some of
the measures raised in a house model and lifting costs, and a guideline for the optimization of
homes in use to conserve water. The conclusion about high water-saving potential that such
measures can add, being that most of them are simple applicationsuch
as hydro efficient devices that work in reducing demand, and another part is more
complex for use in residences in use, as alternative sources of water.

Keywords: Sustainable Housing, efficient management of water, water conservation,


Water efficient measures, Environmental certifications.
LISTA DE SIGLAS

ETA: Estação de Tratamento de Água


ETE: Estação de Tratamento de Esgoto
SNIS: Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
ONU: Organização das Nações Unidas
IPT: Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo
LEED: Leadership in Energy and Environmental Design
USGBC: U.S. Green Building Council
NC: New Construction,
CS: Core and Shell
BREEAM: Building Research Establishment Environmental Assessment Method
AQUA: Alta Qualidade Ambiental
HQE: Haute Qualité Environnementale
ETAC: Estação de Tratamento de Águas Cinza
PMSS: Programa de Modernização do Setor de Saneamento
PASS: Programa de Ação Social em Saneamento
DTA: Documento Técnico de Apoio
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: A água que você não vê. .......................................................................................... 16


Figura 2: Previsão de disponibilidade hídrica do Brasil. ......................................................... 18
Figura 3: Usos múltiplos da água. ........................................................................................... 20
Figura 4: Esquema dos ciclos da água. .................................................................................... 20
Figura 5: Consumo de água no mundo. ................................................................................... 21
Figura 6: Participação estadual e regional na demanda média urbana nacional. .................... 22
Figura 7: Gráfico das porcentagens de economia de água conforme a medida convencional
adotada. ..................................................................................................................................... 29
Figura 8: Esquema genérico do uso de águas considerando fonte, destino, quantidades e
qualidades. ................................................................................................................................ 33
Figura 9: Formas construtivas de sistemas de aproveitamento de água de chuva................... 50
Figura 10: Elementos e formas de instalação de sistema de aproveitamento de água de chuva.
.................................................................................................................................................. 52
Figura 11: Opções para reuso de águas cinza. ......................................................................... 55
Figura 12: Esquemático dos subsistemas de tratamento para águas cinza. ............................. 56
Figura 13: Tipos de poços. ...................................................................................................... 58
Figura 14: Bacia sanitária com caixa de descarga de acionamento duplo (esquerda) e com
válvula de descarga de acionamento duplo (direita). ............................................................... 60
Figura 15: Arejador. ................................................................................................................ 61
Figura 16: Restritor de vazão em torneira e chuveiro. ............................................................ 62
Figura 17: Registro regulador de vazão................................................................................... 63
Figura 18: Teste de vazamento no alimentador predial........................................................... 65
Figura 19: Paredes da bacia contornadas com caneta “marca texto”. ..................................... 66
Figura 20: Vazamento de água no colar lavando risco na parede da bacia. ............................ 66
Figura 21: Esquema para reabilitação de residências em uso à conservação de água. ........... 85
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Classificação da disponibilidade hídrica. ................................................................ 18


Tabela 2: Consumo per capita de água. ................................................................................... 23
Tabela 3: Distribuição do consumo de água em residências de Simões Filho – BA. ............. 25
Tabela 4: Distribuição do consumo de água em residências de São Paulo – SP. .................... 26
Tabela 5: Distribuição do consumo de água em residências no Brasil.................................... 26
Tabela 6: Créditos LEED, uso eficiente da água. .................................................................... 36
Tabela 7: Classificação BREEAM. ......................................................................................... 39
Tabela 8: Classificação de temas AQUA. ............................................................................... 41
Tabela 9: Poupança de água utilizando descarga dual em comparação a de acionamento
simples de 9 litros ..................................................................................................................... 71
Tabela 10: Poupança de água utilizando descarga dual em comparação a de acionamento
simples de 6 litros ..................................................................................................................... 71
Tabela 11: Poupança de água utilizando torneira eficiente em comparação a convencional
lavatório de 8L/min. ................................................................................................................. 72
Tabela 12: Poupança de água utilizando torneira eficiente em comparação a convencional
lavatório de 6L/min. ................................................................................................................. 72
Tabela 13: Poupança de água utilizando torneira eficiente em comparação a convencional
lava-louças de 8L/min. ............................................................................................................. 73
Tabela 14: Poupança de água utilizando torneira eficiente em comparação a convencional
lava-louças de 6L/min. ............................................................................................................. 73
Tabela 15: Poupança de água utilizando chuveiro/ducha de 3 a 4,5L/min em comparação ao
convencional de 9L/min. .......................................................................................................... 74
Tabela 16: Poupança de água utilizando chuveiro/ducha de 3 a 4,5L/min em comparação ao
convencional de 6L/min. .......................................................................................................... 74
Tabela 17: Poupança adquirida com utilização de dispositivos eficientes. ............................. 75
Tabela 18: Distribuição média do consumo de água em uma residência. ............................... 75
Tabela 19: Poupança de água numa habitação com utilização de dispositivos eficientes
(menor economia). .................................................................................................................... 76
Tabela 20: Poupança de água numa habitação com utilização de dispositivos eficientes
(maior economia). ..................................................................................................................... 76
Tabela 21: Distribuição média do consumo de água em uma residência em maior e menor
qualidade. .................................................................................................................................. 79
Tabela 22: Poupança de água utilizando fontes alternativas ................................................... 79
Tabela 23: Poupança de água utilizando fontes alternativas e dispositivos hidro eficientes. .. 80
Tabela 24: Estimativa de preço de dispositivos economizadores aplicáveis na residência. .... 83
Tabela 25: Estimativa de custo da instalação dos componentes do sistema de aproveitamento
de água da chuva....................................................................................................................... 84
LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Fatores de Influência no consumo de água. ........................................................... 24


Quadro 2: Classificação das medidas de conservação de água. .............................................. 31
Quadro 3: Temas e categorias AQUA..................................................................................... 40
Quadro 4: Nível Global AQUA. ............................................................................................. 41
Quadro 5: Critérios de avaliação da gestão de água - Casa Azul. ........................................... 44
Quadro 6: Síntese comparativa das características das certificações. ..................................... 45
Quadro 7: Abordagem das certificações para avaliação da gestão de água nas edificações. .. 46
Quadro 8: Fatores de implantação de acordo com o tipo de edificação. ................................. 49
Quadro 9: Síntese das características dos sistemas e tecnologias geradores de eficiência
hídrica em residências. ............................................................................................................. 68
Quadro 10: Usos residenciais da água e as fontes alternativas de oferta que podem ser
utilizados................................................................................................................................... 78
Quadro 11: Critérios atendidos nas certificações com aplicação das medidas de conservação
de água. ..................................................................................................................................... 81
Quadro 12: Pontuação alcançada nas certificações com aplicação das medidas de
conservação de água. ................................................................................................................ 82
SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ...........................................................................................................3
RESUMO.................................................................................................................................4
ABSTRACT ............................................................................................................................5
LISTA DE SIGLAS ................................................................................................................6
LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................7
LISTA DE TABELAS ............................................................................................................8
LISTA DE QUADROS .........................................................................................................10

1.INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13
1.1- OBJETIVOS ......................................................................................................................14
1.1.1- OBJETIVO GERAL ..........................................................................................................14
1.1.2- OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................14
1.2- MÉTODO DE PESQUISA ....................................................................................................14

2. O RECURSO ÁGUA .......................................................................................................... 16


2.1 - IMPORTÂNCIA DA ÁGUA .................................................................................................16
2.2 - DISTRIBUIÇÃO HÍDRICA .................................................................................................17
2.3 - CICLO URBANO DA ÁGUA ...............................................................................................19
2.4 - CONSUMO DE ÁGUA PELA SOCIEDADE ...........................................................................21
2.4.1- CONSUMO RESIDENCIAL DE ÁGUA .................................................................................23
2.4.2- DISTRIBUIÇÃO DO CONSUMO RESIDENCIAL DE ÁGUA.....................................................24

3. SUSTENTABILIDADE E CONSERVAÇÃO DE ÁGUA .............................................. 27


3.1 - CONCEITOS E MEDIDAS PARA CONSERVAÇÃO DE ÁGUA NAS ÁREAS URBANAS .............27
3.2 - CERTIFICAÇÕES DE CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS ......................................................35
3.2.1 - LEED ...........................................................................................................................35
3.2.2 – BREEAM ....................................................................................................................38
3.2.3 – AQUA .........................................................................................................................40
3.2.4 - CASA AZUL ..................................................................................................................44
3.2.5 – SÍNTESE E COMPARATIVO DAS CERTIFICAÇÕES ............................................................45

4. FONTES ALTERNATIVAS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA ............................................ 47


4.1 - APROVEITAMENTO DE ÁGUA DA CHUVA........................................................................47
4.2 - APROVEITAMENTO DE ÁGUAS CINZA .............................................................................54
4.3 - APROVEITAMENTO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS .............................................................57
5. TÉCNICAS E TECNOLOGIAS PARA UMA GESTÃO EFICIENTE DO
CONSUMO DE ÁGUA EM RESIDÊNCIAS ...................................................................... 59
5.1 – DISPOSITIVOS ECONOMIZADORES DE ÁGUA .................................................................59
5.1.1 – BACIA SANITÁRIA COM DESCARGA DE ACIONAMENTO DUPLO ......................................59
5.1.2 – AREJADOR ...................................................................................................................60
5.1.3 – RESTRITOR DE VAZÃO ..................................................................................................62
5.1.4 – REGISTRO REGULADOR DE VAZÃO ...............................................................................63
5.2 - CONTROLE DE VAZAMENTOS .........................................................................................63

6.RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 68


6.1 – QUADRO RESUMO COM AS CARACTERÍSTICAS DOS SISTEMAS E TECNOLOGIAS ..........68
6.2 – ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE MEDIDAS CONVENCIONAIS E AS QUE AGREGAM
EFICIÊNCIA HÍDRICA. .............................................................................................................70
6.2.1 – USO DE DISPOSITIVOS EFICIENTES ................................................................................70
6.2.2 – APROVEITAMENTO DE ÁGUAS DE FONTES ALTERNATIVAS ...........................................76
6.2.3 – COMBINAÇÃO DO APROVEITAMENTO DE ÁGUAS DE FONTES ALTERNATIVAS COM USO DE
DISPOSITIVOS EFICIENTES ........................................................................................................79
6.3 – AVALIAÇÃO DAS CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS NAS RESIDÊNCIAS MODIFICADAS ......80
6.4 – EXEMPLO DE APLICAÇÃO E LEVANTAMENTO DE CUSTO DAS MEDIDAS DE
CONSERVAÇÃO EM UMA RESIDÊNCIA ....................................................................................82
6.4.1 – LEVANTAMENTO DE CUSTOS DOS EQUIPAMENTOS .......................................................83
6.5 – DIRETRIZ PARA REABILITAÇÃO DE RESIDÊNCIAS EM USO À CONSERVAÇÃO DE ÁGUA84

7.CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 86

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 88

ANEXO A – NÍVEIS DE DESEMPENHO NAS CATEGORIAS “5 - GESTÃO DA


ÁGUA”, E “14 - QUALIDADE SANITÁRIA DA ÁGUA NA CERTIFICAÇÃO”
(AQUA). ................................................................................................................................... 94

ANEXO B – PROJETO HIDRÁULICO DA RESIDÊNCIA MODELO........................ 101


13

1.INTRODUÇÃO

O Relatório das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento de Água 2015 – Água para
um mundo sustentável, descreve a importância da água para a sociedade humana da seguinte
forma:
A água está no centro do desenvolvimento sustentável. Os recursos hídricos, e a
gama de serviços providos por esses recursos, contribuem para a redução da
pobreza, para o crescimento econômico e para a sustentabilidade ambiental. Desde a
segurança alimentar e energética até a saúde humana e ambiental, a água contribui
para as melhorias no bem-estar social e no crescimento inclusivo, afetando os meios
de subsistência de bilhões de pessoas. (UNESCO, 2015, p. 2)

Consta no mesmo relatório que o planeta enfrentará um déficit de 40% das reservas
hídricas até o ano de 2030, caso não haja uma gestão mais eficiente destes recursos. Mesmo
diante de perspectivas de limitações maiores para o futuro, no contexto atual segundo
estimativas da UNICEF e OMS de 2013, cerca de 768 milhões de pessoas não tem acesso a
uma fonte de água potável (UNICEF, 2014).
Estas informações destacam a dimensão dos desafios que a sociedade deve enfrentar
para manutenção e a ampliação dos direitos básicos à vida, ligados ao consumo de água. Por
este motivo crescem cada vez mais os debates em relação ao desenvolvimento sustentável no
âmbito social, econômico e ambiental. Para isso são necessárias novas alternativas de
otimização e modernização dos sistemas tradicionais vigentes, de forma que aumente a oferta
de água e paralelamente diminua a demanda da mesma, gerando assim a conservação de água.
No âmbito do consumo de água urbano temos como alternativa para aumentar a oferta
de água, o aproveitamento da água de chuva, de águas subterrâneas e o reuso de águas cinza.
Para um melhor controle da demanda residencial por água temos a utilização de dispositivos
economizadores como descarga de acionamento duplo, arejadores, restritores de vazão,
redutores de pressão e o controle de vazamentos nas instalações hidráulicas prediais.
Muitas residências já construídas e em uso são passíveis de um aprimoramento para a
utilização mais racional da água através das medidas já citadas para um aumento da oferta de
água e o controle da demanda. As modificações para um beneficiamento dessas residências
geram impactos físicos e financeiros em sua implantação, portanto são necessárias diretrizes e
prioridades para a aplicação de cada tecnologia nas construções que funcionam
14

convencionalmente. E é baseado em toda essa problemática que se justifica e se desenvolve o


escopo deste trabalho.

1.1- Objetivos

1.1.1- Objetivo Geral

Identificar tecnologias sustentáveis que possam ser aplicadas em habitações


unifamiliares, já construídas e em uso, de modo a aprimora-las ao uso eficiente da água e os
possíveis impactos dessas modificações.

1.1.2- Objetivos Específicos

 Caracterizar as tecnologias sustentáveis capazes de aprimorar as habitações


concebidas convencionalmente a uma gestão eficiente do consumo de água;
 Estimar o potencial de redução de consumo da água potável da rede pública de
abastecimento fornecido por cada tecnologia levantada ou do conjunto delas;
 Analisar a avaliação de certificações sustentáveis em relação as medidas
sugeridas;
 Fornecer um exemplo de aplicação das medidas em uma residência e os
possíveis custos;
 Propor diretrizes de aplicação das tecnologias caracterizadas, baseado no grau
de impacto físico na construção e no custo financeiro.

1.2- Método de pesquisa

O trabalho quanto a sua natureza caracteriza-se como uma pesquisa aplicada, com
abordagem quantitativa para o seu desenvolvimento. Foi feita inicialmente uma revisão de
literatura, ou pesquisa bibliográfica, principalmente em meios eletrônicos, em livros, artigos
15

técnicos, manuais técnicos, e sites na internet para uma contextualização, levantamento de


dados e fundamentação do tema.
Foi feito também um exemplo de aplicação, no qual utilizou-se um modelo de
residência unifamiliar a qual foi submetida a análise para as possibilidades de implementação
das medidas hidro eficientes levantadas e caracterizadas no trabalho, visando o seu
aprimoramento a um consumo eficiente de água.
Dessa forma o método de pesquisa seguiu as seguintes etapas: fundamentação e
contextualização do objeto de pesquisa trazendo informações sobre a situação e distribuição
da água no planeta, o consumo e a distribuição da água nas residências, conceitos e medidas
para a conservação da água no meio urbano e a abordagem de algumas certificações
sustentáveis relacionado ao uso da água nas edificações; descrição e caracterização das
tecnologias sustentáveis levantadas capazes de reabilitar as residências em uso convencional
ao consumo eficiente de água; elaboração de tabelas comparativas trazendo dados que
demonstram o potencial de poupança no consumo de água que as medidas hidro eficientes
fornecem para uma residência; apresentação da avaliação que as certificações sustentáveis
dariam nas residências com as medidas aplicadas; exposição de uma exemplo de aplicação
das medidas hidro eficientes em uma residência modelo, com o levantamento de custos; e por
fim fez-se a designação de uma diretriz indicando os passos para a reabilitação de uma
residência ao uso eficiente da água.
Com todas as informações e dados reunidos e analisados, obteve-se como resultado o
escopo deste trabalho aqui apresentado.
16

2. O RECURSO ÁGUA

A água não é um recurso como qualquer outro, é um produto de extrema importância


para a manutenção da vida no planeta, e devido a sua relevância deve ser tratada com
seriedade pela comunidade mundial. Este capítulo trata da situação da água no mundo e no
Brasil, descrevendo de forma breve a sua importância, a sua distribuição, o seu ciclo no meio
urbano e como é seu consumo no setor residencial.

2.1 - Importância da água

A água é um recurso primordial para a existência da vida na terra. Grande parte dos
seres vivos são compostos majoritariamente por água, o corpo humano, por exemplo, tem
70% de sua massa composta por água, que detém entre as suas funções a de auxílio na
regulação da temperatura, nas reações bioquímicas, transporte de nutrientes, entre outros. Em
uma escala maior, grande parte das atividades humanas demandam o consumo de água,
tornando-a um fator essencial para a evolução social e econômica da sociedade. A Figura 1,
apresenta algumas curiosidades sobre a quantidade de água utilizada para produzir alguns
alimentos.
Figura 1: A água que você não vê.

Fonte: Planeta Sustentável.


