Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
JPL - Regime Constitucional Do MP PDF
JPL - Regime Constitucional Do MP PDF
com
MINISTÉRIO
PÚBLICO
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
MINISTÉRIO
PÚBLICO
Sumário:
1.
Topologia
da
Constituição
e
posição
do
MP
1.1.
Evolução
histórico-‐constitucional
1.2.
Inserção
do
MP
na
organização
do
Estado
2.
Organização
do
MP
brasileiro
2.1.
Ministério
Público
da
União
(MPU)
2.2.
Ministério
Público
Estadual
(MPE)
2.3.
Ministério
Público
junto
ao
TCU
2.4.
Ministério
Público
com
atribuições
eleitorais
3.
Princípios
institucionais
do
MP
4.
Atribuições
do
MP
4.1.
Atribuições
genéricas
4.2.
Funções
institucionais
(atribuições
específicas
!
art.
129)
4.3.
Poderes
investigativos
do
MP
4.4.
Questões
de
concurso
Por
que
o
MP
é
denominado
de
função
essencial
da
Justiça
pela
CF/88?
Para
responder
esta
pergunta,
é
necessário
observar
as
características
da
prestação
jurisdicional:
" Definitividade;
" Substitutividade;
" Inércia:
em
razão
do
Devido
Processo
Legal,
todos
têm
o
direito
fundamental
a
um
juiz
imparcial.
O
MP
é
uma
função
essencial
à
Justiça,
assim
como
os
advogados,
justamente
por
conta
da
inércia
da
função
jurisdicional
(porque
não
existe
jurisdição
sem
provocação
do
juiz),
já
que
é
dotado
de
CAPACIDADE
POSTULATÓRIA,
de
provocar
o
juiz.
O
prof.
HUGO
NIGRO
MAZZILLI
(quem
melhor
escreve
sobre
o
MP)
leciona:
ao
tratar
do
MP
como
função
essencial
à
Justiça,
a
Constituição
disse
menos
do
que
deveria.
O
MP
é
mais
do
que
uma
função
essencial
à
Justiça:
é
uma
instituição
fundamental
ao
próprio
Estado
Democrático
de
Direito.
A
própria
CF
dispõe
ser
o
MP
uma
instituição
permanente,
que
não
pode
ser
suprimida.
Veja:
atualmente,
o
MP
é
tratado
como
uma
instituição
extra-‐poder.
Sem
ser
poder
(porque,
formalmente,
temos
3
órgãos
que
exercem
poder),
o
MP
exerce
atribuições
de
poder
e
seus
membros
possuem
garantias
de
poder.
1
http://www.joaolordelo.com
MINISTÉRIO
PÚBLICO
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
HUGO
NIGRO
MAZZILI
defende
que,
no
capítulo
IV,
a
Constituição
foi
reducionista,
pois
deveria
dizer
que
advogados
e
MP
são
funções
essenciais
à
existência
do
Estado,
em
razão
do
princípio
da
essencialidade.
Significa
que,
para
que
haja
um
Estado
Democrático
de
Direito,
é
necessário
que
haja
instituições
que
garantam
a
imparcialidade
do
juiz.
VII.
CF/1988
A
Constituição
denomina
o
MP
em
um
gênero
chamado
funções
essenciais
à
justiça.
Constituição
Localização
do
MP
1824
Não
previu
o
MP
1891
Poder
Judiciário
(promotor
de
acusação)
2ª Corrente
(José
Afonso
da
Silva):
O
MP
faz
parte
do
Poder
Executivo,
em
razão
da
natureza
jurídica
dos
atos
que
pratica.
Essa
corrente
doutrinária
leva
em
conta
a
natureza
das
manifestações
do
Estado.
O
Estado
se
manifesta
por
meio
do
Legislativo,
Executivo
e
Judiciário.
Cada
um
desses
órgãos
exerce
uma
atividade
que
tem
natureza
própria
(ex:
o
Legislativo
se
manifesta
por
meio
de
atos
legislativos,
leis;
o
Executivo
se
manifesta
por
atos
executivos
e
o
Judiciário,
por
atos
judiciais),
e
o
MP
se
manifestaria
por
meio
de
atos
executivos.
O
MP
seria
o
4º
poder?
NÃO.
O
MP
não
é
o
4º
poder.
