Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
12
Ma rion F. HOUSTOUN, Rog er Mas por que as experiênc ias dessas mulheres não
KRAMER e Joan BARRETT, 1984. foram inc orporadas nos estudos de migraç ão? Uma das
13
Uma a ná lise d eta lha d a d a
p o lític a m ig ra tó ria no rte - exp lic a ç ões p a ra o eng lob a mento d a s mulheres na
americana ao longo do século XX c ategoria “migrante” era que os homens representavam a
enc ontra-se em Rossana Roc ha maioria nos fluxos internac ionais e, mesmo quando havia
REIS, 2003. Seg und o a a utora , predominânc ia de mulheres (c omo no c aso dos irlandeses
apesar da ideologia dos Estados
para os Estados Unidos no séc ulo XIX), essas não tiveram
Unid o s c omo te rra de
o p o rtunid a d e s p a ra os suas experiênc ias tratadas c omo objeto de análise. Para
imigrantes, mesmo no período de Ma rion F. Houstoun, Rog er Kra mer e Joa n Ba rrett,12 ta l
maior migraç ão para os Estados perspectiva de caracterização da migração contribuiu para
Unidos – entre o final do séc ulo q ue nã o se e vid e nc ia sse um d a d o sig nific a tivo : a
XIX e iníc io d e séc ulo XX – a
polític a americ ana de imigraç ão predominância das mulheres nos fluxos internacionais legais
esta b elec ia uma série d e leis para os Estados Unidos desde 1930. Segundo os autores,
restritivas aos imigrantes, sendo de 1857 até 1922, os homens dominaram os fluxos para os
se le c io na d o s p o r c rité rio s Estados Unidos; porém, no período de 1930 a 1979, as
re lig io so s e ra c ia is a q ue le s
mulheres representaram 55% de todos os imigrantes para
c onsiderados desejáveis, razão
pela qual, até meados do séc ulo o país e passaram os homens em mais de um milhão.
XX, a maioria dos imigrantes era A exp lic a ç ã o p a ra o a umento sig nific a tivo d a s
d e o rig e m e uro p é ia . Ne sse mulheres está rela c iona d a à s mud a nç a s na p olític a
sentido, ao mesmo tempo que os migratória norte-americ ana.13 A partir de 1920 até 1952, foi
americ anos se diziam abertos a
tod os os homens (g rifos meus) e limina d a a d isc rimina ç ã o p or se xo nos d ire itos d e
dispostos a adotar a religião c ivil residentes reunirem-se c om as esposas estrangeiras, o que
americana, ganhava destaque a favorec eu a admissão de mulheres por dispensar esposas
idéia de que os Estados Unidos de c idadãos americ anos de numerosas restriç ões e por
eram um país de anglo-saxões, o
c onferir status de residênc ia permanente para elas.14 Os
que c onduziu a um fec hamento
p rog ressivo d a s fronteira s e a o tra d ic iona is p a p éis sexua is ta mb ém c ontrib uíra m p a ra
estabelec imento de c otas para d e te rmina r o s níve is e o s p a d rõ e s d a mig ra ç ã o. As
imig ra ntes, p rinc ip a lmente em imigrantes, uma vez estabelec idas, mantiveram relaç ões
relaç ão às raç as c onsideradas c om a soc iedade de origem e tec eram c onexões c om a
ind esejá veis (a siá tic os e outros
imig ra ntes nã o -b ra nc os). Reis soc iedade de destino, c onstruindo redes de migraç ão que
re ssa lta a ind a q ue , se a té estimularam novas migraç ões.
