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CADERNO DE RECURSOS LITÚRGICOS

aderno de Recursos litúrgico


PARA A CELEBRAÇÃO DOS 500 ANOS
DA REFORMA PROTESTANTE
ra a celebração dos 500 anos
Aliança de Igrejas Presbiterianas e Reformadas da América Latina

Reforma Protestante (Agosto de 2017)


APRESENTAÇÃO
Como Departamento de Teologia e Missão da AIPRAL, queremos oferecer este singelo mate-
rial para colaborar nas celebrações de nosso povo no momento de culto de ação de graças pelos
500 anos da Reforma Protestante, que acontecerá no mês de outubro.

Este material foi produzido pelo Departamento de Teologia e Missão da AIPRAL com a cola-
boração de irmãs e irmãos das igrejas presbiterianas e reformadas da América Latina e Caribe.
Incluímos recursos em forma de estudos, canções e orientações para a celebração.

Nossa oração é para que através das canções, das orações, dos momentos de silêncio e abraços,
possamos sentir fortalecida nossa fé comum e renovado nosso compromisso com o Reino de
Deus neste tempo. Sigamos com o serviço ao Senhor, como povo reformado, para além dos 500
anos, sabendo que isto só será possível pelo mover de seu Espírito Santo em nossas comunida-
des.

Que o Deus da Vida, renovo nossos corações e nos ajude a realizar sua obra entre as novas ge-
rações.
O tema “Renovados e Renovadas pela graça de Deus” está em consonância com o tema da
Assembleia Geral da Comunhão Mundial de Igrejas Reformadas (CMIR) que aconteceu em
junho e julho deste ano, na Alemanha. Nosso convite é para as igrejas locais celebrarem esta
mesma liturgia, no dia 12 de novembro, como uma forma de estarmos unidos nesta celebração.

Convidamos cada irmão e irmã a tomar parte nesta celebração do povo de Deus em todo mundo
e em continuar na busca de um “outro mundo”, em que todos e todas, de mãos dadas, continuem
a pregar só a fé, só Cristo, só a Graça, só as Escrituras, somente a Deus a glória. Amém.

Departamento de Teologia e Missão

Rev. Paulo Câmara  Diretor do Departamento de Teologia e Missão


Rev. Darío Barolin  Secretário Executivo

Caderno de Recu
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ÍNDICE
Palavra do Presidente da AIPRAL.......................................................................................... 04

Liturgia................................................................................................................................... 05

Estudos para Escola Dominical............................................................................................ 10

  Renovados e renovadas pela graça de Deus


  Orar sempre, sem desanimar (Darío Barolin) ................................................................ 11

  Renovados e renovadas pela graça de Deus


  Maravilhosa graça (Letty Heredia)................................................................................. 15

  Renovados e renovadas pela graça de Deus


  A Missão de Deus no contexto individualista (Paulo Câmara)....................................... 19

  Renovados e renovadas pela graça de Deus


  As novas gerações em nossa região (Lucia Maureliz) ..................................................... 23

Compartilhar: as Celebrações locais na rede virtual............................................................... 25

--

Anexo I: Possibilidades de trajes para a celebração.................................................................. 26

Anexo II: Canções................................................................................................................... 28

Anexo III: Arte especial para a celebração............................................................................... 32

ursos litúrgicos 3
RENOVADAS E RENOVADOS
PELA GRAÇA DE DEUS
- PALAVRA DO PRESIDENTE DA AIPRAL -

Trazer os temas centrais da Reforma Protestante para a nossa celebração e reflexão, 500 anos
depois, é um grande desafio, porém, algo necessário e urgente.

A AIPRAL não fugiu a esta responsabilidade. O tema “500 anos da Reforma Protestante” tem
sido um divisor de águas em nosso Planejamento Estratégico para os próximos anos. Somos
herdeiros da Reforma e o legado que recebemos é valioso. Isso não pode se perder no espaço e no
tempo, pois há muitos princípios e valores, caros a nós, que precisam ser conhecidos e passados
de geração em geração. A AIPRAL traz, em seu DNA, essa marca da Reforma, assim como o
apóstolo Paulo dizia trazer em seu corpo as marcas da cruz de Cristo.

Creio que um dos grandes desafios é mostrar a relevância dos princípios reformados para o nos-
so tempo, dentro da realidade latino-americana. Apesar de vivermos num contexto totalmente
diferente, nos surpreendemos pela incrível semelhante com o século XVI. Vivemos num mundo
tecnológico, veloz, relativista e imerso numa modernidade liquida, no dizer do sociólogo Zyg-
munt Bauman. E, é nessa sociedade fluida, sem utopias, sem fronteiras, mas que ainda constrói
muros, que cultiva intolerância e continua visceralmente corrupta, que somos chamados a viver
e a testemunhar de forma relevante a nossa fé cristã reformada. Que tremendo desafio!

Tendo isso em mente, o Departamento de Teologia e Missão da AIPRAL, sob o Lema: Reno-
vadas e Renovados pela Graça de Deus, preparou e disponibiliza um rico material que poderá ser
usado nas igrejas locais. São Estudos Bíblicos, Liturgia e outros recursos para as celebrações do
aniversário da Reforma. O tema nos remete à graça maravilhosa de Deus, que é um dos pilares
de nossa teologia. Num tempo de tantas “teologias”, de religiosidades de autoajuda, de cultos à
personalidade e à prosperidade, de um cristianismo sem cruz, de templos cheios e de almas va-
zias, somos chamados a testemunhar que “a graça é melhor que vida” (Sl 63.3) e a anunciar que
a graça de Deus nos basta (2 Co 12.9).
Esperamos que estes recursos sejam ferramentas úteis para despertar em nossa gente o amor
pela herança que os reformadores nos legaram e que, acima de tudo, resgate em nós a consciência
de viver a fé cristã reformada como estilo de vida, onde as mãos estão sempre estendidas para
servir, os pés sempre prontos para a missão e os lábios sempre abertos para confessar que Jesus
Cristo é o Senhor.

Soli Deo Gloria!

Rev. Agnaldo Pereira Gomes  Presidente de AIPRAL

Caderno de Recu
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RENOVADAS E RENOVADOS
PELA GRAÇA DE DEUS1
PROPOSTA LITÚRGICA - DOMINGO 12 DE NOVEMBRO 20172

PALAVRAS PRÉVIAS
A liturgia “reformada” tem sua origem no modelo de celebração da Genebra, de Calvino. Muitas
comunidades de fé ao redor do mundo, inclusive em nossa região, seguem o modelo genebrino.
Porém, também é certo que em outras comunidades, “a forma” mudou ao longo do tempo, ad-
quirindo novas expressões associadas ao contexto de cada comunidade local.

Esta proposta não segue a “ordem” tradicional, ainda que contenha os momentos de uma liturgia
reformada tradicional. Cada comunidade, se necessário, pode “mover” os elementos litúrgicos de
modo que lhe seja confortável.

A família Reformada e Presbiteriana da AIPRAL é rica em sua diversidade e isso merece ser
celebrado com gratidão a Deus.

AMBIENTAÇÃO/DECORAÇÃO
Cada comunidade de fé é única e, portanto, pode buscar, livremente, a decoração que acompanhe
a ideia de um caminho, percurso ou movimento simbolizando os vários séculos da construção de
nossa espiritualidade até o presente.

Pode-se pensar em tecidos que simbolizem um caminho, porém, não um caminho reto, senão
com curvas, e alguns espaços amplos e outros mais estreitos. Em diversos lugares desse cami-
nho podem inserir símbolos que tragam a história do movimento da Reforma Protestante e
também a história e testemunho de fé da própria comunidade local: retratos de reformadores;
fragmentos da Bíblia traduzida ao alemão, ao francês, aos idiomas locais; velas; confissões de fé
históricas (Credo Apostólico, Niceno, Atanasiano) e atuais (Barmen, Belhar, Accra); cópias de
hinos emblemáticos; retratos de mártires de nossa fé; pedras e pregos que podem ser símbolos
dos momentos obscuros do caminhar da Igreja no passado... A criatividade de cada comunidade,
sem dúvida, pode enriquecer a ideia do caminho.