Formalmente,
existem
3
órgãos
que
exercem
poder.
Constitucionalmente
(e
objetivamente),
o
MP
é
uma
instituição
que
exerce
poder.
A
questão
é:
o
importante
não
é
ser
poder,
mas
sim
exercer
atribuições
e
ter
garantias
de
poder.
Em
1748,
ao
escrever
o
Espírito
das
Leis,
Montesquieu
levava
em
conta
a
realidade
Francesa
e
Inglesa
da
época.
Na
França,
desde
1301,
já
existiam
os
procuradores
do
rei,
criados
por
Felipe,
o
belo.
Esses
procuradores
são
antecedentes
do
MP.
Não
se
pode
importar
cegamente
as
idéias
de
Montesquieu
de
1748,
a
fim
de
aplicá-‐las
nos
3
http://www.joaolordelo.com
MINISTÉRIO
PÚBLICO
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
Obs:
veja
que
a
CF/88
não
elenca
o
MP
Eleitoral
como
integrante
do
MP!
A
questão
que
se
põe
é
saber
o
porquê
de
o
MPDFT
(Distrito
Federal
e
Territórios)
está
posicionado
no
MPU.
Resposta:
o
DF
é
uma
pessoa
jurídica
diferente.
Ele
possui
capacidade
política
híbrida:
competência
material
dos
Estados
e
dos
Municípios.
Apesar
disso,
o
DF
possui
menos
autonomia
(maiores
limites
que
os
Estados-‐membros).
Exemplo
disso:
não
pode
ser
dividido
em
municípios;
o
seu
MP
faz
parte
do
MPU
(ou
seja:
compete
à
União
organizar
e
manter
o
MP
do
DFT).
II. O Procurador-‐Geral da República e os PG do MPT, MPM e MPDFT
4
http://www.joaolordelo.com
MINISTÉRIO
PÚBLICO
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
2ª Posição:
O
PGR
pode
ser
nomeado
entre
os
membros
de
qual
dos
ramos
do
MP.
A
Constituição
não
diz
que
só
membros
do
MPF
podem
ser
PGR;
logo,
não
se
pode
fazer
interpretação
restritiva.
Essa
tese
é
minoritária.
b) PG
dos
outros
ramos
do
MPU
#
Cada
categoria
do
Ministério
Público
possui
seu
próprio
procurador
geral,
salvo
o
MPF
(cujo
procurador
geral
é
o
próprio
PGR).
Como
são
escolhidos
os
Procuradores
Gerais
dos
ramos
do
MPU?
PG
do
MPT
PG
do
MPM
PG
do
MPDFT
PGR
PGJ
(Estados)
O
PGR
escolhe,
a
O
PGR
escolhe,
a
O
Presidente
da
Presidente
da
O
Governador,
Quem
partir
de
lista
partir
de
lista
República
República
(sem
a
partir
de
lista
escolhe?
tríplice
fornecida
tríplice
fornecida
escolhe,
a
partir
lista
tríplice)
tríplice.
pela
instituição.
pela
instituição.
de
lista
tríplice.
2
anos
c/
única
2
anos
c/
única
2
anos
c/
única
2
anos,
quantas
2
anos
c/
única
Mandato
recondução.
recondução.
recondução.
reconduções
recondução.
quiser.
Obs.:
" O
Procurador-‐Geral
do
MPF
é
o
Procurador-‐Geral
da
República;
" O
único
que
pode
ser
reconduzido
quantas
vezes
quiser
o
Presidente
é
o
PGR.
5
http://www.joaolordelo.com
MINISTÉRIO
PÚBLICO
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
" Procuradores
Regionais
da
República
#
Oficiam
perante
os
Tribunais
Regionais
Federais.
O
Procurador
Regional
é
promovido
para
a
função
de
Sub-‐procurador
Geral
da
República.
" Subprocuradores
gerais
da
República
#
Oficiam
perante
o
STJ.
" Procurador
Geral
da
República
#
É
escolhido
pelo
Presidente
dentre
os
Subprocuradores
Gerais
da
República
(a
CF
não
diz
isso
expressamente,
sendo
tal
informação
uma
construção
doutrinária).
O
concurso
para
o
cargo
de
procurador
do
MPF
é
nacional
(e
não
regional).