meados do século XX a discussão Os dados demonstraram não apenas a presenç a
sob re a imig ra ç ã o g ira va em feminina nos fluxos do iníc io do séc ulo (partic ularmente
torno do eixo nativismo/religião
signific ativa no c aso dos Estados Unidos), mas também o
c ivil, a partir do final do séc ulo
XX, em um movimento q ue só c resc imento da partic ipaç ão nas migraç ões internac ionais
tende a se ac entuar depois dos na segunda metade do séc ulo XX, apontando para um
atentados do dia 11 de setembro fator c ruc ial a fim de entendermos essa invisibilidade: a
d e 2001, o eixo p rinc ip a l d a perspec tiva teóric a – presente nos estudos de imigraç ão
polític a de imigraç ão parec e ser
d ire ito s hum a no s/se g ura nç a até o iníc io dos anos 1970 – era ‘c ega’ em relaç ão às
nac ional (REIS, 2003, p. 43). diferenç as de gênero, raç a e etnia.
14
HOUSTOUN, KRAMER e BARRETT, Porta nto, a té o iníc io d os a nos 1970, c onforme
1984, p. 952. destac am Patric ia Pessar e Sylvia Chant e Sarah Radc liffe,15
15
PESSAR, 1999, p. 54; e CHANTe
as mulheres não se enc ontravam presentes nas análises
RADCLIFFE, 1992, p. 19.
16
SASAKI e ASSIS, 2000, empíric as e nos esc ritos produzidos porque muitos teóric os
a na lisa nd o a s te o ria s d e esta va m influenc ia d os p ela s teoria s neoc lá ssic a s d e
mig ra ç ã o, d e mo nstra m q ue , migraç ão.16 Havia um pressuposto de que os homens eram
se g und o o s ne o c lá ssic o s, o mais aptos a c orrer risc os, enquanto as mulheres eram as
mig ra nte c a lc ula o c usto e o
b e ne fíc io d a e xp e riê nc ia guardiãs da c omunidade e da estabilidade. Essa imagem,
migratória, e é isso que influenc ia favorec ida pela teoria push-pull, c oloc ava a migraç ão
e determina a sua decisão, sendo c omo resulta d o d e um c á lc ulo ra c iona l e ind ivid ua l e
a m ig ra ç ã o e nte nd id a a q ui re le g a va a s mulhe re s a um lug a r se c und á rio, se m
c o m o sim p le s so m a tó ria d e
ind ivíd uos q ue se movem em rec onhec er o seu trabalho c omo imigrantes, c onforme já
funç ão do diferenc ial de renda. foi relatado.
O modelo neoc lássic o definia o O aumento da partic ipaç ão feminina, a partir de
suc esso do migrante por fatores 1970, o c o rre e m um c o nte xto d e c re sc ime nto d a s
como educação, experiência de
migraç ões internac ionais a partir da segunda metade do
trabalho, domínio da língua da
sociedade hospedeira, tempo de séc ulo XX. Os migrantes c ontemporâneos, diferentemente
permanênc ia no destino e outros d e se us a nte c e sso re s, c o nta m c o m um siste ma d e
elementos do c apital humano. c omunic aç ões e transporte mais barato e efic iente, o que
diminuiu as distânc ias e tornou mais freqüentes os c ontatos
entre a soc iedade de origem e a soc iedade de destino.
Como seria m a s mulheres d e d iferentes orig ens
na c io na is no s fluxo s c o nte mp o râ ne o s? As mulhe re s
imig ra ntes hoje nã o seria m simp lesmente c óp ia s d a s
imigrantes do passado em uma vestimenta moderna. Elas
c hegam c om diferentes c apitais humanos - muitas delas
c om melhor nível educ ac ional e maior qualific aç ão que
as mulheres que c hegaram no final do séc ulo XIX e iníc io
do séc ulo XX. As imigrantes c ontemporâneas benefic iam-
se da expansão das oportunidades educ ac ionais e de
emprego, além de uma legislaç ão liberalizante no que se
refere ao divórc io e às disc riminaç ões de gênero. Embora
e ssa s d ife re nç a s se ja m sig nific a tiva s, ha ve ria ma is
similaridades que diferenç as entre a vida dessas mulheres
migrantes de diferentes origens nac ionais.