17

Segundo Gonçalves (2006) a escassez de água no meio urbano limita a atividade


econômica, retarda o progresso e é um problema já existente em muitas cidades brasileiras,
onde o abastecimento é comprometido tanto por problemas quantitativos quanto qualitativos
da água. Born apud Gonçalves (2006) ressalta que além da escassez física, há também a
escassez por causas econômicas, referente a dificuldades de se pagar pelo acesso a água, e a
escassez política que se refere a políticas públicas inadequadas.
Uma das principais causas pela escassez de água é o crescimento populacional, no
decorrer do século 20 houve uma explosão demográfica. Esse quadro que traz consigo o
aumento no índice de urbanização gera escassez tanto pela demanda quanto pelo aumento da
poluição de mananciais.
Para Silva apud Gonçalves (2006) algumas das principais causas da escassez da água
são:
 Urbanização elevada e desordenada da infraestrutura urbana;
 Diversificação e intensificação das atividades e consequentemente do uso da água;
 Impermeabilização e erosão do solo;
 Ocupação de área de mananciais, com consequente poluição e assoreamento das
margens;
 Conflitos gerados pelas concorrências entre os diversos aproveitamentos de água;
 Preponderância histórica dos interesses do setor hidroelétrico na política dos recursos
hídricos;
 Deficiências do setor de saneamento e a relação entre água e saúde;
 Migrações populacionais motivadas pela escassez de água;
 Conflitos entre países gerados pela falta de água, muitos dos quais assumindo
proporções de guerra.

2.2 - Distribuição hídrica

A superfície do planeta Terra é formada aproximadamente por 70% de água e 30% de


terra, desta quantidade 97,5% são de água salgada e apenas 2,5% são de água doce que é
melhor aproveitável para o consumo humano, porém dessa quantidade de água doce apenas
0,3% estão em lagos e rios, que são de fácil acesso, 68,9% estão nos polos, geleiras e
18

icebergs, 29,9% estão em leitos subterrâneos e 0,9% estão em outras fontes (MMA; MEC;
IDEC, 2005).
A disponibilidade hídrica superficial no Brasil é de 91.300 m³/s e a vazão média
equivale a 180.000 m³/s, cerca de 13% da água doce superficial disponível no mundo, que é
uma quantidade de considerável privilégio em relação a outros países, porém vale destacar
que há uma importante heterogeneidade na distribuição dessa água em nosso território, cerca
de 81% desse recurso encontra-se na Região Hidrográfica Amazônica, onde encontra-se
menor densidade populacional, aproximadamente 5% da população, enquanto nas regiões
hidrográficas banhadas pelo Oceano Atlântico que concentram 45,5% da população do país,
possuem apenas 2,7% dos recursos hídricos do Brasil (ANA, 2015).
Gonçalves (2006) apresenta a Tabela 1 com a classificação da disponibilidade hídrica
e um gráfico, Figura 2, sobre a previsão da disponibilidade hídrica no Brasil, ambas presentes
abaixo:
Tabela 1: Classificação da disponibilidade hídrica.
DISPONIBILIDADE HÍDRICA
CLASSIFICAÇÃO
(m³ per capita/ano)
Maior que 20.000 Muito alta
10.000 – 20.000 Alta
5.000 – 10.000 Média
2.000 – 5.000 Baixa
1.000 – 2.000 Muito Baixa
Menor que 1.000 Catastroficamente baixa
Fonte: UNEP/ONU apud Gonçalves, 2006.

Figura 2: Previsão de disponibilidade hídrica do Brasil.

Fonte: Ghisi apud Gonçalves, 2006.


19

2.3 - Ciclo urbano da água

A água naturalmente está em constante circulação pelo planeta, nos três estados físicos
(liquido, sólido e gasoso), evento conhecido como ciclo hidrológico. Esse fenômeno
simplificadamente ocorre com evaporação das águas superficiais de rios, lagos, oceanos,
plantas e outros. Essas águas em estado de vapor formam nuvens que em condições
adequadas condensam e precipitam-se gerando chuvas, granizo ou neve. Parte dessa água
precipitada infiltra no solo, outra escoa superficialmente em bacias hidrográficas alimentando
cursos de água e outra retorna a atmosfera em vapor. A parte infiltrada abastece lençóis
freáticos e aquíferos que por sua vez nutrem rios ou lagos (MMA; MEC; IDEC, 2005).
Com o aumento populacional e ocupação territorial em aglomerados urbanos o ciclo
natural da água sofre interferências, e dessa interferência antrópica surge o ciclo urbano da
água, que para Oliveira (2008) compreende os sistemas públicos de abastecimento de água, de
esgotamento sanitário e de gerenciamento de águas pluviais. Mais detalhadamente, esse ciclo
urbano se inicia através captação de água bruta de algum manancial superficial ou
subterrâneo, essa água é aduzida até uma Estação de Tratamento de Água (ETA), então a água
tratada vai até um reservatório e a partir daí vai à rede de distribuição para os locais de
consumo, pós consumo a água com resíduos, ou esgoto, é direcionada para uma Estação de
Tratamento de Esgoto (ETE) que despeja o esgoto tratado em algum corpo de água.
Para Gonçalves (2006) a utilização da água é abordada sobre a forma dos usos
múltiplos, ilustrado na Figura 3, dentre os usos antrópicos destacam-se: a ingestão, higiene e
usos domésticos gerais; a irrigação agrícola; uso industrial, em comercio, em serviço e outros
setores; uso urbano em regas de jardins, lavagens de ruas e etc.; manejo urbano de águas
pluviais; produção de energia; pesca; aquicultura e hidroponia; diluição de esgotos; controle
de inundações; regularização de escoamento; navegação; recreação; paisagismo; turismo e
contemplação. Para usos naturais destacam-se: a manutenção de ecossistemas e
biodiversidade; e a regulação climática.
20

Figura 3: Usos múltiplos da água.

Fonte: Gonçalves, 2006.

A Figura 4, presente em Gonçalves (2006), esquematiza a correlação entre os ciclos. O


ciclo menor, de utilização direta das águas, corresponde às formas individualizadas do uso da
água, que não precisam de sistemas físicos urbanos, como as redes públicas de distribuição e
coleta.
Figura 4: Esquema dos ciclos da água.

Fontes: Gonçalves, 2006.


21

2.4 - Consumo de água pela sociedade

Para Tomaz (2001) a água deve ser encarada de forma holística (global), considerando
uso na agricultura, que é onde há maior demanda, na indústria, nas municipalidades e na
evaporação de água nos grandes reservatórios. No mundo em 1900 a retirada de água pela
agricultura era de 513km³/ano, em 2000 foi de 2.605km³/ano e para o ano de 2025 prever-se
3.189km³/ano. A irrigação em 1900 retirou 47,3km³/ano, em 2000 foi 264km³/ano e em 2025
será 329km³/ano. A indústria em 1900 era de 43,7km³/ano, no ano 2000 foi de 776km³/ano e
no ano 2025 será de 1.170km³/ano. A perda de água por evaporação em reservatórios que era
de 0,30km³/ano em 1900, e 208km³/ano em 2000 será de 269km³/ano no ano 2025. A Figura
5, apresenta percentualmente o consumo de água nos setores da indústria, agricultura e
doméstico.
Figura 5: Consumo de água no mundo.

Fonte: IDEC, 2005.

A demanda consuntiva total estimada para o Brasil em 2010 foi de 2.373 m³/s. A
agricultura (irrigação) é a maior parcela (54% do total ou 1.270 m³/s), seguida das vazões
retiradas para fins de abastecimento humano urbano, industrial, animal e humano rural. A
vazão efetivamente consumida foi de 1.161 m³/s (ANA, 2015).
A demanda média para abastecimento urbano foi estimada de 570 m³/s em 2015 e
estima-se que seja de 630 m³/s em 2025. (ANA,2010). A Figura 6, apresenta gráficos que
mostram a participação regional e estadual na demanda média de água para abastecimento
urbano no Brasil.
22

Figura 6: Participação estadual e regional na demanda média urbana nacional.

Fonte: ANA, 2010.

Tomaz apud Oliveira (2008) diz que a circulação da água para consumo na área
urbana pode ser subdividida em três categorias:
Consumo residencial: relativo a residências unifamiliares e edifícios multifamiliares;
Consumo comercial: relativo a restaurantes, hospitais, serviços de saúde, hotéis,
lavanderias, autopostos, lava-rápidos, clubes esportivos, bares, lanchonetes e lojas;
Consumo público: relativo aos edifícios públicos, escolas, parque infantil, prédios de
unidade de saúde pública, cadeia pública e todos os edifícios municipais, estaduais e federais
existentes.
O consumo de água urbana também pode ser classificado em residencial, não
residencial (comercio, pequenas indústrias e público) e grandes consumidores (SILVA apud
GONÇALVES, 2006).
23

2.4.1- Consumo residencial de água

Segundo a ONU, Organização das Nações Unidas, a quantidade suficiente de água


para atender as necessidades básicas de uma pessoa é de 110 litros/dia. Na Agenda 21 ficou
proposta a meta de fornecimento mínimo diário per capita de 40 litros para 2005 (ONU,
1992). O Banco Mundial e a Organização Mundial da Saúde propuseram suprimento mínimo
entre 20 e 40 l/hab.dia. Gleick (1999) sugere um mínimo de 50 l/hab.dia, considerando 5 litros
de consumo de agua potável, 20 litros de serviços sanitários, 15 litros para o banho e 10 litros
para preparo de alimentos (GONÇALVES, 2006).
No Brasil a média de consumo diário de água per capita foi de 162 l/hab.dia em 2014,
a região sudeste obteve o maior índice 187,9 l/hab.dia e a região nordeste o menor, 118,9
l/hab.dia (SNIS, 2014).
O consumo de água por habitante varia muito de acordo com a localidade, e existem
muitos fatores que influenciam nessa discrepância, como: as condições climáticas; os hábitos
higiênicos e a cultura do lugar; o sistema de micromedição do abastecimento de água; a tarifa
cobrada; as condições socioeconômicas; as instalações e equipamento hidráulicos e sanitários;
as condições de fornecimento disponíveis dos mananciais.
Von Sperling (1995) apud Magalhães, Moreno e Galvão Júnior (2000) definiu valores
típicos de consumo per capita de água de acordo com o porte da comunidade e sua população,
presente na Tabela 2. Foi montado também, no Quadro 1, diversos fatores que influenciam no
consumo de água de uma comunidade.
Tabela 2: Consumo per capita de água.

FAIXA DA POPULAÇÃO CONSUMO PER CAPITA


PORTE DA COMUNIDADE
(habitantes) (l/hab.dia)

Povoado Rural <5.000 90 – 140


Vila 5.000 – 10.000 100 – 160
Pequena Localidade 10.000 – 50.000 110 - 180
Cidade Média 50.000 – 250.000 120 – 220
Cidade Grande >250.000 150 – 300
Fonte: Magalhães, Moreno e Galvão Júnior, 2000.
24

Quadro 1: Fatores de Influência no consumo de água.


FATOR DE INFLUÊNCIA COMENTÁRIO
Clima Climas mais quentes e secos induzem a um maior consumo

Porte da Comunidade Cidades maiores geralmente apresentam mais consumo per


capita
Condições econômicas da Um melhor nível econômico associa-se a um maior consumo
comunidade

Grau de industrialização Localidades industrializadas apresentam maior consumo

Medição do consumo residencial A presença de medição inibe um maior consumo

Custo da água Um custo mais elevado reduz o consumo

Pressão da água Elevada pressão induz a maiores gastos

Perdas no sistema Perdas implicam na necessidade de uma maior produção de água


Fonte: Adaptado de Von Sperling apud Magalhães, Moreno e Galvão Júnior, 2000.

2.4.2- Distribuição do consumo residencial de água

É de extrema importância o conhecimento sobre o consumo específico de água em


cada ponto de utilização em uma residência, para a partir dessas informações criar as
prioridades de ação para se economizar água.
Segundo Terpstra apud Gonçalves (2006) o consumo de água dentro de uma
residência é dividido em 4 categorias:
 Higiene pessoal,
 Descarga de banheiros,
 Consumo,
 Limpeza.
Baseado nessa classificação, a água usada para o consumo humano pode ter dois fins
distintos:
 Usos potáveis - higiene pessoal, para beber e na preparação de alimentos, que exigem
água de acordo com os padrões de potabilidade estabelecidos pela legislação.
 Usos não potáveis - lavagem de roupas, carros, calçadas, irrigação de jardins,
descarga de vasos sanitários, piscinas, etc.
Cohim (2008) definiu uma hierarquia da qualidade microbiológica para os usos
domésticos da água. Para ele apenas beber água, cerca de apenas 1% do consumo residencial,
exige a potabilidade oferecida na água distribuída, onde o grau de qualidade exigido para o
25

mesmo é cerca de 400 vezes maior que o requerido para o banho e escovação de dentes, 5000
vezes maior que requerido para rega e 40.000 vezes maior que o requerido para lavagem de
roupa e descarga de vasos sanitários, demonstrando assim o desperdício de se tratar toda a
água distribuída ao nível de potabilidade. Dessa forma, a água do sistema público, da mais
alta qualidade, deveria ser prioritariamente destinada ao consumo direto (bebida), enquanto os
outros usos poderiam ser supridos por fontes de menor qualidade, disponíveis localmente,
como por exemplo a água do telhado (chuva), água do subsolo e água cinzas, tendo como
premissa o mínimo tratamento.
Mais especificamente, a distribuição do consumo de água nas residências pode ser
representada de acordo com as seguintes utilizações:
 Beber;
 Chuveiro;
 Bacia Sanitária;
 Pia de Cozinha;
 Lavadora de Roupas;
 Lavatório;
 Tanque;
 Pia Externa.
A seguir as Tabelas 3, 4 e 5, que são resultados de pesquisas distintas, apresentam
percentualmente a distribuição média do consumo de água em uma residência.

Tabela 3: Distribuição do consumo de água em residências de Simões Filho – BA.


USO PERCENTUAL
Chuveiro 21%
Bacia sanitária 23%
Pia de cozinha 29%
Lavanderia 17%
Lavatório 10%

Fonte: Adaptado de Cohim et al, 2009.


26

Tabela 4: Distribuição do consumo de água em residências de São Paulo – SP.


USO PERCENTUAL
Chuveiro 28%
Bacia sanitária 29%
Pia de cozinha 17%
Lavadora de roupas 9%
Lavatório 6%
Tanque 6%
Lavadora de louças 5%

Fonte: Adaptado de USP apud Gonçalves 2006.

Tabela 5: Distribuição do consumo de água em residências no Brasil.


USO PERCENTUAL
Chuveiro 37%
Bacia sanitária 22%
Pia de cozinha 18%
Lavadora de roupas 9%
Lavatório 7%
Tanque 4%
Pia externa 3%

Fonte: Adaptado de Hafner apud Machado e Santos, 2007.


27

3. SUSTENTABILIDADE E CONSERVAÇÃO DE ÁGUA

A sustentabilidade é um conceito sistêmico, que visa a manutenção ou continuação de


características do planeta como um todo para que possibilite a Terra a suportar vida humana,
garantindo uma integração regular entre os aspectos econômicos, sociais, culturais e
ambientais.
No Relatório Brundtland, “Nosso Futuro Comum”, publicado em 1987, elaborado pela
Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, em nome da ONU,
conceituou-se como sustentável “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes,
sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”.
Neste capitulo será abordado a sustentabilidade em relação ao consumo de água pelo
homem, conceituando e apresentando medidas de conservação de água, e apresentará algumas
certificações de construções sustentáveis aplicáveis no Brasil.

3.1 - Conceitos e medidas para conservação de água nas áreas urbanas

Segundo Tomaz (2001) a primeira iniciativa de preocupação da conservação e ou


economia de água no Brasil, partiu do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo, IPT,
documentada nos “Anais do Simpósio Internacional sobre Economia de Agua no
Abastecimento Público” realizado na Escola Politécnica em São Paulo entre os dias 28 e 30
de outubro de 1986.
Tomaz (2001) diz que a economia de água é um conjunto de atividades com objetivo
de: reduzir a demanda da água; melhorar o uso da água e reduzir as perdas; implantar práticas
agrícolas para economizar água. E com isso garantir benefícios como: a economia de energia
elétrica; a redução de esgotos sanitários; e a proteção do meio ambiente nos reservatórios de
água e nos mananciais subterrâneos.
A economia de água refere-se à redução do uso consumptivo, que é aquela água que
após o uso não é devolvida a bacia de origem, enquanto a conservação de água refere-se à
redução da demanda, independentemente de ser uso consumptivo ou não (MONTENEGRO;
SILVA, 1986 apud TOMAZ, 2001, p. 09). Tomaz (2001) considera os termos “economia de
água” e “conservação de água” como sinônimos.
28

Para Oliveira (2008) “A conservação de água pode ser definida como um conjunto de
práticas, técnicas e tecnologias que propiciam a melhoria da eficiência do seu uso, incidindo
de maneira sistêmica sobre a demanda e a oferta de água”.
A conservação de água tem como objetivo otimizar o consumo de água com a
consequente redução dos volumes de efluentes gerados, a partir da racionalização do uso
(gestão da demanda), e a utilização de diferentes níveis de qualidade de água para atender as
necessidades existentes (gestão da oferta), resguardando a saúde pública e os demais usos
envolvidos, gerenciados por um sistema de gestão da água adequado (ANA, 2005).
Baumann et al (1984) apud Montenegro e Silva (1987) define conservação de água
como “qualquer redução de uso ou de perda de água que implique benefícios líquidos
positivos”. Ele trata benefícios líquidos positivos como sendo quando o programa ou a ação
conservacionista de algo gere ganhos superiores aos custos e benefícios negativos de sua
aplicação. Dessa forma a conservação de água não deve ser tratada de forma unilateral, pois
se a conservação de um recurso leva a dilapidação de outro, então não se trata de uma ação
conservacionista verdadeira. Essa observação remete a visão holística sobre a aplicação de
qualquer ação sustentável.
É importante se atentar para os conceitos de gestão de oferta e de demanda, pois eles
tiveram papel importante nas políticas públicas de serviço de saneamento, nas décadas de 70 e
80. A gestão da oferta foi praticada por muito tempo pelas prestadoras de serviço de
abastecimento de água, pois a princípio havia água disponível suficiente, porém em certo
momento a situação de disponibilidade hídrica começou a se alterar, os mananciais se
tornaram impróprios, devido a poluição, e outros mais adequados se encontravam mais
distantes, assim o investimento para aumento da oferta tornou-se muito mais caro. E foi diante
dessas adversidades que ficaram mais aparentes as possibilidade e vantagens da gestão da
demanda. Essa ótica explora a possibilidade de redução da demanda por água, referindo-se a
tecnologias adequadas a redução do consumo, das perdas, e ao uso mais eficiente das águas,
às mudanças de comportamento dos usuários e dos prestadores de serviço, bem como à
aplicação de tarifas que provocam redução do consumo. (GONÇALVES, 2006)
Para Tomaz (2001) há medidas convencionais e não convencionais para a economia da
água. Para ele as medidas convencionais são: educação pública, leis sobre aparelhos
sanitários, redução de pressão nas redes públicas, conserto de vazamentos, conserto de
vazamento nas casas, mudança de tarifas, reciclagem e reuso. Ele apresenta um gráfico com a
29

percentagem da economia de água conforme a medida convencional adotada (Figura 7). Para
as medidas não convencionais de conservação de água ele apresenta: o reuso de águas cinza
(grey water), bacias sanitárias para compostagem, aproveitamento de águas de chuva,
dessalinização de água do mar ou salobra e aproveitamento de água de drenagem do subsolo
de prédios e apartamentos.