O
Procurador
da
República
oficia,
em
regra,
perante
a
Justiça
Federal.
O
Procurado
Regional
da
República
oficia
perante
os
Tribunais
Regionais
Federais.
Posteriormente,
a
pessoa
é
promovida
a
sub
Procurador
Regional
da
República,
que
oficia
perante
o
STJ.
Dentre
estes,
o
Presidente
escolhe
aquele
que
será
PGR
e
oficiará
perante
o
STF.
6
http://www.joaolordelo.com
MINISTÉRIO
PÚBLICO
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
" Em
sede
estadual
é
diferente:
se
o
PGJ
requer
o
arquivamento
ao
TJ,
o
Tribunal
pode
mandar
ao
Colégio
Geral
de
Procuradores
(cf.
art.
12,
XI
da
Lei
8.625/931).
III.
Carreira
" Promotor
de
Justiça
#
Oficia
perante
o
juiz
de
direito
" Procurador
de
Justiça
#
Oficia
perante
o
TJ
O
MP
junto
ao
Tribunal
de
Contas
faz
parte
do
MPU
ou
do
MPE?
O
STF
já
decidiu
que
o
MP
que
oficia
no
Tribunal
de
Contas
não
faz
parte
do
MPU
nem
do
MPE.
Ele
faz
parte
da
economia
doméstica
deste
Tribunal.
Trata-‐se
de
um
Ministério
Público
especial.
A
Lei
8.443/1992
criou
o
MP
especial
junto
ao
Tribunal
de
Contas
da
União,
regulamentando
o
art.
130
da
CF.
Dentro
do
TCU,
há
um
Ministério
Público
próprio,
que
não
faz
parte
do
MPE
nem
do
MPU.
I.
Carreira
O
quadro
desse
MP
é
dividido
da
seguinte
forma:
" 1
Procurador-‐Geral
do
MP
junto
ao
TCU;
" 3
Subprocuradores-‐Gerais
do
MP
especial
junto
ao
TCU;
" 4
Procuradores
do
MP
junto
ao
TCU.
Quem
nomeia
esses
membros
é
o
Presidente
da
República,
após
concurso
próprio
para
o
provimento
no
cargo
de
Procurador
do
MP
junto
ao
TCU.
E
quanto
aos
TCEs?
Cada
Estado
possui
seu
Tribunal
de
Contas.
Na
maioria
dos
Estados,
ainda
é
o
MPE
que
atua
nos
tribunais
de
contas
(ex:
São
Paulo).
Em
alguns
Estados,
já
foi
realizado
concurso
próprio
para
o
MP
especial
junto
ao
TCE
(Rondônia,
RJ,
Mato
Grosso,
Goiás,
Bahia
em
2010).
A
questão
depende
exclusivamente
de
previsão
na
Constituição
estadual.
Mas
veja:
o
Conselho
Nacional
do
MP
(CNMP),
criado
pela
EC
n.
45,
regulamentou,
através
da
Resolução
n.
22,
a
saída
do
Ministério
Público
Estadual
dos
Tribunais
de
Conta
dos
Estados.
1
Art.
12.
O
Colégio
de
Procuradores
de
Justiça
é
composto
por
todos
os
Procuradores
de
Justiça,
competindo-‐lhe:
XI
-‐
rever,
mediante
requerimento
de
legítimo
interessado,
nos
termos
da
Lei
Orgânica,
decisão
de
arquivamento
de
inquérito
policial
ou
peças
de
informações
determinada
pelo
Procurador-‐Geral
de
Justiça,
nos
casos
de
sua
atribuição
originária.
7
http://www.joaolordelo.com
MINISTÉRIO
PÚBLICO
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
I.
UNIDADE
Quando
o
membro
do
MP
atua,
no
exercício
de
suas
atribuições
constitucionais,
o
faz
em
nome
da
instituição.
Por
isso,
tecnicamente,
o
membro
do
MP
é
presentante
do
MP
(o
membro
é
o
MP;
o
MP
é
o
seu
membro).
A
unidade
também
significa
que
só
existe
um
MP,
sob
um
só
comando
(comando
de
um
só
chefe
administrativo).
Isso,
obviamente,
dentro
de
cada
ramo
e
dentro
de
cada
categoria.
Cada
categoria
possui
um
único
chefe
administrativo.
