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DIREITO ADMINISTRATIVO

AULA 01 – 29/08/2008

REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES FEDERAIS – LEI 8.112/90

Lei 8.112/90, art. 1º:

Art. 1o Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da
União, das autarquias, inclusive as em regime especial, e das fundações
públicas federais.

Histórico:

1) CR/88:

Antes da promulgação da constituição, havia inúmeros regimes para os servidores que


trabalhavam num mesmo local (celetistas, estatutários e extranumerários). Gerava
confusa e insegurança para os servidores.

A preocupação da CR/88 era de criar um único regime. No seu art. 39 original, previa que
aquele que trabalhasse para administração pública direta, autárquica ou fundacional teria
vinculação a um regime jurídico único, ao passo que aquele que trabalhasse em empresas
públicas e sociedades de economia mista seriam regidos pela CLT.

Resolve-se o problema da confusão gerada pelos inúmeros regimes, todavia, inchou o


Estado com o aumento de servidores.

2) EC 19/98:

Modifica o art. 39 da CR/98, fazendo constar:

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão


conselho de política de administração e remuneração de pessoal, integrado
por servidores designados pelos respectivos Poderes.

Modificando o referido artigo, acaba-se a obrigatoriedade do regime jurídico único. Em


2000, edita-se a lei 9.962, trazendo a possibilidade de modificar as categorias de
estatutários para celetistas.

A Lei 9.986/00 transformou os quadros das agências reguladoras para celetistas. O STF,
na MC-ADI (capinha não pegou o n.), entendeu que não se poderia conferir ao servidor
celetista poder de polícia.

3) MC ADI 2135

O STF (INF. 474) constata que teria ocorrido afronta ao sistema bicameral (art. 60, §2º).
Assim, suspende a eficácia do art. 39 e volta o texto original. A decisão possuiu efeitos ex
nunc.

Conceito de servidor público:

É uma espécie de agente público que mantém com a administração pública um vínculo
estatutário, sujeito a um regime jurídico único que no plano federal deve exercer suas
funções junto a administração pública direta, autárquica ou fundacional.

Art. 2o Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente investida em


cargo público.
Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades
previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor.

Veja que estes dois artigos se complementam, embora não conceituam efetivamente
cargo e servidor público.

Dispõe o § do art. 3º da Lei 8.112/90:

Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são


criados por lei, com denominação própria e vencimento pago pelos cofres
públicos, para provimento em caráter efetivo ou em comissão.

Todavia, o inciso I do art. 37 da CR/88 dispõe:

I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que


preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros,
na forma da lei.

STJ-RMS 16.923: entendeu que a regra da CR/88 que diz que os cargos, empregos e
funções acessíveis aos estrangeiros, na forma da lei, é de eficácia limitada, ou seja, deve
haver lei para que haja tal possibilidade.

O § 3º do art. 5º da Lei 8.112/90 já dispõe:

§ 3o As universidades e instituições de pesquisa científica e tecnológica


federais poderão prover seus cargos com professores, técnicos e cientistas
estrangeiros, de acordo com as normas e os procedimentos desta Lei.

Porque os cargos públicos são criados por lei? Por razões de ordem orçamentaria. O
principio do paralelismo das formas não é de aplicação absoluta aqui.

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:


VI – dispor, mediante decreto, sobre:
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei;

Existe aparente contradição entre os incisos. A doutrina entende que o PR pode extinguir
cargos por decreto quando vagos e por lei se providos. Para criá-los somente pode ser
feito por lei.

Vedação de prestação de serviços gratuitos:

Art. 4o É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os casos previstos


em lei.

Visa assegurar a proteção da administração contra futura intenção do prestador de


serviços de requerer indenizações futuras. Há lei que permite o serviço voluntario.

Cargo público: ocupado por servidor público (estatutário).


Dividi-se em duas espécies:

1) Provimento efetivo
2) Provimento em comissão

A lei 8.112 se aplica a estes dois cargos.

Diferença entre cargo efetivo e cargo em comissão:

Cargo efetivo Cargo em comissão


Quanto à possibilidade Sim Não
de aquisição de
estabilidade
Livre nomeação e
Concurso público exoneração (tal liberdade
Quanto à forma de pode ser contida, p. ex.
ingresso quanto ao nível de
escolaridade)
Há limites (tanto para o Pode ser exonerado ad
Quanto ao estável quanto para quem nutum
desligamento está em estágio
probatório)
Direção chefia e
Quanto às atribuições Funções técnicas assessoramento (pessoal)
– art. 37. V. CR/88
Quanto ao regime de Regime próprio de Regime geral de
previdência previdência social – art. previdência social
40, §13º, CR/88

Requisitos básicos (gerais) para o ingresso no cargo:

Lei 8.112/90, art. 5º:

Art. 5o São requisitos básicos para investidura em cargo público:


I - a nacionalidade brasileira;
II - o gozo dos direitos políticos;
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;
V - a idade mínima de dezoito anos;
VI - aptidão física e mental.
§ 1o As atribuições do cargo podem justificar a exigência de outros requisitos
estabelecidos em lei.

Como podem ser criados novos requisitos? Somente por lei.

1) Pressuposto formal: mediante lei.

Súmula 686, STF: só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a


habilitação de candidato a cargo público.

2) Pressuposto teleológico: razoabilidade. As limitações têm que ser ligadas com a


atribuição do cargo, para que se tenha razoabilidade.

Ex1: O STF entende que a limitação de idade para policial militar é razoável.
Ex2: altura mínima para ocupar cargo público. Para cargos de atribuição burocrática (ex.
escrivão de policia) o STF afastou a necessidade de altura mínima.

§ 2o Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se


inscrever em concurso público para provimento de cargo cujas atribuições
sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas
serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.

O art.37, inciso VIII, CR/88 diz:

VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as


pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão;

Não é qualquer deficiência que vai justificar a esta reserva, a moléstia deve ser grave e
suficiente para garantir esta política afirmativa.

Formas de provimento do cargo:

Art. 7o A investidura em cargo público ocorrerá com a posse.

Art. 8o São formas de provimento de cargo público:


I - nomeação; (a única de provimento originário)
II - promoção;
III - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
V - readaptação;
VI - reversão;
VII - aproveitamento;
VIII - reintegração;
IX - recondução.

OBS: A nomeação é considerada forma originária de provimento, porque para que


alguém seja nomeado não precisa ser ou ter sido servidor público.

OBS: Todas as demais são formas de provimento derivado, porque em todas elas se
exige que a pessoa seja ou tenha sido servidor publico.

Súmula 685: é inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie


ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado
ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente
investido.

Trâmite de ingresso no serviço público:

1) Concurso público

RMS 18105 - preterição indireta: Há vagas e há candidatos aprovados, todavia, o


poder público contrata um terceiro a título precário.

NEWS:

RE 192568, RE 273605: o concurso não é prorrogado, quando há candidatos dentro do


número de vagas. Abre-se novo concurso, sem qualquer justificativa. Neste caso, o STF
determina que se prorrogue o concurso.

RMS 23.657 - STF: nova orientação. Havendo 50 vagas e havendo 50 candidatos


aprovados, esses têm direito à nomeação. O STJ também exarou esse entendimento (RMS
20.618).

2) Nomeação: É um ato que convoca o candidato (e não o servidor) para ser


empossado.
Efeitos jurídicos:

• Forma de provimento que preenche o cargo;


• Cria direito de ser empossado (súmula 16, STF - FUNCIONÁRIO NOMEADO POR
CONCURSO TEM DIREITO À POSSE);
• Prazo de 30 dias para o candidato ser empossado – obs.: se o candidato não tomar
posse ele não será exonerado, mas sim terá sua nomeação revogada - §6º, art.
14, Lei 8.112/90); O efeito prático disso, é que o cargo vaga novamente, podendo
ser chamada outra pessoa. Esse prazo é contado a favor do candidato. Ele pode
abreviar esse prazo, mas a administração pública não.

3) Posse

Investidura é o ato pelo qual se liga o servidor ao cargo. E isso ocorrerá com a
posse. Embora a nomeação já proveja o cargo, somente com a posse que o sujeito
adquire o status de servidor público.

Efeitos jurídicos:

• Direito de entrar em exercício. Exercício é o ponto de partida para usufruir a


condição de servidor, como por exemplo salário, férias, etc.
• Prazo de 15 dias para entrar em exercício (art. 15, § 1o, Lei 8.112/90 - É de quinze
dias o prazo para o servidor empossado em cargo público entrar em exercício,
contados da data da posse). Neste caso, não entrando em exercício, haverá
exoneração (art. 15, § 2o, Lei 8.112/90 - § 2o O servidor será exonerado do cargo
ou será tornado sem efeito o ato de sua designação para função de confiança, se
não entrar em exercício nos prazos previstos neste artigo, observado o disposto no
art. 18); Lembrando que esse prazo é contado em favor do servidor. Ele só será
exonerado por com a nomeação ele já se torna servidor.

Estabilidade: É uma garantia constitucional, correspondente à limitações ao


desligamento.

Significa limites ao desligamento do servidor, não havendo qualquer forma de


precedência funcional do servidor estável com relação ao não estável e não se
caracteriza como vantagem pecuniária ou patrimonial.

O estável perderá o cargo nas hipóteses do art. 41, §1º, CR/88:

§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: (na verdade não é somente


nestes casos – o art. 169, §4º da CR/88 traz outros casos)
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado – deve haver previsão
legal e o juiz tem que colocar expresso na sentença;
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla
defesa;
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma
de lei complementar, assegurada ampla defesa.
Obs.: Esta lei complementar ainda não existe em âmbito federal (existem dois
projetos tramitando no C.N).

Art. 169, § 4º, CF: Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem
suficientes para assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida
neste artigo, o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo
motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade
administrativa objeto da redução de pessoal.

Se ultrapassar o limite previsto na lei, no intuito de conter gastos, serão cortados na


ordem:
o Cargo em Comissão, no mínimo de 20%.
o Servidores não estáveis, quantos forem necessários.
o Servidores estáveis. (Nesse caso, trata-se de exoneração, com direito à
indenização).

# Qual a diferença entre a vitaliciedade e a estabilidade?


A estabilidade é um limite ao desligamento. No mesmo passo é a vitaliciedade. Todavia,
ser vitalício significa que a pessoa somente pode perder o cargo por uma única forma
(sentença judicial transitada em julgado).
As carreiras mais conhecidas de vitaliciedade são: a da magistratura, MP e tribunal de
contas.

A sentença transitada em julgado por si só não é suficiente para desligar o vitalício do


cargo. Esta sentença deve ser resultante de uma ação judicial especificamente
intentada para este fim.

OBS: Situação inusitada: O prazo para estabilidade (garantia menor) exige prazo maior
(03 anos). Por outro lado, o prazo para a vitaliciedade (garantia maior) exige prazo menor
(02 anos). É bom lembrar que existem magistrados que adquirem o a vitaliciedade
automaticamente: Os que ingressam em tribunais pelo quinto constitucional.

Requisitos para aquisição da estabilidade:

• Ocupar um cargo efetivo decorrente da prestação de concurso público


(redundância proposital, pois visa evitar que uma pessoa que tenha ingressado
num cargo efetivo de forma irregular e consiga ser estável)

Art. 41 CF. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores
nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.

• Prazo de 3 anos.
A lei 8.112 ainda fala em dois anos. Pegar matéria marinela....
• Estágio probatório (art. 41, § 4º, CF)

Art. 41 CF:
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação
especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Qual seria o prazo de duração de estagio probatório? Duas correntes:


• Prazo da lei 8112/91: 24 meses (STF) MS - dentro do período estágio probatório não
é possível a aposentadoria voluntaria.
• STJ, TST, TCU: 3 anos.

# Como está sendo tratado o estágio probatório no Brasil?


1º momento: O texto inicial da CF/88 dizia que a estabilidade era de 02 anos e
exercício. A constituição não utiliza a palavra “estágio”, e sim “estabilidade”. A
8.112/90, complementando o texto constitucional utiliza no art. 20, a expressão
“estágio” de 24 meses.
2º momento: A partir da EC 19/98, o prazo de estabilidade é de 03 anos de exercício.
Surgiu uma grande discussão, para saber qual é o prazo.
1º Posição: Assim, a AGU emitiu o parecer 17/2004, para o âmbito federal, dizendo que
o art. 20 não foi recepcionado pelo novo texto constitucional (emenda 19), devendo o
prazo de “estágio probatório” ser de 03 anos. (para concursos federais).
2º Posição: No entanto, o STJ julgando o MS 9373, decidiu desde 2004 que não se
confunde a estabilidade com estágio probatório. Logo, se a CF/88 não falou nada de
estágio, continua valendo o prazo de 24 meses de estágio. (para concursos
estaduais).
3º Posição: TST na resolução 1.187, disse que o prazo do estágio probatório para os
seus servidores é de 36 meses. (para a justiça do trabalho).

AULA 02 – 01/09/2008

FORMAS DE PROVIMENTO DERIVADO:

Art. 8o São formas de provimento de cargo público:

II - PROMOÇÃO; (não é tratada na lei)

Em regra, os cargos efetivos são organizados em carreira. Isso faz com que por critérios
alternados (merecimento e antiguidade) os servidores passem de um grau na carreira
para outro. Esse deslocamento de um grau para outro recebe o nome de promoção.

Trata-se, portanto, de um instrumento pelo qual se dá a progressão funcional do servidor


de um grau ou nível para outro.

Já a remoção é o deslocamento do servidor para um mesmo nível da carreira


(deslocamento horizontal).

III - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)


IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

V - READAPTAÇÃO;

Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em cargo de atribuições e


responsabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua
capacidade física ou mental verificada em inspeção médica.
§ 1o Se julgado incapaz para o serviço público, o readaptando será
aposentado.
§ 2o A readaptação será efetivada em cargo de atribuições afins, respeitada a
habilitação exigida, nível de escolaridade e equivalência de vencimentos e, na
hipótese de inexistência de cargo vago, o servidor exercerá suas
atribuições como excedente, até a ocorrência de vaga.

Ex: João é policial federal e perde o dedo que atira. Ele não poderá ser curado. Por outro
lado, a sua diminuição da capacidade laboral não é absoluta (se fosse, deveria ser
aposentado por invalidez), sendo possível readaptá-lo para outro cargo, como por
exemplo, escrivão. Logo, readaptação é uma situação intermediária.

Obs: A lei permite que o servidor exerça a função do cargo, sem estar definitivamente
ocupando o respectivo cargo. Ele exercerá o cargo como excedente.

VI - REVERSÃO; (Quem reverte é a aposentadoria do servidor).

Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor aposentado:


I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsistentes os
motivos da aposentadoria; ou
II - no interesse da administração, desde que:
a) tenha solicitado a reversão;
b) a aposentadoria tenha sido voluntária;
c) estável quando na atividade;
d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à solicitação;
e) haja cargo vago.
§ 1o A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resultante de sua
transformação.
§ 2o O tempo em que o servidor estiver em exercício será considerado para
concessão da aposentadoria.
§ 3o No caso do inciso I, encontrando-se provido o cargo, o servidor exercerá
suas atribuições como excedente, até a ocorrência de vaga.
§ 4o O servidor que retornar à atividade por interesse da administração
(discricionário) perceberá, em substituição aos proventos da aposentadoria, a
remuneração do cargo que voltar a exercer, inclusive com as vantagens de
natureza pessoal que percebia anteriormente à aposentadoria.
§ 5o O servidor de que trata o inciso II somente terá os proventos
calculados com base nas regras atuais se permanecer pelo menos cinco anos
no cargo.
§ 6o O Poder Executivo regulamentará o disposto neste artigo.

Até 2001 existia somente uma forma de reversão. Agora temos dois casos:
• Aposentadoria por invalidez: ex: a moléstia que ocasionou a aposentadoria
deixar de existir.
• Aposentadoria voluntária: servidor aposentado voluntariamente retorna a
atividade a seu pedido.

É o retorno a atividade de um servidor que estava inativo. (O inativo volta a trabalhar).

Abono de permanência: pessoa que na atividade já pode se aposentar, mas não se


aposenta porque recebe 11% a mais de salário, que corresponde o que era descontado do
salário quando não tinha condição de aposentadoria.

VII - APROVEITAMENTO;

Art. 41, CF:

§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável


ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de
serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo.

Aproveitamento – Extinto o cargo, os servidores estáveis serão colocados em


disponibilidade com proventos proporcionais até que a administração pública encontre
um outro cargo para que tais servidores sejam aproveitados.

A disponibilidade e o aproveitamento andam juntos. Todavia, o modo de provimento é o


aproveitamento. A disponibilidade serve para que a administração pública possa verificar
qual o cargo mais assemelhado àquele, no qual será aproveitado.