Se o caminho mudar de cor, isso pode também significar que a Igreja está em constante evolução
e reforma.

DESENVOLVIMENTO DA CELEBRAÇÃO
PALAVRAS DE BOAS VINDAS3
Somos parte da igreja de Jesus Cristo. Juntos com outras Igrejas protestantes, carregamos marcas
que tem origem no movimento da Reforma de 1517.
1 Baseado em Efésios 2:8-10. Também está vinculado com o lema da última Assembleia da CMIR, celebrado
em Leipzig, Alemanha, em julho de 2017.
2 A data foi escolhida pela AIPRAL com o objetivo de promover uma celebração conjunta, como igrejas da
família reformada em nosso continente.
3 A partir do material dos luteranos do Brasil

ursos litúrgicos 5
Renovados e Renovadas pela Graça de Deus Programa Para além dos 500 Anos – AIPRAL

A Reforma Protestante teve em Martinho Lutero uma figura destacada, que há 500 anos, em 31 de
outubro de 1517, realizou um fato marcante: fez públicas 95 teses contra o comércio de indulgências.

Esta é a razão pela qual nos reunimos aqui. As igrejas membro da AIPRAL, estão reunidas, hoje, em
comunidade, para celebrar os 500 anos da Reforma Protestante em nosso continente. Não queremos
celebrar nenhuma ruptura ou separação entre igrejas. As divisões não são motivo de celebração. Ce-
lebramos, sim, nossa vocação e as características da igreja a partir do impulso de Martinho Lutero
e de muitos outros homens e mulheres que prepararam o caminho antes dele e após ele. Queremos
celebrar nossa presença e nossa maneira de participar na missão da Igreja de Jesus Cristo no mundo.

• Felicidad de vivir en tu casa (Eduardo de Zayas)4


  https://www.youtube.com/watch?v=P2aMXQMUkvc

CHAMADA À ADORAÇÃO 5
Formados no ventre de nossas mães, criados à imagem de Deus, damos graças ao Deus vivente,
criador do céu e da terra.

Batizados e adotados como filhos e filhas de Deus, recebemos nova vida por meio de Jesus, a
palavra vivente de Deus.

Chamados e chamadas a deixar-nos guiar por Deus para sermos bênção, recebemos inspiração
e força por meio do Espírito Santo, a água viva.

Firmados como uma comunidade de amor, unida em fé e esperança, adoramos e glorificamos à


Bendita Trindade.

• Santo, Santo, Santo (Reginal Heber)

TEMPO DE CONFISSÃO 6
O momento de confissão de pecados deve ser marcado pelo reconhecimento de nossos erros,
como Igreja, na proclamação do Evangelho. Assim, propomos a leitura de Efésios 2.1-10 antes
da oração silenciosa – este que é um texto clássico da Reforma Protestante e que expressa bem
o motivo de nossa salvação. Depois da oração de confissão de pecados, sugerimos a leitura de
Efésios 2.11-22. O momento pode ser conduzido do seguinte modo:

• Leitura de Efésios 2.1-10


• Chamada ao silêncio e confissão
Oficiante: Povo de Deus, Igreja de Cristo na terra, em 500 anos de caminhada como
Igreja Reformada, precisamos reconhecer nossos erros e confessar nossas falhas. So-
mos pecadores, carecemos da graça de Deus.

Povo: Ó Senhor, tende piedade de nós.

Oficiante: Em silêncio, confessemos nossos pecados.

• Oração Silenciosa

4 Pode-se cantar enquanto alguém coloca os diversos símbolos no caminho


5 Do caderno litúrgico usado na Assembleia da CMIR, julho 2017
6 Giovanni Alecrim, da IPI do Brasil, tradução livre

Caderno de Recu
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Renovados e Renovadas pela Graça de Deus Programa Para além dos 500 Anos – AIPRAL

• Oração de confissão:
Todos: Deus de toda graça e amor, somos gratos a ti pela salvação em Cristo Jesus, luz em meio
às trevas que nos chama para a vida. Louvado seja o teu nome. Em nome de Jesus, amém.

• Leitura de Efésios 2.11-22


• Saudação da Paz 7
Mi Paz les dejo

GLÓRIA IN EXCELSIS
Oficiante: Glória a Deus nas maiores alturas, porque permitiu que, pelos caminhos
da Reforma nos convertêssemos numa Igreja que entende sua missão: “propagar
o Evangelho de Jesus Cristo, estimulando a vivencia evangélica pessoal, familiar e
comunitária; promovendo a paz, a justiça e o amor na sociedade; participando no
testemunho do Evangelho em nosso país e no mundo” 8. Por isso, cantemos:

• Alma bendize al Señor ( Joachim Neander)

TESTEMUNHOS DE GRATIDÃO
Sugerimos deixar um espaço aberto (espontâneo, se a comunidade for pequena; ou previamente
planejado, caso a comunidade seja grande) para que algumas pessoas possam compartilhar bre-
ves testemunhos de gratidão pela vida e missão do serviço da Igreja em cada contexto particular.

• Cuan Grande és El (Carl Boberg)


• Ofertório

LEITURA DA PALAVRA
• Aleluia (um cântico que seja conhecido pela comunidade)
• Oração por iluminação 9
Deus, estamos ouvindo sua Palavra, mais antiga que qualquer um de nós, mais antiga
que a Igreja, porém ainda refrescante e com o poder de renovar e transformar. Deus,
pedimos, por favor, abra nossas mentes e corações para abraçar sua Palavra, abra
nossas mentes e corações para abraçarmos uns aos outros e tornamos um. Amém.

• Mensagem
• Castelo Forte (versão tradicional ou versão alternativa, vide anexo)

TEMPO DE INTERCESSÃO
• Tem piedade do teu povo 10
Muros, grades, fronteiras fechadas, migrações forçadas, refugiados e repressões, co-
rações insensíveis, morte.

Tem piedade do teu povo.

7 Recomenda-se um cântico alegre, que trate da reconciliação que temos em Cristo Jesus
8 Constituição da IECLB
9 Das liturgias da Assembleia da CMIR, julho de 2017
10 Gerardo Oberman, retirado do livro “Sólo por tu gracia”, Red Crearte, 2017

ursos litúrgicos 7
Renovados e Renovadas pela Graça de Deus Programa Para além dos 500 Anos – AIPRAL

Meninas sequestradas, tráfico humano, violações, trabalho escravo, seres humanos


abusando de seres humanos.

Tem piedade do teu povo.

Terras devastadas, campos maltratados, a tirania econômica sem alma ecológica, os


rios e os mares como mercadoria, transgênicos que adoecem e matam, multinacio-
nais que acumulam o alimento.

Tem piedade do teu povo.

Os interesses de poucos condenam milhões à miséria e à sepultura. A riqueza se


concentra e se globaliza a pobreza, a fome e a exclusão. Não há justiça e a solidarie-
dade não chega.

Tem piedade do teu povo.

Discurso religioso sem graça, práticas de fé que alienam, uma moral perversa e uma
ética ao serviço do “melhor cliente”. A misericórdia não pode competir com teologia
de prosperidade, êxito e vitória.

Tem piedade do teu povo.

Tua criação sofre, terna força criadora, a terra e as águas clamam ao céu, teu povo
chora, Deus da vida plena.

Vem, necessitamos de Ti, tem piedade!

• Kyrie, eleison (Rodolfo Gaede Neto)

TEMPO DE COMUNHÃO E COMPROMISSO


Aqui estamos, não mais como estrangeiros e estrangeiras, reunidos e reunidas como corpo de
Cristo, sinais da vida da Igreja.

Aqui estamos, desfrutando de tudo o que temos feito até aqui e com disposição para seguir no
caminho.

Aqui estamos, reunidos e reunidas ao redor do Pão e do Vinho, sinal da presença de Jesus no nosso meio.

Tomem do Pão, comam e lembrem-se: Jesus Cristo nos foi entregue e vive em nós, nos chaman-
do à vida. Assim, temos sido renovados e renovadas. Compartilhem o cálice entre si, bebam e
lembrem-se: Nada pode separar-nos do amor de Jesus. Temos sido perdoados e perdoadas e, as-
sim, somos nova criatura. Adoremos a Jesus Cristo, que vive, ontem, hoje e para sempre. Amém.