8
http://www.joaolordelo.com
MINISTÉRIO
PÚBLICO
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
Ex.:
um
membro
do
MP
faz
a
inicial;
em
virtude
de
suas
férias,
outro
membro
faz
as
alegações;
em
virtude
da
morte
deste
membro,
um
outro
faz
o
recurso.
Art.
127.
O
Ministério
Público
é
instituição
permanente,
essencial
à
função
jurisdicional
do
Estado,
incumbindo-‐lhe
a
defesa
da
ordem
jurídica,
do
regime
democrático
e
dos
interesses
sociais
e
individuais
indisponíveis.
§
1º
-‐
São
princípios
institucionais
do
Ministério
Público
a
unidade,
a
indivisibilidade
e
a
independência
funcional.
§
2º
Ao
Ministério
Público
é
assegurada
autonomia
funcional
e
administrativa,
podendo,
observado
o
disposto
no
art.
169,
propor
ao
Poder
Legislativo
a
criação
e
extinção
de
seus
cargos
e
serviços
auxiliares,
provendo-‐os
por
concurso
público
de
provas
ou
de
provas
e
títulos,
a
política
remuneratória
e
os
planos
de
carreira;
a
lei
disporá
sobre
sua
organização
e
funcionamento.
(Redação
dada
pela
Emenda
Constitucional
nº
19,
de
1998)
O
membro
do
MP,
em
razão
dessa
independência
funcional,
só
deve
obediência
aos
termos
da
Constituição.
Por
isso
se
diz
que
o
MP
é
o
fiscal
da
Constituição.
Obs:
as
pré-‐compreensões
decorrem
de
dois
fatores:
a)
determinismo
histórico
(ideologia,
gestada
por
Karl
Marx);
b)
inconsciente
(definido
por
Freud.).
Hoje,
tanto
o
juiz
quanto
o
membro
do
MP
não
se
limitam
a
retirar
o
sentido
das
normas;
eles
criam
sentido,
mas
sempre
limitados
pela
Constituição.
IV.
PRINCÍPIO
DO
PROMOTOR
NATURAL
A
Constituição
Federal
veda
designações
arbitrárias
de
membros
do
MP,
por
encomenda.
Significa
que
o
cidadão
tem
o
direito
fundamental
a
se
ver
processado
por
um
membro
do
MP
previamente
estabelecido,
um
membro
do
MP
que
tenha
sido
designado
através
de
critérios
objetivos.
Esse
membro
do
MP
não
pode
ser
designado
após
o
fato
(sob
pena
de
haver
designação
por
encomenda).
As
designações
por
encomenda
são
inconstitucionais,
pois
ofendem
o
sistema
constitucional,
fundado
no
devido
processo
legal
(garantia
fundamental
do
cidadão).
Tem-‐se,
assim
uma
proteção
ao
indivíduo
e
à
sociedade
(de
um
lado,
protege-‐se
o
indivíduo
de
promotores
designados
para
pedir
a
condenação;
de
outro,
protege-‐se
a
sociedade
de
promotores
designados
para
pedir
a
absolvição).
Atente:
no
decorrer
da
investigação,
não
há
que
se
falar
no
princípio
do
promotor
natural:
ele
só
existe
por
ocasião
do
início
da
ação.
Em
assim
sendo,
os
grupos
especiais
de
investigação
são
constitucionais,
não
ofendendo
o
princípio
do
promotor
natural.
O
Procurador-‐Geral
poderá
designar
grupos
de
promotores
para
a
investigação,
sem
qualquer
problema.
O
que
não
pode
é
a
designação
para
que
a
ação
seja
ajuizada,
ou
para
que
o
inquérito
seja
arquivado.
É
possível
(e
até
aconselhável),
em
situações
delicadas,
que
promotores
solicitem
ao
Procurador-‐Geral
a
designação
de
outros
promotores
para
que
possam
assinar
a
denúncia
junto
com
ele,
a
fim
de
que
a
ação
não
recaia
pessoalmente
sobre
si
(sob
pena
de
incorrer
até
em
risco
de
morte).
10
http://www.joaolordelo.com
MINISTÉRIO
PÚBLICO
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
Pergunta-‐se:
quais
requisitos
devem
estar
presentes
para
que
outras
atribuições
sejam
ofertadas?