Figura 7: Gráfico das porcentagens de economia de água conforme a medida convencional


adotada.

Fonte: Tomaz, 2001.

Os conceitos de gestão da oferta e da demanda da água, levou Gonçalves (2003) a


formular uma terminologia associada a esses conceitos e que se mostra útil na denominação
de ações conservacionistas em geral (GONÇALVES, 2006). Assim, segundo o autor define-
se:

 Uso racional de água – objetiva o controle da demanda, através da redução do


consumo, preservando a quantidade e a qualidade da água para as diferentes atividades
consumidoras.
30

 Conservação de água – prevê o controle da demanda juntamente com a ampliação da


oferta, através do uso de fontes alternativas de água, tais como o aproveitamento da água de
chuva e o reuso de águas cinza.
Quanto a classificação das ações conservacionistas e de uso racional da água, temos a
classificação proposta por Oliveira e Gonçalves (1999), e a do Programa Nacional de
Combate ao Desperdício de Água (PNCDA), presente no Quadro 2, (GONÇALVES, 2006).

Classificação de Oliveira e Gonçalves (1999):

 Econômicas – Consistem na aplicação de incentivos ou de desincentivos econômicos.


Os incentivos podem, por exemplo, se constituir em diferentes formas de subsídio à aquisição
e implantação de sistemas e de dispositivos economizadores de água. Os desincentivos podem
ser constituídos, por exemplo, por tarifas mais elevadas para os maiores consumos.
 Sociais – Têm como foco principal a conscientização dos usuários, através de
campanhas educativas que buscam a adequação de procedimentos e modificações nos padrões
de comportamento individual acerca do uso da água.
 Tecnológicas – São ações que interferem na infraestrutura, como, por exemplo, a
substituição de sistemas e dispositivos convencionais por outros economizadores de água.
Outros exemplos são a implantação de sistemas de medição setorizada do consumo de água, a
detecção e a correção de vazamentos e o uso de fontes alternativas de água.
31

Quadro 2: Classificação das medidas de conservação de água.


GRUPO TIPO DESCRIÇÃO
Estrutural Modificam as características tecnológicas dos sistemas
mediante obras e/ou equipamentos com horizonte de
eficácia correspondente à vida útil remanescente

Função
Atuam sobre as condições do trabalho do sistema,
sem alterar significativamente suas especificações
Não estrutural anteriores e são, de maneira geral, reversíveis ou
temporárias.
Medidas passíveis de controle unilateral por parte dos
agentes que a promovem, sejam elas estruturais ou
Ativa
não. Por exemplo uma ação de manejo operacional no
sistema adutor.
Caráter Sua observância ou não independe do agente que a
promove. É o caso das campanhas de educação, das
Passiva estruturas tarifárias crescentes e outras cujo sucesso
vincula-se a uma expectativa de resposta da parte de
outros agentes – os usuários – que não os promotores.
Refere-se à disponibilidade de água bruta e, conforme
Gestão da Oferta o caso em mananciais, ou a oferta de água tratada no
sistema de abastecimento.
Grupo de Interesse Refere-se à demanda residencial estratificada em
Gestão da faixas ou à demanda não residencial, considerados
Demanda separadamente os consumidores comerciais,
institucionais e industriais, também estratificados.
Têm objetivo ambiental de médio a longo prazo, cujos
benefícios não são imediatamente realizáveis porcada
Bacia hidrográfica
usuário ou mesmo por cada sistema urbano
abrangido.
Motivadoras internas dos prestadores de serviços, em
função dos benefícios imediatos e tangíveis de sua
Sistema de aplicação. As reduções de perdas físicas e não físicas
Inserção no Ciclo
abastecimento nos sistemas de produção e distribuição atendem ao
da Água
duplo objetivo de melhoria de eficiência do uso da
(Local de incidência
água e da rentabilidade do serviço.
da ação)
Dependem de uma convergência mais complexa de
objetivos e motivações. O apelo à economia na conta
de água é bastante limitado ante a baixa elasticidade
Sistemas prediais da demanda da água em relação a várias condições
sociais e culturais e em face do relativamente baixo
valor da conta de água no conjunto das despesas
domésticas correntes.
Fonte: Marcka apud Gonçalves, 2006.

Ainda considerando a abrangência das ações, Oliveira (1999) classifica nas seguintes
escalas:
 Nível macro – Ações na escala de países e dos organismos internacionais, portando
sobre os sistemas hidrográficos, tais como: aprimoramento do arcabouço político,
32

institucional, jurídico e legal. Em se tratando do abastecimento urbano, essas ações são


orientadas por estudos de previsão da disponibilidade hídrica, incluindo desde medidas
abrangentes de gestão da demanda até a proteção dos mananciais.
Nível meso – Refere-se às ações na escala dos sistemas urbanos de água, que contemplam,
por exemplo, o controle de perdas nos sistemas de distribuição. Têm como foco principal a
redução de perdas físicas e não físicas, sendo realizadas no âmbito de programas regionais
que apoiam diretamente a prestação do serviço. No Brasil, nesse nível podem ser citados os
programas: Programa de Ação Social em Saneamento (PASS), Programa de Modernização do
Setor de Saneamento (PMSS) e Pró - Saneamento.
 Nível micro – Composto por ações que se concentram nos sistemas prediais, voltadas
para o aumento da eficiência no uso da água. Tais ações visam à melhoria do conjunto das
instalações de água e esgoto, diretamente implicadas no consumo predial. Envolvem
fabricantes de peças e dispositivos economizadores, desenvolvimento de normalização técnica
específica e programas de qualidade industrial. As medidas passivas de gestão da demanda
(educação e uso de tarifas para inibição do consumo) são contempladas nesse nível.
A pratica conservacionista se desenvolveu majoritariamente sobre o consumo de água
potável. Porém, é evidente que no uso residência a água potável só é exigível para a ingestão,
cozimento de alimentos e procedimentos higiênicos específicos. Dessa forma, manter as ações
conservacionista apenas sobre o consumo de água potável é limitante e um equívoco. O
consumo de águas de qualidades diversas em usos que não exigem potabilidade deve ser
incorporado ao projeto conservacionista. Com essa aplicação o volume de água bruta captada
de mananciais para potabilização é diminuída, e esse volume poupado pode ser
disponibilizado para atender demandas que não eram atingidas. Portanto, independente da
água ser potável ou não, é importante emprega-la de maneira mais adequada e eficiente
possível (GONÇALVES, 2009). A Figura 8, esquematiza como deve ser o uso da água de
acordo com a quantidade e qualidade exigidas pelo usuário.
33

Figura 8: Esquema genérico do uso de águas considerando fonte, destino, quantidades e


qualidades.

Fonte: Gonçalves, 2009.

Gonçalves (2006) fala que o documento de apresentação do Programa Nacional de


Combate ao Desperdício de Água (PNCDA) é o Documento Técnico de Apoio (DTA) A1,
Silva (1999), classifica as ações conservacionistas segundo sua natureza e progressividade. A
progressividade diz respeito à complexidade dos contextos objeto das ações a serem
encetadas, considerado o estágio de progresso já alcançado pelo sistema de abastecimento.
Gonçalves (2009) cita com particular destaque a progressividade das ações
conservacionistas. Com relação a ela, Silva et al. (1999) chamam atenção de que as ações de
maior complexidade devem ser aplicadas apenas quando as ações mais simples já tiverem
sido implantadas e com seus devidos resultados benéficos verificados e mensurados. Entre
outras razões, a progressividade se mostrou importante devido ao impacto nos custos
marginais gerados na passagem de ações mais simples para as de maior complexidade. Foram
elaboradas cinco categorias estratégicas para a conservação de água em edificações e são elas:
1. Uso eficiente das águas;
2. Aproveitamento de fontes alternativas;
3. Desenvolvimento e adequação tecnológica;
4. Gestão das águas nas edificações; e
5. Desenvolvimento do comportamento conservacionista.
1. O uso eficiente das águas corresponde ao consumo da menor quantidade de água para
determinado uso ou conjunto de usos, levando em consideração a qualidade das águas
requerida para o uso em questão. É uma ação que pode ser aplicada com função estrutural
ou não estrutural, de caráter passivo ou ativo e de progressividade em diversos graus de
complexidade. Essa categoria estratégica trata de dois campos de caracterização da água,
a quantidade e a qualidade exigida por cada uso. No campo da quantidade pode-se
praticar o uso eficiente da água desde “volume zero”, até o volume estritamente
34

necessário, respeitando atributos técnicos, segurança sanitária e ambiental e aspectos


culturais. No campo da qualidade, o uso em questão é quem determina qual a
características necessárias da água a ser consumida. Algumas medidas para o uso
eficiente das águas em edifícios são: a utilização de aparelhos sanitários economizadores;
e a aplicação de metodologias, parâmetros e procedimentos de projeto adequados ao
funcionamento de sistemas prediais de uso eficiente da água.
2. O aproveitamento de fontes alternativas corresponde a ofertar água de outras origens que
não seja do sistema público ou privado de fornecimento de água potável. Estas
alternativas podem ser o esgoto doméstico, as águas cinza, águas de precipitação pluvial e
de eventuais fontes naturais locais. As aplicações em grande parte desse aproveitamento
vêm sendo destinadas a usos não-potáveis.
3. O desenvolvimento e adequação tecnológica corresponde basicamente a inovação,
visando à conservação de água e energia, e é expressada através de programas de
pesquisa e desenvolvimento voltadas a este fim. Com isso abre margem para invenção de
produtos, sistemas compatíveis, procedimentos e outras formas que atendam o princípio
de conservação. Alguns exemplos dessa categoria que podem ser citados são: os sistemas
compactos de tratamento de águas cinza e negras; e o estabelecimento de parâmetros e
procedimentos visando subsidiar nova norma brasileira de instalações prediais de água
fria.
4. A gestão das águas nas edificações corresponde a atuação sistemática e continua sobre as
instalações prediais, visando manter sua integridade e bom funcionamento. Operando em
instalações novas ou antigas, o gerenciamento é a única garantia de que o combate as
perdas, desperdícios, ao mau funcionamento e a adoção de tecnologias conservacionistas
tenham o efeito esperado. Alguns exemplos de gerenciamento de sistemas prediais de
distribuição de água são: a verificação periódica de vazamentos em tubulações, aparelhos
sanitários e reservatórios; e os testes durante a implementação de sistemas prediais.
5. Por fim o desenvolvimento do comportamento conservacionista, que compreende o
conjunto de abordagens que podem servir de força motriz para a efetivação da
conservação de água e energia. Porém é um conjunto complexo, que envolve questões
culturais definidoras de comportamentos que encerram hábitos pessoais e coletivos,
exigindo abordagem apropriada.
35

3.2 - Certificações de construções sustentáveis

Existem no mundo dezenas de certificações que visam classificar o desempenho


ambiental das edificações. Cada uma possui especificidades e diretrizes próprias para
classificação, mas a maioria tem em comum a abordagem em relação a conservação da água,
que é o interesse deste trabalho. A seguir estão apresentados alguns sistemas de certificações
sustentáveis que podem ser aplicados no Brasil: LEED, BREEAM, AQUA e o Casa Azul, que
foram selecionados de acordo com a sua maior absorção e reconhecimento no mercado e
cenário nacional e internacional.

3.2.1 - LEED

O LEED, Leadership in Energy and Environmental Design, é um sistema internacional


de certificação e orientação ambiental para edificações que atesta o seu desempenho antes,
durante e depois de sua construção. Foi criado pelo USGBC (U.S. Green Building Council),
Conselho de Construção Sustentável dos Estados Unidos, e é representado oficialmente no
Brasil pelo GBCBrasil (Green Building Council Brasil), Conselho de Construção Sustentável
do Brasil, desde 2007 (Planeta Sustentável, 2012).
No Brasil a certificação é subdividida, de acordo com o tipo do empreendimento, em 8
selos diferentes, que são:
LEED NC: para novas construções ou grandes projetos de renovação;
LEED ND: para projetos de desenvolvimento de bairro;
LEED CS: para projetos na envoltória e estrutura principal do edifício;
LEED Retail NC e CI: para lojas de varejo;
LEED Healthcare: para unidades de saúde;
LEED EB-OM: para projetos de manutenção de edifícios já existentes;
LEED Schools: para escolas e
LEED CI: para projetos de interior ou edifícios comerciais.
Nas edificações a certificação avalia 7 dimensões. Todas elas possuem práticas
obrigatórias, recomendações que quando atendidas garantem pontos a edificação, pontos estes
que garantem nível de certificação, 40 pontos nível LEED, 50 pontos nível LEED Silver, 60
36

pontos nível LEED Gold e 80 pontos até 110 pontos nível LEED Platinum. As dimensões
avaliadas são:
 Espaço Sustentável;
 Eficiência do Uso de Água;
 Energia e Atmosfera;
 Materiais e Recursos;
 Qualidade Ambiental Interna;
 Inovação e Processos;
 Créditos de Prioridade Regional.
A dimensão que trata da eficiência do uso de água promove inovações para o uso
racional da água, com foco na redução do consumo de água potável e alternativas de
tratamento e reuso do recurso (GBCBrasil, 2014). Esta categoria tem o pré-requisito mínimo
de redução do consumo de água potável em 20%, além de mais quatro créditos no qual é
possível atingir 10 pontos nas tipologias NC, New Construction, e CS, Core and Shell, e 11
pontos na tipologia Schools, além de 1 ponto extra para performance exemplar
(MURAKAMI, 2012). Na Tabela 6 estão dispostos os créditos da categoria de uso eficiente
de água e abaixo está a descrição de cada uma, baseado em Murakami (2012).

Tabela 6: Créditos LEED, uso eficiente da água.

Fonte: USGBC apud Murakami, 2012.

WE Credit 1 – Water Efficient Landscaping


Requisitos
Opção 1: a redução de 50% do uso de água potável em irrigação ganha 2 pontos.
37

Opção 2: a não utilização de água potável em irrigação ganha 4 pontos.


a) pode-se utilizar água de reuso;
b) e/ou um projeto de paisagismo sem irrigação permanente (USGBC apud
MURAKAMI, 2012).
WE Credit 2 – Innovative Wastewater Technologies
Requisitos
Opção 1: a redução de 50% no uso de água potável em sanitários ganha 2 pontos.
Opção 2: o tratamento de 50% do esgoto do edifício ganha 2 pontos.
Para ganhar performance exemplar e preciso um tratamento de 100% do esgoto no
edifício (USGBC apud MURAKAMI, 2012).
WE Credit 3 – Water Use Reduction
Requisitos
Diminuir o uso de água potável a partir de uma referência (uso padrão médio de água
no edifício). A redução de 20% é obrigatória, se reduzir 30% ganha 2 pontos, 35% são
3 pontos, 40% são 4 pontos e se reduzir o consumo de água potável em 45% detém
performance exemplar (USGBC apud MURAKAMI, 2012).
WE Credit 4 – Process Water Use Reduction
Requisitos
Os sistemas de ar-condicionado não devem utilizar água potável em seu sistema de
resfriamento.
Não se deve utilizar trituradores de lixo.
E utilizar no mínimo quatro processos que reduzam consumo de água como: máquinas
de lavar roupa, máquinas de lavar louça, máquinas de gelo, etc.
Para obter a performance exemplar deve-se reduzir 40% da água processada no
edifício (USGBC apud MURAKAMI, 2012).
Além da categoria específica, a água também é tratada em outras duas categorias:
Sustainable Sites :
SS 5.1. Site Development: “no que se refere à água utilizada para irrigação, que pode
ser reduzida com a utilização de água de chuva e projetos paisagísticos com plantas nativas
que necessitam de menos irrigação” (USGBC apud MURAKAMI, 2012).
38

SS 6.1. Stormwater Design – Quantity Control: “limitar a interferência na hidrologia


natural por meio da redução da cobertura impermeável, aumentando a infiltração local,
reduzindo ou eliminando a poluição das águas pluviais” (USGBC apud MURAKAMI, 2012).
SS 6.2. Stormwater Design – Quality Control: “limitar a interferência e poluição de
cursos d’água naturais por meio da gestão do escoamento das águas pluviais” (USGBC apud
MURAKAMI, 2012).
Energy and Atmosphere:
“O uso da água quente, especialmente a doméstica, exige uma quantidade significativa
de energia. A redução desse consumo e a utilização eficiente dessa água pode gerar economia
de energia” (USGBC apud MURAKAMI, 2012).