• Santo, mi corazón te adora


• Convite 11
Lembrem-se: o que aconteceu antes, acontece aqui e agora por meio de Jesus Cris-
to, aqui presente, entre nós.

A mesa, o Pão, o Vinho: Jesus Cristo, aqui entre nós.

11 Do caderno litúrgico usado na Assembleia da CMIR, julho 2017

Caderno de Recu
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Renovados e Renovadas pela Graça de Deus Programa Para além dos 500 Anos – AIPRAL

A gratidão, a bênção, a comunhão: Jesus Cristo, aqui entre nós.

Seu corpo, seu sangue, sua vida: Jesus Cristo, aqui entre nós.

Sua morte, seu amor, sua aliança: Jesus Cristo, aqui entre nós.

Perdão, futuro e salvação: Por meio de Jesus Cristo, aqui entre nós.

Portanto, venham, a mesa está preparada! Venham experimentar a graça de Deus.

• Distribuição dos elementos da Ceia do Senhor12


A distribuição será compartilhada com essas palavras: “Tomem do Pão da Vida! Bebam do Cá-
lice da Salvação!” Enquanto compartilham os elementos, orienta-se a cantar uma ou várias das
seguintes canções:

• “Renovados y renovadas” (ver Anexo). São três, no total. Talvez possam cantar as três.
• La cena (grupo Caleb, Venezuela)
• De rodillas partamos hoy el pan (negro spiritual tradicional)
• Hasta alimentar a todos (Until all are fed) – https://www.youtube.com/watch?v=XLwmYIzkb78
• Eres Santo, eres Dios (per Harling, Suecia, traducida)

ENVIO E BÊNÇÃO
Deus, que está presente na história do seu povo,
Deus dos caminhos que levam à plenitude,
Deus, sempre fiel, próximo, solidário,
abençoa-nos ao deixar este lugar.

Que o renovo do teu Espírito nos impulsione ao encontro


Daqueles que Te procuram e que de Ti necessitam.
Que debaixo da tua graça, por Jesus, possamos ser testemunhas apaixonadas
para toda a criação.
Por amor do teu nome. Amém.
-- Ou este outro envio --

Deus dos reformadores e das reformadoras,


Deus dos nossos avôs e avós,
de nossos pais e de nossas mães,
abraça-nos em nosso complexo presente,
guia-nos por caminhos de esperança,
ilumina o horizonte para não errarmos os rumos,
acende nossa alma para te servir no meio da vida,
onde teu amor precisa ser compartilhado e celebrado.
Por Jesus, no Espírito. Amém.

• Caminemos a la luz de Dios ou uma das canções tema (ver Anexo).


Também pode ser Fe y esperanza viva (do grupo Caleb).

12 A maneira de participar será conforme a preferência de cada comunidade. Sugerimos que seja considerada a
ênfase comunitária e não individual deste sacramento.

ursos litúrgicos 9
ESTUDOS PARA ESCOLA DOMINICAL
É com grande alegria e responsabilidade que apresentamos aos irmãos e irmãs de nossas igrejas
estes estudos da Palavra Sagrada como ferramentas de reflexão para a comemoração do 500º
aniversário da Reforma Protestante. Nossa proposta é que as igrejas os utilizem durante todo o
mês de outubro ou novembro.

São quatro estudos para a Escola Dominical, preparados pelos membros da diretoria da AI-
PRAL, eleitos na última Assembleia, em agosto de 2016.

• Renovados e renovadas pela graça de Deus – orar sempre, sem desanimar


(Darío Barolin)
• Renovados e renovadas pela graça de Deus – maravilhosa graça
(Letty Heredia)
• Renovados e renovadas pela graça de Deus – a missão de Deus num contexto individualista
(Paulo Câmara)
• Renovados e renovadas pela graça de Deus – as novas gerações
(Lucia Maureliz)

Caderno de Recu
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RENOVADOS E RENOVADAS
PELA GRAÇA DE DEUS
AULA 1 – ORAR SEMPRE, SEM DESANIMAR

BASE BÍBLICA: LUCAS 18.1-8


• O que lhe chama a atenção neste texto?
• Quais personagens são mencionados?
• Como a unidade desta perícope é formada?
Nesta porção do Evangelho, Jesus começa no v. 1 com a motivação principal, o objetivo do que
se desenvolverá a seguir: “a necessidade de orar sempre e nunca desanimar...” Com esta moti-
vação, Jesus compartilha com seus discípulos (17.22) uma parábola em que apresenta um juiz
injusto e uma viúva que reclama por justiça. A parábola vai do v.2 ao v.5.

Depois de contar a parábola, Jesus mesmo interpreta o sentido da mesma e afirma sua convicção
de que o Pai fará justiça. Por fim, conclui com a seguinte pergunta: “Contudo, quando vier o
Filho do homem, achará fé na terra?” (v.8)

A situação apresentada nesse relato não parece ser muito diferente daquela proposta na parábola
do Semeador, em que a semente cai entre as pedras e os espinhos. “Os que estão à beira do ca-
minho são os que ouvem; mas logo vem o Diabo e tira-lhes do coração a palavra, para que não
aconteça que, crendo, sejam salvos. Os que estão sobre as pedras são os que, ouvindo a palavra,
recebem-na com alegria; contudo, eles não têm raiz e creem apenas por algum tempo; e des-
viam-se na hora da provação. A parte que caiu entre os espinhos são os que ouviram e, seguindo
seu caminho, são sufocados pelas preocupações, riquezas e prazeres desta vida, e não dão fruto
que chegue a amadurecer” (Lucas 8.13-14).

Sugiro que a necessidade de perseverar na oração somada a pergunta de Jesus “achará fé na


terra?” está relacionada com um contexto de dificuldades, injustiças e sofrimento (18.25 – ver
também Ap. 6.9-11). Por isso a insistência de Jesus para que seus discípulos perseverem, pois
afirmar a fé é contrário a desanimar, renunciar ou deixar que a pouca raiz ou os espinhos afo-
guem a semente do Reino.
Deixar-se vencer é ter sido absorvido e atraído por este mundo e seus valores, é ter sido sufocado
“pelas preocupações, riquezas e prazeres desta vida” (Lc. 8.14). A parábola de Jesus nos desafia
com a presença da viúva, que não se cansa de esperar, que não se acostuma, pelo contrário, vai
e exige justiça. Jesus não tem dúvidas de que o Pai responderá a oração, porém, questiona nos-
sa perseverança em esperar, já que vivemos em meio a sofrimento, desesperança e, sobretudo,
demora para que se faça a justiça. Assim, surge a pergunta: “Quando vier o Filho do homem,
achará fé na terra?”

A CONFISSÃO DE ACCRA
• O que você conhece sobre a Confissão de Accra? 13

13 Convidamos-lhe a conhece-la: http://d3n8a8pro7vhmx.cloudfront.net/unitedchurchofchrist/legacy_url/1775/confesion-


-de-accra.pdf?1418425284

ursos litúrgicos 11
Renovados e Renovadas pela Graça de Deus Programa Para além dos 500 Anos – AIPRAL

O final do ponto 16 diz: “Cremos que a integridade de nossa fé é posta em jogo quando nos
calamos ou recusamos a agir face ao sistema atual de globalização econômica neoliberal...”

• Por que a declaração de ACCRA diz que o nosso tempo coloca em perigo a fé dos cristãos?
Anunciar a mensagem da Salvação de Jesus Cristo exige compreender profunda e criticamente
as manifestações do pecado que hoje oprimem a humanidade e a criação de Deus. Caso contrá-
rio, a Palavra de Deus deixará de ser relevante e pertinente à vida de nossos povos.

A situação atual, em termos globais, é marcada pela forte influência da economia. A lógica
do lucro individual se apodera de nossos pensamentos, sonhos e relacionamentos. A ganância
econômica se converteu na razão última das tomadas de decisão. Os interesses econômicos são
colocados, de maneira idólatra, no lugar de Deus (Cl. 3.5). Em nome da rentabilidade e efi-
ciência, milhões de seres humanos em nosso continente são empurrados à extrema pobreza e
marginalização. Em nome do progresso se espreme a criação de Deus com o fim de se saciar um
insaciável sistema de consumo.