Note-se que somente será reaproveitado o servidor estável. O servidor não estável
será exonerado, no caso de extinção do cargo.

Lei 8.112/90:

Art. 30. O retorno à atividade de servidor em disponibilidade far-se-á


mediante aproveitamento obrigatório em cargo de atribuições e vencimentos
compatíveis com o anteriormente ocupado.
Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil determinará o imediato
aproveitamento de servidor em disponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos
órgãos ou entidades da Administração Pública Federal.
Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3o do art. 37, o servidor posto em
disponibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade do órgão central do
Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal - SIPEC, até o seu adequado
aproveitamento em outro órgão ou entidade.

Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a


disponibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazo legal, salvo
doença comprovada por junta médica oficial.

VIII - REINTEGRAÇÃO;

Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor estável no cargo


anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua transformação (ex:
cargos da receita federal já houve varias transformações do atual cargo de
técnico), quando invalidada a sua demissão por decisão administrativa
ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens.

O reintegrado retorna ao cargo como se nunca tivesse desligado, podendo, inclusive,


já voltar promovido ou até mesmo aposentado. O servidor só não pode, nesse período,
adquirir posição por mereceimento.

Os tribunais superiores vêm dizendo que também é caso de reintegração o retorno do


servidor por anulação da exoneração em estágio probatório. A pessoa quando é
reintegrada não volta já estável, devendo cumprir o restante do tempo faltante para
adquirir a estabilidade.

§ 1o Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor ficará em


disponibilidade, observado o disposto nos arts. 30 e 31.
§ 2o Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante será
reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização ou aproveitado
em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade.

O servidor reintegrado terá direito à indenização pelo período que ficou injustamente fora
da administração.

OBS1: O “eventual ocupante” sofrerá as conseqüências do injusto desligamento do


servidor reintegrado, eis que aquele além de não receber a indenização, sendo
aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade.

A reintegração está prevista também no art. 41, §2º, da CF/88:

§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele


reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo
de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em
disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço.

Algumas questões importantes:

a) A estabilidade é uma garantia funcional que liga o servidor ao seu cargo ou ao cargo
resultante de transformação, não sendo cabível o aproveitamento da estabilidade
adquirida em um cargo em outro cargo. Ex: pessoa já tem estabilidade no cargo de
agente da PF e é aprovado em concurso para delegado da PF. Neste caso, deve de novo
passar pelo período de estágio probatório.
b) Exoneração é desligamento não punitivo. Demissão é desligamento punitivo. Por isso
que é equivocada a sigla PDV: Plano de demissão voluntário. Ora, se é voluntário não
poderia ser punitivo.

IX - RECONDUÇÃO. (só se aplica à servidor estável)

Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo anteriormente


ocupado e decorrerá de:
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo;
II - reintegração do anterior ocupante. (Esse é o eventual ocupante).
Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de origem, o servidor será
aproveitado em outro, observado o disposto no art. 30.

Recondução Voluntária: É a possibilidade de o servidor retornar ao seu cargo de


origem no qual já era estável até que seja estabilizado em outro cargo. Trata-se de outro
caso de recondução, criado pelo STF e que virou jurisprudência da AGU é que passa
num concurso e assume o outro cargo. Por sua própria vontade, quer retornar ao cargo
anteriormente. Entende-se que pode-se fazer isso desde que não tenha se
estabilizado no cargo novo assumido. O argumento é que se ele pode retornar
quando não aprovado no estágio probatório no novo cargo, com muito mais razão poderia
fazê-lo no caso querer voltar por sua própria vontade. STF MS 24.543 e MS 22.933; STJ
8.339; súmula 16/2002, AGU.

STF MS 24.543:

EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. ESTÁGIO


PROBATÓRIO. Lei 8.112/90, art. 20, § 2º. C.F., art 41. I.- O direito de o
servidor, aprovado em concurso público, estável, que presta novo concurso
e, aprovado, é nomeado para cargo outro, retornar ao cargo anterior ocorre
enquanto estiver sendo submetido ao estágio probatório no novo cargo: Lei
8.112/90, art. 20, § 2º. É que, enquanto não confirmado no estágio do novo
cargo, não estará extinta a situação anterior. II.- No caso, o servidor somente
requereu a sua recondução ao cargo antigo cerca de três anos e cinco meses
após a sua posse e exercício neste, quando, inclusive, já estável: C.F., art.
41. III.- M.S. indeferido.

FORMAS DE VACÂNCIA:

Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de:

I - EXONERAÇÃO;

Forma de desligamento não punitivo. Não é voluntário simplesmente, pois, p. ex. quando
não se é aprovado no estágio probatório, ocorre exoneração.

II - DEMISSÃO;

Forma de desligamento punitivo.

III - PROMOÇÃO;

Está se vagando um cargo para se prover outro. Logo é forma simultânea de


provimento e vacância.
IV - Revogado
V - Revogado

VI - READAPTAÇÃO;

Está se vagando um cargo para se prover outro. Logo é forma simultânea de


provimento e vacância.

VII - APOSENTADORIA;

Forma natural de vacância.

VIII - POSSE EM OUTRO CARGO INACUMULÁVEL;

Na administração federal é comum chamar de “declaração de vacância”.

IX - FALECIMENTO.

Forma natural de vacância.

DIREITOS E VANTAGENS DO SERVIDOR


(LER OS ARTIGOS 40 A 115 da Lei 8.112/90)

O celetista recebe salário.

O servidor público (agente administrativo) recebe “remuneração”. A remuneração é


composta por uma parcela fixa (vencimento) + parcela variável (vantagens). Logo,
todo servidor ocupante de um mesmo cargo receberá o mesmo vencimento, mas não
necessariamente as mesmas vantagens, podendo um, por exemplo fazer hora extra e
outro não.

Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo


público, com valor fixado em lei.
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das
vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei.

Os chamados agentes políticos (aqueles que desempenham função estatal típica: Chefe
de executivo de primeiro escalão, magistrados e membros do MP, legisladores em geral).
Estes recebem subsídio – Valor fixo, vedado qualquer acréscimo de vantagem.

Art. 39, §4º, CF/88:

§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de


Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados
exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o
acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de
representação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer
caso, o disposto no art. 37, X e XI.

Todavia, a própria CF/88 admite uma exceção, no art. 39, §8º:

§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em carreira


poderá ser fixada nos termos do § 4º. Ex: Servidores da AGU, PFN, etc.
REGIME DISCIPLINAR

Além de estabelecer regras de comportamento, prevê penas aplicáveis em caso de


inobservância das respectivas regras.

Art. 116. SÃO DEVERES DO SERVIDOR:

I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;


II - ser leal às instituições a que servir; (não precisa ser leal ao superior
hierárquico)
III - observar as normas legais e regulamentares;
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais;
V - atender com presteza:
a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas as
protegidas por sigilo;
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito ou
esclarecimento de situações de interesse pessoal;
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
VI - levar ao conhecimento da autoridade superior as irregularidades de que
tiver ciência em razão do cargo;
VII - zelar pela economia do material e a conservação do patrimônio público;
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
IX - manter conduta compatível com a moralidade administrativa;
X - ser assíduo e pontual ao serviço;
XI - tratar com urbanidade as pessoas;
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder.
Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII será encaminhada
pela via hierárquica e apreciada pela autoridade superior àquela contra a qual
é formulada, assegurando-se ao representando ampla defesa.

Art. 117. AO SERVIDOR É PROIBIDO:

I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do


chefe imediato;
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer
documento ou objeto da repartição;
III - recusar fé a documentos públicos;
IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou
execução de serviço;
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição;
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o
desempenho de atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu
subordinado;
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação
profissional ou sindical, ou a partido político; (Ele pode se filiar a partido
político)
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança,
cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil;
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em
detrimento da dignidade da função pública;
X - participar de gerência ou administração de sociedade privada,
personificada ou não personificada, salvo a participação nos conselhos de
administração e fiscal de empresas ou entidades em que a União detenha,
direta ou indiretamente, participação no capital social ou em sociedade
cooperativa constituída para prestar serviços a seus membros, e exercer o
comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário;
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas,
salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais
de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro; (DPU –
CESPE)
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie,
em razão de suas atribuições;
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro;
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
XV - proceder de forma desidiosa;
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou
atividades particulares;
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa,
exceto em situações de emergência e transitórias;
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício
do cargo ou função e com o horário de trabalho;
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado.

ACUMULAÇÕES DE CARGOS

Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constituição, é vedada a


acumulação remunerada de cargos públicos.
§ 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos e funções em
autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia
mista da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos
Municípios.
§ 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicionada à
comprovação da compatibilidade de horários.
§ 3o Considera-se acumulação proibida a percepção de vencimento de cargo
ou emprego público efetivo com proventos da inatividade, salvo quando os
cargos de que decorram essas remunerações forem acumuláveis na atividade.
Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um cargo em comissão,
exceto no caso previsto no parágrafo único do art. 9 o, nem ser remunerado
pela participação em órgão de deliberação coletiva.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à remuneração devida
pela participação em conselhos de administração e fiscal das empresas
públicas e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e controladas,
bem como quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou
indiretamente, detenha participação no capital social, observado o que, a
respeito, dispuser legislação específica.
Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acumular licitamente
dois cargos efetivos, quando investido em cargo de provimento em comissão,
ficará afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver
compatibilidade de horário e local com o exercício de um deles, declarada
pelas autoridades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos.

Existem 03 casos acerca da cumulação a se constatar, sendo que normalmente se


costuma abordar apenas o 1º caso.

1º) CASO: Servidor Público na atividade pode acumular cargos públicos.

A regra geral é que não seja possível a acumulação de cargos ou empregos públicos. É
uma norma que pretende evitar a concentração de renda.

Todavia, existem casos em que o servidor na atividade pode acumular cargos públicos,
observadas as condições do art. 37, XVI e XVII, da CF/88:

CF, art. 37:


XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando
houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o
disposto no inciso XI.

a) a de dois cargos de professor;

b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;


científico é o que exige curso superior específico para desempenhar aquele
cargo. Ex: delegado; técnico é aquele cargo que exige curso superior
qualquer.

c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde,


com profissões regulamentadas;
OBS: medico veterinário é considerado profissional da saúde. Logo, é a lei
que deve estabelecer se o referido cargo é privativo de profissionais de
saúde.

XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange


autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista,
suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo
poder público;

Vê-se, portanto, que antes de tudo, deve obedecer as seguintes condições:

• A soma dos cargos não poderá ultrapassar o teto remuneratório do Ministro do STF,
nos termos do art. 37, XI, CF.
• Compatibilidade de horários:
− Não colidência
− A acumulação não pode ultrapassar 60 horas semanais.
OBS: dedicação exclusiva impede a acumulação;

Existe, ainda, uma 4ª hipótese de acumulação na atividade: Servidor Público +


Mandado Eletivo de Vereador:

Art. 38 CF. Ao servidor público da administração direta, autárquica e


fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes
disposições:
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará
afastado de seu cargo, emprego ou função;
Presunção de que estes mandatos eletivos remunerem melhor que o cargo
que ocupa.
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou
função, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;
Não existe a presunção feita no inciso I.
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de
horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem
prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade,
será aplicada a norma do inciso anterior;
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato
eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos os efeitos legais,
exceto para promoção por merecimento;
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afastamento, os valores
serão determinados como se no exercício estivesse.

# Pode o servidor público ocupar um cargo, emprego ou função privado?


Resposta: Não existe uma regra geral que proíba o servidor público de ter outras
atividades profissionais de natureza privada, mas existem, nas regras de proibições
(art. 117, lei 8.112/90), alguns preceitos que criam restrições, como por exemplo,
exercer função de gerência ou atos de comércio.

Existe, ainda o preceito restritivo do art. 117, XVIII , que veda “exercer quaisquer
atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o
horário de trabalho”; Como por exemplo, o servidor é sócio de construtora e
trabalha no setor de licitações da administração pública.

Assim, a proibição estará na lei que regulamenta o cargo (Estatuto da advocacia,


LOMAN, LOMP, etc.)

2º) CASO: Acúmulo de Aposentadoria em um cargo + Remuneração na


atividade de outro cargo

Art. 37 CF:
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria
decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo,
emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma
desta Constituição (na atividade – art. 37, XVI), os cargos eletivos e
os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e
exoneração.

A regra geral é que, o aposentado não pode acumular o seu provento com a
remuneração de um cargo, emprego ou função pública. Porém esta regra, admite
exceções:

• O servidor aposentado poderá acumular o provento com a remuneração de


cargo em comissão;
• O servidor aposentado poderá acumular o provento com o subsídio de cargo
eletivo.
• O servidor aposentado poderá acumular o provento com a remuneração de
cargo compatível (aquele estudado no art. 37, XVI).

OBS: Não se fala em compatibilidade de horários porque em um cargo o


servidor estará aposentado. Todavia, deverá observar o teto remuneratório.

3º) CASO: Acúmulo de Aposentadoria + Aposentadoria

Art.40 CF:
§ 6º - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos
acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de mais
de uma aposentadoria à conta do regime de previdência previsto neste artigo.

A regra geral, é que o servidor não pode receber proventos de duas aposentadorias
do art. 40, CF/88. Exceções:

• O servidor poderá acumular duas aposentadorias no cargos compatíveis,


estudados no art. 37, XVI, da CF/88.
OBS: É perfeitamente possível o servidor receber aposentadoria do art. 40,
CF/88 com a aposentadoria do INSS.
OBS2: Deve ser observado o teto remuneratório.

RESPONSABILIDADE CIVIL DO AGENTE PÚBLICO


Crime: No caso de crime, deve-se proceder ao processo penal.

A regra geral é que as responsabilidades sejam independentes e acumuláveis, sendo de


esferas independentes: administrativa, civil e penal:

Art. 125, da Lei 8.112/90. As sanções civis, penais e administrativas poderão


cumular-se, sendo independentes entre si.

A regra é que o resultado de uma esfera não repercuta na outra. A exceção:

Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no


caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua
autoria.

A responsabilidade civil do agente é subjetiva:

Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo,


doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros.
§ 1o A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário somente
será liquidada na forma prevista no art. 46 (desconto em folha de
pagamento), na falta de outros bens que assegurem a execução do débito
pela via judicial.

STF: Terceiro lesado não pode demandar diretamente contra o agente. STF RE 327.904

Lesão patrimonial: MS 24182: o STF firmou o entendimento de que na responsabilidade


civil nos casos de lesão patrimonial à administração pública e havendo resistência do
servidor, não se pode cobrar os valores administrativamente, ainda que se conceda o
contraditório e ampla defesa, devendo se valer o poder público da vias ordinárias.
Conseqüentemente, no caso de formação do título judicial em favor da administração, o
servidor perde o direito ao pagamento da dívida através da sistemática de desconto em
folha, seguindo as regras do processo civil.

EMENTA MS 24182

EMENTA: Mandado de Segurança. 2. Desaparecimento de talonários de


tíquetes-alimentação. Condenação do impetrante, em processo
administrativo disciplinar, de ressarcimento ao erário do valor do prejuízo
apurado. 3. Decisão da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados de
desconto mensais, em folha de pagamento, sem a autorização do servidor.
4. Responsabilidade civil de servidor. Hipótese em que não se
aplica a auto-executoriedade do procedimento administrativo. 5. A
Administração acha-se restrita às sanções de natureza administrativa, não
podendo alcançar, compulsoriamente, as conseqüências civis e penais. 6.
À falta de prévia aquiescência do servidor, cabe à Administração propor
ação de indenização para a confirmação, ou não, do ressarcimento
apurado na esfera administrativa. 7. O Art. 46 da Lei no 8.112, de 1990,
dispõe que o desconto em folha de pagamento é a forma como poderá
ocorrer o pagamento pelo servidor, após sua concordância com a
conclusão administrativa ou a condenação judicial transitada em julgado.
8. Mandado de Segurança deferido

AULA 03 – 03/09/2008

Infração administrativa: na responsabilidade administrativa, instaura-se o PAD ou


sindicância.
 proibição de bis in idem: é a impossibilidade do agente público ser penalizado pelo
mesmo fato, na mesma esfera de responsabilidade, com penas de mesma natureza.
Verifica-se que um mesmo fato pode gerar responsabilidade penal, civil e administrativa,
pois possuem naturezas distintas, não havendo o que se falar em bis in idem.

Lei 8.112/90:
Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se,
sendo independentes entre si.

Independência das instâncias: a regra geral é de que o resultado do processo não


interfere nos demais. Exceção (da lei): se for o servidor absolvido no processo penal e
esta absolvição se fundamentar na inexistência do fato ou expressamente negar a autoria
imputada ao servidor, esta absolvição se projetará nas demais esferas.