3.2.2 – BREEAM

O BREEAM, Building Research Establishment Environmental Assessment Method


(Método de Avaliação Ambiental do Estabelecimento de Pesquisa do Edifício), é um sistema
de certificação ambiental britânico, lançado em 1992. Essa certificação chega ao Brasil sob o
esquema de certificação internacional BESPOKE, um sistema personalizado e adaptado que
incorpora as normas e regulamentos locais. O BESPOKE foi desenvolvido para projetos
internacionais e cobre diversos programas: residenciais, comerciais, escritórios, industriais,
entre outros (INOVATECH).
De acordo com site Inovatech, o referencial de avaliação do BREEAM international
Bespoke é dividido em 9 categorias:
 Gerenciamento;
 Energia;
 Água;
 Transporte;
 Materiais;
 Poluição;
 Saúde e bem-estar;
 Uso da terra e ecologia;
 Resíduos.
39

Ainda segundo o site Inovatech, cada categoria possui diversos critérios, denominados
créditos. A aplicação dos créditos a cada tipologia de empreendimento é avaliada pelo BRE,
Building Research Establishment, a partir da análise do seu projeto, já que nem todos os
critérios podem ser aplicados a qualquer tipo de edificação. A versão voltada para a tipologia
residencial é a BRE EcoHomes, tanto para edifícios novos quanto existentes.
A avaliação dos projetos é baseada em pontos, sem exigência de pré-requisitos. São
100 pontos distribuídos nas 9 categorias, com créditos que variam de peso. A pontuação
mínima para receber a certificação “Aprovado” é de 30 pontos, a partir daí pode-se obter as
classificações: bom, muito bom, excelente e excepcional, apresentadas na Tabela 7
(INOVATECH).
Tabela 7: Classificação BREEAM.

Fonte: Inovatech.

No guia de orientação BREEAM Ecohomes (2006), há uma lista de verificação, da


qual um número mínimo de itens deve ser atendido pelos projetistas. Após a verificação é
feita a contagem de créditos, que são ponderados de acordo critérios do BRE por avaliadores
credenciados, relativos a localidade do empreendimento, e transformados na pontuação que
classifica o desempenho do edifício. Na categoria que trata do uso da água os créditos podem
chegar a 6, sendo 5 no uso interno de água potável e 1 no uso externo, lembrando que o peso
da categoria na avaliação global é ponderado. Esses créditos são adquiridos se atingidos os
objetivos a seguir (BREEAM: ECOHOMES, 2006):

Para consumo interno de água potável:


 Consumo previsto menor que 52m³ por pessoa por ano = 1 créditos;
 Consumo previsto menor que 47m³ por pessoa por ano = 2 créditos;
 Consumo previsto menor que 42m³ por pessoa por ano = 3 créditos;
40

 Consumo previsto menor que 37m³ por pessoa por ano = 4 créditos;
 Consumo previsto menor que 32m³ por pessoa por ano = 5 créditos.

Para consumo externo de água potável:


 Especificar um sistema que irá recolher a água da chuva para uso externo em irrigação,
por exemplo = 1 crédito.

3.2.3 – AQUA

O AQUA, Alta Qualidade Ambiental, é uma certificação ambiental


desenvolvida pela Fundação Vanzolini em parceria com o Cerway, órgão francês responsável
pelo processo de certificação HQE, Haute Qualité Environnementale. A versão brasileira é
dividida em 14 categorias, agrupadas em 4 temas, demonstradas no Quadro 3 (CERWAY e
VANZOLINI, 2014).

Quadro 3: Temas e categorias AQUA.

Fonte: Fundação Vanzolini e CERWAY, 2014.

Para cada critério técnico dentro das categorias, são definidos quatro níveis de
desempenho (CERWAY e VANZOLINI, 2014):
 MP: Melhores Práticas;
 BP: Boas Práticas;
 B: Base (nível de entrada da certificação AQUA);
 NC: Não-conforme, quando o nível B não for atingido.
41

Cada tema é avaliado em uma escala de 0 a 4 estrelas, em função do escore obtido em


cada categoria, de acordo com a Tabela 8.

Tabela 8: Classificação de temas AQUA.

Fonte: Fundação Vanzolini e CERWAY, 2014.

Por fim, apresentado no Quadro 4, a classificação do nível global que depende do


resultado acumulado nos temas e categorias.

Quadro 4: Nível Global AQUA.

Fonte: Fundação Vanzolini e CERWAY, 2014.

Dentre as 14 categorias, duas tratam da água. São elas:


 Categoria 5: Gestão da água
5.1. Medição do consumo de água
42

Para adquirir os níveis de desempenho é obrigatório a instalação de medidores


individuais (hidrômetros) e opcionalmente pode-se prever painel que indique vários consumos
de água (CERWAY e VANZOLINI, 2014).

5.2. Redução do consumo de água distribuída


Para adquirir os níveis de desempenho deve-se: limitar a pressão dinâmica do
sistema a 300KPa; e/ou instalar componentes economizadores; e/ou prever o consumo anual
de água potável; e/ou garantir economia de água potável nas unidades habitacionais e nas
áreas comuns (CERWAY e VANZOLINI, 2014).
5.3. Necessidade de água quente
Para adquirir os níveis de desempenho a produção de água quente deve
respeitar os dimensionamentos constantes apresentados nas referências da AQUA 3
(CERWAY e VANZOLINI, 2014).
5.4. Gestão das águas servidas
Para adquirir os níveis de desempenho deve-se: tomar medidas de saneamento
para garantir o tratamento das águas servidas, caso não esteja prevista conexão com a rede
coletiva de esgoto; e/ou prever o reuso das águas servidas domésticas, após o saneamento,
para uma utilização apropriada em função do tratamento realizado, de acordo com o disposto
na regulamentação em vigor (CERWAY e VANZOLINI, 2014).
5.5. Gestão das águas pluviais
Para adquirir os níveis de desempenho deve-se: garantir a gestão da retenção da
água de chuva, controlando a vazão de escoamento de modo que favoreça ao máximo o
descarte gradual da água, seja no meio natural ou na rede pública; e/ou garantir a gestão da
infiltração, tomando medidas que favoreçam ao máximo a percolação da água da chuva no
solo a fim de manter o ciclo natural da água; e/ou prever um sistema de coleta das águas de
chuva e fornecer as informações necessárias que certifiquem a manutenção de condições
sanitárias para o seu uso no empreendimento (de acordo com a regulamentação local
aplicável, se existir) (CERWAY e VANZOLINI, 2014).

 Categoria 14: Qualidade sanitária da água.


14.1. Qualidade da água
43

Para adquirir os níveis de desempenho deve-se: prever a lavagem e a desinfecção de


todas as tubulações depois de sua instalação e antes da colocação das peças de utilização a
cargo da empresa responsável pela instalação dos encanamentos; e/ou dispor sistema central
coletivo ou privado de distribuição de água quente respeitando as recomendações da NBR
7198:1993; e/ou quando a água distribuída pela rede é destinada ao consumo humano ter em
cada residência um sistema antirretorno (desconector, sistema de válvula antirretorno, etc.) no
abastecimento de água fria e, se necessário, de água quente, quando houver uma rede coletiva;
e/ou fazer uma análise da água no medidor geral no pavimento térreo do edifício ou da casa e
fazer uma análise da água nas saídas das peças de utilização, após as obras, e em caso de
discrepância tomar as devidas providências; e/ou quando a água distribuída pela rede não é
destinada ao consumo humano implantar um sistema de tratamento de água para torná-la
adequada ao consumo humano; e/ou quando usar sistema de aproveitamento de água pluvial
para fins não potáveis seguir as exigências da NBR 15.527: (CERWAY e VANZOLINI,
2014).
14.2. Reduzir os riscos de legionelose e queimaduras
Para adquirir os níveis de desempenho deve-se: exigir da empresa que atua na obra
que cumpra todas as exigências referentes a prevenção dos riscos relacionados à legionelose e
às queimaduras; e/ou definir e justificar as temperaturas projetadas para cada ponto de
consumo; e/ou prever a redução de temperatura o mais próximo possível do ponto de
consumo; e/ou identificar os pontos de risco de legionelose e implementar disposições
satisfatórias para sua prevenção; e/ou garantir controle de temperatura nos pontos de risco;
e/ou garantir temperatura em torno de 55ºC em todos os pontos das redes fechadas; e/ou
Manter um sistema de feedback até o ponto de entrada da água quente fornecida para as
edificações coletivas em caso de produção coletiva de água quente (CERWAY e
VANZOLINI, 2014).
Lembrando que cada item citado dentro das categorias atendido gera um nível de
desempenho que somados geram a avaliação de desempenho da categoria. O “ANEXO A”
traz o nível de desempenho alcançado nos itens das categorias 5 e 14 do HQE – AQUA
(CERWAY e VANZOLINI, 2014).
44

3.2.4 - Casa Azul

Casa azul é um sistema de certificação brasileiro desenvolvido pela Caixa Econômica


Federal, lançado em 2010. Esta certificação tem como objetivo reconhecer e incentivar
projetos que demonstrem contribuições à redução dos impactos ambientais (CAIXA, 2010).
Os critérios de avaliação são 53 e divididos em 6 categorias que possuem itens
obrigatórios e livres. As categorias são (CAIXA, 2010):
1. Qualidade urbana (5 critérios de avaliação);
2. Projeto e conforto (11 critérios de avaliação);
3. Eficiência energética (8 critérios de avaliação);
4. Conservação de recursos e materiais (10 critérios de avaliação);
5. Gestão da água (8 critérios de avaliação);
6. Práticas sociais (11 critérios de avaliação).

Os níveis de gradação do Selo Caixa Azul são:


 Bronze (todos critérios obrigatórios atendidos);
 Prata (todos critérios obrigatórios atendidos e mais 6 de livre escolha);
 Ouro (todos critérios obrigatórios atendidos e mais 12 de livre escolha).
A categoria 5 trata da Gestão da água e possui 3 itens obrigatórios e 5 de livre escolha,
como consta no Quadro 5 (CAIXA, 2010).
Quadro 5: Critérios de avaliação da gestão de água - Casa Azul.

Fonte: Caixa, 2010.


45

3.2.5 – Síntese e comparativo das certificações


Os quatro sistemas de certificação escolhidos têm abordagem convergente em relação
as várias dimensões no trato da sustentabilidade das edificações, apesar de cada um adotar
diretrizes próprias e pesos diferentes para cada dimensão avaliada. As certificações AQUA e
Casa Azul foram desenvolvidos para aplicação no contexto brasileiro, enquanto o LEED foi
desenvolvido nos Estados Unidos e tem aplicação internacional, com adaptações para o Brasil
representados pela GBCBrasil, e o BREEAM é um sistema britânico também com aplicação
internacional, adaptado para a realidade brasileira pela BESPOKE.
Os Quadros 6 e 7, sintetizam e comparam respectivamente as características de cada
certificação (sistema de classificação, temas e categorias abordados para avaliação e
complexidade de aplicação) e o modelo de abordagem e avaliação da gestão da água nas
edificações.
Quadro 6: Síntese comparativa das características das certificações.

LEED BREEAM AQUA Casa Azul


LEED Aprovado Passa Bronze
LEED Silver Bom Bom Prata
Sistema de
LEED Gold LEED Muito bom Muito bom Ouro
Classificação
Platinum Excelente Excelente
Excepcional Excepcional
-Espaço sustentável -Gerenciamento -Meio Ambiente -Qualidade Urbana
-Eficiência do uso de -Energia -Energia e -Projeto e conforto
água -Água economias -Eficiência energética
-Energia e atmosfera -Transporte -Conforto -Conservação de
Temas e
-Materiais e recursos -Materiais -Saúde e recursos naturais
categorias
-Qualidade ambiental -Poluição Segurança -Gestão de água
abordados
interna -Saúde e bem-estar -Práticas sociais
para avaliação
-Inovação e processos -Uso da terra e
-Créditos de ecologia
prioridade regional -Resíduos

Aplicação simples, Aplicação complexa, Aplicação na forma Aplicação simples,


basta seguir uma lista segue metodologia de questionário basta seguir uma lista
Complexidade de verificação, baseada em pesquisas aplicado por equipe de verificação,
de aplicação seguindo as condutas cientificas e possui construtora seguindo as condutas
beneficiadas pelo selo alto nível de beneficiadas pelo selo
exigência
Fonte: Próprio autor.
46

Quadro 7: Abordagem das certificações para avaliação da gestão de água nas edificações.

Certificação Abordagem da gestão de água


LEED Redução obrigatória a partir de 20% do consumo de água potável
Paisagismo com uso eficiente da água
Tecnologias inovadoras para reutilização de água
Processo de redução de uso de água
BREEAM Consumo interno de água abaixo de 52m³/pessoa/ano
Usar sistema de coleta da água da chuva para uso na irrigação e consumos.
AQUA Medição individual do consumo de água
Redução do consumo de água distribuída
Produção de água quente respeitando dimensionamentos do AQUA
Gestão apropriada das águas servidas, seguindo normas de saneamento e/ou reuso
Gestão apropriada das águas pluviais, controlando vazão de descarte na rede pública, e/ou
favorecendo infiltração no terreno e/ou prever um sistema de coleta de água da chuva para
uso no empreendimento
Garantir a qualidade sanitária da água nas instalações hidráulicas
Reduzir os riscos de legionelose e queimaduras
Casa Azul Medição individualizada
Sistema de descarga do vaso sanitário eficiente
Uso de arejadores
Uso de registro regulador de vazão
Aproveitamento de água pluviais
Retenção de águas pluviais
Infiltração de águas pluviais
Áreas permeáveis
Fonte: Próprio autor.
47

4. FONTES ALTERNATIVAS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA

A gestão da oferta de água é de fundamental importância para a conservação deste


recurso. Dessa forma a presença de águas de outras origens na habitação, tais como água da
chuva, águas cinza, o esgoto doméstico e de eventuais fontes naturais locais, como a água
subterrânea, abre possibilidades de aproveitamento que diminuem a demanda da residência
por água potável da rede de abastecimento público.
Vale ressaltar que geralmente essas fontes alternativas de água são utilizadas nos
domicílios para usos não potáveis, atendendo requisitos de qualidade para tal, e neste trabalho
será considerada esta restrição. Mas há potencial para ser potável, dependendo do tratamento
a qual essas águas são submetidas, a qual não será abordado no escopo deste trabalho.

4.1 - Aproveitamento de água da chuva

A coleta e aproveitamento da água de chuva não é uma pratica nova, há relatos de sua
utilização a milhares de anos atrás, antes mesmo da era cristã. Porém, a prática foi perdendo
espaço com a evolução de novas tecnologias de abastecimento, como a construção de grandes
barragens, a extração de águas subterrâneas, encanamentos, etc. Entretanto, com evolução de
escassez de água no mundo, devido ao crescimento da demanda e poluição de mananciais de
extração, a utilização de água da chuva voltou a ser uma possibilidade simples e eficaz para
atenuar o problema, hoje ela já faz parte da gestão moderna de água de grandes cidades em
países desenvolvidos. Vários países europeus e asiáticos utilizam amplamente a água da
chuva em residências, industrias e na agricultura, sabendo que a mesma possui qualidade
compatível com usos importantes (CARDOSO, 2010).
No Brasil o aproveitamento da água de chuva se deu pioneiramente na região nordeste
do país, de clima semiárido, onde há escassez de água devido à estiagem e a baixa irrigação
hídrica através de rios, lagos e açudes que são na maior parte temporárias, e além disso as
águas subterrâneas possuem salinidade (CARDOSO, 2010). Além dessa utilização prioritária,
há também a utilização do sistema com o intuito de aumentar a oferta de água em centros
urbanos, racionalizando o uso da água potável distribuída pela rede de abastecimento pública
e ajudando a atenuar os problemas de escassez (MACHADO e SANTOS, 2008).
48

Nas residências, a água de chuva tem potencial para ser utilizada, com maior
simplicidade, para fins menos nobres como na descarga, rega de jardins, lavagem de
automóveis, pisos e roupas. Podendo gerar de 38% a 44% de economia de água potável,
baseado no item 2.4.2.
A captação da água de chuva consiste na coleta da precipitação através de áreas de
interceptação, como telhados, pisos, solos, e a condução dessa água para locais onde haverá
uso imediato da mesma, ou o seu armazenamento em reservatório. A quantidade de água
captada depende da precipitação do local, da área efetiva de coleta e do volume do
reservatório (CARDOSO, 2010).
Gonçalves (2006), compõe o sistema de aproveitamento da seguinte forma:
(a) Área de captação/telhado;
(b) Tubulações para condução da água;
(c) Telas ou filtros para a remoção de materiais grosseiros, como folhas e galhos;
(d) Reservatório de armazenamento/cisterna.
Ainda, dependendo do uso que será dado a água coletada, pode ser inserido no sistema
o tratamento da água, através de filtragem e desinfecção.
A aplicação desta tecnologia é mais eficiente em conjuntos habitacionais horizontais,
ou em residências unifamiliares, devido a proporção de área de captação e consumo dos
habitantes do domicilio ser mais adequado. Em condomínios verticais ocorre o inverso, há um
consumo de água maior e uma área de captação relativamente menor (MACHADO e
SANTOS, 2008).
O manual da ANA/FIESP & SindusCon-SP apud Gonçalves (2006), descreve a
metodologia básica para o projeto de sistemas de coleta, tratamento e uso de água de chuva
nas seguintes etapas:
 Determinação da precipitação média local (mm/mês),
 Determinação da área de coleta,
 Determinação do coeficiente de escoamento,
 Projeto dos sistemas complementares (grades, filtros, tubulações, etc.),
 Projeto do reservatório de descarte,
 Escolha do sistema de tratamento necessário,
 Projeto da cisterna, considerando os períodos admissíveis de seca,
 Caracterização da qualidade da água pluvial,
49

 Identificação dos usos da água (demanda e qualidade).