A humanidade parece embarcar nesta lógica irracional, mesmo sabendo que se dirige a um preci-
pício, já que a terra não tolera mais tanta poluição e ações que desequilibram o que Deus nos deu.
Esta verdade desumanizadora nos afasta cada vez mais do próximo e nos isola. Porém, devemos
ajudar ao caído.

Esta idolatria gera morte, mas nós resistimos em enxergar esta verdade sempre que temos acesso
a alguma promessa de felicidade oferecida pelo consumismo.

A ganância econômica como único sentido da vida ofusca as relações interpessoais e o outro ou
a outra se tornam nada mais que alguém de quem posso me aproveitar. Até as relações afetivas
e familiares estão marcadas por esta realidade utilitária.
A tentação é mascarar com vocabulário evangélico esta idolatria. De fato, há pessoas maravilha-
das com a riqueza chamando-a de prosperidade divina sem se preocupar se essa riqueza veio por
meio da exploração dos filhos e filhas de Deus ou da destruição da criação de Deus. Também
há aqueles que, contraditoriamente, estão dispostos a silenciar o Evangelho para que as igrejas
cresçam.

Esta situação é a que profeticamente a confissão de ACCRA nos advertiu há 13 anos. Este modo
de pensar, sentir, viver, sonhar e até acreditar são como espinhos que ameaçam sufocar a Semente
do Reino.

Por isso, a Confissão de ACCRA nos desafia a reconhecer que um modelo de vida baseado no
lucro e na riqueza põe em risco a integridade da fé reformada. Negando-a radicalmente, acaba-
mos deixando Deus “de lado” como a razão de nossa vida.

Neste contexto, as igrejas têm a responsabilidade de insistir no chamado à uma nova vida em
Cristo. É necessário erguer a voz profética, denunciar as práticas de violência e exclusão e, ao
mesmo tempo, ser espaço alternativo onde se cultive e incentive o amor a Deus e ao próximo.
São necessárias igrejas vitais que orem com perseverança em meio aos espinhos. Igrejas vitais
que incentivem a vida comunitária com valores que provém de Deus. Igrejas vitais que celebrem
a alegria de seguir a Cristo, que nos ensinou a se entregar em amor e solidariedade. Igrejas vitais

Caderno de Recu
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Renovados e Renovadas pela Graça de Deus Programa Para além dos 500 Anos – AIPRAL

que denunciem toda opressão contra a humanidade e contra a criação de Deus. Igrejas vitais que
se comprometam com ações concretas para uma nova e boa vida.

USURPADORES DE DEUS
Em nossa vida cotidiana, no contexto do neoliberalismo financeiro e cultural, o dinheiro é apre-
sentado como uma idolatria, ocupando o lugar de Deus. Este é o nosso primeiro ponto de con-
flito. O sistema financeiro internacional diz que não há outra alternativa. Inclusive, governos que
se dizem progressistas ficam sujeitos à dinâmica que este sistema propõe. O desejo pelo dinheiro,
pela rentabilidade como objetivo final deixa Deus de lado, tirando-o da sua centralidade na vida
das pessoas.

O sistema neoliberal, ao se apresentar como o valor fundamental e eterno, nos lembra a história
de Gênesis 2-3, onde o desejo humano de ser como “deus”, afasta o mesmo do Senhor. Assim
também podemos ler o texto da torre de Babel (Gn. 11.1-9), que foi escrito no contexto em que
o povo de Israel estava na Babilônia, terra dos deuses. Babilônia como império também procu-
rava instalar sua história de eternidade, ao mesmo tempo, Israel como povo oprimido procurava
fazer sua voz ser ouvida no meio da escravidão. Por fim, Babilônia não era a porta dos deuses,
nem a habitação das divindades, como diziam. Babilônia era uma cidade que seria julgada por
Deus. Deus iria descer e fazer com que a língua do império terminasse e surgissem outras.

CURA E LIBERDADE
Por outro lado, essa lógica econômica, cultural e religiosa se entranhou em nós. O mercado e seus
valores não se encontram fora, mas também dentro de nós, apoderando-se de nossos desejos e
sonhos. Em Marcos 5, Jesus se dirige a região de Gerasa e se encontra com um endemoninhado,
um espírito nada comum, chamado Legião.

• O que vemos neste texto?


O mal que atinge o povo também está dentro do próprio povo, ou seja, está possuído pelo mes-
mo espírito impuro. Isto é o que o império tem feito conosco, sua lógica se introduziu em nós,
sua ideologia colonizou nossos desejos.

O mercado tem feito do consumismo o sumun máximo da felicidade. Porém, o Evangelho nos
diz que encontramos felicidade e sentido em nossas vidas quando nos entregamos pelos demais,
isto é o que celebramos na Eucaristia, a Santa Ceia, a Comunhão. Quando as comunidades cris-
tãs celebram a Jesus crucificado, que é escândalo para os judeus e loucura para os gregos (I Co.
1.23), entram em conflito com a ideologia imperial pregada em cada arco do triunfo, em cada
obelisco.

A ideologia imperial ensina suas narrativas de batalhas, de povos vencidos e oprimidos, de um


“Cesar vencedor” e de povos subjugados trazendo suas riquezas à Roma. Isto se encerra com um
banquete familiar, que é o exemplo de felicidade absoluta. Felicidade que é conseguida depois
de matar, subjugar e dominar. Porém, Jesus Cristo, celebrado em catacumbas, entre escravos e
livres, homens e mulheres, gregos e judeus, não conquistou a ninguém, senão deu a sua vida pela
humanidade. Essa proclamação cultural é a que necessitamos para manter a fé e não sermos
“sufocados pelas preocupações, riquezas e prazeres desta vida...” que são os valores do mercado.

ursos litúrgicos 13
Renovados e Renovadas pela Graça de Deus Programa Para além dos 500 Anos – AIPRAL

A TAREFA DA IGREJA
O império está formatando as pessoas que somos e que sonhamos e nos tornar e está tendo
êxito. O sistema cria necessidades, logo vende sua satisfação e ao mesmo tempo cria outra nova
necessidade para manter a humanidade entre satisfações efêmeras e necessidades por algo novo.
O consumismo é o combustível e a energia do sistema. É necessário entender que o consumismo
não é apenas ir e comprar, mas também atinge nossos vínculos pessoais. Quando as mercadorias
são descartáveis, cedo ou tarde, os seres humanos também se tornam descartáveis.

• Então, neste contexto, qual é a tarefa teológica?


A viúva não se conformou com seu presente, reclamou e exigiu justiça. É necessário reclamar e
denunciar a mentira deste sistema que pretende ser “deus”. O maior desafio não é fazer, senão,
ser, um ser não neoliberal, oprimido pelos espinhos, que declara como o apostolo Paulo: “Cristo
vive em mim” (Gl. 2.20). Estamos convocados a ser crentes não neoliberais, estamos convidan-
do-o a contradizer a cultura dominante, difundida massivamente.

• Outro aspecto é como instalamos esta discussão em uma agenda de evangelização?


• Como podemos romper a dicotomia entre “preocupados/as pela evangelização” vs “preocu-
pados/as pela justiça”?
Evangelizar é anunciar a Boa Nova de Jesus Cristo nesta época neoliberal, descontruir sua lógica
e viver a outra, a do Reino que virá e que já está em nosso meio. Porém, sozinhos não conse-
guimos resistir. Devemos encontrar alternativas comunitárias que venham substituir a proposta
neoliberal. Não é questão de esquecer, senão mostrar outro futuro. Começar a celebrar outras
coisas. Resgatar a perseverança da viúva, que necessita dos outros para não deixar que este mo-
delo neoliberal danifique a vida das pessoas.