Lei 8.112/90:
Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso
de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria.

Além das responsabilidades acima, existem outras: por improbidade; fiscal; eleitoral etc.

Art. 127. SÃO PENALIDADES DISCIPLINARES:

I - ADVERTÊNCIA;

Conceito: É uma pena aplicada por escrito. Não se trata de admoestação verbal, mas tem
um efeito subjetivo de “chamar a atenção”. Tal anotação vai para o assentamento
individual (ficha funcional) do servidor (efeito objetivo). O servidor fica com a ficha suja.

# Quando é aplicada? No caso de inobservância de dever funcional (art. 116) e no caso


de violação das proibições previstas no art. 117, incisos I a VIII e XIX.

Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos de violação de
proibição constante do art. 117, incisos I a VIII e XIX, e de inobservância de
dever funcional previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que não
justifique imposição de penalidade mais grave.

Art. 117:
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do
chefe imediato;
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer
documento ou objeto da repartição;
III - recusar fé a documentos públicos;
IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou
execução de serviço;
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição;
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o
desempenho de atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu
subordinado;
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação
profissional ou sindical, ou a partido político;
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança,
cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil;
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado.

II - SUSPENSÃO;

É uma pena pela qual o servidor ficará afastado de suas funções com total prejuízo de sua
condição funcional por um prazo não superior a 90 dias.
Obs: Quando o afastamento do servidor, além de prejudicá-lo, prejudicar a própria
administração, a lei prevê a conversão da suspensão em multa.

Obs2: As penas pecuniárias aplicadas pela administração não são executórias quando
decorrentes do poder de polícia. No entanto, quando decorrente do poder disciplinar, elas
serão auto-executórias, sendo executadas da folha de pagamento do servidor; Outra
exceção a não auto-executoriedade da pena pecuniária é no contrato administrativo.

Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reincidência das faltas


punidas com advertência e de violação das demais proibições que não
tipifiquem infração sujeita a penalidade de demissão, não podendo exceder
de 90 (noventa) dias.
§ 1o Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o servidor que,
injustificadamente, recusar-se a ser submetido a inspeção médica
determinada pela autoridade competente, cessando os efeitos da penalidade
uma vez cumprida a determinação.
§ 2o Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade de
suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 50% (cinqüenta
por cento) por dia de vencimento ou remuneração, ficando o servidor obrigado
a permanecer em serviço.

Art. 117:
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa,
exceto em situações de emergência e transitórias;
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício
do cargo ou função e com o horário de trabalho;

Art. 131. As penalidades de advertência e de suspensão terão seus registros


cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício,
respectivamente, se o servidor não houver, nesse período, praticado nova
infração disciplinar.
Parágrafo único. É COMO SE FOSSE UMA REABILITAÇÃO ADMINISTRATIVA.
OBS: O cancelamento da penalidade não surtirá efeitos retroativos.

III - DEMISSÃO;

É a pena administrativa que desliga o servidor, provocando a vacância do cargo. Da


demissão, além do desligamento poderá decorrer outros efeitos. É a mais severa de
todas. Cuida-se de desligamento punitivo do servidor.

Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos:

I - crime contra a administração pública;

# É possível que ocorra demissão antes de acabar o processo penal? A


posição atual do STF é de que é possível, em razão da independência das instâncias.
O professor discorda dessa orientação. Ademais, o STF já pensou diferente com a
justificativa na presunção de inocência.

II - abandono de cargo;
Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência intencional do servidor ao serviço
por mais de trinta dias consecutivos.

III - inassiduidade habitual;


Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao serviço, sem causa
justificada, por sessenta dias, interpoladamente, durante o período de doze meses.
(no intervalo de um ano – e não ano civil –, não pode o servidor ter mais de sessenta
faltas intercaladas).
IV - improbidade administrativa;

A Lei 8.112/90 é anterior a lei de improbidade, o que conferia a administração a


possibilidade de demitir pelo seu cometimento. Todavia, o STF, no RMS 24.699,
entendeu que somente o judiciário pode reconhecer a ocorrência de improbidade
administrativa:

EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECURSO ORDINÁRIO EM


MANDADO DE SEGURANÇA. REJULGAMENTO DA CAUSA. IMPOSSIBILIDADE,
SALVO HIPÓTESES EXCEPCIONAIS. ART. 535, I E II, DO CPC. VIA
PROCESSUAL INADEQUADA. ART. 132, IV, DA LEI N. 8.112/90. PENA DE
DEMISSÃO DO SERVIDOR PÚBLICO QUANDO VERIFICADA A PRÁTICA DE
ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. INAPLICABILIDADE. 1. Os
embargos de declaração têm pressupostos certos [art. 535, I e II, do CPC],
de modo que não configuram via processual adequada à rediscussão do
mérito da causa. São admissíveis em caráter infringente somente em
hipóteses, excepcionais, de omissão do julgado ou erro material
manifesto. Precedente [RE n. 223.904-ED, Relatora a Ministra ELLEN
GRACIE, DJ 18.02.2005]. 2. Não há falar-se na aplicação da pena prevista
no preceito do art. 132, IV, da Lei n. 8.112/90, quando não restou
comprovada, ao longo do processo administrativo, a existência de
elementos aptos a caracterizar a improbidade do servidor. 3. Embargos de
declaração rejeitados.

V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição;


VI - insubordinação grave em serviço;
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima
defesa própria ou de outrem;
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo;
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional;
XI - corrupção;

XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas;


Perde todos os cargos acumulados.

XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.

Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, nos casos dos incisos
IV, VIII, X e XI do art. 132, implica a indisponibilidade dos bens e o
ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível.
Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, por infringência do art.
117, incisos IX e XI, incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo
público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos.

Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público federal o servidor que for
demitido ou destituído do cargo em comissão por infringência do art. 132, incisos I,
IV, VIII, X e XI.

O STF tratou dessa questão de forma obter dictum - de passagem -, afirmando sua
inconstitucionalidade, mas não houve análise direta. Pela presunção da
constitucionalidade, a regra continua válida. O professor acha que isso o parágrafo
único é inconstitucional por se tratar de uma pena de caráter perpétuo.

IV - CASSAÇÃO DE APOSENTADORIA OU DISPONIBILIDADE;


É a situação em que o inativo perde os proventos. Ocorre quando se constata que o
inativo praticou uma falta punida com demissão. Ele não será demitido, eis que o
cargo já vagou com a aposentadoria. A conseqüência é a perda dos proventos.

Assim, se a aposentadoria ocorrer antes de instaurado o processo administrativo


disciplinar e, comprovada a ocorrência de falta punível com demissão, poderá ter
sua aposentadoria cassada.

São dois casos de cassação:

Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do inativo


que houver praticado, na atividade, falta punível com a demissão.

Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a


disponibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazo legal, salvo
doença comprovada por junta médica oficial.

V - DESTITUIÇÃO DE CARGO EM COMISSÃO;

Está prevista também no artigo 135, abaixo explicado.

VI - DESTITUIÇÃO DE FUNÇÃO COMISSIONADA.

Ocorre quando estes servidores praticarem faltas punidas com demissão ou suspensão. É
necessário instauração de processo administrativo disciplinar, ainda que ele possa ser
exonerado ad nutum;

Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido por não ocupante de


cargo efetivo será aplicada nos casos de infração sujeita às penalidades de
suspensão e de demissão.
Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata este artigo, a exoneração
efetuada nos termos do art. 35 será convertida em destituição de cargo em
comissão. (para que sofra os efeitos da demissão).

Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas a natureza e a


gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem para o serviço
público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes
funcionais. É semelhante ao art. 59, CP (dosimetria).
Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade mencionará sempre o
fundamento legal e a causa da sanção disciplinar.

Alçada punitiva descrita na lei:

Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas:


I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas do Poder
Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República,
quando se tratar de demissão e cassação de aposentadoria ou disponibilidade
de servidor vinculado ao respectivo Poder, órgão, ou entidade;
II - pelas autoridades administrativas de hierarquia imediatamente inferior
àquelas mencionadas no inciso anterior quando se tratar de suspensão
superior a 30 (trinta) dias;
III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma dos respectivos
regimentos ou regulamentos, nos casos de advertência ou de suspensão de
até 30 (trinta) dias;
IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se tratar de
destituição de cargo em comissão.
PRESCRIÇÃO DA AÇÃO DISCIPLINAR:

Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:


I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de
aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão;
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência.
§ 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato se
tornou conhecido.
§ 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às infrações
disciplinares capituladas também como crime.
§ 3o A abertura de sindicância ou a instauração de processo disciplinar
interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por autoridade
competente.
§ 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a correr a partir do
dia em que cessar a interrupção.

“a data em que o fato se tornou conhecido”. É o conhecimento formal ou efetivo? A lei


não responde essa pergunta.

Quando a infração disciplinar corresponder à crime, o prazo de prescrição disciplinar será


o da lei penal.

OBS: Prazo regular máximo do processo disciplinar: 140 dias [60 + prorrogáveis por mais
60 + 20 (prazo de julgamento)]. Se durar mais de 140 dias, o recomeço do prazo
prescricional ocorrerá no 141º dia. (STF- RMS 22.728):

EMENTA: Mandado de segurança. Servidor público. Penalidade de


cassação da aposentadoria por improbidade administrativa e por aplicação
irregular de dinheiros públicos. - Inexistência de nulidade do processo
dirigido pela nova comissão processante, porquanto, além de não haver
ofensa ao artigo 169 da Lei 8.112/90, não houve prejuízo para a
impetrante. - Improcedência da alegação de ocorrência de prescrição.
Interpretação da fluência do prazo de prescrição na hipótese de ser
interrompido o seu curso (artigo 142, I e §§ 3º e 4º, da Lei 8.112/90). -
Falta de demonstração da alegação vaga de cerceamento de defesa. - A
alegação de que as imputações à impetrante são inconsistentes e não
foram provadas, demanda reexame de elementos probatórios, o que não
pode ser feito no âmbito estreito do mandado de segurança. - Inexistência
do "bis in idem" pela circunstância de, pelos mesmos fatos, terem sido
aplicadas a pena de multa pelo Tribunal de Contas da União e a pena de
cassação da aposentadoria pela Administração. Independência das
instâncias. Não aplicação ao caso da súmula 19 desta Corte. -
Improcedência da alegação de que a pena de cassação da aposentadoria é
inconstitucional por violar o ato jurídico perfeito. - Improcedência da
alegação de incompetência do Ministro de Estado da Educação e do
Desporto. Mandado de segurança denegado.

APURAÇÃO DO PROCESSO

Se uma autoridade administrativa (superior hierárquico) tomar conhecimento de alguma


infração (de ofício) ou receber alguma denúncia, deverá promover apuração.

Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão objeto de apuração, desde


que contenham a identificação e o endereço do denunciante e sejam
formuladas por escrito, confirmada a autenticidade. SE A DENÚNCIA NÃO
SEGUIR ESSAS FORMALIDADES O PROCESSO SERÁ NULO. Ex: denúncia
anônima.

Parágrafo único. Quando o fato narrado não configurar evidente infração


disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arquivada, por falta de objeto.

A apuração pode se dar:

• Por sindicância: pode resultar:


o O arquivamento;
o Advertência ou suspensão por até 30 dias, desde que assegurado o
contraditório e ampla defesa;
o Se verificar que é caso de punição mais grave, deve determinar a
instauração de PAD;

Art. 145. Da sindicância poderá resultar:


I - arquivamento do processo;
II - aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de até 30
(trinta) dias;
III - instauração de processo disciplinar.
Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância não excederá 30
(trinta) dias, podendo ser prorrogado por igual período, a critério da
autoridade superior.

Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar a imposição de
penalidade de suspensão por mais de 30 (trinta) dias, de demissão, cassação
de aposentadoria ou disponibilidade, ou destituição de cargo em comissão,
será OBRIGATÓRIA a instauração de processo disciplinar.

STJ: A sindicância por si só, não precisa observar o contraditório, mas se quiser
se valer da sindicância para aplicar punições, mesmo que leves, deve-se
assegurar o contraditório e ampla defesa.

• Por PAD:

Afastamento preventivo do servidor:

Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servidor não venha a influir
na apuração da irregularidade, a autoridade instauradora do processo
disciplinar poderá determinar o seu afastamento do exercício do
cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da
remuneração.
Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por igual prazo, findo o
qual cessarão os seus efeitos, ainda que não concluído o processo.

Fases do PAD:

Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes fases:

o I - INSTAURAÇÃO, com a publicação do ato que constituir a comissão;

o II - INQUÉRITO ADMINISTRATIVO (chamado de PAD propriamente dito,


é a fase que incumbe à comissão), que compreende instrução, defesa e
relatório;
Instrução: serão produzidas todas as provas que se fizerem necessárias. Após
a instrução ocorrerá a indiciação, sendo o servidor notificado para apresentar
defesa. Após, a comissão realiza a expedição de um relatório.
o III - JULGAMENTO.

O prazo de julgamento é de 20 dias, mas a demora não importa em


invalidade. O julgamento não entra no prazo de 60 dias.

Art. 152. O prazo para a conclusão do processo disciplinar não excederá 60


(sessenta) dias, contados da data de publicação do ato que constituir a
comissão, admitida a sua prorrogação por igual prazo, quando as
circunstâncias o exigirem.
§ 1o Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo integral aos seus
trabalhos, ficando seus membros dispensados do ponto, até a entrega do
relatório final.
§ 2o As reuniões da comissão serão registradas em atas que deverão detalhar
as deliberações adotadas.

Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o processo


pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e reinquirir
testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular quesitos, quando se
tratar de prova pericial.

O STJ firmou o entendimento de que o advogado é necessário para todos os atos do


processo administrativo disciplinar. Se comparecer sem advogado, deverá a
administração nomear advogado dativo. Súmula 343, STJ: “É obrigatória a presença de
advogado em todas as fases do processo administrativo disciplinar”.

Todavia, levada à questão ao STF, a suprema corte editou a súmula vinculante nº05: “A
falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo não ofende a
Constituição”. Isto é, se a lei facultou a defesa técnica e o servidor não usa dessa
prerrogativa, isso não provoca a nulidade do processo. Seria inconstitucional se a lei
proibisse a presença do advogado.

§ 1o O presidente da comissão poderá denegar pedidos considerados


impertinentes, meramente protelatórios, ou de nenhum interesse para o
esclarecimento dos fatos.
§ 2o Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a comprovação do fato
independer de conhecimento especial de perito.

OBS: Existem dois tipos de procedimento de processo disciplinar que seriam


“especiais”. São processos mais céleres:
a) Acumulação irregular de cargos – art. 133, da Lei 8.112/90.

Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal de cargos,


empregos ou funções públicas, a autoridade a que se refere o art. 143
notificará o servidor, por intermédio de sua chefia imediata, para apresentar
opção no prazo improrrogável de dez dias, contados da data da ciência e, na
hipótese de omissão, adotará procedimento sumário para a sua apuração e
regularização imediata, cujo processo administrativo disciplinar se
desenvolverá nas seguintes fases:(Redação dada pela Lei nº 9.527, de
10.12.97)
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão, a ser
composta por dois servidores estáveis, e simultaneamente indicar a autoria e
a materialidade da transgressão objeto da apuração; (Incluído pela Lei nº
9.527, de 10.12.97)
II - instrução sumária, que compreende indiciação, defesa e relatório;
III - julgamento

b) Abandono de cargo e inassiduidade habitual – art. 140, da Lei 8.112/90


Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inassiduidade habitual,
também será adotado o procedimento sumário a que se refere o art. 133,
observando-se especialmente que:
I - a indicação da materialidade dar-se-á:
a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação precisa do período de
ausência intencional do servidor ao serviço superior a trinta dias;
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos dias de falta ao
serviço sem causa justificada, por período igual ou superior a sessenta dias
interpoladamente, durante o período de doze meses;
II - após a apresentação da defesa a comissão elaborará relatório conclusivo
quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor, em que resumirá as
peças principais dos autos, indicará o respectivo dispositivo legal, opinará, na
hipótese de abandono de cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao
serviço superior a trinta dias e remeterá o processo à autoridade instauradora
para julgamento

# Existe no direito brasileiro a teoria da verdade sabida? Significa que se a


infração for evidente, ou o chefe visse a infração, não teria necessidade de processo
administrativo, podendo aplicar a pena diretamente. Com efeito, após a CF/88, mesmo
com as infrações mais evidentes, deverá respeitar o devido processo legal.
No entanto, já que a infração é mais evidente, é possível simplificar o rito do
procedimento.

ESTATUTO DA CIDADE:

Lei 10.257/01 (lei federal, com natureza jurídica de lei nacional).