Sickermann apud Silva (2010), mostra como planejar um sistema de aproveitamento
de água da chuva para fins não potáveis. Ele destaca que cada caso é único, porém existem
algumas regras gerais, conforme o Quadro 8:

Quadro 8: Fatores de implantação de acordo com o tipo de edificação.

Fonte: Sickermann apud Silva, 2010.

Herrmann e Schmida apud Gonçalves (2006) destacam métodos construtivos de


sistemas de aproveitamento de água da chuva, representados na Figura 9 e descritos a seguir:
(a) Sistema de fluxo total: toda a chuva coletada pela superfície de captação é dirigida
ao reservatório de armazenamento, passando antes por um filtro ou por uma tela. O
escoamento para o sistema de drenagem ocorre quando o reservatório está cheio.
50

(b) Sistema com derivação: neste caso, uma derivação é instalada na tubulação vertical
de descida da água da chuva, com o objetivo de descartar a primeira chuva, direcionando-a ao
sistema de drenagem. Este sistema é também denominado de sistema autolimpante. Em
muitos casos instala-se um filtro ou tela na derivação. A água que extravasa do reservatório é
encaminhada ao sistema de drenagem.
(c) Sistema com volume adicional de retenção: o reservatório de armazenamento é
capaz de armazenar um volume adicional, garantindo o suprimento da demanda e a retenção
de água com o objetivo de evitar inundações. Neste sistema uma válvula regula a saída de
água correspondente ao volume adicional de retenção para o sistema de drenagem.
(d) Sistema com infiltração no solo: o volume de água que extravasa do reservatório é
direcionado a um sistema de infiltração no solo. A exemplo dos tipos de sistemas
configurados em a e c, toda a água da chuva coletada é direcionada ao reservatório de
armazenamento, passando antes por um filtro ou tela.

Figura 9: Formas construtivas de sistemas de aproveitamento de água de chuva.

Fonte: Herrmann e Schmida apud Gonçalves, 2006.


51

Cardoso (2010), descreve os elementos que compõem um sistema de aproveitamento


de água da chuva, e a Figura 10 ilustra alguns desses elementos e suas formas de
funcionamento:
 Sistema de captação: é definido como as áreas impermeáveis que contribuem
com a interceptação da água de chuva. São elas os telhados e lajes de coberturas, os pisos
impermeáveis no térreo possuem maior volume de sólidos e cargas poluidoras, por este
motivo na maioria dos casos as águas provenientes daí não são aproveitadas;
 Sistema de transporte: é constituído pelas calhas e condutores verticais e
horizontais, que conduzem o fluxo da água para o reservatório, sistema de tratamento e
distribuição.
 Sistema de descarte: tem como objetivo descartar automaticamente a água dos
primeiros minutos de chuva, considerada com alta carga de poluentes, garantindo assim a
qualidade da água que será reservada. Existem diversas soluções para fazer o descarte, há o
reservatório de autolimpeza que retém o volume inicial da precipitação, e é limpo
posteriormente manualmente, a válvula automática que descarta a primeira água e após
determinado tempo fecha e o fluxo é direcionado ao reservatório, entre outros.
 Sistema de gradeamento: é composto por elementos que retém materiais
sólidos em suspensão, como: folhas, gravetos, penas, papeis, etc. instalados antes do
reservatório, impedindo dessa forma a sedimentação e acumulo de impurezas no mesmo.
 Sistema de reservação: tem a função de armazenar a água captada, para uso
posterior. É recomendada a adoção de reservatórios de fibra de vidro, plástico, poliéster,
polipropileno ou de material similar, pois sofrem menos agressão da decomposição de matéria
orgânica e da variação dos índices físicos de qualidade das águas. Deve-se prever no
reservatório um extravasor, para conduzir o excesso de água da chuva para o sistema de
drenagem.
 Sistema de tratamento e desinfecção: funciona para obter água com a qualidade
recomendada para uso. Apesar da qualidade da água da chuva variar de acordo com a região
de captação, a utilização de filtros de múltiplas camadas ou filtro de areia são soluções
adequadas para o tratamento eficiente. Como complementação do tratamento, deve-se fazer a
desinfecção da água através de processos como: cloração, radiação ultravioleta, ionização, etc.
 Sistema de recalque: é um conjunto de motores e bombas responsáveis por
transportar a água do reservatório quando situado no térreo ao reservatório superior que
52

distribuirá a água por gravidade. Em alguns casos o reservatório de armazenamento fica logo
abaixo do telhado de captação, não necessitando do sistema de recalque.
 Sistema de distribuição: constituído por um conjunto de ramais que distribuem
a água de chuva tratada para os pontos de utilização. Por se tratar de um sistema de
distribuição de água não potável recomenda-se a identificação e a restrição de acesso a todos
os pontos de utilização de água deste sistema.
 Sistema de sinalização e informação: É constituído de avisos de alerta em todas
as unidades do sistema (tubulações, reservatórios, unidades de tratamento, pontos de
utilização etc.), para que não haja uso indevido da água e nem polua a rede pública de água
potável.
No Brasil a norma que fornece os requisitos para o aproveitamento da água de chuva
de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis é a NBR-15.527.

Figura 10: Elementos e formas de instalação de sistema de aproveitamento de água de chuva.

Fonte: Loja Ecoracional.


53

Para Aquastock apud Cardoso (2010) a utilização residencial da água da chuva traz as
seguintes vantagens:
 Redução do consumo de água da rede pública e do custo de fornecimento da
mesma;
 Evita a utilização de água potável onde esta não é necessária, como por
exemplo, na descarga de vasos sanitários, irrigação de jardins, lavagem de pisos, etc;
 Os investimentos de tempo, atenção e dinheiro são mínimos para adotar a
captação de água pluvial na grande maioria dos telhados, e o retorno do investimento ocorre a
partir de dois anos e meio;
 Faz sentido ecológica e financeiramente não desperdiçar um recurso natural
escasso em toda a cidade, e disponível em abundância todos os telhados;
 Ajuda a conter as enchentes, represando parte da água que teria de ser drenada
para galerias e rios;
 Encoraja a conservação de água, a autossuficiência e uma postura ativa perante
os problemas ambientais da cidade.
Para Lima (2010) “as desvantagens do sistema são a diminuição do volume de água
coletada nos períodos de seca, além da necessidade de se fazer uma manutenção regular no
sistema, caso contrário pode surgir riscos sanitários. ”
Em relação a manutenção da qualidade da água de chuva reservada, o guia da Funasa
(2013) fornece algumas recomendações:
A). Manter a tampa de inspeção fechada para evitar entrada de insetos e luz solar;
B). Proteger a saída do extravasor com telas para evitar entrada de pequenos animais;
C). Limpar o reservatório antes do período de chuvas;
D). Prever a entrada da água sem gerar turbulência no fundo do reservatório;
E). Prever ligação de água potável, sem risco de contamina-la, e garantir consumo no
período de estiagens;
F). Destacar com cores diferentes as tubulações que conduzirem água de chuva;
G). E sinalizar as torneiras que fornecerem a água de chuva com informação de “água
não potável”.
54

4.2 - Aproveitamento de águas cinza

As águas cinza são os efluentes provenientes do chuveiro, lavatório, banheira, tanque e


máquina de lavar roupas, exclui-se água residual do vaso sanitário e de pias de cozinha, onde
geralmente possuem um teor muito elevado de materiais orgânicos e de agentes patológicos.
Ainda assim, as águas cinza possuem teor de orgânicos, sabão, sólidos em suspensão e
bactérias. Dessa forma a sua reutilização no ambiente residencial exige devida caracterização
e tratamento adequado.
As características das águas cinza em relação a quantidade e composição variam de
acordo com a localização e nível de ocupação da residência, faixa etária, estilo de vida, classe
social e costumes dos moradores e com a fonte de reuso (lavatório, chuveiro, tanque, etc.)
(NSWHEALTH e NOLDE apud GONÇALVES, 2006). De acordo com o item 2.4.2 há um
potencial de se reutilizar entre 48% e 59% das águas servidas em uma residência.
As características qualitativas das águas cinza geralmente são apresentadas com alta
turbidez e concentração de sólidos em suspensão. Restos de alimentos, cabelos e fibras de
tecidos são alguns exemplos do que pode ser encontrado nas águas provenientes do banheiro e
da lavanderia. Esses materiais conferem um aspecto desagradável a água cinza, podendo gerar
rejeição do usuário (GONÇALVES, 2006).
O reuso das águas cinza possibilitam economia do consumo de água potável, de
energia elétrica e proporciona menor produção de esgoto sanitário (GONÇALVES, 2016).
Geralmente, na escala residencial, são aproveitadas para usos não potáveis como: descarga de
vasos sanitários, irrigação de jardins, lavagem de pisos, roupas e automóveis, etc. Dessa
forma, assim como o aproveitamento de água da chuva, tem o potencial de gerar uma
economia no consumo residencial de 38% a 44%, baseado no item 2.4.2 deste trabalho. A
Figura 11, ilustra as opções de uso das águas cinza e seus exigidos tratamentos.
55

Figura 11: Opções para reuso de águas cinza.

Fonte: Gonçalves, 2006.

Considera-se o processo de tratamento das águas cinza ainda muito complexo e com
alto custo financeiro de implantação, diante dessa realidade é recomendado a introdução desse
sistema em habitações multifamiliares horizontais ou verticais. Em edifícios verticais pode ser
uma melhor opção se comparado ao aproveitamento de água de chuva, que não oferta água
suficiente para esse tipo de empreendimento. Em domicílios unifamiliares a água de chuva
possui um maior custo-benefício. No entanto, alguns processos simples de reutilização de
águas cinza podem ser adotados em qualquer habitação, como a utilização da água de enxague
do tanque ou da máquina de lavar roupa para lavagem de pisos ou irrigar plantas.
De acordo com Boni (2009) no sistema de reuso de água o efluente é armazenado e
deve ser trada a uma qualidade exigível pela finalidade de uso. A rede de distribuição de reuso
deve ser totalmente independente da rede de água potável, sem ligações cruzadas.
Ainda conforme Boni (2009), os sistemas de tratamento podem ser divididos em
subsistemas, e as etapas de tratamento para sistemas de águas cinza são mostradas no
esquema da Figura 12. Os subsistemas são:
1- Coleta e transporte;
2- Tratamento;
3- Sistemas de desinfecção;
56

4- Sistema de armazenamento e distribuição.

Figura 12: Esquemático dos subsistemas de tratamento para águas cinza.

Fonte: Boni, 2009.

O sistema de coleta e transporte é a etapa que recebe o esgoto proveniente de


lavatórios, chuveiros, máquinas de lavar roupas e banheira para um tanque de equalização,
bem como a remoção do lodo decantado através de caminhão.
O sistema de tratamento consiste em:
 Tratamento primário: armazenamento em tanque de equalização para diminuir
a turbidez;
 Tratamento secundário: sedimentação do lodo e tratamento biológico;
 Tratamento terciário: podendo ser mediante o emprego de membrana de
filtração e desinfecção por meio de carbono ativado ou com cloro.
Para produzir água de reuso inodora e com baixa turbidez, uma ETAC, Estação de
Tratamento de Águas Cinza, deve compor pelo menos os níveis primário e secundário. Para
se assegurar baixas densidades de coliformes termotolerantes, o tratamento deve prever
desinfecção (nível terciário) (GONÇALVES, 2006).
O porte da ETAC, varia de acordo com o tamanho da edificação, pois depende do
número de usuários e de atividades que consomem água. Já o tipo de tratamento deve ser
57

decidido baseado no tipo dos efluentes que serão tratados, com sua devida caracterização, e as
devidas finalidades a qual a água tratada será direcionada (BONI, 2009).
Vale ressaltar que as águas cinza são potencialmente perigosas, dessa forma é
recomendado por questão de segurança sinalizar as tubulações e torneiras que fornecem essa
água, e até pigmenta-la com corantes biodegradáveis. Peixoto apud Boni (2009), aconselha
pintar as tubulações que conduzem água não potável na cor roxa, e identificar o sistema com
placas a cada 3 metros. Além disso ela recomenda também que o efluente seja pigmentado
com azul de metileno, pigmento que não mancha as louças.

4.3 - Aproveitamento de águas subterrâneas

As águas subterrâneas são consideradas, por legislação, parte integrante do ciclo


hidrológico. A exploração inadequada desse recurso pode acarretar problemas em sua
quantidade e qualidade. Contudo, a sua exploração é permitida e regulamentada (ANA, FIESP
e SIDUSCON-SP, 2005).
Muitas áreas urbanas localizam-se sobre aquíferos que são adequados ao consumo
humano, seja para o atendimento de usos não potáveis, domésticos ou comerciais. A
qualidade dessa água varia muito de acordo com a região, podendo ter sofrido contaminação
por atividades humanas ou intrusão da água do mar, dessa forma desqualificando-a para
consumo doméstico. Para extrair essa água pode-se utilizar bombas, em seguida filtros para
reter sedimentos, e então pode ser reservada, para utilização residencial em descargas de
vasos sanitários, limpezas em geral, irrigação, etc. Como a exploração da água subterrânea
pode acarretar efeitos adversos na localidade, é aconselhável o acompanhamento de
especialista para definir a escolha do uso. Além disso é preciso outorga de autoridades
gestoras dos recursos hídricos (GONÇALVES, 2009).
Para ter acesso a água subterrânea, para sua extração, se faz necessário a escavação de
poços. O manual de orientações para a utilização de águas subterrâneas no estado de São
Paulo, ABAS e FIESP (2005), ilustra (Figura 13) e descreve os tipos de poços como:
 Poço tubular profundo – artesiano e semiartesiano: são executados com sonda
perfuratriz com diâmetros de 4’’ a 36” e profundidade de até 2000 metros.
58

 Poço raso, cisterna, cacimba ou amazonas: possuem grandes diâmetros (1


metro ou mais), são escavados manualmente e revestidos com tijolos ou anéis de concreto.
Captam água do lençol freáticos a profundidades de até 20 metros.

Figura 13: Tipos de poços.

Fonte: ABAS e FIESP, 2005.

A viabilidade para a extração de água subterrânea varia de acordo com a região,


relativo a profundidade do lençol freático ou do aquífero, e da qualidade a qual se encontra a
água neste local. Geralmente, os custos financeiros são menores quando há lençol freático
próximo a superfície, necessitando apenas da escavação de poço raso. Quando há necessidade
de poços profundos para extrair em aquíferos também profundos, o custo financeiro se torna
muito alto.
Mesmo em alguns casos onde os custos iniciais de perfuração dos poços não serem
significativos, outros custos devem ser considerados como os com a gestão da qualidade e
quantidade dessa água e os com a energia elétrica, para bombeamento, e além disso, existe a
lei da cobrança pelo uso, dessa forma, a aparente economia em muitas situações será
eliminada, uma vez que farão parte da formulação dos preços os volumes captados e
consumidos, além dos aspectos qualitativos dos efluentes gerados (ANA, FIESP e
SIDUSCON-SP, 2005).
59

5. TÉCNICAS E TECNOLOGIAS PARA UMA GESTÃO EFICIENTE DO


CONSUMO DE ÁGUA EM RESIDÊNCIAS

Neste capítulo serão abordadas algumas alternativas para a racionalização do uso de


água em edificações domiciliares, tratando de sistemas e dispositivos que gerenciem melhor a
demanda por este recurso, ou melhor, utilizando de possibilidades que atenuem seu consumo
e desperdício, buscando não ter perda na qualidade da água e nem efeitos negativos no
conforto do usuário, garantindo assim a conservação e a sustentabilidade deste recurso natural
no setor residencial.

5.1 – Dispositivos economizadores de água


Os dispositivos economizadores de água são tecnologias que trabalham com vazão
reduzida, e/ou evitam desperdícios devido ao consumo de volume de água maior que o
necessário, ou seja, apresentam maior eficiência hídrica do que aparelhos convencionais.
Diante das opções tecnológicas, para conservação de água, a utilização desses
dispositivos tem maior aceitação nas residências, pois eles reduzem o consumo de água
independente do comportamento dos usuários. Ou seja, são medidas que dependem menos de
hábitos e motivação permanente, e mais de uma decisão racional de aquisição desses
aparelhos poupadores (MOREIRA apud MACHADO e SANTOS, 2008).

5.1.1 – Bacia sanitária com descarga de acionamento duplo

Este tipo de descarga possibilita a escolha do volume de água para descartar os


dejetos, onde geralmente há a opção de acionar o botão que consome 3 litros, para a remoção
de líquidos, urina, e o botão que consome 6 litros para remover sólidos, fezes. Este sistema
pode estar presente tanto em caixas de descarga quanto em válvulas de descarga,
respectivamente representadas na Figura 14 (FUNASA,2013).
60

Figura 14: Bacia sanitária com caixa de descarga de acionamento duplo (esquerda) e com
válvula de descarga de acionamento duplo (direita).

Fonte: FUNASA, 2013.

Normalmente, as bacias sanitárias representam uma das maiores parcelas do consumo


residencial de água, entre 22% e 29% do total, como foi apresentado anteriormente, no item
2.4.2. Dessa forma, ações que visem a redução do volume de água consumido por estes
aparelhos impactam de forma consistente no consumo global da residência.
Este sistema possui potencial de redução no consumo porque maior parte do
acionamento da descarga das bacias sanitárias é para remoção de dejetos líquidos,
necessitando na maioria das vezes, portanto de apenas 3 litros de água. Segundo a FUNASA
(2013) a economia de água devido ao uso do acionamento duplo em relação a bacias de
acionamento único de 6 litros, pode chegar a 30%.