Este modelo já está julgado. O final deste sistema, baseado no consumismo e na depredação já
está anunciado. Não queremos, nem podemos voltar ao paraíso perdido, senão devemos viver no
Reino por vir.
Dario Barolin

Caderno de Recu
14
RENOVADOS E RENOVADAS
PELA GRAÇA DE DEUS
AULA 2 – MARAVILHOSA GRAÇA

REFLEXÃO
Maravilhosa graça de Deus! A graça é um atributo muito apreciado, que se manifesta através
da bondade e constante misericórdia do Pai. Ser conhecido como uma pessoa com graça é um
elogio. O tema que estudaremos enfatiza, especificamente, a Soberania de Deus na salvação pela
graça, a qual é um presente imerecido. Convido-os a submergir neste profundo mar de graça e
que, juntos, experimentemos o frescor da renovação espiritual com o fim de fortalecer-nos e que
continuemos a crescer de modo positivo e produtivo em nossas congregações e comunidades.

Oro para que descubram novas facetas da graça em suas vidas, com a mente e o coração dispostos
a entender a Palavra transformadora de Deus, e que possamos incentivar uns aos outros como co-
munidade de fé.

INTRODUÇÃO
O tema central desta passagem é a Graça de Deus para a humanidade, devido ao que o apóstolo
Paulo começa dizendo a respeito da graça na salvação, portanto é importante definir esta termi-
nologia tão crucial a nós, a fim de entendermos plenamente a passagem bíblica e este conceito.

• O que é a graça?
A expressão grega, traduzida em Efésios 2.8 “por Graça” é: τη χαριτι (tê chariti), a qual provém
da palavra χαρις (charis), que não somente pode ser traduzida como “Graça” como também por
“favor” e “generosidade”. O dicionário define graça como “dom ou favor que se faz sem mereci-
mento particular; concessão gratuita”. Então, podemos dizer que Graça é conceder a alguém um
dom ou favor de maneira gratuita e incondicional, sem considerar mérito ou condição alguma
aquele que recebe. A única razão da Graça é a vontade do doador de conceder seu favor ao re-
ceptor.

BASE BÍBLICA: EFÉSIOS 2.8-19


Leiamos a passagem completa v. 8-19; logo, passaremos a sua interpretação e exposição:

v.8-10 Nós estávamos mortos em nossos pecados; andando conforme a natureza humana e nos-
sos pensamentos, que usualmente é oposto a vontade de Deus. Agora, Deus, por meio de Sua
Graça infinita, nos ressuscitou espiritualmente com Cristo Jesus. Graça é a livre e incondicional
disposição da vontade soberana de Deus de entregar Seu Filho à humanidade sem levar em
conta sua condição. A palavra favor é o sinônimo bíblico mais próximo ao vocábulo Graça, que
é mais usado no Antigo Testamento. Favor não se pode recompensar.

Nada depende de nossas próprias obras ou mérito. A salvação se sustenta na Graça de Deus e
não em nossa própria fidelidade. Se somos filhos e filhas de Deus, podemos afastar-nos dEle,
porém, Ele sempre facilitará o caminho de volta, já que é pela Graça que somos salvos. Temos

ursos litúrgicos 15
Renovados e Renovadas pela Graça de Deus Programa Para além dos 500 Anos – AIPRAL

uma salvação finalizada, consumada na obra salvífica de Cristo, de modo que, crendo na Palavra
de Deus e confiando nEle, podemos afirmar: “somos salvos”.

A fé é o instrumento (meio) da salvação, Paulo declarou várias vezes a mensagem da salvação


através da fé, não por obras, pois tudo depende de Deus e não de nós. É um presente de Deus.

Somos feituras dEle. A palavra grega é “poiema”, da qual provem a palavra “poema”. A Igreja é
seu poema e sua nova criação. Paulo não estava falando da Igreja ou congregação local, senão
sobre o corpo de crentes existentes e sua nova criação através de Cristo Jesus.

• Agora, para que fomos criados?


Para as boas obras, viver de um modo que seja agradável e aceitável para Deus.

v. 11-17 No templo se encontrava o pátio dos não judeus em um lugar afastado. Aos não judeus
era permitido entrar, porém, permaneciam separados. A partir da vinda de Cristo, tudo mudou
para os não judeus que O tinham recebido. A distância e o muro que os separavam de Deus
tinha sido derrubado e Deus os aproximou por meio do sangue de Cristo.

“Ele é nossa paz, que de ambos os povos fez um, derrubando a parede que os separava, promo-
vendo a paz e, mediante a cruz, os reconciliou com Deus em um só povo, eliminando a inimi-
zade”. Isto significa que agora temos paz com Deus e que também devemos ter paz entre nós.

Não somente passamos a formar parte de um corpo, como também somos vistos como iguais
diante de Deus. Assim, hoje não deveria existir nenhum ponto de separação entre cristãos, sobre
nenhuma circunstância. Fomos feitos um em Cristo e vamos estar juntos por toda a eternidade.

APLICAÇÃO
Ainda que experimentemos a Graça de Deus em nossas vidas, às vezes não a compreendemos,
já que vivemos por nossa vontade, confiamos em nossas próprias forças, tentamos ser perfeitos e,
quando falhamos, desanimamos e nos sentimos esgotados. Não podemos chegar perto da Graça
se nos apoiar em nossos próprios méritos. Por que você acha que a Bíblia enfatiza tanto que a
obra salvadora de Deus não tem nada a ver com nossos esforços?

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Em momentos de fraqueza, quando clamamos a Deus, Ele nos fala com ternura ao coração e
nos diz “minha graça te basta”, permita-me ser Seu Senhor... Podemos reconhecer que o Deus
vivo tem o controle de nossas vidas e que seu Espírito Santo nos ajuda a viver, cada dia, em Sua

Caderno de Recu
16
Renovados e Renovadas pela Graça de Deus Programa Para além dos 500 Anos – AIPRAL

força – e não na nossa. Mesmo que você clame a Deus pela primeira vez ou escreva uma oração
em resposta à providência do presente da Vida Eterna.

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A Graça nos liberta, Deus enviou seu Filho para nos redimir, seu sangue na cruz nos comprou
e nos libertou. Você é abençoado de modo abundante, portanto, viva pela fé, em justiça. Atu-
almente os valores familiares e sociais estão se decompondo. Como Igreja, qual é nosso papel
diante das injustiças? Vivemos para realizar boas obras?

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Cristo reposicionou as leis dos mandamentos, expressados em ordenanças. Lembremos quando


Jesus estava no templo e um grupo de legalistas lhe trouxe uma mulher surpreendida no ato do
adultério. A Lei falou à Graça: “ela violou a lei, deve morrer”, a Graça respondeu: “se não tiver
culpa, podes apedrejá-la”. Os que estavam em pecado foram descobertos e se afastaram, a Graça
se dirigiu a ela e lhe perguntou, “onde estão teus acusadores? Não há ninguém que te condene?
Tampouco eu te condeno, vá e não peques mais”.

Sendo judeu ou não, independentemente da cor de sua pele, raça, gênero ou se more em terras
estrangeiras, nada disso pode estabelecer diferenças em Deus. No texto que estudamos, quando
ambos os grupos chegam à cruz como pecadores, são transformados em uma nova criatura.

Ao sermos transformados em uma nova criatura, “renovados e renovadas pela Sua Graça e re-
conciliados”, deveríamos ter a paz. A cruz derrubou todos os muros, por isso a mensagem do
amor de Deus, revelado em Cristo, chega a todos os povos da terra, a todas as pessoas, seja qual
for a sua condição; chega a você de modo pessoal, para lhe convidar a formar parte desse corpo,
vivendo de maneira justa.

ursos litúrgicos 17
Renovados e Renovadas pela Graça de Deus Programa Para além dos 500 Anos – AIPRAL

Ao celebrar os 500 anos da Reforma, podemos analisar o passado, presente e futuro da Igreja,
quais erros cometemos e o que precisamos reformar hoje. Temos em nossas mãos, como co-
munidade de fé, o desafio de instruir na Palavra, perseverar na oração, praticar a justiça, sermos
agentes da paz, criando espaços de diálogos e reflexão para contribuir com a unidade dos mem-
bros da família de Deus. A AIPRAL, através de seus departamentos, durante os próximos anos,
intencionalmente, trabalhará em programas de justiça, paz e igualdade de gênero.

Finalmente compartilho esta ilustração da transformação de uma borboleta: a borboleta re-


presenta a necessidade de mudança e liberdade. Ela precisa de valentia para dar continuidade
às mudanças necessárias, assim como nós em nosso processo de transformação. Só a Graça de
Deus nos pode renovar.