O estatuto da cidade, o qual possui como base constitucional nos art. 182 e art. 183 da
CR que traçam as bases de uma política habitacional urbana, a fim de trazer um
desenvolvimento racional e equilibrado da ocupação do solo urbano (cumprimento da
função social estabelecida no plano diretor). Para tanto, traz diversos institutos que serão
a seguir estudados.

O Estatuto da Cidade não dispensa a ocorrência da legislação municipal. Analogicamente,


a Lei 10.257/01 seria de eficácia limitada, dependendo de regulamentação de legislação
municipal.

Sistema nacional de competência (competência legislativa em matéria de direito


administrativo). A quem compete legislar sobre direito administrativo? A regra geral é que
cada ente federado legisle sobre o seu próprio direito administrativo, salvo quando a
própria constituição dispuser em contrário. É o que se extrai do artigo 18, CR e o que não
se estabelece o art. 22, CR (competência legislativa privativa da União):

Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil


compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos
autônomos, nos termos desta Constituição.

Geraldo Ataliba: é por isso que no direito administrativo, em regra, Lei federal não é Lei
nacional. Ex. de exceção: art. 22, II, CR (competência da união para legislar sobre
desapropriação).

 Fundamentação constitucional para a política urbana: direito de propriedade, com as


limitações impostas pelo princípio da função social da propriedade.
• Fundamentos mediatos:

Art. 5º, CF:


XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.

• Fundamento imediato:

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público


municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o
pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-
estar de seus habitantes.
§ 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às
exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.
4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área
incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do
solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu
adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
OBS: está sendo regulado pela lei 10.257/01
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no
tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de
emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de
até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real
da indenização e os juros legais.

Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta
metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição,
utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde
que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à
mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2º - Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
§ 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

Lei 10.257/01

Art. 1º:

§1º:

A lei se auto-batiza Estatuto da Cidade, mas já recebeu outras denominações: lei de


proteção ambiental artificial; lei de responsabilidade social;

Os municípios podem criar outros instrumentos ao meio ambiente artificial, mas a lei
estabelece uma espécie uma espécie de piso de garantias (é o mínimo que se deve
assegurar).

Art. 2º:

Diretrizes gerais:
• Clara relativização do direito de propriedade;
• O bem privado passa a ser relevante para a coletividade (“publiciza-se” os bens
privados e “privatiza-se” o bem público). Traz o particular para a gestão dos
bens públicos;
• Gestão democrática da cidade;

Art. 4º: Instrumentos previstos no Estatuto da Cidade:

Inciso IV: institutos tributários e financeiros: IPTU, contribuição de melhoria e incentivos e


benefícios fiscais e financeiros;

Art. 184 CF:


4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área
incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do
solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu
adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
OBS: está sendo regulado pela lei 10.257/01
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no
tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de
emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de
até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real
da indenização e os juros legais.

Inciso V: institutos jurídicos de direito público no estatuto da cidade:

1) PARCELAMENTO, EDIFICAÇÃO E UTILIZAÇÃO COMPULSÓRIA: meio utilizado pelo


poder público municipal para, através de lei específica municipal, determinar uma dessas
três medidas.
Ex: existe um terreno vazio em uma das principais ruas da cidade. O município pode
determinar uma dessas medidas.

O poder público deve identificar o terreno e notificar o proprietário de que o terreno está
subutilizado. Após a notificação, o proprietário tem prazo de 1 ano para apresentar o
projeto. Em seguida o poder público autorizará a construção pelo proprietário, sendo que
esse início deverá ocorrer até 2 anos após a autorização. O não cumprimento não gera
sanção, somente passa-se para a próxima etapa (IPTU progressivo).

OBS: transmissão ou sucessão (mesmo que causa mortis) não suspende o prazo.

Art. 5o Lei municipal específica para área incluída no plano diretor poderá
determinar o parcelamento, a edificação ou a utilização compulsórios do solo
urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, devendo fixar as condições
e os prazos para implementação da referida obrigação.
§ 1o Considera-se subutilizado o imóvel:
I – cujo aproveitamento seja inferior ao mínimo definido no plano diretor ou em
legislação dele decorrente;
II – (VETADO)
§ 2o O proprietário será notificado pelo Poder Executivo municipal para o
cumprimento da obrigação, devendo a notificação ser averbada no cartório de
registro de imóveis.
§ 3o A notificação far-se-á:
I – por funcionário do órgão competente do Poder Público municipal, ao
proprietário do imóvel ou, no caso de este ser pessoa jurídica, a quem tenha
poderes de gerência geral ou administração;
II – por edital quando frustrada, por três vezes, a tentativa de notificação na
forma prevista pelo inciso I.
§ 4o Os prazos a que se refere o caput não poderão ser inferiores a:
I - um ano, a partir da notificação, para que seja protocolado o projeto no
órgão municipal competente;
II - dois anos, a partir da aprovação do projeto, para iniciar as obras do
empreendimento.
§ 5o Em empreendimentos de grande porte, em caráter excepcional, a lei
municipal específica a que se refere o caput poderá prever a conclusão em
etapas, assegurando-se que o projeto aprovado compreenda o empreendimento
como um todo.

Art. 6o A transmissão do imóvel, por ato inter vivos ou causa mortis, posterior à
data da notificação, transfere as obrigações de parcelamento, edificação ou
utilização previstas no art. 5o desta Lei, sem interrupção de quaisquer prazos.

Se alguém compra o imóvel depois de ocorrida a notificação, deverá cumprir o que havia
sido notificado para o antigo dono.

Requisitos para notificação compulsória:


• Tem que haver um plano diretor;
• O plano diretor deve especificar as áreas sujeita edificação, parcelamento ou
utilização compulsória;
• Deve existir uma lei municipal específica;
• Deve-se configurar a não utilização, sub-utilizado e não edificação

Somado tudo isso, realiza-se a notificação (art. 5,§2º da lei).

Pode haver esta notificação em face de bens públicos estaduais ou federais?


Pode até notificar, mas nenhuma sanção pode recair sobre estes entes federados.
Art.150, VI, CF. o município não pode instituir IPTU progressivo sobre bens públicos de
outros entes. O município (art. 2º,§2º do decreto 3365/41) não pode também desapropriar
bens dos Estados e nem da União situação que gera de certa um “hierarquia” federativa.

Qual o prazo da notificação compulsória?

§ 4o Os prazos a que se refere o caput não poderão ser inferiores a:


I - um ano, a partir da notificação, para que seja protocolado o projeto no
órgão municipal competente;
II - dois anos, a partir da aprovação do projeto, para iniciar as obras do
empreendimento.

É um prazo mínimo de 1 ano da notificação e o protocolo do projeto e o prazo mínimo de


2 anos entre a apresentação do projeto e o inicio da obra.

2) IPTU PROGRESSIVO: Se o projeto não estiver sido apresentado dentro do prazo de 1


ano ou se a construção não estiver sido iniciada no prazo de 2 anos, o poder público
municipal fará uso do IPTU progressivo: as alíquotas do IPTU poderão ser majoradas por
até 5 anos, limitadas ao dobro do ano anterior e ao limite de 15%. Quando se fala em
tributos progressivos, devemos lembrar que a progressividade fiscal tem mero caráter
arrecadatório (não tem caráter de pena) e a progressividade extrafiscal do IPTU visa punir
o proprietário que está mal utilizando do bem, ou seja, visa fazer cumprir a função social
da propriedade.
Exs: a alíquota do próximo ano não pode ser superior ao dobro da alíquota do próximo
ano.

0 1 2 3 4 5

2% 4% 8% 15% 15% 15%

0 1 2 3 4 5

2% 2,5% 4,5% 6% 8% 12%

OBS: a doutrina diz que o IPTU progressivo é um dever para o poder público.

Passados os cinco anos, o poder público municipal escolhe entre: manter a alíquota
máxima alcançada na majoração (§ 2°) OU efetuar uma Desapropriação Sanção.

OBS: Os IPTUs progressivos previstos no Estatuto da cidade são uma espécie de punição
ao proprietário, não podendo, portando, receber o benefício da anistia ou concessões de
isenções.

Art. 7o Em caso de descumprimento das condições e dos prazos previstos na


forma do caput do art. 5o desta Lei, ou não sendo cumpridas as etapas previstas
no § 5o do art. 5o desta Lei, o Município procederá à aplicação do imposto sobre
a propriedade predial e territorial urbana (IPTU) progressivo no tempo, mediante
a majoração da alíquota pelo prazo de cinco anos consecutivos.
§ 1o O valor da alíquota a ser aplicado a cada ano será fixado na lei específica a
que se refere o caput do art. 5 o desta Lei e não excederá a duas vezes o
valor referente ao ano anterior, respeitada a alíquota máxima de
quinze por cento.
§ 2o Caso a obrigação de parcelar, edificar ou utilizar não esteja atendida em
cinco anos, o Município manterá a cobrança pela alíquota máxima, até
que se cumpra a referida obrigação, garantida a prerrogativa prevista
no art. 8o.
§ 3o É vedada a concessão de isenções ou de anistia relativas à tributação
progressiva de que trata este artigo.

De acordo com o art. 33 do CTN a base de calculo do IPTU é o valor venal do imóvel.

3)DESAPROPRIAÇÃO SANÇÃO OU DESAPROPRIAÇÃO DIRETA EXTRAORDINÁRIA:


Passados os cinco anos, o poder público municipal escolhe entre: manter a alíquota
máxima alcançada na majoração OU efetuar uma Desapropriação Sanção.

Panorama das desapropriações:


• Direta: se divide em três grandes grupos:
i) Ordinária: características: 1) não tem caráter de pena; 2) indenização justa,
prévia e em dinheiro; 3) qualquer ente federado pode promovê-las. São três
os tipos desta desapropriação: necessidade pública e utilidade (decreto-lei
3365/41) e interesse social ou geral (lei 4132/62). Nós temos duas espécies
de desapropriação para fins de reforma agrária, sendo que existe uma que
somente a União pode fazer e outra que também é possível aos estados e
municípios podem realizar.
ii) Extraordinária: características: 1) tem caráter punitivo; 2) indenização justa,
prévia e em títulos resgatáveis em até 20 anos; 3) na desapropriação para
fins de reforma agrária (art. 184 a 186 da CF) somente a União pode fazer e
a desapropriação por interesse social para reforma urbana prevista no art.
182, § 4º, III da CF.
iii) Confisco: art. 243, caput, CF. características: 1) pune o crime; 2) não há
indenização; 3) somente a União pode promovê-la.

• Indireta:

Art. 8o Decorridos cinco anos de cobrança do IPTU progressivo sem que o


proprietário tenha cumprido a obrigação de parcelamento, edificação ou
utilização, o Município poderá proceder à desapropriação do imóvel, com
pagamento em títulos da dívida pública.
§ 1o Os títulos da dívida pública terão prévia aprovação pelo Senado Federal e
serão resgatados no prazo de até dez anos, em prestações anuais, iguais e
sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais de seis
por cento ao ano.
Conforme estabelece o art. 52, incisos VI,VII e VIII da CF, o senado é
responsável por fixar os limites globais de endividamento.
§ 2o O valor real da indenização:
I – refletirá o valor da base de cálculo do IPTU, descontado o montante
incorporado em função de obras realizadas pelo Poder Público na área onde o
mesmo se localiza após a notificação de que trata o § 2o do art. 5o desta Lei;
II – não computará expectativas de ganhos, lucros cessantes e juros
compensatórios.
§ 3o Os títulos de que trata este artigo não terão poder liberatório para
pagamento de tributos.
Significa que não podem estes títulos serem utilizados para fins de
compensação de tributos.
§ 4o O Município procederá ao adequado aproveitamento do imóvel no
prazo máximo de cinco anos, contado a partir da sua incorporação ao
patrimônio público.
§ 5o O aproveitamento do imóvel poderá ser efetivado diretamente
pelo Poder Público ou por meio de alienação ou concessão a terceiros,
observando-se, nesses casos, o devido procedimento licitatório.
§ 6o Ficam mantidas para o adquirente de imóvel nos termos do § 5o as mesmas
obrigações de parcelamento, edificação ou utilização previstas no art. 5o desta
Lei.

Em nenhum momento a lei trata do procedimento desta desapropriação. Neste caso,


devemos observar o art. 4º, §1º. O decreto-lei 3365/41 costuma ser considerada a lei
geral da desapropriação, sendo aplicada nesta desapropriação que agora estamos
estudando.

Essa espécie de desapropriação se trata de uma verdadeira sanção, pois o proprietário


receberá o valor posteriormente em títulos da dívida pública (Senado deve aprovar o
pagamento), parceladas anualmente pelo prazo de até 10 anos. É o único caso em o
município emite titulo da divida pública. Diferentemente do que ocorre com a
Desapropriação propriamente dita, onde a indenização será prévia e em dinheiro.

OBS: Essa desapropriação não se confunde com o confisco, posto que nesse inexiste
indenização.

Feita a desapropriação, o poder público pode construir ou alienar (mediante licitação) o


bem. (§§ 4° e 5º)

OBS: os 3 institutos acima vistos se referem ao descumprimento da função social da


propriedade urbana. Art. 182 § 4° e incisos.
4) Concessão de uso especial para fins de moradia:

A concessão de uso especial para fins de moradia era quase uma desapropriação de bens
públicos previstos no art. 15 ao art. 20 do Estatuto da Cidade. Foram vetados estes
artigos visto que não estavam tratadas de forma detalhada, fazendo pela MP 2220 de 4
de setembro de 2001. Esta MP foi editada alguns dias antes da edição da EC 32/2001 (art.
2º), em razão disso a MP continua em pleno vigor.

Se alguém estiver usando um bem de até 250 metros quadrados e a mais de 5 anos,
desde que seja até dia trinta de junho de 2001, terá direito a concessão de uso especial
para fins de moradia. Isso é quase uma usucapião, pois é gratuito, não tem prazo para a
concessão, somente perdendo se der outra destinação ao bem ou se adquirir outro bem e
também é possível alienar por causa inter vivos ou causa mortis.

Requisitos:
• Até 31 de junho de 2001
• Possuir como seu
• Por 5 anos ininterruptamente e sem oposição
• Até 250 metros quadrados
• De imóvel público situado em área urbana
• Utilizando para sua moradia ou de sua família

OBS: Se retiradas as partes em amarelo, ao invés da concessão de uso para fins de


moradia, teríamos uma usucapião especial.
OBS: Aqui não adquire a propriedade, lembrando que se trata de bem público.

Características:
• Gratuita;
• Conferida ao homem, à mulher ou à ambos;
• Não pode ser conferido ao mesmo concessionário mais de uma vez;
• Não tem prazo determinado (art. 8º da MP 2022/2001);
• Só se extingue nos casos do art.8º da MP 2022/2001:
- O concessionário dá destinação diversa à moradia.
- Adquirir outra concessão especial para fins de moradia.
• Transferido por atos entre vivos ou causa mortis;

Procedimento: previsto no art. 6º da MP.

Art. 4º da MP: traz regra de procedimento vinculada.

Art. 2º da MP: Traz a possibilidade da concessão de uso para fins de moradia coletiva.

Art. 5º da MP: temos aqui uma faculdade de reconhecer o direito em outro lugar, o que
nos faz perceber que seria possível manter a pessoa ou família no lugar que já ocupa por
mais de 5 anos e até 30 de junho de 2001.

Art. 9º da MP: quem usou a área para fins comerciais, recebe a autorização de uso do
local, que é muito precário, diferente da concessão de uso para fins de moradia.

5) DIREITO DE PREEMPÇÃO: é um direito real de preferência atribuído ao poder público


municipal em áreas delimitadas em lei municipal. O direito de preferência se refere à
aquisição de imóveis que seja objeto de alienação onerosa entre particulares. É uma
forma de dar preferência de aquisição de imóveis pelo município não se utilizando de um
procedimento de desapropriação. Não sendo conferido ao município o direito de
preferência, poderá ser feita uma adjudicação compulsória do bem.
Assim que o particular decide pela venda de seu bem que consta da lei municipal, o poder
público terá 30 dias para se manifestar acerca da aquisição. Não se manifestando nesse
prazo, ocorre a venda ao particular. Efetuada a venda ao particular, o antigo proprietário
terá um prazo de 30 dias para provar que a proposta dessa venda a mesma oferecida ao
poder público municipal. Não provando isso, ou se comprovar que a proposta foi
diferente, é facultado ao poder público a compra do bem pelo valor presente na base de
cálculo do IPTU ou pelo valor da proposta feita ao particular, a que for menor.