O que há de ponto em c omum é que, tal c omo as
mulheres q ue c heg a ra m há c em a nos, a s imig ra ntes
c ontemporâneas enc ontram um merc ado segmentado por
g ê ne ro e , a p e sa r d e uma me lho r e sc o la riza ç ã o e
q ua lific a ç ã o, a ind a se d irig em p a ra c erta s oc up a ç ões
tradicionalmente femininas, fazendo, por exemplo, com que
uma á re a c o mo o e mp re g o d o mé stic o, q ue ha via
diminuído nos Estados Unidos e na Europa, volte a c resc er
no final do séc ulo XX. Um outro dado importante a ser
relevado é que essa inserç ão não é diferenc iada apenas
por gênero, mas também por origem nac ional. Ao analisar
as representaç ões sobre mulheres imigrantes rec entes para
17
ANTHYAS, 2000. a Europa, Anthyas17 evidencia como elas são categorizadas
d ife re nte me nte , se g und o p a d rõ e s ra c ia is e o rig e m
na c iona l. Alg uma s seria m p a tolog iza d a s c omo vítima s
(c omo as mulheres do Sri Lanka), outras seriam desejadas
por sua suposta submissão (c omo as mulheres das Filipinas),
outras seriam desejadas por sua beleza c onsiderada dentro
do padrão oc idental (c omo as mulheres do Leste Europeu).
No c a so d a s mulheres imig ra ntes b ra sileira s nos
Esta d o s Unid o s, ta m b é m p o d e m o s o b se rva r e ssa s
c a teg oriza ç ões. Às rep resenta ç ões d e sensua lid a d e e
b e le za d a mula ta , q ue na Euro p a muita s ve ze s se
25
TILLY, 1990; Pierette HONDAGNEU- também fonte de ambigüidade e conflito.25 Em decorrência
SOTELO, 1994; Jacqueline HAGAN, d isso, muita s vezes os mig ra ntes rec ém-c heg a d os sã o
1998; PESSAR, 1999.
exp lora d os p or seus c onterrâ neos; a ssim, ta is rela ç ões
seriam a base não só para a solidariedade e a ajuda mútua,
26
TILLY, 1990. mas também para a divisão e o c onflito étnic o.26
27
CASTRO, 1989. Mary Garc ia Castro,27 ao analisar a literatura sobre
mulheres latino-americ anas e c aribenhas, ressaltou que os
estud os d e red es d e p a rentesc o d emonstra m c omo a s
mulheres são hábeis na c riaç ão de redes de apoio mútuo
que orientam a aloc aç ão dos migrantes e sua integraç ão
no merc a d o d e tra b a lho. A exp eriênc ia d e mulheres
d e sta c a -se nã o a p e na s p o rq ue vive m e xp e riê nc ia s
migratórias de forma própria, mas também porque são
influentes agentes no estímulo a outras migraç ões.
28
PESSAR, 1999. É nesse sentido que Patric ia Pessar,28 ao c otejar os
vários estudos que têm c omo foc o as redes soc iais, c ritic a
o fato de os autores não perc eberem que o ac esso dos
indivíduos às redes soc iais, e as troc as que nelas oc orrem,
são direitos e responsabilidades informados pelo gênero e
pelas normas de parentesc o.
No c a so d a s m ulhe re s m e xic a na s, Pie rre te
29
HONDAGNEU-SOTELO, 1994. Hondagneu-Sotelo 29 evidenc iou c omo as redes das quais
estas dispõem para migrar são diferentes das redes c om
as quais c ontam os homens, uma vez que elas tentam
esc apar da vigilânc ia e do c ontrole c arac terístic os das
re d e s fa m ilia re s tra d ic io na is. Ta m b é m a p o nta nd o
30
ZHOU e LOGAN, 1989. d iferenç a s no uso d a s red es, Min Zhou e John Log a n30
demonstram que as mulheres chinesas, por sua vez, quando
trabalham para seus c onterrâneos, rec ebem menos do que
os homens em funç ão da supremac ia masc ulina na c ultura
c hinesa.