5.1.2 – Arejador

É um dispositivo que fica instalado na saída bico da torneira, como mostra a Figura
15, com o objetivo de reduzir a vazão de água e melhorar a dispersão do jato, reduzindo
respingos, garantindo economia e conforto ao usuário. O arejador reduz a seção de passagem
e direciona o fluxo de água, através de peças perfuradas ou telas finas, além de possuir
orifícios laterais que permitem a passagem de ar, e essas bolhas de ar introduzidas no jato
d’água dão a sensação de uma vazão maior do que é realmente (GOLÇALVES, 2006).
61

Figura 15: Arejador.

Fonte: Caixa, 2010.

Arejadores são considerados componentes simples, de baixo custo, de fácil instalação


e recomendados em todos pontos de consumo (torneiras), sua implantação deve ser cuidadosa
em relação a compatibilização com as condições ou níveis de pressão existentes no ponto de
utilização, para que haja o seu devido funcionamento, sem prejuízos de conforto para o
usuário. Existem arejadores para baixa pressão, entre 20 e 200 KPa, e alta pressão, entre 100 e
400 KPa (GONÇALVES, 2006). Há também arejadores que mantém a vazão constante,
independente da pressão, desde que esta seja acima dos 100 KPa (CAIXA, 2010).
De acordo com Gonçalves (2006), o uso do arejador traz uma redução de cerca de
50% do valor da vazão nas mesmas condições de uso de uma torneira sem o mesmo. De
acordo com alguns fabricantes a economia pode chegar a 85% (DECA), ou a vazão da
torneira pode reduzir de 5 a 20 litros por minuto para 1,8 litros por minuto, economia entre
64% a 91% (ECONOÁGUA). A economia de água através do uso desse dispositivo varia de
acordo com a pressão existente no ponto de consumo e o modelo utilizado.
Adotando o uso de arejadores nos lavatórios e na pia de cozinha, que demandam entre
23% e 39% do consumo residencial de água, baseado no item 2.4.2 deste trabalho, o resultado
final no consumo global da habitação é bastante expressivo.
62

5.1.3 – Restritor de vazão

É um dispositivo instalado entre o ramal e a entrada de água nas torneiras, chuveiros e


duchas, apresentado na Figura 16, com a mesma função do arejador de reduzir a vazão de
água, porém este não introduz bolhas de ar no fluxo.

Figura 16: Restritor de vazão em torneira e chuveiro.

Fonte: Draco.

É também um dispositivo simples, de baixo custo e de fácil instalação. Há modelos de


restritores que conseguem manter a vazão de saída dos aparelhos praticamente constante,
independente da variação de pressão na entrada. Recomenda-se sua utilização para pressões
acima de 10 mca ou 100KPa (DECA).
Segundo a fabricante Draco, seus restritores de vazão podem gerar uma economia de
50% em torneiras e 40% em chuveiros. A fabricante Deca indica uma economia de até 85%
com o uso de seus equipamentos. Existem vários modelos de restritores com diferentes
classes de vazão.
Utilizando este dispositivo apenas no chuveiro, que demandam entre 21% e 37% do
consumo residencial de água, valores baseados no item 2.4.2, pode gerar resultados
satisfatórios na economia geral de água na habitação.
63

5.1.4 – Registro regulador de vazão

É um componente que regula a vazão, desde a vazão nula até a desejada ou máxima,
nos pontos de utilização, mais usual em torneira, bidê e chuveiro, apresentado na Figura 17. É
interessante a utilização em residências onde há uma pressão de água alta e que acarrete alta
vazão, mas ele pode ser utilizado em qualquer faixa de pressão hidráulica dependendo das
necessidades do usuário.
Figura 17: Registro regulador de vazão.

Fonte: FUNASA, 2013.

Este equipamento serve também de auxílio para manutenção de torneiras e registros de


chuveiros, pois com ele não é preciso fechar o registro geral que bloqueia a alimentação de
todos os pontos da residência.

5.2 - Controle de vazamentos

No ambiente predial a situação do desperdício de água por vazamento não difere tanto
da rede pública de abastecimento de água no Brasil, e essas perdas apresentam números altos.
Geralmente a manutenção e gerenciamento dos sistemas hidrossanitários prediais é
negligenciada. Nos EUA, por exemplo, pesquisas realizadas mostram que as perdas por
64

vazamentos chegam, em média, a 13,7% do consumo residencial. Entretanto, no Brasil, esses


números provavelmente devem ser ainda maiores (GONÇALVES, 2009).
Para a garantia de sucesso das tecnologias e procedimentos conservacionistas, a
atuação sistêmica e continua nos sistemas hidráulicos prediais, visando manter sua integridade
e bom funcionamento, é uma exigência fundamental. Portanto, é necessária uma gestão
predial incumbida de fazer verificação periódica de vazamentos em tubulações, aparelhos
sanitários e reservatórios (GONÇALVES, 2009).
O guia de conservação de água em domicílios, Funasa (2013), indica que para manter
o mínimo consumo de água é preciso atentar para os vazamentos. O guia apresenta os locais
onde geralmente há maior incidência de vazamentos e apresenta modos de detectar esses
vazamentos, exibidos a seguir.

1) Alimentador Predial

É um elemento do sistema hidráulico predial, que corresponde ao trecho de tubulação


entre o hidrômetro e o reservatório. Geralmente está submetido a elevada pressão, e muitas
vezes está enterrado, dificultando a detecção rápida do vazamento. O hábito de olhar o
hidrômetro semanalmente ajuda a detectar este problema mais rápido e o uso de tubulação de
boa qualidade e bem executada diminui a probabilidade de ocorrência dos vazamentos.
Para detectar o vazamento no alimentador predial, utiliza-se o teste do hidrômetro,
ilustrado na Figura 18, que se procede da seguinte forma:

A) Fechar todos os pontos de utilização que recebam água diretamente da rede


pública;
B) Amarrar a torneira da bóia dos reservatórios, impedindo a entrada de água;
C) Com o registro do cavalete totalmente aberto, fazer leituras no hidrômetro com
intervalos de 30 minutos ou 1 hora;
D) Se os valores das duas leituras derem diferentes, há vazamento, e o volume de
perda é a diferença entre as duas leituras.
65

Figura 18: Teste de vazamento no alimentador predial.

Fonte: Funasa, 2013.

2) Bacia Sanitária

A bacia sanitária é apontada como a responsável por maior parte do consumo de água
em domicílios, e é também considerado o aparelho sanitário com maior índice de vazamento,
principalmente as com caixa de descarga.
As perdas de água com a bacia, que muitas vezes são invisíveis, podem variar de 8
litros por dia a 180 litros por dia. Portanto, é importante sempre verificar a existência de
vazamentos realizando testes como o descrito a seguir.

A) Após, no mínimo 3 horas, sem acionar a descarga, enxugar as paredes da bacia nas
proximidades do colar ou anel;
B) Com uma caneta “marca texto” de cor escura, contornar as paredes da bacia, como
na Figura 19;
66

Figura 19: Paredes da bacia contornadas com caneta “marca texto”.

Fonte: Funasa, 2013

C) Aguardar alguns minutos e verificar se o risco da caneta é lavado pela água que sai
dos furos do colar, como na Figura 20;

Figura 20: Vazamento de água no colar lavando risco na parede da bacia.

Fonte: Funasa, 2013

D) Contar quantos pontos foram lavados;


E) Estimar a perda diária multiplicando a quantidade de pontos por 8 litros/dia.
Este teste é para casos onde há vazamentos quase imperceptíveis, há casos em que o
vazamento é tamanho que a água no poço da bacia sanitária fica trêmula. Após detectar o
vazamento, deve-se efetuar as correções que pode ser:

 Torneira de bóia desregulada, ou seja, o nível da água está acima do extravasor,


fazendo com que a água excedente escorra pela bacia sanitária.
67

 A comporta (flapper), que fica na parte inferior da caixa de descarga


impedindo ou liberando a passagem de água para a bacia, está ressecada ou incrustrada
permitindo assim o vazamento de água.
 A comporta (flapper) não está devidamente adaptada à válvula de saída,
gerando vazamento.
 O cordão de acionamento pode estar muito esticado, liberando constantemente
a água para a bacia.
3) Torneiras
As torneiras podem apresentar vazamentos de água que variam de 6 a 300 litros por
dia, equivalendo a perda de 180 a 9000 litros de água por mês. Um gotejamento lento é
considerado quando há até 40 gotas por minuto, gerando perdas de 8 litros por dia; um
gotejamento médio é de 40 a 80 gotas de água por minuto, isso gera perdas de até 15 litros no
dia e um gotejamento rápido, de 80 a 120 gotas por minuto, gera perdas de até 26 litros em
um dia. Um escoamento continuo pode gerar os 300 litros em um dia.
4) Reservatórios
Nos reservatórios os vazamentos podem ocorrer nas entradas e nas saídas das
tubulações, nos registros e no extravasamento de água quando a bóia apresenta algum defeito.
Em reservatórios enterrados, o vazamento pode ocorrer devido à má impermeabilização e
falhas na estrutura. Dessa forma, é imprescindível a averiguação dos reservatórios
periodicamente, no momento da limpeza é uma oportunidade de chegar todos os itens citados.
Uma forma de detectar vazamentos em reservatórios enterrados é apresentada a seguir.
A) Fechar todas as saídas do reservatório, tanto para os pontos de utilização quanto as
de limpeza, e desligar a bomba de recalque;
B) Abrir o registro do cavalete e quando a água atingir o nível máximo, amarrar a
torneira de bóia na posição estabilizada, para que permaneça sempre nesta posição;
C) Colocar uma ripa de madeira verticalizada e aprumada apoiada no fundo do
reservatório, e marca-la no nível d’água com um lápis;
D) Aguardar por duas horas, e recolocar a ripa dentro do reservatório, nas mesmas
condições citadas no item anterior, e averiguar o nível da água, marcando
novamente a ripa caso o nível tenha baixado, indicando vazamento;
E) Para calcular o volume vazado basta multiplicar a área da seção do reservatório,
sendo ela regular por toda altura do mesmo, com a distância das marcas na ripa.
68

6.RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como resultado da pesquisa foram elaborados: um quadro, que sintetiza as principais
características dos sistemas e tecnologias abordados; tabelas comparativas, que mostram o
potencial de eficiência hídrica agregado com cada tecnologia e/ou sistema sustentável
levantado e o conjunto deles, em relação as práticas consideradas convencionais; a abordagem
e a pontuação fornecida por cada certificação sustentável apresentada no trabalho em relação
as medidas hidro eficientes levantadas; um exemplo de aplicação das medidas sustentáveis em
uma residência modelo, trazendo um levantamento de custos; e uma diretriz para reabilitação
das residências à conservação de água, baseado no grau de impactos físicos e financeiro.

6.1 – Quadro resumo com as características dos sistemas e tecnologias


O Quadro 9 foi elaborado fazendo uma síntese das principais características dos
sistemas e tecnologias abordados neste trabalho, presentes mais detalhadamente nos capítulos
4 e 5. O quadro lista 10 sistemas/tecnologias, e está organizado em colunas que fazem uma
breve descrição de cada uma; aborda os custos de implantação, identificando sem quantificar
os possíveis gastos com materiais e mão-de-obra; e trazem as vantagens e as desvantagens.

Quadro 9: Síntese das características dos sistemas e tecnologias geradores de eficiência


hídrica em residências.
SISTEMA/ VANTAGENS E/OU
DESCRIÇÃO CUSTOS
TECNOLOGIA DESVANTAGENS
Gastos apenas com a
instalação do sistema numa
É simples e de fácil utilização,
Sistema de caixa acoplada já existente ou
gera economia de água de forma
descarga com 2 do equipamento de
passiva independente do
opções de acionamento em caso de
Descarga com comportamento do usuário e sem
acionamento, 3L válvula de descarga, o custo é
acionamento comprometer o seu conforto. É
para descarte de maior caso seja necessário
duplo um sistema sem desvantagens e
dejetos líquidos e comprar uma nova caixa com
nem limitações, com baixo ou
6L para os o sistema e possivelmente um
inexistente impacto na
sólidos. novo vaso sanitário, que pode
implantação.
demandar para instalação um
profissional capacitado.
É simples e funciona
independente do comportamento
Dispositivo
Gasto com o dispositivo para do usuário. Tem limitação de uso
instalado na saída
ser instalado numa torneira para carga mínima de pressão de
da torneira, que
Arejador que o aceite, ou com a 2 mca, e o modelo utilizado deve
diminui a vazão e
aquisição de uma torneira estar adequado a pressão
a dispersão do
fabricada com ele. existente. Os impactos para a
jato d’água.
implantação são baixos ou
inexistentes.
69

Quadro 9 Síntese das características dos sistemas e tecnologias geradores de eficiência


hídrica em residências.
SISTEMA/ VANTAGENS E/OU
DESCRIÇÃO CUSTOS
TECNOLOGIA DESVANTAGENS
É simples e funciona
independente do
Dispositivo instalado
Gasto apenas com o comportamento do usuário.
entre o ramal e entrada da
Restritor de dispositivo para ser Fornece maior eficiência para
torneira, ducha e/ou
vazão instalado no equipamento cargas de pressão acima de 10
chuveiro, capaz de
de interesse. mca no ponto de utilização. Os
reduzir a vazão de água.
impactos para a implantação
são baixos ou inexistentes.
Reduz a pressão e
Componente que regula a Gastos com a aquisição consequentemente a vazão, e
Registro vazão no ponto de do equipamento e com facilita a manutenção nos
regulador de utilização, com o controle sua instalação, que pode locais onde está instalado. Não
vazão desde a vazão nula à exigir profissional tem nenhuma limitação para
desejada e/ou máxima. capacitado. seu uso e os impactos para a
implantação são medianos.
Gastos com tubulações e
É uma alternativa viável na
Sistema implantado com conexões, calhas,
oferta de água, a princípio para
o intuito de captar, tratar cisterna, possível sistema
usos não potáveis, agregando
e armazenar a água da elevatório, sistema de
Aproveitamento assim para a conservação de
chuva, para ser limpeza da água, e
de água da água na residência. É melhor
aproveitada em manutenções. A
chuva aproveitada em edificações
utilizações específicas na implantação dependendo
horizontais. Os impactos para
residência, geralmente da complexidade exige a
implantação podem ser
fins não potáveis. atuação de profissionais
medianos ou altos.
capacitados.
Gastos variáveis, pois
depende do tipo de
técnicas/tecnologias
É uma alternativa que pode ser
utilizados. Pode ter custo
simples ou não para aumentar a
Sistema que faz o zero, como no
oferta de água na residência,
reaproveitamento das reaproveitamento da água
que agrega a conservação de
águas residuais de lavagem de roupa para
água. Sua aplicação para vários
geralmente do banho, a lavagem de pisos, e até
usos é mais vantajosa às
lavagem de roupa, pias, e custos altos com a
Aproveitamento edificações verticais se
outras fontes com menor utilização de sistemas
de águas cinza comparadas a coleta de água da
grau de matéria orgânica sofisticados no
chuva. Os impactos para a
e patógenos, e as beneficiamento da água
implantação podem ser
reutiliza, após tratamento, cinza para reutilização
inexistentes para reuso
para fins não potáveis na em diversos usos, em
simplório e até medianos ou
residência. geral, não potáveis, e que
altos nos sistemas mais
exigem, manutenções e
sofisticados.
profissionais
especializados para
implantação.
Fonte: Próprio autor.
70

Quadro 9 - Síntese das características dos sistemas e tecnologias geradores de eficiência


hídrica em residências.
SISTEMA/ VANTAGENS E/OU
DESCRIÇÃO CUSTOS
TECNOLOGIA DESVANTAGENS
Sistema capaz de captar a
Gastos com a perfuração É uma alternativa que
água do subsolo através de
do poço, tubulações, depende das características
poços, onde recomenda-se
sistema de limpeza da hidrogeológicas do local de
Aproveitamento que sua utilização
água, sistema elevatório, aplicação para se tornar
de água residencial seja para fins não
manutenção e profissionais viável em relação as
subterrânea potáveis, salvo em casos em
especializados para alternativas de oferta de
que a qualidade da água é
implantação. Geralmente água anteriores. Os impactos
assegurada e rotineiramente
um alto custo inicial. para a implantação são altos.
monitorada e atestada.
Não há custo para efetuar o
Conjunto de medidas
controle, os gastos só Identificar os vazamentos,
práticas para detectar
Controle de seriam necessários caso evitando assim prejuízos
vazamentos nas tubulações e
vazamentos haja troca de equipamentos significativos de água e
aparelhos hidráulicos, com
danificados que geram os dinheiro.
intuito de sana-los.
vazamentos.
Fonte: Próprio autor.

6.2 – Análise comparativa entre medidas convencionais e as que agregam eficiência


hídrica.
Nesta seção foram elaboradas tabelas comparativas, trazendo exemplos de aplicação
das medidas de conservação de água levantadas, e o conjunto delas, que mostram o potencial
de eficiência hídrica agregado a uma habitação em relação as medidas consideradas
convencionais, ou seja, demonstram o grau de poupança de água alcançado com a aplicação
dessas medidas.