• Requisito
formal:
só
a
LEI
pode
estabelecer/conferir
outras
funções
ao
MP.
Pode
ser
lei
federal
ou
estadual,
mas
nunca
lei
municipal;
• Requisito
Material:
as
atribuições
devem
ser
compatíveis
com
sua
finalidade
constitucional/institucional.
Ex:
não
pode
a
lei
atribuir
ao
MP
a
função
de
defender
um
direito
individual
disponível;
• Requisito
obstativo/negativo:
Veda-‐se
a
representação
judicial
e
a
consultoria
de
entidades.
Não
cabe
ao
MP
exercer
essas
atividades.
Ex:
não
pode
o
MP
fazer
consultoria
para
uma
autarquia
federal.
Quando
o
MP
atua
na
defesa
da
ordem
jurídica,
atua
como
fiscal
da
constituição
e
da
lei
(custos
legis).
Quando
o
MP
funciona
como
advogado/defensor
do
ordenamento
jurídico,
atua:
" Como
órgão
agente
#
O
MP
atua
como
parte
instrumental,
ajuizando
ações
no
processo
penal
e
civil;
" Como
órgão
interveniente
#
Neste
caso,
o
MP
não
é
parte
instrumental,
mas
sim
fiscal
da
lei,
em
razão
da
presença
de
determinado
sujeito
ou
pessoa
jurídica.
Ex:
ações
que
envolvam
índios,
idosos;
ação
penal
de
iniciativa
privada,
em
que
o
MP
funciona
como
fiscal
da
indivisibilidade
da
ação.
Nos
arts.
81
e
82
do
CPC,
há
um
elenco
das
formas
de
atuação
do
MP
como
órgão
interveniente.
O
Brasil
está
ainda
muito
atrasado.
Essa
semana
foi
nomeado
o
1º
embaixador
negro
do
Brasil.
• DIGNIDADE
DA
PESSOA
HUMANA
!
Não
é
um
direito,
mas
um
valor
que
está
acima
da
Constituição
(valor
supraconstitucional).
Aliás,
a
dignidade
é
pré-‐constitucional,
pré-‐estatal
(existe
antes
mesmo
da
Constituição
e
do
Estado).
A
dignidade
da
pessoa
humana,
como
conseqüência
do
regime
democrático,
pode
ser
considerada
sob
dois
aspectos:
a) DIGNIDADE
EM
SENTIDO
MORAL
#
Em
sentido
moral,
existência
digna
é
o
direito
de
ter
direitos
(o
indivíduo
não
pode
ser
violado,
desrespeitado).
b) DIGNIDADE
EM
SENTIDO
MATERIAL
#
Em
sentido
material,
existência
mínima
significa
dizer
que
o
Estado
deve
oferecer
um
piso
mínimo
de
dignidade
às
pessoas
(mínimo
existencial
!
concretização
dos
direitos
sociais
–
art.
6º
da
CF:
educação,
saúde,
lazer,
moradia,
trabalho).
O
MP,
na
defesa
do
regime
democrático,
garante
o
livre
exercício
dos
direitos
políticos
e
a
garantia
da
liberdade,
igualdade
e
dignidade
da
pessoa
humana.
13
http://www.joaolordelo.com
MINISTÉRIO
PÚBLICO
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
I -‐ promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
O
MP
é
o
titular
constitucional
da
ação
penal
(em
regra,
ela
é
pública).
Este
inciso
informa
que,
no
Brasil,
foi
adotado
o
sistema
processual
penal
acusatório
(é
o
seu
fundamento
constitucional),
em
que
há
a
separação
total
entre
quem
acusa
e
quem
julga.
Consequencias
do
sistema
acusatório:
" É
inconstitucional
a
criação
do
juizado
de
instrução
(onde
o
juiz
investiga).
No
Brasil,
o
juiz
não
investiga.
" O
MP
tem
o
dever
de
provar
aquilo
que
alega
em
processo
penal
(não
cabe
ao
acusado
provar
sua
inocência,
mas
ao
MP
sua
culpa).
" A
regra
no
sistema
penal
acusatório
é
a
ação
penal
pública,
de
titularidade
do
MP.
II
-‐
zelar
pelo
efetivo
respeito
dos
Poderes
Públicos
e
dos
serviços
de
relevância
pública
aos
direitos
assegurados
nesta
Constituição,
promovendo
as
medidas
necessárias
à
sua
garantia;
O
MP
defende
os
princípios
da
Administração
Pública,
previstos
no
art.