Art. 25. O direito de preempção confere ao Poder Público municipal preferência para
aquisição de imóvel urbano objeto de alienação onerosa entre particulares.
Para a doutrina majoritária a permuta, dação em pagamento não é alienação onerosa. A
alienação onerosa tem recebido uma interpretação restritiva de modo que somente a
compra e venda seria esta alienação.
§ 1o Lei municipal, baseada no plano diretor, delimitará as áreas em que incidirá o
direito de preempção e fixará prazo de vigência, não superior a cinco anos, renovável
a partir de um ano após o decurso do prazo inicial de vigência.
Para haver a referida renovação, deve ser observado o período de um ano depois do
primeiro período de 5 anos em que houve o direito de preferência.
§ 2o O direito de preempção fica assegurado durante o prazo de vigência fixado na
forma do § 1o, independentemente do número de alienações referentes ao mesmo
imóvel.

Art. 26. O direito de preempção será exercido sempre que o Poder Público necessitar de
áreas para: OBS: a finalidade do direito de preempção
I – regularização fundiária;
II – execução de programas e projetos habitacionais de interesse social;
III – constituição de reserva fundiária;
IV – ordenamento e direcionamento da expansão urbana;
V – implantação de equipamentos urbanos e comunitários;
VI – criação de espaços públicos de lazer e áreas verdes;
VII – criação de unidades de conservação ou proteção de outras áreas de interesse
ambiental;
VIII – proteção de áreas de interesse histórico, cultural ou paisagístico;
IX – (VETADO)
Parágrafo único. A lei municipal prevista no § 1o do art. 25 desta Lei deverá enquadrar
cada área em que incidirá o direito de preempção em uma ou mais das finalidades
enumeradas por este artigo.
Procedimento:
Art. 27. O proprietário deverá notificar sua intenção de alienar o imóvel, para que o
Município, no prazo máximo de trinta dias, manifeste por escrito seu interesse em
comprá-lo.
§ 1o À notificação mencionada no caput será anexada proposta de compra assinada por
terceiro interessado na aquisição do imóvel, da qual constarão preço, condições de
pagamento e prazo de validade.
§ 2o O Município fará publicar, em órgão oficial e em pelo menos um jornal local ou
regional de grande circulação, edital de aviso da notificação recebida nos termos do
caput e da intenção de aquisição do imóvel nas condições da proposta apresentada.
§ 3o Transcorrido o prazo mencionado no caput sem manifestação, fica o proprietário
autorizado a realizar a alienação para terceiros, nas condições da proposta
apresentada.
§ 4o Concretizada a venda a terceiro, o proprietário fica obrigado a apresentar
ao Município, no prazo de trinta dias, cópia do instrumento público de
alienação do imóvel.
§ 5o A alienação processada em condições diversas da proposta apresentada é
nula de pleno direito.
§ 6o Ocorrida a hipótese prevista no § 5o o Município poderá adquirir o imóvel pelo valor
da base de cálculo do IPTU ou pelo valor indicado na proposta apresentada, se este for
inferior àquele.

6) OUTORGA ONEROSA DO DIREITO DE CONSTRUIR OU LEI DO SOLO CRIADO:


Trata-se de uma licença específica mediante contrapartida do construtor com caráter
jurídico de ônus (não de dever) outorgada em favor de quem pretenda construir acima do
coeficiente básico de aproveitamento.
O plano diretor urbano estabelece que em algumas áreas nas quais o direito de construir
poderá ficar acima do coeficiente básico de aproveitamento.

Cada local tem um coeficiente de aproveitamento, que varia p. ex. pelo número de
andares a serem construídos. Pode a legislação municipal estabelecer que acima do
coeficiente de aproveitamento se possa construir mais, desde que se pague por isso. Ex:
até 10 andares está dentro do coeficiente, se desejar construir mais que isso deverá
pagar mais por isso (outorga onerosa do direito de construir). A razão da cobrança disso é
que até tal limite a pessoa não paga nada, pois seria uma construção normal,
ultrapassando o coeficiente o município terá um custo maior para fiscalizar a obra, terão
mais conseqüências viárias para o local da construção etc.

A cobrança deste instituto seria uma tributação não prevista na CF, segundo parte da
doutrina. Todavia, para o professor Eros Grau entende que esta tese está errada, pois não
podemos confundir dever (tributo) com ônus (a pessoa se quiser usufruir de uma situação
de vantagem ela deverá suportar o ônus). Logo, a construtora somente paga este ônus se
quiser passar o coeficiente básico. Diante disso, decidiu o STF que esta cobrança não é
tributo e é constitucional (março de 2008).

Ressalta-se que o coeficiente pode variar entre as áreas.

OBS: para construir acima do coeficiente, o particular deve pagar a diferença (é uma
outorga onerosa). No caso de PPP, essa diferença é abatida na contraprestação estatal.

Art. 28. O plano diretor poderá fixar áreas nas quais o direito de construir poderá ser
exercido acima do coeficiente de aproveitamento básico adotado, mediante
contrapartida a ser prestada pelo beneficiário.
§ 1o Para os efeitos desta Lei, coeficiente de aproveitamento é a relação entre a
área edificável e a área do terreno.
§ 2o O plano diretor poderá fixar coeficiente de aproveitamento básico único para toda a
zona urbana ou diferenciado para áreas específicas dentro da zona urbana.
§ 3o O plano diretor definirá os limites máximos a serem atingidos pelos coeficientes de
aproveitamento, considerando a proporcionalidade entre a infra-estrutura existente e o
aumento de densidade esperado em cada área.

Art. 29. O plano diretor poderá fixar áreas nas quais poderá ser permitida
alteração de uso do solo, mediante contrapartida a ser prestada pelo
beneficiário.
Ex: se alguém desejar num bairro comercial mudar a destinação do imóvel para fins
comercias, poderá fazer desde que suporte o ônus;
Art. 30. Lei municipal específica estabelecerá as condições a serem observadas para a
outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso, determinando:
I – a fórmula de cálculo para a cobrança;
II – os casos passíveis de isenção do pagamento da outorga;
III – a contrapartida do beneficiário.

Art. 31. Os recursos auferidos com a adoção da outorga onerosa do direito de construir
e de alteração de uso serão aplicados com as finalidades previstas nos incisos I a IX do
art. 26 desta Lei.

7) TRANSFERÊNCIA DO DIREITO DE CONSTRUIR: previsto no art. 35.

8) OPERAÇÕES URBANAS CONSORCIADAS: são programas e intervenções realizadas


e coordenadas pelo poder público com a participação de moradores, proprietários,
empresários (iniciativa privada) com fim de reabilitar, recuperar e etc., determinada área.
Trata-se de uma administração consensual.

Art. 32. Lei municipal específica, baseada no plano diretor, poderá delimitar área para
aplicação de operações consorciadas.
§ 1o Considera-se operação urbana consorciada o conjunto de intervenções e
medidas coordenadas pelo Poder Público municipal, com a participação dos
proprietários, moradores, usuários permanentes e investidores privados, com
o objetivo de alcançar em uma área transformações urbanísticas estruturais,
melhorias sociais e a valorização ambiental.
§ 2o Poderão ser previstas nas operações urbanas consorciadas, entre outras medidas:
I – a modificação de índices e características de parcelamento, uso e ocupação do solo e
subsolo, bem como alterações das normas edilícias, considerado o impacto ambiental
delas decorrente;
II – a regularização de construções, reformas ou ampliações executadas em desacordo
com a legislação vigente.

Art. 33. Da lei específica que aprovar a operação urbana consorciada constará o plano
de operação urbana consorciada, contendo, no mínimo:
I – definição da área a ser atingida;
II – programa básico de ocupação da área;
III – programa de atendimento econômico e social para a população diretamente afetada
pela operação;
IV – finalidades da operação;
V – estudo prévio de impacto de vizinhança;
VI – contrapartida a ser exigida dos proprietários, usuários permanentes e investidores
privados em função da utilização dos benefícios previstos nos incisos I e II do § 2o do art.
32 desta Lei;
VII – forma de controle da operação, obrigatoriamente compartilhado com
representação da sociedade civil.
§ 1o Os recursos obtidos pelo Poder Público municipal na forma do inciso VI deste artigo
serão aplicados exclusivamente na própria operação urbana consorciada.
§ 2o A partir da aprovação da lei específica de que trata o caput, são nulas as
licenças e autorizações a cargo do Poder Público municipal expedidas em
desacordo com o plano de operação urbana consorciada.

Art. 34. A lei específica que aprovar a operação urbana consorciada poderá prever a
emissão pelo Município de quantidade determinada de certificados de potencial
adicional de construção, que serão alienados em leilão ou utilizados diretamente no
pagamento das obras necessárias à própria operação.
§ 1o Os certificados de potencial adicional de construção serão livremente negociados,
mas conversíveis em direito de construir unicamente na área objeto da operação.
§ 2o Apresentado pedido de licença para construir, o certificado de potencial
adicional será utilizado no pagamento da área de construção que supere os
padrões estabelecidos pela legislação de uso e ocupação do solo, até o limite
fixado pela lei específica que aprovar a operação urbana consorciada.

9) ESTUDO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA (EIV): trata-se de um estudo que busca


analisar os impactos positivos e negativos na qualidade de vida da vizinhança. Funciona
tal como os estudos de impacto de ambiental, que se faz para verificar quais impactos
ocorrerão no meio ambiente.

A lei municipal especifica determinará os empreendimentos e as atividades que


necessitarão do EIV para obter licença e autorização para que possam atuar.

Art. 36. Lei municipal definirá os empreendimentos e atividades privados ou públicos em


área urbana que dependerão de elaboração de estudo prévio de impacto de vizinhança
(EIV) para obter as licenças ou autorizações de construção, ampliação ou funcionamento
a cargo do Poder Público municipal.

Art. 37. O EIV será executado de forma a contemplar os efeitos positivos e negativos do
empreendimento ou atividade quanto à qualidade de vida da população residente na
área e suas proximidades, incluindo a análise, no mínimo, das seguintes questões:
I – adensamento populacional;
II – equipamentos urbanos e comunitários;
III – uso e ocupação do solo;
IV – valorização imobiliária;
V – geração de tráfego e demanda por transporte público;
VI – ventilação e iluminação;
VII – paisagem urbana e patrimônio natural e cultural.
Parágrafo único. Dar-se-á publicidade aos documentos integrantes do EIV, que ficarão
disponíveis para consulta, no órgão competente do Poder Público municipal, por
qualquer interessado.

Art. 38. A elaboração do EIV não substitui a elaboração e a aprovação de estudo prévio
de impacto ambiental (EIA), requeridas nos termos da legislação ambiental.

10 ) PLANO DIRETOR URBANO (PDU):

Art. 39. A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências
fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor, assegurando o
atendimento das necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, à justiça social
e ao desenvolvimento das atividades econômicas, respeitadas as diretrizes previstas no
art. 2o desta Lei.
Art. 40. O plano diretor, aprovado por lei municipal, é o instrumento básico da política
de desenvolvimento e expansão urbana.
§ 1o O plano diretor é parte integrante do processo de planejamento municipal, devendo
o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual incorporar as
diretrizes e as prioridades nele contidas.
§ 2o O plano diretor deverá englobar o território do Município como um todo.
§ 3o A lei que instituir o plano diretor deverá ser revista, pelo menos, a cada dez anos.
§ 4o No processo de elaboração do plano diretor e na fiscalização de sua implementação,
os Poderes Legislativo e Executivo municipais garantirão:
I – a promoção de audiências públicas e debates com a participação da população e de
associações representativas dos vários segmentos da comunidade;
II – a publicidade quanto aos documentos e informações produzidos;
III – o acesso de qualquer interessado aos documentos e informações produzidos.
§ 5o (VETADO)
Art. 41. O plano diretor é obrigatório para cidades:
I – com mais de vinte mil habitantes;
II – integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas;
III – onde o Poder Público municipal pretenda utilizar os instrumentos
previstos no § 4o do art. 182 da Constituição Federal;
IV – integrantes de áreas de especial interesse turístico;
V – inseridas na área de influência de empreendimentos ou atividades com
significativo impacto ambiental de âmbito regional ou nacional.
§ 1o No caso da realização de empreendimentos ou atividades enquadrados no inciso V
do caput, os recursos técnicos e financeiros para a elaboração do plano diretor estarão
inseridos entre as medidas de compensação adotadas.
§ 2o No caso de cidades com mais de quinhentos mil habitantes, deverá ser elaborado
um plano de transporte urbano integrado, compatível com o plano diretor ou nele
inserido.
Art. 42. O plano diretor deverá conter no mínimo:
I – a delimitação das áreas urbanas onde poderá ser aplicado o parcelamento, edificação
ou utilização compulsórios, considerando a existência de infra-estrutura e de demanda
para utilização, na forma do art. 5o desta Lei;
II – disposições requeridas pelos arts. 25, 28, 29, 32 e 35 desta Lei;
III – sistema de acompanhamento e controle.

11) GESTÃO DEMOCRATICA DA CIDADE (art. 43 a 45)

Isso é chamado na Europa de administração publica dialógica, pois para gerir a coisa
publica é preciso a participação da sociedade.

BENS PÚBLICOS
DOMÍNIO PÚBLICO (gênero):

• Domínio patrimonial: está ligado aos bens públicos;


• Domínio eminente: são prerrogativas que tem o Estado de intervir na
propriedade alheia;

Conceito: Embora o art. 65, CC/16 tivesse definido bens públicos como sendo tão
somente os bens da União, dos Estados e dos Municípios, a doutrina e jurisprudência
promoveram a extensão do conceito de bem público para nele incluir os bens do DF, das
autarquias, das Fundações públicas, das sociedades de economia mista e das empresas
públicas e, num sentido amplo, até mesmo os bens das concessionárias.

Hoje nós temos o conceito no art. 98 do CC/02: São públicos somente os bens
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno (previstas no art. 41 do CC).

Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas


jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual
for a pessoa a que pertencerem.

Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:


I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; (Redação dada pela Lei nº
11.107, de 2005)
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito
público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que
couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código.
OBS: Este parágrafo não se aplica as EP e SEM, parece que foi dirigido para as
Fundações Públicas.

IMPORTANTE: Com o CC/02 os bens das Sociedades de Economia Mista, Empresa Pública
e as Concessionárias não são mais bens públicos.

 Há autores que também defendem que mesmo após o CC/02 os bens das Sociedades
de Economia Mista e Empresa Pública são públicos (atualizadores do livro do Hely Lopes
Meireles).

 O conceito patrimônio público é um conceito que abrange o conceito de bem público.

 Ainda hoje após 2002 temos quem defenda que os bens das concessionárias são
públicos.

Na prova ficar com o conceito legal de bens públicos.

AULA 04 – 13/09/2008
CLASSIFICAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS:

a) Quanto ao titular:
• Federais (art. 20 da CF c/c decreto-lei 9.760/46 e lei 9.636/98)

Art. 20. São bens da União:


I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;
II - as terras devolutas (terra que nunca teve propriedade matriculada ou
que tendo tido propriedade matriculada a perdeu) indispensáveis à
defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias
federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;

Grilagem: é a fraude que incide sobre uma terra devoluta. “colocar grilo no
papel para o documento ficar com aparência de velho”.
As terras devolutas são, em regra, dos Estados (art. 26, IV da CF). Somente
serão da União estas deste inciso. Poderá o Estado doar ou outorgar aos
municípios se desejarem fazer na forma da Constituição do Estado.
Cespe - AGU (v): Em tese todos os entes federados podem ter terras devolutas.

III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio,


ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se
estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos
marginais e as praias fluviais;
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias
marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que
contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço
público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; (Redação
dada pela Emenda Constituciona nº 46, de 2005)
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica
exclusiva;
VI - o mar territorial;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; Quem define o que é terreno
de marinha é o art. 2º do decreto-lei 9760/46.
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-
históricos;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
§ 1º - É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação
no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos
para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no
respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica
exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração.
§ 2º - A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das
fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada
fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização
serão reguladas em lei.

• Estaduais

Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:


I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito,
ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio,
excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.

• Municipais
• Distritais

b) Quanto à destinação:
• Bens de uso comum do povo (art. 99, inciso I, do CC): São aqueles bens afetados à
utilização sem restrições extraordinárias, respeitada a essência do bem (ex. numa
rua não posso trafegar na contramão; não posso usar uma praça como moradia). O
uso destes bens pode ser gratuito ou retribuído (art. 103 do CC).

Art. 103, CC. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído,
conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração
pertencerem.

• Bens de uso especial (art. 99, inciso II, do CC): Se divide em três subespécies:

a) Bens administrativos: são aqueles bens afetados (destinados –ex. as


plaquinhas que estão pregadas em bens públicos trazem o número da afetação)
à função administrativa. (ex. automóvel da policia; o prédio do fórum etc.). Pode
haver restrição quanto a vestimentas, quanto ao horário de funcionamento etc.;

b) Bens dotados de restrição extraordinária: ex. parques ou praças fechados


que possuem horário de funcionamento;

c) Bens utilizados por terceiro com privatividade: Casos em que terceiro


usará bem público como se fosse dele. ex. banca de jornal; local público que se
instala um circo etc.