6.2.1 – Uso de dispositivos eficientes


A. Descargas
Para fazer a análise comparativa estima-se, para efeito de cálculo, que os usuários
utilizam o aparelho de descarga sanitária em média cinco vezes ao dia, um uso após defecar e
quatro usos após urinar (VYCKERS, 2001). Foram consideradas descargas convencionais as
de acionamento único com volumes despejados de 9 e 6 litros, e a descarga hidro eficiente é a
de acionamento duplo (dual flush) que despeja 3 ou 6 litros.
Fazendo a substituição da descarga convencional de 9 litros pela de dual flush o
potencial de poupança será de 60%, gerando uma poupança anual de água de até 9,855m³ por
pessoa, e 39,42m³ considerando uma residência com 4 pessoas (Tabela 9). Considerando a
substituição da descarga convencional de 6 litros a poupança será de 40%, uma poupança
anual em torno de 4,38m³ por pessoa e 17,52m³ na residência (Tabela 10).
71

Tabela 9: Poupança de água utilizando descarga dual em comparação a de acionamento


simples de 9 litros
Nº de Consumo Uso e consumo diário com Poupança Poupança Poupança
pessoas diário com descarga eficiente (dual flush) (%) mensal anual
descarga 9 3 litros 6 litros Consumo (m³) (m³)
litros
1 45 4 1 18 60 0,810 9,855
4 180 16 4 72 60 3,240 39,420
Fonte: Adaptado de Barroso, 2010.

Tabela 10: Poupança de água utilizando descarga dual em comparação a de acionamento


simples de 6 litros
Nº de Consumo Uso e consumo diário com Poupança Poupança Poupança
pessoas diário com descarga eficiente (dual) (%) mensal anual
descarga 6 3 litros 6 litros Consumo (m³) (m³)
litros
1 30 4 1 18 40 0,360 4,380
4 120 16 4 72 40 1,440 17,520
Fonte: Adaptado de Barroso, 2010.

B. Torneiras de lavatório
Nas residências há geralmente torneiras de lavatório, de pia de lavar louças e as de uso
externo e geral, esta última tem padrão de utilização extremamente variável e muito difícil de
quantificar e não serão abordadas para aplicação de dispositivos hidro eficientes, neste
trabalho. Para as torneiras de lavatório pode-se considerar, para efeito de cálculo, que a
utilização diária seja de aproximadamente 2,5 minutos (ARPKE et al.; GHISI et al. apud
BARROSO, 2010).
Para aumentar eficiência hídrica das torneiras, usa-se dispositivos como os arejadores
e restritores de vazão, ou escolhendo a vazão desejada através de um registro regulador. Os
arejadores são considerados os mais eficientes, podendo agregar uma vazão de até 1,8 litros
por minuto (DECA) e sem comprometer o conforto, apesar desse potencial a NBR
10281:2015 limita a vazão mínima para torneira de lavatório em 2,4 litros por minuto, que
será o valor considerado para cálculo. Existe uma variedade de modelos de torneiras de
lavatório e com diversas vazões sendo que, para efeito de cálculo, considerou-se como
72

convencional as torneiras sem dispositivos eficientes com vazões de 6 e 8 litros por minuto. O
potencial de poupança, se alcançada a vazão eficiente de 2,4 L/min, é da ordem de 70% em
comparação com as torneiras de 8 L/min, uma poupança de água anual em torno de 5,11m³
por pessoa e 20,44m³ em uma residência com 4 pessoas (Tabela 11); e de 60% em
comparação com as torneiras de vazão de 6 L/min, uma poupança de água anual em torno de
3,285m³ por pessoa e 13,14m³ em uma residência com 4 pessoas (Tabela 12).

Tabela 11: Poupança de água utilizando torneira eficiente em comparação a convencional


lavatório de 8L/min.
Nº de Tempo de Consumo de Consumo de Poupança Poupança Poupança
pessoas utilização torneira 8L/min torneira (%) mensal anual
(min) (L) 2,4L/min (L) (m³) (m³)
1 2,5 20 6 70,0 0,420 5,110
4 2,5 80 24 70,0 1,680 20,440
Fonte: Adaptado de Barroso, 2010.

Tabela 12: Poupança de água utilizando torneira eficiente em comparação a convencional


lavatório de 6L/min.
Nº de Tempo de Consumo de Consumo de Poupança Poupança Poupança
pessoas utilização torneira 6L/min torneira (%) mensal anual
(min) (L) 2,4L/min (L) (m³) (m³)
1 2,5 15 6 60,0 0,270 3,285
4 2,5 60 24 60,0 1,080 13,140
Fonte: Adaptado de Barroso, 2010.

C. Torneiras pia de lavar louças


Para as torneiras de lavar louças pode-se considerar, para efeito de cálculo, que a
utilização diária seja de aproximadamente 3 minutos (ARPKE et al.; GHISI et al. apud
BARROSO, 2010).
Assim como nos lavatórios, a eficiência hídrica alcançada em torneiras de pias de
lavar louças pode ser de 2,4 litros por minutos, seguindo a NBR 10281:2015, através do uso
de arejadores, restritores e registros de vazão. Assim como nos lavatórios, existem uma
variedade de modelos de torneiras para pias de lavar louças e com diversas vazões sendo que,
73

para efeito de cálculo, considerou-se como convencional as torneiras sem dispositivos


eficientes com vazões de 6 e 8 litros por minuto. O potencial de poupança, se alcançada a
vazão eficiente de 2,4 L/min, é da ordem de 70% em comparação com as torneiras de 8
L/min, uma poupança de água anual em torno de 6,132m³ por pessoa e 24,528m³ em uma
residência com 4 pessoas (Tabela 13); e de 60% em comparação com as torneiras de vazão de
6 L/min, uma poupança de água anual em torno de 3,942m³ por pessoa e 15,768m³ em uma
residência com 4 pessoas (Tabela 14).

Tabela 13: Poupança de água utilizando torneira eficiente em comparação a convencional


lava-louças de 8L/min.
Nº de Tempo de Consumo de Consumo de Poupança Poupança Poupança
pessoas utilização torneira 8L/min torneira (%) mensal anual
(min) (L) 2,4L/min (L) (m³) (m³)
1 3 24 7,2 70,0 0,504 6,132
4 3 96 28,8 70,0 2,016 24,528
Fonte: Adaptado de Barroso, 2010.

Tabela 14: Poupança de água utilizando torneira eficiente em comparação a convencional


lava-louças de 6L/min.
Nº de Tempo de Consumo de Consumo de Poupança Poupança Poupança
pessoas utilização torneira 6L/min torneira (%) mensal anual
(min) (L) 2,4L/min (L) (m³) (m³)
1 3 18 7,2 60,0 0,324 3,942
4 3 72 28,8 60,0 1,296 15,768
Fonte: Adaptado de Barroso, 2010.

D. Chuveiros
A frequência e duração dos banhos está relacionado diretamente ao comportamento
dos usuários e isso torna a sua quantificação difícil. Sendo assim, para efeito de cálculo,
estimou-se, de acordo com Barroso (2010), que a duração média de banho diária seja de 5
minutos. Para conseguir poupança de água na utilização das duchas e chuveiros pode-se optar
pela compra de um equipamento fabricado com vazão de funcionamento eficiente, e/ou
utilizar equipamentos que agreguem hidro eficiência como o restritor de vazão, a válvula
reguladora de vazão, que são indicados para pontos que estão sob alta pressão, geralmente
74

entre 10 e 40 mca, e o arejador. Considerou-se como eficientes chuveiros e duchas regulados


para vazões de aproximadamente 3 a 4,5 litros por minuto. Existem chuveiros e duchas com
diversas vazões, porém considerou-se, para efeito de cálculo, como convencionais vazões
entre 6 e 9 litros por minuto.
O potencial de poupança, se alcançada a faixa de vazão eficiente de 3 a 4,5L/min, é da
ordem de 50% a 66,7% se comparados aos chuveiros de vazão em torno de 9L/min, gerando
uma poupança de água anual de até 10,950m³ por pessoa e de até 43,800m³ em uma
residência com 4 pessoas (Tabela 15). A poupança em relação aos chuveiros de vazão 6L/min
é de 25% a 50%, gerando uma poupança de água anual de até 5,478m³ por pessoa e de até
21,900m³ em uma residência com 4 pessoas (Tabela 16).

Tabela 15: Poupança de água utilizando chuveiro/ducha de 3 a 4,5L/min em comparação ao


convencional de 9L/min.
Nº de Tempo de Consumo de Consumo de Poupança Poupança Poupança
pessoas utilização chuveiro 9L/min chuveiro 3 a (%) mensal (m³) anual (m³)
(min) (L) 4,5L/min (L)
1 5 45 15 a 22,5 50 a 66,7 0,675 a 0,900 8,212 a 10,950
4 5 180 60 a 90 50 a 66,7 2,700 a 3,600 32,850 a 43,800
Fonte: Adaptado de Barroso, 2010.

Tabela 16: Poupança de água utilizando chuveiro/ducha de 3 a 4,5L/min em comparação ao


convencional de 6L/min.
Nº de Tempo de Consumo de Consumo de Poupança Poupança Poupança
pessoas utilização chuveiro 6L/min chuveiro 3 a (%) mensal (m³) anual (m³)
(min) (L) 4,5L/min (L)
1 5 30 15 a 22,5 25 a 50 0,225 a 0,450 2,737 a 5,475
4 5 120 60 a 90 25 a 50 0,900 a 1,800 10,950 a 21,900
Fonte: Adaptado de Barroso, 2010.
75

E. Combinação dos dispositivos


A aplicação dos dispositivos eficientes propostos em conjunto certamente irá agregar
uma considerável economia de água em qualquer habitação, e esse potencial de poupança está
indicado na Tabela 17.

Tabela 17: Poupança adquirida com utilização de dispositivos eficientes.

USOS POUPANÇA (%)


Descarga 40,0 – 60,0
Lavatório 60,0 – 70,0
Pia de cozinha 60,0 – 70,0
Chuveiro 25,0 – 66,7
Todos 52,12– 71,9
Fonte: Adaptado de Barroso, 2010.
Para fazer um comparativo entre o consumo global de uma residência com e sem essas
medidas eficientes aplicadas, foi estipulado a porcentagem da distribuição de consumo de
água em uma residência (Tabela 18), através da média dos resultados das Tabelas 3, 4 e 5
apresentadas na seção 2.4.2. Os usos considerados foram: chuveiro, bacia sanitária, pia de
cozinha, lavatório, serviços (lavanderia, lavadora de roupas, tanque e pia externa) e outros
(lavadora de louças).
Tabela 18: Distribuição média do consumo de água em uma residência.

USOS PERCENTUAL (%)


Chuveiro 28,67
Bacia sanitária 24,67
Pia de cozinha 21,33
Lavatório 7,67
Serviços 16,00
Outros 1,67
Fonte: Próprio autor

O comparativo, apresentado nas Tabelas 19 e 20, demonstra que o potencial de


economia agregado através da utilização dos dispositivos hidro eficientes poderá ser de cerca
de 52,12% a até 71,9%. Para a elaboração das Tabelas 19 e 20 considerou-se os dados da
76

Tabela 18 e um consumo médio per capita de 113,5 litros por dia, que é a média de consumo
da Bahia registrado em 2014 (SNIS, 2016), além de uma ocupação residencial de 4 pessoas.

Tabela 19: Poupança de água numa habitação com utilização de dispositivos eficientes
(menor economia).
Consumo sem medidas hidro Poupança Consumo com medidas hidro
eficientes eficientes
USOS L/hab.dia L/res.dia m³/res.ano (%) L/hab.dia L/res.dia m³/res.ano
Descarga 28,00 112,00 40,880 40,0 16,80 67,20 24,528
Lavatório 8,70 34,80 12,702 60,0 3,48 13,92 5,081
Pia louças 24,20 96,80 35,332 60,0 9,68 38,72 14,133
Chuveiro 32,50 130,00 47,450 25,0 24,38 97,52 35,595
Serviços
Outros 20,10 80,40 29,346 - - - -
Total 113,50 454,00 165,710 52,12 54,34 217,36 79,336
Fonte: Adaptado de Barroso, 2010.

Tabela 20: Poupança de água numa habitação com utilização de dispositivos eficientes
(maior economia).
Consumo sem medidas hidro Poupança Consumo com medidas hidro
eficientes eficientes
USOS L/hab.dia L/res.dia m³/res.ano (%) L/hab.dia L/res.dia m³/res.ano
Descarga 28,00 112,00 40,880 60,0 11,20 44,80 16,352
Lavatório 8,70 34,80 12,702 70,0 2,61 10,44 3,811
Pia louças 24,20 96,80 35,332 70,0 7,26 29,04 10,600
Chuveiro 32,50 130,00 47,450 66,7 10,82 43,28 15,797
Serviços
Outros 20,10 80,40 29,346 - - - -
Total 113,50 454,00 165,710 71,9 31,89 127,56 46,559
Fonte: Adaptado de Barroso, 2010.

6.2.2 – Aproveitamento de águas de fontes alternativas

No trabalho foram apresentadas três alternativas para ampliar a oferta de água numa
habitação, gerando consequentemente um menor consumo da rede pública de abastecimento.
77

As três alternativas são: aproveitamento de água da chuva, de águas cinza e de águas


subterrâneas. Os resultados apresentados a seguir demonstram o potencial que essas medidas
podem agregar numa habitação para a conservação de água. É preciso ficar claro que nem
sempre todo o potencial de economia oferecido por essas medidas será alcançado na
modificação de residências em uso, por diversos fatores impositivos.
Optando-se pelo aproveitamento de água da chuva para atender as demandas
domiciliares, deve-se considerar para a implantação do sistema: o índice pluviométrico local,
a área efetiva de captação da água e o volume de reservação, onde todos esses requisitos
devem estar devidamente adequados para suprir as necessidades, porém sua implantação está
limitada às características físicas existentes da edificação e a disponibilidade financeira do
interessado. Escolhendo o aproveitamento das águas cinza, onde geralmente há boa oferta,
pois pode-se captar a água do banho, lavatório e máquina de lavar-roupas, o empecilho para a
implantação vai depender do modelo de sistema que será aplicado, que são variados em níveis
de complexidade, onde pode ser uma simples utilização direta da água da máquina de lavar
roupas para lavar pisos, ou até sistemas que contemplem a coleta, tratamento e
armazenamento das águas cinza, dessa forma as limitações são dadas pelas características
físicas da edificação e da disponibilidade financeira do interessado. Já o aproveitamento de
águas subterrâneas depende das características hidrogeológicas do local, assim pode ter alto
custo de implantação e precisa fornecer vazão suficiente para atender toda a demanda
solicitada.
Com o aproveitamento das águas de fontes alternativas, de acordo com Cohim (2008),
praticamente toda a demanda residencial pode ser suprida, o nível de potabilidade alcançado
no sistema público é exigido apenas para a bebida. A água da chuva, sem tratamento ou com
tratamento mínimo, poderia ser utilizada para o banho, a higiene pessoal e todos os outros
usos menos exigentes. As águas cinza, com devido tratamento de remoção de matéria
orgânica e sólidos suspensos para adequação a padrões estéticos, poderiam atender a rega,
descarga e lavagem de roupa. As águas subterrâneas poderiam atender a qualquer uso, a
depender da sua qualidade no local da captação. No Quadro 10 foi montado uma
discriminação dos usos residenciais da água e qual oferta de água alternativa pode atender
mais seguramente as suas exigências qualitativas.
78

Quadro 10: Usos residenciais da água e as fontes alternativas de oferta que podem ser
utilizados.

Usos Água da chuva Águas Cinza Águas Subterrâneas


Bebida Não Não Depende
Cozinhar Sim Não Depende
Banho Sim Não Depende
Escovar os dentes Sim Não Depende
Lavar mãos Sim Não Depende
Lavar pratos Sim Não Depende
Lavar roupas Sim Sim Depende
Rega Sim Sim Depende
Lavar pisos Sim Sim Depende
Lavar carros Sim Sim Depende
Descarga Sim Sim Depende
Fonte: Próprio autor.
Apesar do potencial apresentado no Quadro 10, baseado em Cohim (2008), para
elaborar uma análise do potencial de poupança de água utilizando algum método de
aproveitamento de água de fontes alternativas, considerou-se de forma mais conservadora que
a utilização dessa água seria apenas para os usos que exigem menor qualidade da água,
metodologia utilizada por outros autores, como na descarga de bacias sanitárias, lavagem de
roupas, pisos e automóveis, rega de jardins, etc, ou seja, uma demanda menor a ser suprida
por fontes alternativas, tendo como justificativa para esta escolha os grandes desafios e
limitações de se modificar e reabilitar residências já em uso. Dessa forma, elaborou-se na
Tabela 21 uma distribuição do consumo de água em uma residência com a classificação de
usos de menor qualidade e de maior qualidade, feita através da média dos itens presentes nas
tabelas 3, 4 e 5 (seção 2.4.2). Nestas tabelas, os itens considerados de uso de maior qualidade
foram: chuveiro, lavatório, pia de cozinha e lava-louças. Os considerados de uso de menor
qualidade foram: bacia sanitária, lavanderia, lavadora de roupa, tanque e pia externa.
79

Tabela 21: Distribuição média do consumo de água em uma residência em maior e menor
qualidade.

USO PERCENTUAL (%)


Maior Qualidade 59,33
Menor Qualidade 40,67
Fonte: Próprio autor.

Considerando que a água das fontes alternativas contemple todos os usos de menor
qualidade, há um potencial de economia no consumo de água do sistema público de
abastecimento de cerca de 40,67% (Tabela 22).