37
da
CF.
Um
exemplo
de
serviço
de
relevância
pública
é
a
saúde.
Os
meios
para
a
defesa
dos
princípios
do
art.
37
são
ação
civil
pública,
ação
de
improbidade
(lei
8.429/92),
recomendações,
termos
de
ajustamento
de
condutas
etc.
III
-‐
promover
o
inquérito
civil
e
a
ação
civil
pública,
para
a
proteção
do
patrimônio
público
e
social,
do
meio
ambiente
e
de
outros
interesses
difusos
e
coletivos;
Esse
inciso
abrange
entre
as
funções
institucionais
do
MP
a
defesa
de
dois
patrimônios:
O
art.
1º
da
lei
de
ação
popular
define
o
que
seja
patrimônio
público.
Patrimônio
Público
é
conceito
aqui
aplicado
em
sentido
amplo,
abrigando
os
bens
de
uma
comunidade,
sejam
eles
materiais/corpóreos
ou
imateriais/incorpóreos
(ex:
danças
e
manifestações
culturais
de
todas
as
espécies,
conforme
previsto
no
art.
215
da
CF).
Art.
1º,
§
1º
da
lei
4.717/65-‐
Consideram-‐se
patrimônio
público
para
os
fins
referidos
neste
artigo,
os
bens
e
direitos
de
valor
econômico,
artístico,
estético,
histórico
ou
turístico.
IV
-‐
promover
a
ação
de
inconstitucionalidade
ou
representação
para
fins
de
intervenção
da
União
e
dos
Estados,
nos
casos
previstos
nesta
Constituição;
Esse
inciso
prevê
a
atuação
do
MP
como
fiscal
da
Constituição
e
como
fiscal
da
federação.
Significa
que
o
MP
deve
promover
as
ações
necessárias
à
garantia
da
força
normativa
da
Constituição
(ADI,
ADIO,
ADC,
ADPF)
e
à
defesa
do
pacto
federativo
e
dos
princípios
constitucionais
sensíveis
(ADI
interventiva).
Em
regra,
todos
os
ramos
do
MP
brasileiro
têm
a
função
de
defender
os
direitos
e
interesses
das
populações
indígenas.
Contudo,
segundo
o
art.
109/CF,
compete
à
JF
processar
a
julgar
as
disputas
sobre
direitos
indígenas.
Logo,
ordinariamente,
cabe
ao
MPF
defender
judicialmente
os
direitos
e
interesses
das
populações
indígenas.
14
http://www.joaolordelo.com
MINISTÉRIO
PÚBLICO
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
A
questão
que
se
põe
é
saber
se
há
legitimidade
exclusiva
do
MP
nessas
causas.
NÃO
HÁ.
O
art.
232
da
CF
dá
legitimação
concorrente
a
outras
instituições
para
a
defesa
dos
interesses
indígenas:
os
índios,
suas
comunidades
e
organizações
(públicas
–
ex.:
FUNAI
-‐
ou
privadas
–
ex.:
ONGs).
Atenção:
Se
não
for
agente,
o
MP,
obrigatoriamente,
deve
atuar
como
interveniente.
Art.
232.
Os
índios,
suas
comunidades
e
organizações
são
partes
legítimas
para
ingressar
em
juízo
em
defesa
de
seus
direitos
e
interesses,
intervindo
o
Ministério
Público
em
todos
os
atos
do
processo.
Obs:
A
doutrina
não
diferencia
direitos
de
interesses.
Kazuo
Watanabe
afirma
que
direitos
e
interesses
são
posições
jurídicas
necessárias
à
satisfação
das
necessidades
do
homem.
A
Resolução
n.
13
do
CNMP
regra
essas
atividades
do
MP.
Requisição,
por
sua
vez,
não
é
uma
solicitação,
mas
uma
determinação.
Cuidado:
Não
se
confunde
com
ordem,
que
pressupõe
subordinação.
Ex:
o
MP
requisita
a
instauração
de
inquérito
policial
pelo
delegado.
O
delegado
não
é
obrigado
a
atender
a
requisição,
mas
haverá
consequencias
para
isso.