Que a Graça de Deus se manifeste em você e dirija a sua vida, que você possa abençoar ao outro
à medida em que for transformado em uma pessoa de graça.

A Graça de Deus seja com vocês!

Letty Heredia

Bibliografia: Tornando-se uma mulher cheia da graça - Cyntya Heald

Caderno de Recu
18
RENOVADOS E RENOVADAS
PELA GRAÇA DE DEUS
AULA 3 – A MISSÃO DE DEUS NO CONTEXTO INDIVIDUALISTA

INTRODUÇÃO
Vivemos num mundo em constante modificação. Nas últimas décadas, grandes transformações acon-
teceram na sociedade e as formas de relacionamentos foram (e ainda são) modificadas. Muitos são os
fatores: o Estado Mínimo, a globalização, o capitalismo avançado, a expansão tecnológica e científica, a
intensificação de trocas de bens materiais e culturais em âmbito global. Como consequência, a relação
do indivíduo consigo mesmo, com o próximo e com Deus foi modificada 14.

Pensar a igreja e sua missão neste contexto é desafiador. Segundo Pedro Carlos Cipolini15: “Vive-se
um tempo de desamor à Igreja, pois a comunhão é a grande ausente da sociedade [...] Assim, surge
um novo tipo de cristão, o cristão não-eclesial”.

Johanes Rehimer, em seu livro “Abraçando o mundo”, cita o exemplo do que tem acontecido na Eu-
ropa. Segundo o autor, se a tendência se mantiver, em menos de uma geração a Grã-Bretanha cristã
como a conhecemos não existirá mais. A Igreja Presbiteriana Nacional da Escócia terá perdido seus
membros por volta do ano 2033 16 e a Igreja Metodista da Grã-Bretanha terá desaparecido até o ano
2031 17. Nos quarenta anos entre 1960 e 2000, a membresia ativa na Inglaterra caiu de 9,9 milhões de
membros em 1960 para 5,9 milhões no ano 2000. É uma perda de 40% 18.

Na América Latina não é diferente. Recentemente, foi-me solicitado realizar alguns estudos estatís-
ticos sobre as igrejas da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil na cidade de São Paulo e grande
São Paulo. Segundo a estimativa populacional dos municípios divulgada em 30 de agosto de 2016 pelo
IBGE, a cidade mais populosa do país, São Paulo, ultrapassou os 12 milhões de habitantes em 2016.
Houve um crescimento de 70 346 pessoas, entre 1º de julho de 2015 e 1º de julho de 2016. Contudo,
o crescimento das 103 igrejas na região não acompanhou essa taxa, ao contrário, e muitas situações, a
igreja decresceu. Esta é uma triste tendência há décadas.

Diante deste cenário, como a igreja deve agir? Como pensar a missão neste contexto de descrença e
individualismo? Como comunicar o Evangelho num tempo de tanta insatisfação com as instituições
entre os não cristãos?

A missão do Senhor envolve a pregação do Evangelho, a libertação e a justiça. Deus vem para com-
bater a injustiça, a opressão e a escravidão. 500 aos após a Reforma Protestante, perguntamos: como
continuar sendo expressivos na luta pela justiça, quando nossas denominações estão cada vez mais
fracas, com pastores e pastoras cansados e crises de vocação?

14 Confira Libanio, 2000, p. 53.


15 2003, p. 218
16 Brown 2000: 5.
17 Bruce 2003: 53-63.
18 Brierley 1999 em MacLaren 2004: 1.

ursos litúrgicos 19
Renovados e Renovadas pela Graça de Deus Programa Para além dos 500 Anos – AIPRAL

BASE BÍBLICA: GÊNESIS 12.3B / GÁLATAS 3.14 / ATOS 1.8


Gênesis 12.1-3 é a conhecida passagem em que o Senhor chama Abrão como patriarca
de um povo, o povo da aliança. É interessante retomar este texto, pois ele trata de nossa
origem como povo de Deus.

Ao chamar um povo para si, o Senhor prometeu a benção à todos os povos da terra.
Segundo o apóstolo Paulo, em Gálatas 3.14, a benção chegou em Pentecostes, quando
o Espírito Santo foi derramado sobre toda carne. E então, o poder do Senhor foi dado à
igreja para que ela pudesse prosseguir, sendo benção aos povos da terra.

Para cumprir o chamado do Senhor, a Igreja em Atos dos Apóstolos, se deparou com dois con-
textos missionários distintos: 1º o contexto judaico, que pode ser percebido no discurso de Pedro
em defesa do mover de Deus no Pentecostes (Atos 2:14-41); 2º o contexto helenista, relatado
no discurso de Paulo aos atenienses no Areópago (Atos 17:22-34). Perceba que existem impor-
tantes diferenças na forma dos discursos.

CONTEXTO JUDAICO (ATOS 2.22-34)


• Explicar – Homens da Judéia e que vivem em Jerusalém, deixem-me explicar-lhes isto! (v. 14)
• Leituras Comuns – (...) isto é o que foi predito pelo profeta Joel... (v. 16)
• Personagens Comuns – A respeito dele, disse Davi ... (v. 25)
• Conceitos Comuns – Este Jesus a quem vocês crucificaram, Deus o fez Senhor e Cristo. (v. 36)

Pedro se mostra preocupado em explicar ou elucidar os fatos. Ele cita o profeta Joel sem a pre-
ocupação de apresentar a importância e relevância do profeta Joel, pois e seu contexto, todos
conheciam e respeitavam o profeta. O apóstolo Pedro ainda cita o Rei Davi, também conhecido
dos judeus e, assim, trata de conceitos como “Senhor” e “Cristo” de modo natural, sem se preo-
cupar com a compressão do ouvinte.

CONTEXTO HELENISTA (ATOS 17:22-34)


• Novo Ensino – Podemos saber que novo ensino é esse que você está anunciando? (v. 19)
• Exegese Cultural – Vejo que em todos os aspectos são muito religiosos (v. 22)
• Ponto de Contato – Encontrei até um altar (...) Ao Deus Desconhecido (v. 23a)
• Evangelho – o que vocês adoram, apesar de não conhecerem, eu lhes anuncio (v. 23b)

O apóstolo Paulo, por sua vez, está inserido em um novo contexto, portanto, utiliza outras for-
mas de apresentar o Evangelho. Segundo o texto, Ele anuncia um novo ensino; e é capaz de fazer
uma exegese cultural, buscando pontos de contato para apresentar o Evangelho. Paulo tem o
desafio de atravessar fronteiras e comunicar o Evangelho libertador para um grupo novo.

Para a igreja cristã primitiva foi necessário realizar este movimento na missão: do contexto judaico
para o contexto helenista. E tal movimento pode ser chamado de “contextualização”, que é o atra-
vessar fronteiras. A igreja, portanto, é o projeto de Deus para compartilhar o Cristo vivo às nações.

Caderno de Recu
20
Renovados e Renovadas pela Graça de Deus Programa Para além dos 500 Anos – AIPRAL

A MISSÃO NO CONTEXTO DO INDIVIDUALISMO NA


AMÉRICA LATINA
• Como podemos comunicar o Evangelho da graça em nosso tempo?
• Como pode a igreja ser significativa nos dias de hoje, considerando o contexto de individu-
alismo em que estamos inseridos?
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Obra de Adolfo Pérez Esquivel 19 para o aniversário de 500 anos da colonização das Amé-
ricas intitulada A solidão da cidade – rejeitado e abandonado. O artista retrata a individualidade
das pessoas e a indiferença em relação ao próximo na cidade de São Paulo. Cristo é retratado
carregando a cruz junto a soldados paulistas que possuem armas e não espadas e, ao lado, estão
pessoas indiferentes, ocupadas demais com a própria vida para se atentar ao caminho da cruz.

O professor Ronaldo de Almeida20, afirma:

O crescimento evangélico [...] é bem peculiar: multiplicam-se os nomes das igrejas,


mas as pessoas são menos fiéis a uma delas especificamente. Uma parte significativa
dos fiéis circula entre as igrejas ‘calibrando’ sua religiosidade: com mais ou menos re-
flexão teológica, mais ou menos exigências comportamentais, mais ou menos emo-
cionalismo, mais ou menos milagres21.