Tabela 22: Poupança de água utilizando fontes alternativas


Consumo sem oferta de fontes Poupança Consumo com oferta de fontes
alternativas de água alternativas de água
Uso L/hab.dia L/res.dia m³/res.ano (%) L/hab.dia L/res.dia m³/res.ano
Maior Qualidade 67,34 269,36 98,316 0 67,34 269,36 98,316
Menor Qualidade 46,16 184,64 67,394 100 0 0 0
Total 113,50 454,00 165,710 40,67 67,34 269,36 98,316
Fonte: Próprio autor

6.2.3 – Combinação do aproveitamento de águas de fontes alternativas com uso de


dispositivos eficientes

Fazendo a combinação do aproveitamento de águas de fontes alternativas junto com os


dispositivos eficientes, a poupança de água agregado na habitação é obviamente ainda maior.
Respectivamente, aumenta-se a oferta de água e poupa-se de captar água do abastecimento
público, e atenua-se a demanda através do uso de mecanismos com maior eficiência hídrica.
As possibilidades de combinação dos itens são variadas, e dependem do contexto de cada
edificação, dessa forma, para uma maior precisão e custo benefício das modificações, é
necessário fazer uma análise individual de cada caso, de preferência feita por um profissional
capacitado, garantindo assim decisões mais acertadas. É importante também a utilização dos
dispositivos hidro eficientes em equipamentos mesmo abastecidos por fontes alternativas,
para manter o balanço hídrico do sistema sempre positivo, ou seja, garantindo que haja
80

sempre maior oferta de água em comparação com a demanda, mantendo o reservatório com
água e aumentando assim a probabilidade de garantir a oferta optativa pelo o ano inteiro. Os
resultados do potencial máximo de poupança de água utilizando todas as medidas
apresentadas neste trabalho estão expostos na Tabela 23.

Tabela 23: Poupança de água utilizando fontes alternativas e dispositivos hidro eficientes.
Consumo sem medidas hidro Poupança Consumo com medidas hidro
eficientes eficientes
USOS L/hab.dia L/res.dia m³/res.ano (%) L/hab.dia L/res.dia m³/res.ano
Descarga 28,00 112,00 40,880 100 0 0 0
Lavatório 8,70 34,80 12,702 70 2,61 10,44 3,811
Pia louças 24,20 96,80 35,332 70 7,26 29,04 10,600
Chuveiro 32,50 130,00 47,450 66,7 10,82 43,29 15,800
Serviços 18,16 72,64 26,150 100 0 0 0
Outros 1,90 7,6 2,774 0 1,90 7,6 2,774
Total 113,50 454,00 165,710 80,1 22,59 90,36 32,981
Fonte: Adaptado de Barroso, 2010.

6.3 – Avaliação das certificações ambientais nas residências modificadas


Neste trabalho foram apresentados quatro sistemas de certificação sustentáveis
aplicáveis em moradias: LEED, BREEAM, AQUA e Casa Azul. Nesta seção considerou-se
uma avaliação que as moradias podem alcançar, relacionado à conservação de água, aplicando
as modificações sugeridas, de acordo com os critérios de cada um destes sistemas de
certificação.
Para aplicar os critérios de avaliação de cada certificação, buscou-se relacionar as
abordagens das certificações com as modificações propostas neste trabalho, que foram a
aplicação de dispositivos hidro eficientes (controle de demanda): bacia sanitária com descarga
de acionamento duplo, arejador, restritor de vazão e registro regulador de vazão; e a utilização
de fontes alternativas (ampliação da oferta): aproveitamento de água da chuva, de águas cinza
e de águas subterrâneas. Dessa forma no Quadro 11 estão apresentados os critérios atendidos
em cada certificação com a aplicação dessas medidas conservacionistas, e o Quadro 12 traz a
pontuação, créditos e/ou nível de desempenho possíveis de serem alcançados.
81

Quadro 11: Critérios atendidos nas certificações com aplicação das medidas de conservação
de água.

Medidas LEED BREEAM AQUA Casa Azul


-Redução do consumo
- Dispositivos
Descarga - Redução de 50% no uso de água distribuída via
- Nenhum item economizadores:
acionamento de água potável em vasos instalação de
especifico. sistema de
duplo sanitários. componentes
descarga.
economizadores.
-Redução do consumo
de água distribuída via - Dispositivos
- Nenhum item
Arejador - Nenhum item especifico. instalação de economizadores:
especifico.
componentes arejador.
economizadores.
-Redução do consumo
de água distribuída via
Restritor de - Nenhum item - Nenhum item
- Nenhum item especifico. instalação de
vazão especifico. especifico.
componentes
economizadores.
-Redução do consumo
- Dispositivos
Registro de água distribuída via
- Nenhum item economizadores:
regulador de - Nenhum item especifico. instalação de
especifico. registro regulador
vazão componentes
de vazão.
economizadores.
-Redução do consumo
Uso de todos
- Redução do uso de água - Consumo previsto de água distribuída via
dispositivos
potável a partir de menor que 32m³ por instalação de
hidro
referência. pessoa por ano. componentes
eficientes
economizadores.
- Redução de 50% do uso
- Especificar um
de água potável para
sistema que irá
Água da irrigação. - Gestão das águas - Aproveitamento
recolher a água da
chuva - Não utilizar água potável pluviais de águas pluviais.
chuva para uso
para irrigação.
externo em irrigação.
- Redução de 50% do uso
de água potável para
irrigação.
- Não utilizar água potável
- Gestão das águas
para irrigação. - Nenhum item
Águas cinza servidas prevendo o
- Tratamento de 50% das especifico.
seu devido reuso.
águas residuais no edifício.
- Performance exemplar:
tratamento de 100% das
águas residuais no edifício.
- Redução do uso de água
potável a partir de
referência.
- Redução de 50% do uso
Água - Nenhum item - Nenhum item
de água potável para
subterrânea especifico. especifico.
irrigação.
- Não utilizar água potável
para irrigação.

Fonte: Próprio autor.


82

Quadro 12: Pontuação alcançada nas certificações com aplicação das medidas de
conservação de água.

Medidas LEED BREEAM AQUA Casa Azul


Descarga 2 pontos. - B, BP, MP Obrigatório
acionamento duplo
Arejador - - BP, MP Opcional
Restritor de vazão - - BP, MP -
Registro regulador - - BP, MP Opcional
de vazão
Uso de todos os 4 pontos + 1 ponto 1 a 4 créditos - -
dispositivos hidro de performance
eficientes exemplar.
Água da chuva 2 a 4 pontos. 1 crédito MP Opcional
Águas cinza 2 a 4 pontos. - MP -
Água subterrânea 2 a 4 pontos. - - -
Global 4 pontos + 1 ponto 1 a 4 créditos -
de performance
exemplar.
Fonte: Próprio autor.

6.4 – Exemplo de aplicação e levantamento de custo das medidas de conservação em


uma residência
Foi escolhida para o aprimoramento em eficiência hídrica um modelo de residência
padrão popular em um terreno de 112,5m² com área construída de aproximadamente 42,80m²
formada por: sala, cozinha, banheiro, dois quartos e varanda. Os aparelhos hidráulicos
existentes na residência são: um chuveiro, uma bacia sanitária, um lavatório, uma pia de
cozinha, uma saída para filtro, um tanque e uma torneira externa. No “ANEXO B” estão
presentes os projetos hidráulicos com as modificações da residência com planta baixa, cortes,
isométrico e vista lateral.
Levando em consideração que a residência não detinha nenhum de seus equipamentos
hidráulicos com a eficiência almejada por este trabalho, foi proposto a sua reabilitação com as
seguintes modificações:
 Instalação de chuveiro elétrico com vazão aproximada a 3L/min;
 Instalação de descarga com acionamento duplo na bacia sanitária;
 Instalação de torneira com arejador no lavatório;
 Instalação de torneira com arejador na pia da cozinha;
 Instalação de sistema de aproveitamento de água da chuva.
83

Ficou estabelecido que se usaria a água da rede pública na pia da cozinha, no filtro e
no chuveiro, e se usaria prioritariamente a água de chuva na pia externa, no tanque, no
lavatório e na descarga.

6.4.1 – Levantamento de custos dos equipamentos


O custo estimado foi levantado com auxílio do software gerador de preços
“OrçaFascio” utilizando o banco de dados do SINAPI/BA (08/2016) e do ORSE/SE
(07/2016), além de cotação de preços pela internet em sites e lojas virtuais (10/2016).
Sendo assim, a Tabela 24 apresenta a estimativa de preço para os dispositivos
economizadores sem considerar fornecimento e instalação, e separadamente, na Tabela 25, a
estimativa do custo para implantação dos componentes do sistema de aproveitamento de água
da chuva. Vale destacar que a aquisição de um sistema de descarga com duplo acionamento
pode ser feita de 3 formas, a mais barata é se na residência já existir uma bacia com a caixa de
descarga que aceite a substituição do mecanismo de acionamento, senão pode-se efetuar a
substituição da caixa de descarga completa já com o sistema instalado, e como última
possibilidade há a substituição completa da bacia sanitária com a caixa de descarga e o
mecanismo de acionamento duplo incluso, que é a solução mais cara. Da mesma forma as
torneiras, se possível basta adquirir um dispositivo arejador e instalar no bico das torneiras
existentes na residência, se não for possível deve-se adquirir a torneira completa com o
dispositivo já instalado.

Tabela 24: Estimativa de preço de dispositivos economizadores aplicáveis na residência.


ITEM CODIGO DESCRIÇÃO QTD VALOR
1 DESCARGA COM ACIONAMENTO DUPLO
1.1 14301123/SUBMARINO Conversor Dual Flush Saida 2 Em 1 1 R$ 69,90
1.2 8674/ORSE Caixa de descarga acoplada, Flam Ecoflush BR 1 R$ 196,05
3/6 L
1.3 7283/ORSE Vaso san. com cx. de descarga acoplada, Thema 1 R$ 583,59
Ecoflush, 3/6 L
2 CHUVEIRO
2.1 1368/SINAPI Chuveiro elétrico comum em plastico branco 1 R$ 40,85
3 TORNEIRAS
3.1 1290600004/LOJAMERC Arejador vazão constante 1 R$ 18,15
3.2 11772/SINAPI Torneira de mesa para cozinha com arejador 1 R$ 62,50
3.3 495573/CASASHOW Torneira para lavatório de mesa com bica baixa 1 R$ 48,90
móvel e arejador
Fonte: Próprio autor.
84

Tabela 25: Estimativa de custo da instalação dos componentes do sistema de aproveitamento


de água da chuva.
ITEM CODIGO DESCRIÇÃO UND QTD VALOR
1 CONDUTOS COM CONEXÕES
1.1 94230/SINAPI Calha de beiral, semicircular PVC, 125mm m 13 R$ 713,83
1.2 91790/SINAPI Tubo 100mm m 8,5 R$ 350,97
1.3 91785/SINAPI Tubo 25mm m 5,8 R$ 178,29
2 RESERVATÓRIO
2.1 93214/SINAPI Reservatório 1000L elevado, apoiado em estrutura und 1 R$ 1.008,84
de madeira
Fonte: Próprio autor.

6.5 – Diretriz para reabilitação de residências em uso à conservação de água


A reabilitação de residências em uso para um consumo mais eficiente da água exige
estratégias que variam de caso a caso, devido as peculiaridades e limitações que são
imperativas para a realização de qualquer modificação nas moradias. Contudo, é possível
montar um guia de como deve ser feito essas modificações e/ou adaptações baseadas nos
impactos físicos e financeiros que cada proposta apresentada neste trabalho oferece.
Primeiramente a reabilitação de residências em uso iniciam pela predisposição dos
usuários em fazer e/ou permitir as modificações, e isso parte de exclusiva iniciativa particular
do mesmo ou de um processo público de conscientização que influenciem racionalmente as
pessoas de se preocuparem com a conservação de água em seus domicílios. A partir daí a
primeira etapa é a de análise e diagnóstico da edificação para o levantamento de suas
necessidades e possibilidades para a elaboração de um projeto de reabilitação. Dentro dessa
fase procura-se detectar os vazamentos e desperdícios, e conforme Perona (2011), é preciso
fazer um estudo detalhado dos possíveis custos e incômodos gerados pelas obras, é importante
também levantar as limitações físicas da edificação e as impostas pelo ambiente a qual está
inserida, para a aplicação de determinada intervenção.
Depois da primeira etapa com todas as condicionantes parametrizadas, inicia-se o
processo de escolha das medidas cabíveis. De um modo geral em residências em uso as
propostas mais adequadas e que devem ser priorizadas, são a de substituição dos dispositivos
hídricos como: torneiras, chuveiros, descargas, etc, por outros com maior eficiência hídrica,
e/ou a adoção de equipamentos economizadores como os arejadores, restritores e registros
reguladores de vazão, entre outros. Essas intervenções geralmente tem um custo financeiro
reduzido e quase não produzem impactos físicos que gerem incomodas obras. As alternativas
85

de aproveitamento de água da chuva, reuso de águas cinza e o uso de águas subterrâneas são
medidas mais difíceis de se colocar em prática, conforme Perona (2011), estes sistemas geram
intervenção da rede hidráulica predial, trazem custos mais elevados, provocam incômodos
durante as obras e podem gerar poluição visual e alteração de fachadas com o surgimento de
equipamentos e tubulações externas. Uma alternativa mais viável para o aproveitamento da
água de chuva é a utilização de um sistema simples sem necessidade de intervenção na rede
hidráulica da residência, a água captada ficaria reservada e utilizada diretamente deste
reservatório para irrigação, lavagem de pisos e lavagem de veículos. Uma via simples para o
reaproveitamento de águas cinza é a utilização direta da água da máquina de lavar para a
lavagem de pisos.
Escolhidas as medidas para reabilitação da residência, elas são implantadas e os
usuários devem ser instruídos a monitorarem o desempenho global do edifício com relação a
conservação de água e a realizarem manutenções periódicas nos equipamentos com intuito de
prolongarem a vida útil e manterem o desempenho e eficiência previstos. A Figura 21 traz um
esquema que representa diretrizes para reabilitação de residências em uso à conservação de
água.
Figura 21: Esquema para reabilitação de residências em uso à conservação de água.

Iniciativa dos usuários

Detecção de vazamentos
Análise e diagnóstico
Estabelecer possibilidades
e limitações

Escolha das medidas

1º) Dispositivos hidro eficientes 2º) Aproveitamento de fontes alternativas

Monitoramento e manutenção

Fonte: Próprio autor.


86

7.CONSIDERAÇÕES FINAIS

A escassez de água já é um problema vigente mundialmente e já faz parte de nosso


contexto, negligenciar isto é danoso para o nosso futuro neste planeta, portanto toda iniciativa
de se combater o desperdício e de motivar a utilização racional da água é importante, e foi
neste sentido o direcionamento das análises deste trabalho.
O consumo urbano de água no mundo corresponde a aproximadamente 8% do total da
água captada, não corresponde a maior fatia, é menor que o consumo industrial, 22%, e o da
agricultura, 70%, mas é de relevante importância o controle desta demanda, principalmente
pela margem de potencial que há para uma gestão mais eficiente do recurso água nesta esfera
que é a mais ligada diretamente ao consumo humano.
As medidas que agregam eficiência hídrica em residências apresentadas no trabalho
são amplamente conhecidas e acessíveis, mas ainda são muitas vezes consideradas apenas
como alternativas, quando deveriam já ser consideras padrão de utilização. Elas apresentam
um potencial de poupança de água bastante satisfatório diante da realidade de funcionamento
de parte das residências atuais. Além disso, ao longo da pesquisa foi possível constatar como
algumas certificações ambientais, LEED, BREEAM, AQUA e Casa Azul, classificam o
desempenho sustentável das edificações, e qual destaque dado por cada uma a abordagem da
gestão de água nas residências.
Das medidas para reabilitação pesquisadas o enfoque foi para habitações
unifamiliares, e foi possível concluir que para modificar as residências em uso é mais viável a
utilização de dispositivos hidro eficientes como bacia sanitária com descarga de acionamento
duplo, arejador, restritor de vazão e registro reguladora de vazão, onde eles têm potencial de
gerar em torno de até 71,9% de poupança de água no consumo global de uma habitação, além
de serem modificações mais simples, com custo e impactos físicos relativamente baixos. As
medidas que englobam o aumento na oferta de água, como aproveitamento de água da chuva,
de águas subterrâneas e reuso de águas cinza, também possuem um razoável potencial de
poupança de água, isoladamente podem gerar cerca de 40,67%, e combinados com os
dispositivos hidro eficientes tem potencial de gerar uma poupança em torno de 80,1% no
consumo de água. No entanto, essas medidas são mais difíceis de serem aplicadas em
residências em uso, geralmente tem custo alto de implantação, geram muitos impactos físicos
na edificação e muitas vezes as residências tem muitas limitações para absorve-las, dessa
87

forma sua utilização fica bem restrita e são mais recomendadas para construções a serem
concebidas desde início com esses sistemas projetados.
Portanto é preciso ponderar que nem todas as modificações são possíveis de se
implementar, pois cada caso especifico exige uma avaliação própria e tem suas
peculiaridades, mas algumas diretrizes podem ser seguidas para uma melhor efetividade,
baseadas no nível de dificuldades para a implantação de cada medida. Dessa forma, é preciso
ficar evidente que qualquer contribuição é importante para a conservação da água e fica a
cargo das pessoas a cada vez mais ter essa iniciativa, não excluindo a importância de políticas
públicas que fomentem e direcionem essas ações, seguindo a linha dos princípios do
Desenvolvimento Sustentável que é um modelo a ser seguido para os novos rumos do
desenvolvimento da sociedade, sempre buscando mesclar de forma equilibrada a preservação
ambiental, o desenvolvimento social e econômico e fazendo jus ao lema do Relatório de
Brundland (1987) de que devemos satisfaz nossas necessidades presentes, mas sem
comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir as suas necessidades.
88

REFERÊNCIAS

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94

ANEXO A – Níveis de desempenho nas categorias “5 - Gestão da água”, e


“14 - Qualidade sanitária da água na certificação” (AQUA).
95
96
97
98
99
100
101

ANEXO B – Projeto hidráulico da residência modelo


102
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