O
MP
tem
o
poder-‐dever
de
requisição,
cujo
desatendimento
é
tipificado
pelo
art.
10
da
LACP
(7.347/85).
VII
-‐
exercer
o
controle
externo
da
atividade
policial,
na
forma
da
lei
complementar
mencionada
no
artigo
anterior;
A
Resolução
n.
20
do
CNMP
regra
esse
controle
externo
da
atividade
policial.
Já
foi
perguntado
em
concurso
qual
o
significado
desse
controle:
é
o
CONTROLE
DA
ATIVIDADE-‐FIM,
atividade
típica
da
polícia.
Ou
seja,
é
o
controle
apenas
da
atividade
da
polícia
voltada
para
a
defesa
da
segurança
pública
e
não
das
atividades
administrativas
das
várias
agências
policiais
previstas
no
art.
144.
Exemplos:
o
MP
deve
visitar
as
delegacias;
deve
fiscalizar
se
os
inquéritos
policiais
estão
sendo
instaurados
no
prazo
corrente;
verificar
se
os
mandados
de
prisão
e
os
alvarás
de
soltura
estão
sendo
cumprido
no
prazo;
verificar
os
atos
que
justificaram
o
uso
de
algemas
etc.
Gize-‐se:
se
a
atividade
policial
não
for
a
atividade-‐fim,
não
há
controle
externo.
As
atividades
ilícitas
das
agentes
policiais
que
não
se
refiram
à
atividade
finalística
da
polícia
podem
ser
controladas
pelo
MP,
mas
não
pelo
fundamento
de
ser
função
institucional
do
MP
o
controle
externo
da
polícia,
mas
sim
pelo
fundamento
do
inciso
II
(zelar
pelo
efetivo
respeito
dos
Poderes
Públicos
e
dos
serviços
de
relevância
pública
aos
direitos
assegurados
nesta
Constituição,
promovendo
as
medidas
necessárias
à
sua
garantia).
Ex:
se
o
delegado
usa
carro
da
polícia
em
seu
lazer,
se
chega
atrasado
etc.
Questão:
O
MP
exerce
controle
externo
da
atividade
policial
por
meio
de
correição
administrativa
da
polícia.
ERRADO.
15
http://www.joaolordelo.com
MINISTÉRIO
PÚBLICO
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
IX
-‐
exercer
outras
funções
que
lhe
forem
conferidas,
desde
que
compatíveis
com
sua
finalidade,
sendo-‐lhe
vedada
a
representação
judicial
e
a
consultoria
jurídica
de
entidades
públicas.
Para
que
outras
atribuições
sejam
ofertadas
ao
MP,
devem
ser
atendidos
os
seguintes
requisitos:
a) Requisito
formal
!
Só
a
lei
federal
ou
estadual,
em
sentido
formal
e
material,
pode
ofertar
novas
atribuições
ao
MP.
O
Município
não
tem
competência
para
dar
atribuições
ao
MP
(isso
é
muito
comum
e
inconstitucional).
b) Requisito
material
!
As
novas
atribuições
devem
ser
compatíveis
com
as
matérias
previstas
no
art.
127,
caput,
sob
pena
de
violar
a
Constituição
Federal.
Ex:
Lei
federal
que
afirma
caber
ao
MP
ajuizar
ações
de
despejo
por
falta
de
pagamento
é
inconstitucional.
c) Requisito
negativo
!
A
Constituição
Federal
veda
que
a
lei
estabeleça
que
o
MP
faça
defesa,
representação
ou
consultoria
jurídica
de
entidades.
O
MP
só
pode
fazer
a
defesa
do
interesse
público
primário
e
as
entidades
possuem
interesse
público
secundário.
Ex:
o
MP
não
pode
fazer
dar
parecer
para
o
IBAMA.
4.3.
Poderes
investigativos
do
MP
Dentre
as
funções
institucionais
do
MP
está
a
requisição
de
diligência
sinstigatórias.
Em
todo
mundo,
previamente
à
ação
penal
segue
uma
investigação
preliminar.
A
investigação
preliminar
é
necessária
para
evitar
ações
penais
temerárias,
tendo
com
o
objetivo
chegar
ao
não-‐processo
(à
não
necessidade
do
processo
penal).
As
investigações
preliminares,
mundo
afora,
ocorrem
de
três
formas:
a) Juizado
de
instrução
!