Diante deste cenário de individualismo, descrenças nas instituições, e uma nova geração que conhece
muito pouco do Evangelho temos um grande desafio. E, neste contexto, a comunidade cristã surge
como uma oportunidade para as novas gerações – oportunidade de revelar o amor e a graça divina,
oportunidade de confrontar a intolerância e o peso moral decadente do “cristianismo de imagem”.

No Novo Testamento, Jesus Cristo é apresentado como filho do Deus vivo, o próprio Deus. A
comunidade cristã, portanto, passou a se reunir a partir da fé comum em Jesus Cristo, sendo
orientada pelo próprio Deus através da ação do Espírito Santo (parácleto). Deste modo, a koinonia
ou a comunhão dos irmãos e irmãs em Deus se fundamentou na adoração e no serviço ao Senhor.

Mais adiante, no período da Patrística, os pais da Igreja defenderam a compreensão de um Deus


trino, que é comunhão em si. Essa relação de comunhão entre as pessoas da Trindade é descrita
como pericórese. Segundo McGrath, esse termo:

19 Teólogo e artista plástico argentino, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 1980


20 Professor de antropologia da UNICAMP
21 2011, p. 1

ursos litúrgicos 21
Renovados e Renovadas pela Graça de Deus Programa Para além dos 500 Anos – AIPRAL

[...] refere-se à maneira pela qual as três pessoas da Trindade relacionam-se uma
com a outra. O conceito de pericórese permite a manutenção da individualidade das
três pessoas, destacando, ao mesmo tempo, o fato de que cada pessoa compartilha da
vida das demais. Uma imagem frequentemente usada para expressar essa ideia é a de
‘comunhão do ser’ [...] o mútuo relacionamento entre as três pessoas, equivalentes no
âmbito da Trindade, tem sido defendido de modo a fornecer um modelo aplicável
[...] às relações humanas no âmbito das comunidades (2005, p. 379-380)

Desse modo, a comunhão de Deus –Pai, Filho, Espírito Santo – se torna modelo para a comu-
nidade cristã. “A Comunhão é o corpo de Cristo baseado na reconciliação com Deus e com o
próximo. Uma marca verdadeira da Comunhão é o senso de pertencimento através da aceitação
um do outro e compartilhando um com o outro”22. A Consulta Teológica Global sobre Comunhão
e Justiça resume a vida em comunidade da seguinte forma: “Viver a comunidade é um chamado
para um ministério-de-entrega-de-vida”23.

Ao analisar a vida humana como uma vida compartilhada, Jurgen Moltmann sintetizou os riscos
para o estabelecimento da comunidade cristã:

Hoje em dia, as comunidades necessárias que moldam a vida humana são ameaça-
das de dois diferentes lados: de um lado pelo crescente individualismo dos homens
e mulheres modernos, e, de outro, pela mercadorização global de tudo, inclusive dos
relacionamentos (Moltmann apud Zabatiero, 2009, p. 16).

A essas “comunidades necessárias” chamamos de “igrejas vitais”. Igrejas que resgatam o valor da
comunidade relevante para o homem e a mulher de nosso tempo, lutando pela justiça e apresen-
tando o Evangelho de modo contextualizado.

CONCLUSÃO
O povo de Israel era capaz de ver Deus em toda a Criação, na história e em suas vidas. Somos
convidados a abrir nossos corações para a Escritura Sagrada.

O autor americano Thomson cunhou a expressão “futuring your church” para descrever a ca-
pacitação da igreja para o futuro. De acordo com Thomson, a igreja precisa desse desencalhar,
orientando-se conscientemente para o futuro, refletindo sobre sua herança histórica e teológica
e considerando com seriedade o seu posicionamento histórico no contexto em que vive.

Igreja vital é uma igreja que se compreende como missionária. Ela compreende os propósitos de
Deus com este mundo e com as pessoas deste mundo, e tenta colocá-los em prática. Ou seja, é
uma “igreja para os outros”. Segundo Christopher J. H. Wright: “a missão é o tema fundamental
da Bíblia (...) é algo profundo e amplo em relação à Bíblia como um todo”24.

Que Deus nos abençoe no serviço ao próximo, como comunidade de fé. Amém.

Paulo Câmara

22 Consulta Teológica Global sobre Comunhão e Justiça (WCRC, 2010, p. 2),


23 WCRC, 2010, p. 3
24 P. 29-30

Caderno de Recu
22
RENOVADOS E RENOVADAS
PELA GRAÇA DE DEUS
AULA 4 – AS NOVAS GERAÇÕES E NOSSA REGIÃO

Jovens comprometidos dia a dia com Aquele que é a Ressurreição e a Vida – o Cristo que cho-
rou junto aos que choram, que abraçou os tristes, que convidou aos cansados a vir a Ele para
encontrar refúgio, que levantou a quem estava caído – sonhemos em ser jovens inclusivos, que
reconhecem a graça de Deus em todos os âmbitos da vida e entre todas as pessoas, em especial,
aos que mais sofrem.

INTRODUÇÃO
Vivemos, hoje, em um mundo cada vez mais fragmentado, em uma região marcada pela desi-
gualdade e pela problemática profunda, em especial, entre os países que constituem o Triângulo
Norte: Guatemala, El Salvador e Honduras.

A AIPRAL, através de seus departamentos, encontra-se aprofundando o trabalho com jovens,


acompanhando as Igrejas que lutam por justiça em seus territórios, com o enfoque: “Paz em tua
Comunidade” e em teu território.

Este trabalho nos permite falar de novos enfoques sociais, como o juvenicídio, e procura com-
preender os diferentes fatores emergenciais entre os jovens que vivem em meio a uma dinâmica
de morte. A partir desta perspectiva, acreditamos na força de ser comunidade, fortalecendo
alianças e inculcando justiça a partir da nossa identidade reformada.

BASE BÍBLICA: TIAGO 1.6


“Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; pois o que duvida é semelhante à onda do mar,
impelida e agitada pelo vento”.

O texto nos informa que se temos pouca fé, devemos pedir a Deus; pois, com fé, temos este com-
promisso de ir compartilhar a vida, nosso desafio é ajudar aos pobres e transmitir a fé às novas
gerações. Os jovens precisam de testemunho de fé.

Podemos dar testemunho de seu amor, sentindo a fidelidade e força do Cristo ressuscitado na
comunidade, na luta pela justiça e também ao descobrir grandes sinais de esperança. O mesmo
que deu sua paz ao mundo, paz que ninguém mais pode dar, nos chama a testemunhar a respeito
dEle.

PARA TRABALHAR EM GRUPO


Observando e conhecendo a realidade de nosso território, é escandaloso como em nossas regiões
existem excessivas desigualdades econômicas e sociais, contrárias à justiça social, à equidade, à
dignidade da pessoa humana e à paz social e internacional.

Devemos enxergar as graves injustiças que acontecem em nosso território como uma rede de
domínios, de opressão e de abusos que sufocam a liberdade e impedem que a maior parte da

ursos litúrgicos 23
Renovados e Renovadas pela Graça de Deus Programa Para além dos 500 Anos – AIPRAL

nossa população, em especial, nossas crianças e jovens, participe na edificação e no viver de um


mundo mais igualitário e mais fraterno.

Interpretemos esta realidade, interiorizemo-la e escutemos o clamor daqueles que sofrem vio-
lência e que são oprimidos por sistemas e mecanismos injustos. Devemos julgá-los à luz do
Evangelho, de Mateus 9.13-15, de João 14.27 e de Isaías 32.17.

• Tarefa: Procure outras referências ao texto bíblico, relacionando-os com o tema


Transformemos a realidade de nossos territórios seguindo o exemplo de Jesus, que, em um
mundo destruído por muitas injustiças, se tornou modelo. A Igreja será significativa somente se
manter-se fiel ao compromisso com a causa da justiça, concretizada em ações como: promoção
humana, opção pelos pobres, compromisso social, dimensão social da fé, ação libertadora e pas-
toral transformadora.