Assim c omo os/as migrantes mexic anos/as, c hineses/
as, salvadorenhos/as ou de outros grupos étnic os, os/as
emigrantes brasileiros/as nos Estados Unidos farão uso das
red es d e a c ord o c om a s norma s d e p a rentesc o e d e
gênero estabelec idas em c ada grupo. Para c ompreender
c omo a s red es soc ia is c onfig ura m-se, a rtic ula m-se e
modific am-se perpassadas pelos atributos de gênero e
parentesc o, apresento os dados da pesquisa de c ampo
realizada na c idade de origem Cric iúma (SC) e nas c idades
de destino na região de Boston nos Estados Unidos.
As redes de parentesc o
o,, amizade e origem
c omum dos migrantes c ric iumenses
Quando partem para “fazer a Améric a”, a maioria
d os mig ra ntes c ric iumenses via ja a c omp a nha d a d e
43
MASSEY et al., 1987. Ma ssey et a l.,43 uma vez q ue esses a utores a na lisa ra m
apenas as redes de parentesc o masc ulinas.
Esses relatos demonstram alguns c ontextos nos quais
homens e mulheres migrantes vão tec endo suas redes entre
Cric iúma e os Estados Unidos, c ontribuindo para questionar
44
SOARES, 2003. Weber Soares.44 Ao analisar as abordagens realizadas por
45
SALES, 1999a ; FUSCO, 2002; Sales, Fusc o, e Sasaki e Assis,45 ele afirma que tais estudos
SASAKI e ASSIS, 2000. seriam disc ursos que não passam de uma representaç ão
metafóric a de redes soc iais, pois haveria uma c onfusão
entre redes soc iais, redes pessoais e redes de migraç ão.
Embora seja importante matizar a quais delas nos referimos,
os d a d os a p resenta d os d emonstra m q ue a s red es d e
migraç ão, no c aso brasileiro, são sustentadas princ ipal-
mente por redes de parentesc o, amizade e de origem
c omum, c omo demonstra o relato de Letíc ia e de outras
emig ra ntes entrevista s, c uja s tra jetória s d e mig ra ç ã o
rec onstruí a p a rtir d a s red es tec id a s entre o Bra sil e os
Estados Unidos.
Portanto, ao longo das déc adas de 1980 e 1990,
múltip la s rela ç ões sã o tec id a s entre a s soc ied a d es d e
destino e origem. Assim c omo tantos migrantes internac io-
nais, os migrantes c ric iumenses c onec tam-se entre os dois
lug a res, p ossib ilita nd o a c irc ula ç ã o d e p essoa s, d e
informaç ões de trabalho, de ideologias sobre a migraç ão
entre a soc ied a d e d e emig ra ç ã o e a soc ied a d e d e
imigraç ão – um c ampo de relaç ões transnac ionais.
A c onfiguraç ão dessa rede de relaç ões transnac io-
na liza d a s c oloc a homens e mulheres em c onta to c om
outras experiênc ias de vivênc ias de relaç ões de gênero.