• Bens dominicais ou dominial ou disponíveis: são aqueles bens não afetados (pode
ser um bem que já foi afetado e foi desafetado ou um bem que nunca foi afetado).

Art. 99. São bens públicos:


I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal,
inclusive os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de
direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas
entidades.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os
bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado
estrutura de direito privado.

Formas de utilização de bens públicos por terceiros com privatividade:

Concessão de uso Permissão de uso Autorização de uso


Conceito: Conceito: Conceito:
É um contrato É ato negocial, unilateral, É ato unilateral,
administrativo que confere discricionário e precário discricionário e precário pelo
um vínculo estável (não através do qual a qual a administração
precário) de um bem administração faculta o autoriza o uso individual de
público para terceiros. uso individual de um bem um bem um público.
público.
É a transferência gratuita Característica:
ou onerosa da posse de O ato negocial é um ato provisoriedade ou
um bem público de um com mais garantias em transitoriedade.
órgão ou entidade para: relação à autorização de
a) outro órgão público uso. É o meio termo entre Ex:
ou entidade. Ex: o estado o ato e o contrato. Autorizar a instalação de um
deseja instalar uma circo por alguns dias;
delegacia num município, Peculiaridade: autorizar festas regionais
mas não está conseguindo Não depende de lei etc.
o local, o que faz o autorizativa, mas depende
município ceder o espaço. de licitação (doutrina
b) a pessoas físicas ou majoritária).
jurídicas quando houver
interesse publico no seu Característica:
aproveitamento ou Pode ser gratuito ou
destinação. Ex: mercado remunerado.
público.
Ex:
Precisa de autorização Banca de Jornal
legislativa e de licitação,
desde que não esteja
dentro da exceção a regra.

Outras espécies de concessão de bem público:

Concessão de uso Concessão de direito Concessão florestal (Art.


especial para fins de real de uso (art. 7º do 3º, VII, lei 11.284/06)
moradia (MP decreto-lei 271/67)
2220/2001)
Já vista na aula de É contrato pela qual a É delegação onerosa,
estatuto da cidade. administração transfere o mediante licitação.
uso remunerado ou não de
um terreno publico como É uma forma de trazer o
direito real resolúvel com particular como fiscal da
destinação destinado a preservação ambiental.
programas de
urbanização, Isso foi chamada na época
industrialização ou outra de privatização da
exploração de interesse Amazônia.
social.

Cessão de uso: É a transferência de bem público para outro órgão público, ou para
particulares que desempenham a satisfação de interesses gerais e legítimos. A cessão de
uso é destinada ao 3º Setor.
1º Setor: Governo (Poder Público)
2º Setor: Sociedade (empresas)
3º Setor: Não integram o poder público, mas desempenham as atividades
relevantes ao Estado. Ex: APAE.
4º Setor: É o mercado informal.
5º Setor: Crime organizado.

Enfiteuse: É também uma concessão de bem público que continua existindo com relação
aos bens públicos (art. 2.038, §2º CC). As enfiteuses de terreno de marinha ainda existem
(DL 9760/46 e Lei 9636/98).

Art. 2.038. Fica proibida a constituição de enfiteuses e subenfiteuses,


subordinando-se as existentes, até sua extinção, às disposições do Código Civil
anterior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916, e leis posteriores.
§ 1o Nos aforamentos a que se refere este artigo é defeso:
I - cobrar laudêmio ou prestação análoga nas transmissões de bem aforado,
sobre o valor das construções ou plantações;
II - constituir subenfiteuse.
§ 2o A enfiteuse dos terrenos de marinha e acrescidos regula-se por lei especial.
Atenção: É possível o Poder Público se valer de instituto de direito privado, como o
arrendamento e a locação, para a destinação de bens públicos.

CARACTERÍSTICAS DOS BENS PÚBLICOS:

a) Inalienabilidade

Trata-se de uma característica relativa, pois somente os bens de uso comum do povo e os
de uso especial possuem esta característica. Se eles perderem essa qualidade
(desafetação), eles passarão a ser dominicais, e poderão ser alienados, observadas as
exigências dos artigos 17 e 19 da Lei de Licitações.

Art. 100, CC. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são
inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei
determinar.

Art. 101, CC. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as
exigências da lei (art. 17 e 19 da lei 8.666/93).

Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à


existência de interesse público devidamente justificado, será precedida de
avaliação e obedecerá às seguintes normas:
I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da
administração direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos,
inclusive as entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de
licitação na modalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes casos:
a) dação em pagamento;
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da
administração pública, de qualquer esfera de governo, ressalvado o disposto
nas alíneas f e h; (Redação dada pela Lei nº 11.481, de 2007)
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes do inciso X
do art. 24 desta Lei;
d) investidura;
e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer
esfera de governo; (Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994)
f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso,
locação ou permissão de uso de bens imóveis residenciais construídos,
destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais ou
de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou
entidades da administração pública; (Redação dada pela Lei nº 11.481, de
2007)
g) procedimentos de legitimação de posse de que trata o art. 29 da Lei no
6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante iniciativa e deliberação dos órgãos
da Administração Pública em cuja competência legal inclua-se tal atribuição;
(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso,
locação ou permissão de uso de bens imóveis de uso comercial de âmbito local
com área de até 250 m² (duzentos e cinqüenta metros quadrados) e inseridos
no âmbito de programas de regularização fundiária de interesse social
desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública; (Incluído pela
Lei nº 11.481, de 2007)
II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licitação, dispensada
esta nos seguintes casos:
a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, após
avaliação de sua oportunidade e conveniência sócio-econômica, relativamente
à escolha de outra forma de alienação;
b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da
Administração Pública;
c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, observada a
legislação específica;
d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
e) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou entidades da
Administração Pública, em virtude de suas finalidades;
f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou entidades da
Administração Pública, sem utilização previsível por quem deles dispõe.
§ 1o Os imóveis doados com base na alínea "b" do inciso I deste artigo,
cessadas as razões que justificaram a sua doação, reverterão ao patrimônio da
pessoa jurídica doadora, vedada a sua alienação pelo beneficiário.
§ 2o A Administração também poderá conceder título de propriedade ou de
direito real de uso de imóveis, dispensada licitação, quando o uso destinar-se:
(Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005)
I - a outro órgão ou entidade da Administração Pública, qualquer que seja a
localização do imóvel; (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
II - a pessoa física que, nos termos de lei, regulamento ou ato normativo do
órgão competente, haja implementado os requisitos mínimos de cultura e
moradia sobre área rural situada na região da Amazônia Legal, definida no art.
2o da Lei no 5.173, de 27 de outubro de 1966, superior à legalmente passível de
legitimação de posse referida na alínea g do inciso I do caput deste artigo,
atendidos os limites de área definidos por ato normativo do Poder Executivo.
(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) (Regulamento)
§ 2o-A. As hipóteses da alínea g do inciso I do caput e do inciso II do § 2 o deste
artigo ficam dispensadas de autorização legislativa, porém submetem-se aos
seguintes condicionamentos: (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
I - aplicação exclusivamente às áreas em que a detenção por particular seja
comprovadamente anterior a 1o de dezembro de 2004; (Incluído pela Lei nº
11.196, de 2005)
II - submissão aos demais requisitos e impedimentos do regime legal e
administrativo da destinação e da regularização fundiária de terras públicas;
(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
III - vedação de concessões para hipóteses de exploração não-contempladas na
lei agrária, nas leis de destinação de terras públicas, ou nas normas legais ou
administrativas de zoneamento ecológico-econômico; e (Incluído pela Lei nº
11.196, de 2005)
IV - previsão de rescisão automática da concessão, dispensada notificação, em
caso de declaração de utilidade, ou necessidade pública ou interesse social.
(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
§ 2o-B. A hipótese do inciso II do § 2o deste artigo: (Incluído pela Lei nº 11.196,
de 2005)
I - só se aplica a imóvel situado em zona rural, não sujeito a vedação,
impedimento ou inconveniente a sua exploração mediante atividades
agropecuárias; (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
II - fica limitada a áreas de até 500 (quinhentos) hectares, vedada a dispensa
de licitação para áreas superiores a esse limite; e (Incluído pela Lei nº 11.196,
de 2005)
III - pode ser cumulada com o quantitativo de área decorrente da figura prevista
na alínea g do inciso I do caput deste artigo, até o limite previsto no inciso II
deste parágrafo. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
§ 3o Entende-se por investidura, para os fins desta lei: (Redação dada pela Lei
nº 9.648, de 1998)
I - a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de área remanescente ou
resultante de obra pública, área esta que se tornar inaproveitável
isoladamente, por preço nunca inferior ao da avaliação e desde que esse não
ultrapasse a 50% (cinqüenta por cento) do valor constante da alínea "a" do
inciso II do art. 23 desta lei; (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
II - a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, na falta destes, ao Poder
Público, de imóveis para fins residenciais construídos em núcleos urbanos
anexos a usinas hidrelétricas, desde que considerados dispensáveis na fase de
operação dessas unidades e não integrem a categoria de bens reversíveis ao
final da concessão. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
§ 4o A doação com encargo será licitada e de seu instrumento constarão,
obrigatoriamente os encargos, o prazo de seu cumprimento e cláusula de
reversão, sob pena de nulidade do ato, sendo dispensada a licitação no caso de
interesse público devidamente justificado; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de
1994)
§ 5o Na hipótese do parágrafo anterior, caso o donatário necessite oferecer o
imóvel em garantia de financiamento, a cláusula de reversão e demais
obrigações serão garantidas por hipoteca em segundo grau em favor do
doador. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 6o Para a venda de bens móveis avaliados, isolada ou globalmente, em
quantia não superior ao limite previsto no art. 23, inciso II, alínea "b" desta Lei,
a Administração poderá permitir o leilão. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 7o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)

Art. 19. Os bens imóveis da Administração Pública, cuja aquisição haja


derivado de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento, poderão ser
alienados por ato da autoridade competente, observadas as seguintes regras:
I - avaliação dos bens alienáveis;
II - comprovação da necessidade ou utilidade da alienação;
III - adoção do procedimento licitatório, sob a modalidade de concorrência ou
leilão. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

Existem dois casos de inalienabilidade absolutas previstas na CF: art. 225, § 5º e art.
231,§ 4º.

Art. 225, § 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos


Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos
ecossistemas naturais.
OBS: As demais terras devolutas são alienáveis.
Terras tradicionalmente ocupadas pelos índios – Art. 231, § 4º - As terras
de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre
elas, imprescritíveis.

Aquisição de bens públicos: Há uma maior flexibilidade. São várias as formas de


aquisição de bens públicos. Algumas formas são do direito privado, como por
exemplo a compra e venda, doação, permuta, dação em pagamento. Mas existem
algumas formas de aquisição que são de direito público, como por exemplo a
desapropriação, determinação legal (lei de loteamentos – lei 6766/79).

b) Imprescritíveis (art. 183, § 3º e art.191, parágrafo único da CF/88 e art. 110 do


CC/02): não podem ser adquiridos por usucapião.

Art. 183,§ 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

Art. 191, Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por
usucapião.

Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.


Súmula nº 340 do STF: “Desde a vigência do código civil, os bens dominicais,
como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião”.

Lei 6969/81: admitiu a usucapião de terra devoluta (bem dominical), não mais tal
possibilidade em virtude da CF/88, que não recepcionou o dispositivo da lei. Todavia,
entre 81 e 88 foi possível usucapir terras devolutas.

c) impenhoráveis: Os bens públicos são impenhoráveis por dois motivos:

Primeiro: Não podem sofrer constrição judicial para garantir as futuras execuções, em
razão da sistemática de cobrança em face do Poder Público, que por sua vez, possui
presunção de solvibilidade.

A execução contra o poder público se dará por precatório previsto no art. 100 da CF. Em
razão desta garantia que um dia irá pagar não se admite a penhora de bens públicos.

Segundo: A penhora é um tipo de garantia de dívida tendente a alienação, que fere o


princípio da continuidade do serviço público. Da mesma forma não se admite o seqüestro
e o arresto de bem publico, pois será transformada em penhora no futuro. Ex: Uma
viatura de polícia não pode ser penhorada.

OBS: Mesmo não sendo bens públicos, os bens afetados à prestação de serviço
público são impenhoráveis. Eles não são bens públicos, mas possuem característica
de um bem público, decorrente do princípio da continuidade. Além disso, pode a lei
atribuir a impenhorabilidade à bens que por definição não são bens públicos. STF no
RE 220.906

OBS (pagamento de precatórios): Art. 78, da ADCT: § 4º O Presidente do Tribunal


competente deverá, vencido o prazo ou em caso de omissão no orçamento, ou
preterição ao direito de precedência, a requerimento do credor, requisitar ou
determinar o seqüestro de recursos financeiros da entidade executada, suficientes à
satisfação da prestação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 30, de 2000). OBS:
Isso não se trata de penhora de bem público. Pode ser denominada de quitação
compulsória.

d) não oneração: Os bens públicos não podem ser objeto de direitos reais de garantia
(hipoteca, penhor e anticrese). Exceção: bens dominicais.

Essa característica tem direta relação com a inalienabilidade, por isso que os bens
dominicais podem ser objeto de direito real de garantia.

Art. 1.420 CC. Só aquele que pode alienar poderá empenhar, hipotecar ou dar
em anticrese; só os bens que se podem alienar poderão ser dados em penhor,
anticrese ou hipoteca.
§ 1o A propriedade superveniente torna eficaz, desde o registro, as garantias
reais estabelecidas por quem não era dono.
§ 2o A coisa comum a dois ou mais proprietários não pode ser dada em garantia
real, na sua totalidade, sem o consentimento de todos; mas cada um pode
individualmente dar em garantia real a parte que tiver.

ALGUNS BENS PÚBLICOS EM ESPÉCIE


Terras devolutas – É aquela que não está destinada a qualquer uso público, nem
legitimamente integrada ao patrimônio particular (Diógenes Gasparini).

São bens dominicais e disponíveis (alienáveis), salvo as terras devolutas destinadas à


proteção dos ecossistemas naturais.

A regra geral é que as terras devolutas sejam dos Estados. Só serão da União as terras
devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras...

Art. 20. São bens da União:


II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das
fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à
preservação ambiental, definidas em lei;

Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:


IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.

Os Estados-membros, por regramento constitucional, podem doar as terras devolutas aos


municípios (recebem por outorga). Já caiu na CESPE como verdadeira: “Em tese, pode
todos os três federados serem titulares de terras devolutas”.

Terrenos de Marinha – A definição está no art. 2º, do Decreto Lei 9.760/46: São
terrenos de marinha, em uma profundidade de 33 metros, medidos horizontalmente, para
a parte da terra, da posição da linha do preamar-médio de 1831.

Linha do preamar-médio de 1831 é a média entre a mais alta maré de 1831 e a mais
baixa maré de 1831

DESAPROPRIAÇÕES

Espécies de desapropriações

Direta

Desapropriações Ordinárias –
Não possuem caráter de sanção ou pena;
Indenização justa, prévia e em dinheiro;
Não há restrição quanto aos entes federados que podem promovê-las.
Estão no artigo 5º, XXIV, CF: “a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação
por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia
indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição”.
São três tipos:
Desapropriação por Necessidade Pública: Tem a ver com sobrevivência.
Desapropriação por Utilidade Pública: Tem a ver com qualidade de vida. Em
ambas se aplica o DL 3365/41. Já se decidiu que não há desvio de finalidade
entres esses dois tipos de desapropriação.
Desapropriação por interesse social (geral): Lei 4.132/62

Desapropriações Extraordinárias –
Possuem caráter sancionatório (Pune o descumprimento da função social da
propriedade).
Indenização justa, prévia e em títulos.
Há restrição quanto aos entes que podem promovê-los. (Só União ou Municípios).
São dois tipos:
Desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária. Art. 184 a 186,
CF.
Desapropriação por interesse social para fins de reforma urbana. Art. 182, §4º, III,
CF.

Desapropriação confisco –
Possui caráter sancionatório.
Não há indenização
Art. 243, CF: “As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas
ilegais de plantas psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e
especificamente destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos
alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indenização ao proprietário e sem
prejuízo de outras sanções previstas em lei”.

Indireta – Esse procedimento não existe. Ele é à revelia do ordenamento jurídico.

AULA 05 – 14/09/2008

ROTEIRO BÁSICO DO PROCEDIMENTO DA DESAPROPRIAÇÃO

Toda desapropriação terá duas fases:

Declaratória – É a fase em que se declara o fundamento. Ex: tal bem é de utilidade


pública/necessidade pública/interesse social por tal motivo.