França.
b) Promotor
investigador
!
O
membro
do
MP
conduz
toda
a
investigação.
Ex:
Alemanha,
Itália,
EUA,
Paraguai,
Japão.
c) Inquérito
policial
!
Brasil,
Indonésia.
No
Brasil,
adotamos
como
regra
a
modalidade
do
inquérito
policial
para
as
investigações
preliminares.
Claro
que
o
MP
não
pode
conduzir
inquérito
policial.
Surgiu
o
questionamento
sobre
se
o
MP
pode
investigar
diretamente:
Corrente
–
NÃO.
Argumentos:
" Por
vedação
constitucional
do
art.
144,
§1º,
IV.
Art.
144,
§
1º
A
polícia
federal,
instituída
por
lei
como
órgão
permanente,
organizado
e
mantido
pela
União
e
estruturado
em
carreira,
destina-‐se
a:
IV
-‐
exercer,
com
exclusividade,
as
funções
de
polícia
judiciária
da
União.
16
http://www.joaolordelo.com
MINISTÉRIO
PÚBLICO
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
O
CNMP
permite
a
investigação
do
MP,
regulamentando
o
PIC
(procedimento
de
investigação
criminal).
4.4.
Questões
de
concurso
17
http://www.joaolordelo.com
MINISTÉRIO
PÚBLICO
–
JOÃO
PAULO
LORDELO
a) Membros
do
MP
que
entraram
na
instituição
até
1988
!
Podem
se
filiar
a
partido
político
até
6
meses
antes
das
eleições
e
podem
se
candidatar
desde
que
peçam
licença
do
cargo
para
a
desincompatibilização.
Após
o
mandato,
o
MP
pode
voltar
ao
cargo.
b) Membros
do
MP
que
entraram
na
instituição
entre
1988
até
a
EC
45/2004
!
Há
divergência:
" Podem
se
candidatar
sem
a
necessidade
de
exoneração,
seguindo
a
regra
acima.
Expoentes:
Alexandre
de
Moraes,
Resolução
do
CNMP.
A
PEC
358/2005,
chamada
de
2ª
reforma
do
Poder
Judiciário,
já
votada
no
Senado,
em
um
de
seus
dispositivos,
permite
desincompatibilização
por
meio
de
licença
para
os
membros
do
MP.
" O
STF
e
o
TSE
(respondendo
a
duas
consultas)
entendem
que
que
esses
membros
do
MP
devem
se
exonerar
para
candidatar-‐se
a
cargo
eletivo.
c) Membros
do
MP
que
entraram
na
instituição
depois
de
2004
!
Deve
se
exonerar
para
a
desincompatibilização.
II.
Membro
do
MP
pode
advogar?
(última
prova
do
MPF)
Em
regra,
membro
do
MP
não
pode
advogar,
por
vedação
constitucional.
Os
membros
do
MPF
que
adentraram
a
instituição
até
1988
podem
advogar
porque,
até
então,
não
havia
a
AGU
(art.
29,
§3º
do
ADCT).
Eram
os
procuradores
da
república
que
faziam
a
defesa
dos
interesses
da
União.
A
AGU
só
foi
implantada
em
1993.
O
MP
estadual
nunca
pode
advogar,
porque
desde
1977
foi
proibida
a
possibilidade
de
o
MP
estadual
advogar.
Art.
29.
Enquanto
não
aprovadas
as
leis
complementares
relativas
ao
Ministério
Público
e
à
Advocacia-‐Geral
da
União,
o
Ministério
Público
Federal,
a
Procuradoria-‐Geral
da
Fazenda
Nacional,
as
Consultorias
Jurídicas
dos
Ministérios,
as
Procuradorias
e
Departamentos
Jurídicos
de
autarquias
federais
com
representação
própria
e
os
membros
das
Procuradorias
das
Universidades
fundacionais
públicas
continuarão
a
exercer
suas
atividades
na
área
das
respectivas
atribuições.
§
3º
-‐
Poderá
optar
pelo
regime
anterior,
no
que
respeita
às
garantias
e
vantagens,
o
membro
do
Ministério
Público
admitido
antes
da
promulgação
da
Constituição,
observando-‐se,
quanto
às
vedações,
a
situação
jurídica
na
data
desta.
18