Nesse ponto, é importante destac ar que, embora a maioria
das mulheres entrevistadas trabalhasse no Brasil e não tenha
tido restriç ões ou dific uldades para emigrar, c omo oc orre
c om mulheres mexic anas analisadas, por exemplo, elas se
sentem mais independentes nos Estados Unidos. Através de
sua s red es, ela s p a rec em c onseg uir monta r o p róp rio
neg óc io “ “o neg óc io d a fa xina ” “ e c onq uista r uma
autonomia que inc lui o c arro e a esc olha relativa a c om
quem morar. Isso é o que demonstra a fala de Marc ela, 40
a nos, emig ra nte b ra sileira q ue esta va há 14 a nos nos
Estados Unidos na époc a da entrevista:
Eu ac ho que as mulheres aqui se sentem mais seguras,
ind e p e nd e nte s, a q ui te m tra b a lho , vo c ê te m
oportunidade. Você pode ir a qualquer lugar, qualquer
shop p ing q ue eles nã o q uerem sa b er se voc ê é
housec leaner ou o quê. Por esse motivo, a gente tem
mais liberdade que no Brasil. No Brasil, mulher de 40
anos tem que ser amante, aqui a gente namora c ara
de 20 ou 30 anos, mesmo tendo 40 anos. A gente se
sente livre para ir a qualquer lugar sem prec onc eito.
FONER, Nanc y. From Ellis Island to JFK: New York’s Two Waves
of Immigration. New York: Russell Sage Foundation, 2000.
FLEISCHER, Sora ya R. Pa ssa nd o a Améric a a limp o: o
tra b a lho d e housec lea ners b ra sileira s em Boston,
Massac hussets. São Paulo: Annablume, 2002.
FUSCO, Wilson. “Redes soc iais na migraç ão internac ional.
O c a so d e Governa d or Va la d a res” . Textos Nep o ,
Campinas: Núc leo de Estudos de Populaç ão/UNICAMP,
v. 40, p. 1-96, 2002.
HONDAGNEU-SOTELO, Pie re tte . Gend ered Tra nsitions:
Mexic an Experienc es of Immigration. Berkley: University
of California Press, 1994.
HOUSTOUN, Marion F., KRAMER, Roger G., and BARRET, Joan
M. “Female Predominanc e of Immigration to the United
States sinc e 1930: A First Look.” International Migration
Review, v. 18, n. 4, 1984. p. 908-963.
HAGAN, Ja c q ueline M. “Soc ia l Networks, Gend er a nd
Immigrant Inc orporation: Resourc es and Constraints.”
Americ an Soc iologic al Review, v. 63, n. 1, 1998. p. 55-
68.
MARGOLIS, Ma xime L. Little Bra zil: An Ethnog ra p hy of
Bra zilia n Immig ra nts in New York City. New Jersey:
Princ eton University Press, 1994.
MARTES, Ana Cristina B. Brasileiros nos Estados Unidos: um
estudo sobre imigrantes em Massac husetts. São Paulo:
Paz e Terra, 2000.
MASSEY, Douglas S., ALARCON, Rafael, DURAND, Jorge, and
GONZALEZ, Humb erto. “ The Soc ia l Org a niza tion of
Mig ra tion.” In: ______. Return to Aztla n: The Soc ia l
Proc ess of International Migration from Western Mexic o.
Berkeley: Univesity of California Press, 1987. p. 139-171.
MOROKVASIC, Mirjana. “Birds of Passage are also Women.”
International Migration Review, v. 18, n. 4, 1984. p. 886-
907.
PESSAR, Patric ia R. “The Role of Gender, Households, and
Soc ial Networks in the Migration Proc ess: A Review and
Appraisal.” In: HIRSCHMAN, Charles, KASINITZ, Philip, and
DEWIND, Joshua (eds.). The Handbook of International
Migration: The Americ an Experienc e. New York: Russell
Sage Foundation, 1999. p. 51-70.
PISCITELLI, Ad ria na . “ Gring o s no s tró p ic o s: g ê ne ro e
na c io na lid a d e no m a rc o d o turism o se xua l e m
Fo rta le za ” . In: CASTRO, Ma ry Ga rc ia . M ig ra ç õ e s
internac ionais: c ontribuiç ões para polític as. Bra sília :
CNPD, 2001. p. 589-613.
PORTES, Alejandro. “Ec onomic Soc iology and the Soc iology
of Immigration: A Conc eptual Overview”. In: PORTES,
Alejandro (ed.). The Ec onomic Soc iology of Immigration