Executória – É a fase em que se efetiva a transferência de domínio, ou por via judicial,


ou por via de acordo com o próprio administrado.
Execução administrativa –
Execução judicial –

DECRETO LEI 3365/41 (LGD – Lei Geral das Desapropriações).

Art. 5º, XXIV, CF:a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade
ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição

Esse decreto regulamenta a desapropriação por utilidade pública e a por necessidade


pública.

Utilidade pública: Tem a ver com a qualidade de vida dos administrados. Ex:
Desapropriação para construir escola, monumentos, etc.
Necessidade pública: Tem a ver com a sobrevivência dos administrados.
OBS: Essa diferença não é muito importante, eis que ambos os institutos são
regrados pelo mesmo decreto. Já houve decisão no sentido de que não há que se
falar em tresdestinação ou desvio de finalidade nesse caso.
OBS: Construção de hospital seria necessidade ou utilidade? É muito discutido,
todavia, a discussão é irrelevante.

FASE DECLARATÓRIA

Regra nacional. Art. 1o A desapropriação por utilidade pública regular-se-á por esta lei,
em todo o território nacional.

OBS: Essa regra demonstra o caráter nacional do decreto lei.


OBS: A Lei não trata da desapropriação por necessidade pública, que se trata de
construção doutrinária.

Limitação à expropriação. Art. 2o Mediante declaração de utilidade pública, todos os


bens poderão ser desapropriados pela União, pelos Estados, Municípios, Distrito Federal e
Territórios.

OBS: A doutrina limita a expressão “todos os bens”.


- Não se pode expropriar nome, honra, imagem, vida, liberdade, isto é, os direitos da
personalidade. Todavia, os efeitos decorrentes podem ser expropriados, como por
exemplo, uma marca.
- Não se pode expropriar moeda corrente nacional, por lógica, eis que o pagamento
será pelo próprio valor. Moeda estrangeira e moeda de colecionador podem ser.
- Não se pode expropriar bens da União, por falta de quem os exproprie.
- Súmula 479, STF: “As margens dos rios navegáveis são de domínio público,
insuscetíveis de expropriação e, por isso mesmo, excluídas de indenização”.

Art. 2º, § 2o Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios
poderão ser desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados, mas, em
qualquer caso, ao ato deverá preceder autorização legislativa.

OBS: A União pode desapropriar bens dos Estados, dos Territórios (se houver), dos
Municípios e do DF. Os Estados podem desapropriar bens dos Municípios. Em todos os
casos, deve observar a precedência de autorização legislativa.

OBS: A maior parte da doutrina entende que os municípios além de não poder
desapropriar bens dos estados e da união, não podem também desapropriar suas
autarquias, fundações, etc.

OBS: O decreto lei 3365/41 nasceu na vigência da Constituição Polaca de 1937, que
admitia a hierarquização dos entes federados. Existe discussão nesse sentido:
Qual é a razão pela qual, não havendo hierarquização entre os entes federados com a
CF/88, a União poder desapropriar bens dos Estados, e os Estados não pode
desapropriar bens da União? (Discutir em prova discursiva).

Art. 3o Os concessionários de serviços públicos e os estabelecimentos de carater público


ou que exerçam funções delegadas de poder público poderão promover desapropriações
mediante autorização expressa, constante de lei ou contrato.

OBS: A expressão “promover” significa que o particular poderá efetivar a transferência


de domínio (executar a desapropriação), e não declarar o motivo. Ele deve estar
autorizado pela lei ou pelo contrato.Também está previsto no art. 31, VI da lei 8987 (lei
de concessões):
Art. 31. Incumbe à concessionária:
VI - promover as desapropriações e constituir servidões autorizadas pelo poder
concedente, conforme previsto no edital e no contrato;
Desapropriação por zona. Art. 4o A desapropriação poderá abranger a área contígua
necessária ao desenvolvimento da obra a que se destina, e as zonas que se valorizarem
extraordinariamente, em consequência da realização do serviço. Em qualquer caso, a
declaração de utilidade pública deverá compreendê-las, mencionando-se quais as
indispensaveis à continuação da obra e as que se destinam à revenda.

OBS: Aqui se tem a denominada desapropriação por zona. O Poder Público pode
desapropriar área maior que a necessária no momento. Ocorre quando o Poder Público
ao realizar uma obra, que há perspectiva iminente de ampliá-la em breve, para que o
poder público não precise indenizar mais no futuro pelo resto da área (pois a área que
ele desapropriou anteriormente valorizou muito), ele poderá desapropriar área maior.

Legitimidade para declarar o fundamento. Art. 6o A declaração de utilidade pública


far-se-á por decreto do Presidente da República, Governador, Interventor ou Prefeito.

OBS: Quem pode declarar o fundamento é: União, Estado, Municípios e DF.


OBS: O particular nunca poderá declarar o fundamento. Ele só pode executar a
desapropriação.

OBS: Em regra, a declaração de fundamento é feita mediante decreto expropriatório


do chefe do executivo.
Exceção: A declaração de fundamento pode ser feita também por Lei. Está no
artigo 8º do mesmo decreto: “O Poder Legislativo poderá tomar a iniciativa da
desapropriação, cumprindo, neste caso, ao Executivo, praticar os atos necessários
à sua efetivação”. A iniciativa dessa lei é do próprio legislativo, eis que o
executivo já tem o decreto para declarar o
Fundamento.
# Pessoas administrativas (autarquia, fundação pública, Sociedade de
Economia Mista, Empresas públicas, etc) podem declarar o fundamento da
desapropriação? Existe uma autarquia (ANEEL) que tem competência para declarar
fundamento de desapropriação. Art. 10, da Lei 9.074/95: “Cabe à ANEEL declarar a
utilidade pública, para fins de desapropriação ou instituição de servidão
administrativa, das áreas necessárias à implantação de instalações de concessionários,
permissionários e autorizados de energia elétrica”. Aqui a declaração do fundamento é
feito por portaria da ANEEL.

Ingresso na área declarada expropriada. Art. 7o Declarada a utilidade pública, ficam


as autoridades administrativas autorizadas a penetrar nos prédios compreendidos na
declaração, podendo recorrer, em caso de oposição, ao auxílio de força policial.

OBS: Embora a declaração de fundamento não seja auto-executória para fins de


transferência de domínio, feita a declaração, poderá o Poder Público entrar nas áreas
expropriadas para fins de avaliações, etc. (Esse ingresso é auto-executório,
independendo de autorização judicial).

Formas de efetivar a desapropriação e decadência do decreto expropriatório.


Art. 10. A desapropriação deverá efetivar-se mediante acordo ou intentar-se
judicialmente, dentro de cinco anos, contados da data da expedição do respectivo
decreto e findos os quais este caducará. Neste caso, somente decorrido um ano,
poderá ser o mesmo bem objeto de nova declaração.

Parágrafo único. Extingue-se em cinco anos o direito de propor ação que vise a
indenização por restrições decorrentes de atos do Poder Público.
AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO

Objeto da ação – O objeto da ação é o valor da indenização (quanto a administração


quer pagar e quanto o administrado quer receber). Na ação de desapropriação não se
discute a validade da desapropriação, isto é, se o bem é ou não de necessidade/utilidade
pública. Essa validade poderá ser discutida em ação própria.

Art. 9o Ao Poder Judiciário é vedado, no processo de desapropriação, decidir se se


verificam ou não os casos de utilidade pública.

Art. 20. A contestação só poderá versar sobre vício do processo judicial ou


impugnação do preço; qualquer outra questão deverá ser decidida por ação direta.
OBS: Celso Antônio Bandeira de Melo diz que essa norma é inconstitucional por
dificultar o acesso à justiça. Crítica: Esta regra não se veda a utilização do Poder
Judiciário. Na verdade a lei apenas limita a cognição, de modo que o que se veda
constitucionalmente é o acesso à justiça. Aqui não há proibição.

Exceção: Direito de extensão – Art. 37. “Aquele cujo bem for prejudicado
extraordinariamente em sua destinação econômica pela desapropriação de áreas
contíguas terá direito a reclamar perdas e danos do expropriante”. OBS: O direito de
extensão pode ser discutido na própria ação de desapropriação, eis que diz respeito
à indenização. Ex: Eu tenho 03 terrenos que juntos valem 50 mil, e que
separadamente cada um vale 10 mil. Assim, se o Poder Público quiser desapropriar
apenas dois terrenos, eu posso contestar para que ele desaproprie os três.

Autor da ação – É o ente expropriante. Poder ser o Poder Público ou o particular


autorizado por lei ou por contrato.

Réu – É o proprietário.

Petição inicial – Art. 13. A petição inicial, além dos requisitos previstos no Código de
Processo Civil, conterá a oferta do preço e será instruída com um exemplar do
contrato, ou do jornal oficial que houver publicado o decreto de desapropriação, ou cópia
autenticada dos mesmos, e a planta ou descrição dos bens e suas confrontações.

Art. 14. Ao despachar a inicial, o juiz designará um perito de sua livre escolha,
sempre que possivel, técnico, para proceder à avaliação dos bens.
Parágrafo único. O autor e o réu poderão indicar assistente técnico do perito.

Indenização Justa X Prévia

Art. 15. Se o expropriante alegar urgência e depositar quantia arbitrada de


conformidade com o art. 685 do Código de Processo Civil, o juiz mandará imití-
lo provisoriamente na posse dos bens;
§ 1º A imissão provisória poderá ser feita, independente da citação do réu,
mediante o depósito:
a) do preço oferecido, se êste fôr superior a 20 (vinte) vêzes o valor locativo,
caso o imóvel esteja sujeito ao impôsto predial;
b) da quantia correspondente a 20 (vinte) vêzes o valor locativo, estando o
imóvel sujeito ao impôsto predial e sendo menor o preço oferecido;
c) do valor cadastral do imóvel, para fins de lançamento do impôsto territorial,
urbano ou rural, caso o referido valor tenha sido atualizado no ano fiscal
imediatamente anterior;
d) não tendo havido a atualização a que se refere o inciso c, o juiz fixará
independente de avaliação, a importância do depósito, tendo em vista a época
em que houver sido fixado originàlmente o valor cadastral e a valorização ou
desvalorização posterior do imóvel.
§ 2º A alegação de urgência, que não poderá ser renovada, obrigará o
expropriante a requerer a imissão provisória dentro do prazo improrrogável de
120 (cento e vinte) dias.
§ 3º Excedido o prazo fixado no parágrafo anterior não será concedida a
imissão provisória.

Art. 33, § 2º O desapropriado, ainda que discorde do preço oferecido, do


arbitrado ou do fixado pela sentença, poderá levantar até 80% (oitenta por
cento) do depósito feito para o fim previsto neste e no art. 15,
observado o processo estabelecido no art. 34.

A indenização não pode ser totalmente justa, e ao mesmo tempo, totalmente prévia. A
justiça pressupõe ampla discussão, e a brevidade dispensa discussão. Trata-se de um
paradoxo. Logo, a lei trouxe mecanismos de mitigar a justiça e a brevidade da
indenização.

Súmula 652, STF: “não contraria a constituição o art. 15, § 1º, do decreto-lei 3365/1941
(lei da desapropriação por utilidade pública)”.

Assim, a sistemática é o seguinte: O juiz recebe a inicial. Se houver o depósito do §1º, do


art. 15, o juiz confere a imissão na posse sem citação do réu. Depois o réu é citado e
poderá levantar 80% do valor depositado (garante o prévia) e depois discute o resto
(garante o justa).

Juros Compensatórios - Análise do art. 15-A, do Decreto lei 3365/41, com a


redação dada pela MP2183-56/2001

Art. 15-A No caso de imissão prévia na posse, na desapropriação por


necessidade ou utilidade pública e interesse social, inclusive para fins de
reforma agrária, havendo divergência entre o preço ofertado em juízo e o valor
do bem, fixado na sentença, expressos em termos reais, incidirão juros
compensatórios de até seis por cento ao ano sobre o valor da diferença
eventualmente apurada, a contar da imissão na posse, vedado o cálculo de
juros compostos.

§ 1o Os juros compensatórios destinam-se, apenas, a compensar a perda de


renda comprovadamente sofrida pelo proprietário. Está suspenso pela ADIN
2332 – O STF disse que isso compromete o justo preço da indenização.
§ 2o Não serão devidos juros compensatórios quando o imóvel possuir graus de
utilização da terra e de eficiência na exploração iguais a zero. Está suspenso
pela ADIN 2332
§ 4o Nas ações referidas no § 3o, não será o Poder Público onerado por juros
compensatórios relativos a período anterior à aquisição da propriedade ou
posse titulada pelo autor da ação." (NR) Está suspensa pela ADIN 2332 –
compromete a justa indenização.

São de 12% ao ano os juros compensatórios - O STF, ao apreciar a medida cautelar na


Adin 2332, suspendeu a parte em que limita o juros compensatório em até 6% ao ano,
diante da Súmula 618, STF:

“Na desapropriação, direta ou indireta, a taxa dos juros compensatórios é de


12% (doze por cento) ao ano”.
Súmula: 12, STJ: “Em desapropriação, são cumuláveis juros compensatórios e
Moratórios”.

Os juros são devidos desde a imissão na posse. Súmula 69, STJ: “Na desapropriação
direta, os juros compensatórios são devidos desde a antecipada imissão na posse e, na
desapropriação indireta a partir da efetiva ocupação do imóvel”.

Súmula 113, STJ: “Os juros compensatórios, na desapropriação direta, incidem


a partir da imissão na posse, calculados sobre o valor da indenização, corrigido
monetariamente”.

Súmula 561, STF: “Em desapropriação, é devida a correção monetária até a data do
efetivo pagamento da indenização, devendo proceder-se à atualização do cálculo, ainda
que por mais de uma vez”.

Juros Moratórios – Análise do art. 15-B, do decreto lei 3665/41

Art. 15-B Nas ações a que se refere o art. 15-A, os juros moratórios destinam-se
a recompor a perda decorrente do atraso no efetivo pagamento da indenização
fixada na decisão final de mérito, e somente serão devidos à razão de até seis
por cento ao ano, a partir de 1o de janeiro do exercício seguinte àquele em
que o pagamento deveria ser feito, nos termos do art. 100 da Constituição.

São de 6% os juros moratórios.

Os juros são devidos a partir de 1º de janeiro do exercício seguinte àquele em que o


pagamento deveria ser feito. Só a partir desse momento que existe atraso dos valores
devidos pelo Poder Público. Até 31/12 não há atraso imputável à administração.

Súmula 70, STJ: “Os juros moratórios, na desapropriação direta ou indireta,


contam-se desde o transito em julgado da sentença”. Não se aplica essa
súmula.

Parte Processual

Art. 16. A citação far-se-á por mandado na pessoa do proprietário dos bens; a do marido
dispensa a dá mulher; a de um sócio, ou administrador, a dos demais, quando o bem
pertencer a sociedade; a do administrador da coisa no caso de condomínio, exceto o de
edificio de apartamento constituindo cada um propriedade autonôma, a dos demais
condôminos e a do inventariante, e, se não houver, a do cônjuge, herdeiro, ou legatário,
detentor da herança, a dos demais interessados, quando o bem pertencer a espólio.
Parágrafo único. Quando não encontrar o citando, mas ciente de que se encontra no
território da jurisdição do juiz, o oficial portador do mandado marcará desde logo hora
certa para a citação, ao fim de 48 horas, independentemente de nova diligência ou
despacho.
Art. 17. Quando a ação não for proposta no foro do domicilio ou da residência do réu, a
citação far-se-á por precatória, se ó mesmo estiver em lugar certo, fora do território da
jurisdição do juiz.
Art. 18. A citação far-se-á por edital se o citando não for conhecido, ou estiver em lugar
ignorado, incerto ou inacessível, ou, ainda, no estrangeiro, o que dois oficiais do juizo
certificarão.
Art. 19. Feita a citação, a causa seguirá com o rito ordinário.
Art. 20. A contestação só poderá versar sobre vício do processo judicial ou impugnação do
preço; qualquer outra questão deverá ser decidida por ação direta.
Art. 21. A instância não se interrompe. No caso de falecimento do réu, ou perda de sua
capacidade civil, o juiz, logo que disso tenha conhecimento, nomeará curador à lide, ate
que se lhe habilite o interessado.
Parágrafo único. Os atos praticados da data do falecimento ou perda da capacidade à
investidura do curador à lide poderão ser ratificados ou impugnados por ele, ou pelo
representante do espólio, ou do incapaz.
Art. 22. Havendo concordância sobre o preço, o juiz o homologará por sentença no
despacho saneador.
Art. 23. Findo o prazo para a contestação e não havendo concordância expressa quanto
ao preço, o perito apresentará o laudo em cartório até cinco dias, pelo menos, antes da
audiência de instrução e julgamento.
§ 1o O perito poderá requisitar das autoridades públicas os esclarecimentos ou
documentos que se tornarem necessários à elaboração do laudo, e deverá indicar nele,
entre outras circunstâncias atendiveis para a fixação da indenização, as enumeradas no
art. 27.
Ser-lhe-ão abonadas, como custas, as despesas com certidões e, a arbítrio do juiz, as de
outros documentos que juntar ao laudo.
§ 2o Antes de proferido o despacho saneador, poderá o perito solicitar prazo especial para
apresentação do laudo.
Art. 24. Na audiência de instrução e julgamento proceder-se-á na conformidade do
Código de Processo Civil. Encerrado o debate, o juiz proferirá sentença fixando o preço da
indenização.
Parágrafo único. Se não se julgar habilitado a decidir, o juiz designará desde logo outra
audiência que se realizará dentro de 10 dias afim de publicar a sentença.
Art. 25. O principal e os acessórios serão computados em parcelas autônomas.
Parágrafo único. O juiz poderá arbitrar quantia módica para desmonte e transporte de
maquinismos instalados e em funcionamento.
Art. 26. No valor da indenização, que será contemporâneo da avaliação, não se incluirão
os direitos de terceiros contra o expropriado. (Redação dada pela Lei nº 2.786, de 1956)
§ 1º Serão atendidas as benfeitorias necessárias feitas após a desapropriação; as úteis,
quando feitas com autorização do expropriante. (Renumerado do Parágrafo Único pela Lei
nº 4.686, de 1965)
§ 2º Decorrido prazo superior a um ano a partir da avaliação, o Juiz ou Tribunal, antes da
decisão final, determinará a correção monetária do valor apurado, conforme índice que
será fixado, trimestralmente, pela Secretaria de Planejamento da Presidência da
República.