Que Deus os abençoe,

Lucia Maureliz

Caderno de Recu
24
COMPARTILHAR: AS CELEBRAÇÕES
LOCAIS NA REDE VIRTUAL
Não poderia ser diferente. Se pensarmos no nome do programa que promove este material:
“Para além dos 500 anos”, devemos também estar conscientes de quão importante é estar co-
nectado com as pessoas na rede virtual – pois, ali também é um campo de atuação de nossas
igrejas, em especial, entre a nova geração. O apóstolo Paulo em seu tempo, foi até o Areópago
para proclamar a Palavra de Deus – este era um importante centro de convivência da população
em sua época. Em nosso tempo, muitos se reúnem virtualmente, assim devemos também nos
posicionar neste campo.

O convite: compartilhe no site da AIPRAL as programações e atividades da sua Igreja local.


Queremos compartilhar a riqueza das celebrações por todo o continente latino americano e das
ilhas caribenhas.

• Como?
Temos criado um espaço virtual para compartilhar fotos e vídeos em nossa página oficial do
facebook: https://www.facebook.com/aipral/?ref=br_rs.

Envie vídeo ou fotos das celebrações locais dos 500 anos para este e-mail:
comunicaciones@aipral.net. Iremos compartilhar os materiais em nossas redes sociais.

Em todas as fotos ou vídeos que publicar nas redes sociais agregue #500Reforma-
AL – assim poderemos achar o material com mais facilidade.

Compartilhe os materiais escritos que estão produzindo, assim vamos colocá-los a


disposição das demais igrejas.

Faça um vídeo de 90 segundos para responder a pergunta: “O que é a Reforma para


você?” e “Como se vive a Reforma hoje em dia?”

Faça parte deste momento em nossa região!

ursos litúrgicos 25
ANEXO I – VESTES: A MARCA DE NOSSA
DIVERSIDADE LITÚRGICA
Com as festividades dos 500 anos da Reforma Protestante, nossa ideia quanto às vestimentas não
é estabelecer uma regra única, ou um modelo único, mas sim apresentar quatro sugestões que per-
passam a história da fé reformada desde seu início até os dias de hoje e que, acreditamos, devam
ser representadas nas celebrações. A ideia é que na celebração dos 500 anos não se tenha uma uni-
formidade de vestimentas, mas sim a diversidade histórica e litúrgica, tão característica de nossas
comunidades latino-americanas.

LITÚRGICO
A ideia é que a pregadora ou pregador da celebração esteja trajando a vestimenta litúrgica tra-
dicional reformada. Toga, estola, gola clerical. A toga deve ser a modelo genebrina, preferen-
cialmente na cor preta, conforme a usada por João Calvino. A estola sugerimos o uso da cor
vermelha, própria para as festividades. No entanto, se pode usar uma estola multicor ou branca
com símbolos reformados. A gola clerical pode ser usada a tradicional ou a que possui duas fai-
xas brancas para baixo. Não estimulo o uso da gravata por pregadores, no caso desta celebração
específica, por estarmos fazendo referência aos primórdios da Reforma. Demais componentes
da mesa, que não seja a pregadora ou pregador, podem usar togas das mais variadas cores e esto-
las na cor vermelha, própria para as festividades.

TRADICIONAL
É salutar que os componentes da mesa da celebração expressem a diversidade histórica das
Igrejas Reformada, assim, ao invés de estimular uma única forma de vestimenta, sugerimos que
pastores e pastoras procurem expressar em suas vestes a historicidade da fé reformada. O uso do
terno com gola clerical ou gravata pelos pastores, ou tailleur pelas pastoras, é parte da história de
muitas de nossas comunidades latino-americanas. Igrejas mais tradicionais e menos litúrgicas
fazem uso de tal vestimenta e devem estar representadas.

CONTEMPORÂNEO
Recentemente muitos pastores e pastoras têm usado apenas a camisa clerical, às vezes até sem o
clerigma, e uma calça social ou de sarja. Outros tipos de vestimenta, como camisas xadrez e calça
jeans, ou outros modelos que pastores e pastoras vem adotando não devem ser proibidos. Tal uso
deve ser estimulado visando expressar nossa diversidade litúrgica.

CONTEXTUALIZADA
Uma das principais características da Igreja Reformada na América Latina é sua contextuali-
zação cultural. Assim, é salutar que comunidades inseridas em contextos culturais específicos
sejam representadas conforme sua realidade cultural.

Caderno de Recu
26
CONCLUSÃO
O objetivo, conforme dissemos no início deste texto, não é criar uma regra a ser seguida, mas
contemplar a diversidade. Estimulo você a dialogar com a comunidade e as comunidades que
participarão das celebrações, visando representar o máximo possível a diversidade de nossa fé
em nossa região. Uma conversa preliminar com pastoras e pastores também se faz necessária
para estabelecer a liberdade e a linearidade dos que participarão das celebrações. Desejamos
que nossas Igrejas, mais que celebrar a história, se vejam como parte dela, da construção da fé
reformada na América Latina.

Pela Coroa Real do Salvador

Reverendo Giovanni Campagnuci Alecrim de Araújo  Secretario de Música e Liturgia


da IPI do Brasil  Pastor da Igreja Presbiteriana Independente de Araraquara-SP, Brasil

ursos litúrgicos 27
ANEXO II - Outras canções e hinos sugeridos

ANEXO II - OUTRAS CANÇÕES


As canções 2, 3 e 4 foram especialmente compostas para esta ocasião.
As partituras de todas as canções (em PDF) podem ser pedidas a:
E HINOS SUGERIDOS
redcrearte@redcrearte.org.ar

As canções 2, 3 e 4 foram especialmente compostas para esta ocasião.


1. Soli Deo Gloria
As partituras de todas as canções (em PDF) podem ser pedidas a: redcrearte@redcrearte.org.ar

1. SOLI DEO GLORIA

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Programa Para além dos 500 Anos – AIPRAL

Caderno de Recu
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2. Renovados y renovadas 1
Renovados e Renovadas pela Graça de Deus Programa Para além dos 500 Anos – AIPRAL

2. RENOVADOS Y RENOVADAS 1

29
Programa Para além dos 500 Anos – AIPRAL

ursos litúrgicos 29
Renovados y Renovadas por la Gracia de Dios | Renovados e Renovadas pela Graça de Deus

3. Renovados
Renovados y renovadas
e Renovadas pela 2
Graça de Deus Programa Para além dos 500 Anos – AIPRAL

3. Renovados y renovadas 2Y RENOVADAS 2


3. RENOVADOS

4. Renovados y renovadas 3

4. Renovados y renovadas 3

4. RENOVADOS Y RENOVADAS 3

30
Programa Para além dos 500 Anos – AIPRAL

30
Programa Para além dos 500 Anos – AIPRAL

Caderno de Recu
30
5. Castelo Forte (versão alternativa)

https://www.youtube.com/watch?v=YHDsWhAQCGs
Renovados e Renovadas pela Graça de Deus Programa Para além dos 500 Anos – AIPRAL

5. CASTELO FORTE (VERSÃO ALTERNATIVA)


https://www.youtube.com/watch?v=YHDsWhAQCGs

Renovados y Renovadas por la Gracia de Dios | Renovados e Renovadas pela Graça de Deus

6. Mi paz les dejo

6. MI PAZ LES DEJO

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Programa Para além dos 500 Anos – AIPRAL

ursos litúrgicos 31
NEXO III – Arte especial para esta celebraç

ANEXO III – ARTE ESPECIAL PARA


ESTA CELEBRAÇÃO

Renato Caetano
Rena
SIMBOLOGIA
ia • Flor e pássaros: o mover do Espírito Santo
• Crianças: a renovação da graça de Deus em nosso meio
ássaros: • oPortal
mover verde: a do Espírito
esperança Santo
de que a reforma continue em nosso tempo
• Mapa: a representação de nossa amada região
s: a renovação da graça de Deus em nosso meio
erde: a esperança de que a reforma 32 continue em nosso tempo
representação de nossa amada região
CADERNO
DE RECURSOS
LITÚRGICOS PARA
A CELEBRAÇÃO DOS
500 ANOS DA
REFORMA
PROTESTANTE
Aliança de Igrejas Presbiterianas e
Reformadas da América Latina
(Agosto de 2017)

Caderno de Recursos litúrgicos

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