Honorários advocatícios

Art. 27. O juiz indicará na sentença os fatos que motivaram o seu convencimento e
deverá atender, especialmente, à estimação dos bens para efeitos fiscais; ao preço de
aquisição e interesse que deles aufere o proprietário; à sua situação, estado de
conservação e segurança; ao valor venal dos da mesma espécie, nos últimos cinco anos,
e à valorização ou depreciação de área remanescente, pertencente ao réu.

§ 1o A sentença que fixar o valor da indenização quando este for superior ao preço
oferecido condenará o desapropriante a pagar honorários do advogado, que serão fixados
entre meio e cinco por cento do valor da diferença, observado o disposto no § 4 o do art.
20 do Código de Processo Civil, não podendo os honorários ultrapassar R$ 151.000,00
(cento e cinqüenta e um mil reais).

OBS: Os honorários incidirão na diferença do valor ofertado pela Administração


Pública e o valor fixado na sentença pelo juiz.
Súmula 141, STJ: “Os honorários de advogado em desapropriação direta são
calculados sobre a diferença entre a indenização e a oferta, corrigidas
monetariamente”.
Súmula 617, STF: “A base de cálculo dos honorários de advogado em
desapropriação é a diferença entre a oferta e a indenização, corrigidas ambas
monetariamente”.

OBS: A limitação de 151.000,00 está suspensa pela ADIN 2332.

Não incide na desapropriação imposto de transmissão

A desapropriação é forma originária de aquisição de propriedade, de modo que não incide


imposto de transmissão da desapropriação.

Art. 27, § 2º A transmissão da propriedade, decorrente de desapropriação amigável


ou judicial, não ficará sujeita ao impôsto de lucro imobiliário.

Exceção: Se o particular consegue anular a desapropriação, para ele reaver o bem, por
desvio de finalidade, por exemplo, incide o ITBI, nos termos da Súmula 111, STF:

Súmula 111, STF: “É legítima a incidência do imposto de transmissão "inter vivos"


sobre a restituição, ao antigo proprietário, de imóvel que deixou de servir à
finalidade da sua desapropriação”.

Desvio de Finalidade (Tredestinação)

Art. 2º, parágrafo único, “e”, da Lei 4.717/65.

Em matéria de desapropriação o desvio de finalidade é denominado de tredestinação ou


tresdestinação.

Tratamento peculiar – Só há desvio de finalidade na desapropriação (tredestinação)


quando a Administração Pública desgarra do interesse público genericamente
considerado. Assim, se por acaso, a Administração desapropria um imóvel por utilidade
pública para construir uma escola, mas depois se verifica que foi construído um hospital,
não há desvio de finalidade. (Aqui a administração está limitada ao interesse público
abstrato). Só haverá tredestinação no caso de desapropriação para interesses
particulares. STJ no REsp 968414

A tredestinação resulta na Retrocessão.

Retrocessão – É o resultado da tredestinação.

# Qual é a natureza jurídica da retrocessão? A doutrina diverge.


• Direito real de reaver o bem. (Majoritária). STF RE 64.559 e 104.591 e STJ REsp
570.483

Art. 35. Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não
podem ser objeto de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de
desapropriação. Qualquer ação, julgada procedente, resolver-se-á em perdas e
danos. (Esse dispositivo é excepcionado com a retrocessão, que se trata de
direito real de reaver o bem).

• Direito pessoal de suplementar a indenização por meio de lucros cessantes.

Desistência da desapropriação – A administração pública pode desistir da


desapropriação até a sua consumação, isto é, com o efetivo pagamento.
A administração indenizará o proprietário por eventual prejuízo.
DESAPROPRIAÇÃO POR INTERESSE SOCIAL GERAL (Lei 4.132/62)

Art. 5º da lei - Aplicação subsidiária do Decreto Lei 3365/41.


OBS: O rito procedimental é do DL 3365

Art. 3º da lei - Prazo de decadência é de 02 anos.

Art. 2º da lei – fundamentos

DESAPROPRIAÇÃO POR INTERESSE SOCIAL PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA

Base normativa – Art. 184 à 186, CF:

Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma
agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia
e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do
valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua
emissão, e cuja utilização será definida em lei.
§ 1º - As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.
§ 2º - O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma
agrária, autoriza a União a propor a ação de desapropriação.
§ 3º - Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de
rito sumário, para o processo judicial de desapropriação.
§ 4º - O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária,
assim como o montante de recursos para atender ao programa de reforma agrária
no exercício.
§ 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de
transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.

Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária:


I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu
proprietário não possua outra;
II - a propriedade produtiva.
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará
normas para o cumprimento dos requisitos relativos a sua função social.

Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende,


simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos
seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio
ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

Essas regras da CF são esmiuçadas em dois diplomas legais: LC 76/93 (rito da ação
judicial) e Lei nº 8.629/93 (direito material).

Lei 8.629/93
Art. 1º Esta lei regulamenta e disciplina disposições relativas à reforma agrária, previstas
no Capítulo III, Título VII, da Constituição Federal.

STF no SS 2217
STJ RMS 16627 e RMS 13359

Pelo STF e STJ, hoje existem duas espécies de desapropriações voltadas à reforma
agrária:
1- (Art. 184 e ss da CF, LC 76/93 e Lei 8629/93) – Só a União pode promover. É a de
caráter punitivo e sancionatório (vistoria do INCRA, avaliação de produtividade,
etc).

2- (Art. 5º, XXIV, CF e art. 2º, III, lei 4.132/62) – Todos os entes federados podem
promover. Não tem caráter de sanção. É indenização justa, prévia e em dinheiro.

AULA 07 – 06/11/2008

Motivo – Art. 2º A propriedade rural que não cumprir a função social prevista no art. 9º é
passível de desapropriação, nos termos desta lei, respeitados os dispositivos
constitucionais.

Competência – Art. 2º § 1º Compete à União desapropriar por interesse social, para


fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social.

Avaliação de produtividade – §2º - Trata-se de um procedimento administrativo para


aferir a produtividade ou não do imóvel. É um procedimento de avaliação. É necessário
que se notifique o proprietário da avaliação de produtividade. OBS: Vistoria sem prévia
notificação é causa de nulidade do processo.

Notificação - § 3o Na ausência do proprietário, do preposto ou do representante, a


comunicação será feita mediante edital, a ser publicado, por três vezes consecutivas, em
jornal de grande circulação na capital do Estado de localização do imóvel. OBS: Se o
INCRA foi notificar o proprietário, e ele não foi achado, a notificação será por edital.
OBS: Sendo notificado, e não estando presente o proprietário, não gera nulidade (STF no
MS 25.351).

Bens não passíveis de desapropriação – Áreas produtivas, ainda que grandes.

§ 4o Não será considerada, para os fins desta Lei, qualquer modificação, quanto ao
domínio, à dimensão e às condições de uso do imóvel, introduzida ou ocorrida até seis
meses após a data da comunicação para levantamento de dados e informações de que
tratam os §§ 2o e 3o.

OBS: Da notificação em diante, até 06 meses depois, qualquer modificação da terra não
será considerada, para evitar fraude aos modos de avaliação do INCRA.

# Se o proprietário falece após a notificação, aplica o §4º? E a saisine quanto


aos herdeiros? O próprio STF oscila na resposta. O último pronunciamento é no sentido
de que a saisine enseja o automático condomínio aos herdeiros, todavia, aplica-se o §4º.

Suspensão de vistoria no caso de esbulho (óbice à reforma agrária)– § 6o O


imóvel rural de domínio público ou particular objeto de esbulho possessório ou invasão
motivada por conflito agrário ou fundiário de caráter coletivo não será vistoriado, avaliado
ou desapropriado nos dois anos seguintes à sua desocupação, ou no dobro desse
prazo, em caso de reincidência; e deverá ser apurada a responsabilidade civil e
administrativa de quem concorra com qualquer ato omissivo ou comissivo que propicie o
descumprimento dessas vedações. OBS: Essa regra visa punir o movimento social, que
indevidamente ingressou no imóvel rural.
OBS: O STF vem propondo a mitigação dessa norma. Isto é, não se pode interpretar essa
regra como forma de punição social, devendo ser interpretada conforme a constituição. O
STF diz que o esbulho que embaraça a reforma agrária é aquele que compromete a
avaliação de produtividade (MS 25.022; MS 24.764 e MS 25.006).

Súmula 354, STJ: “A invasão do imóvel e causa de suspensão do processo expropriatório


para fins de reforma agrária”. OBS: O STJ, diferentemente do STF, interpreta literalmente
o §6º. Por outro lado, o STF diz que não é qualquer invasão, mas só aquele que
comprometer a aferição de produtividade.

Descrendeciamento das pessoas que participaram da invasão - § 7o Será excluído


do Programa de Reforma Agrária do Governo Federal quem, já estando beneficiado com
lote em Projeto de Assentamento, ou sendo pretendente desse benefício na condição de
inscrito em processo de cadastramento e seleção de candidatos ao acesso à terra, for
efetivamente identificado como participante direto ou indireto em conflito fundiário que
se caracterize por invasão ou esbulho de imóvel rural de domínio público ou privado em
fase de processo administrativo de vistoria ou avaliação para fins de reforma agrária, ou
que esteja sendo objeto de processo judicial de desapropriação em vias de imissão de
posse ao ente expropriante; e bem assim quem for efetivamente identificado como
participante de invasão de prédio público, de atos de ameaça, seqüestro ou manutenção
de servidores públicos e outros cidadãos em cárcere privado, ou de quaisquer outros atos
de violência real ou pessoal praticados em tais situações.

Punição dos proprietários que simularem a invasão – Art. 2o-A. Na hipótese de


fraude ou simulação de esbulho ou invasão, por parte do proprietário ou legítimo
possuidor do imóvel, para os fins dos §§ 6 o e 7o do art. 2o, o órgão executor do Programa
Nacional de Reforma Agrária aplicará pena administrativa de R$ 55.000,00 (cinqüenta e
cinco mil reais) a R$ 535.000,00 (quinhentos e trinta e cinco mil reais) e o cancelamento
do cadastro do imóvel no Sistema Nacional de Cadastro Rural, sem prejuízo das demais
sanções penais e civis cabíveis.

Alguns conceitos da Lei


Art. 4º Para os efeitos desta lei, conceituam-se:
I - Imóvel Rural - o prédio rústico de área contínua, qualquer que seja a sua localização,
que se destine ou possa se destinar à exploração agrícola, pecuária, extrativa vegetal,
florestal ou agro-industrial;
II - Pequena Propriedade - o imóvel rural:
a) de área compreendida entre 1 (um) e 4 (quatro) módulos fiscais;
III - Média Propriedade - o imóvel rural:
a) de área superior a 4 (quatro) e até 15 (quinze) módulos fiscais;
Parágrafo único. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária a
pequena e a média propriedade rural, desde que o seu proprietário não possua outra
propriedade rural.
OBS: Toda reforma agrária só deverá recair sobre imóveis com mais de 15 módulos
fiscais.
OBS: A pequena e a média propriedade rural são insuscetíveis de reforma agrária,
independente de produtividade.

Indenização – Quanto maior a área do imóvel rural, mais tempo demorará o resgate dos
títulos:

§ 3º Os títulos da dívida agrária, que conterão cláusula assecuratória de preservação


de seu valor real, serão resgatáveis a partir do segundo ano de sua emissão, em
percentual proporcional ao prazo, observados os seguintes critérios:
I - do segundo ao décimo quinto ano, quando emitidos para indenização de imóvel
com área de até setenta módulos fiscais;
II - do segundo ao décimo oitavo ano, quando emitidos para indenização de imóvel
com área acima de setenta e até cento e cinqüenta módulos fiscais; e
III - do segundo ao vigésimo ano, quando emitidos para indenização de imóvel com
área superior a cento e cinqüenta módulos fiscais.

OBS: Benfeitorias necessárias e úteis serão recebidas em dinheiro (§1º). Todavia, se o


proprietário quiser receber em TDA, os resgates dos títulos serão mais céleres (§5º).

Conceito de propriedade produtiva – Art. 6º. Considera-se propriedade produtiva


aquela que, explorada econômica e racionalmente, atinge, simultaneamente, graus de
utilização da terra e de eficiência na exploração, segundo índices fixados pelo órgão
federal competente. OBS: grau de utilização da terra (igual ou superior à 80%) e grau de
eficiência na exploração (igual ou superior à 100%).

Ler art. 18 e 19 – A destinação do imóvel expropriado.

Procedimento (Ação de desapropriação para fins de reforma agrária) LC 76/93.

Art. 2º - Competência privativa da União, por meio de decreto.


§1º - Será julgada pelo juiz federal competente.
§2º - A vistoria pode se valer de auxilio de força policial, com prévia autorização judicial.
OBS: Existe a vistoria prévia ao decreto expropriatório para aferir a produtividade. Por
outro lado, a que se refere este parágrafo é pós decreto expropriatório. A administração
pode ingressar no imóvel rural para fazer vistorias, avaliações, etc.

Art. 3º - A ação judicial deve ser proposta no prazo de 02 anos contados da publicação
do decreto expropriatório. Trata-se de prazo decadencial. # O decreto expropriatório,
uma vez decaído o prazo para a ação judicial, pode ser renovado o decreto? O
DL 3365 diz que é possível. Assim, se interpretar que o referido decreto-lei aplica-se
subsidiariamente à LC 76/93, pode sim, aguardando o prazo de 01 ano. Por outro lado, se
entender que não se aplica subsidiariamente, não há que falar em renovação do decreto
expropriatório. Logo, embora com muita polêmica, a doutrina majoritária é no sentido de
que se aplica subsidiariamente o DL 3365. Alguns doutrinadores denominam esse decreto
lei de Lei Geral das Desapropriações.

Art. 4º - É o chamado direito de extensão. É a mesma regra do art. 35, do DL 3365. Visa
aproveitar toda a área, para não causar prejuízo ao proprietário.

Art. 5º - Estabelece as condições da petição inicial: Deve haver a oferta do preço e vários
documentos.

Art. 6º - Estabelece as regras de condução da petição inicial pelo juiz: Mandará imitir o
autor na posse do imóvel; determinará a citação do expropriando para contestar o pedido,
etc.

Art. 7º e 8º - Estabelece regras de citação.

Art. 9º - Matéria de defesa: Contestação no prazo de 15 dias e versar matéria da defesa,


excluída a apreciação quanto ao interesse social declarado. É uma limitação cognitiva
para que o juiz não se intrometa na conveniência e oportunidade.

Art. 14 – Os valores da benfeitoria (úteis e necessárias) serão depositados em conta


judicial. OBS: O STF no RE 247.866, disse que essa sistemática de depósito direto na
conta judicial é inconstitucional por afrontar a sistemática dos precatórios, nos termos do
art. 100, CF. O STF diz que tais benfeitorias devem ser pagas em dinheiro através das
formas e mecanismos de pagamento que o art. 100, CF estabelece.
CONSÓRCIOS E CONVÊNIOS PÚBLICOS

Negócios jurídicos da administração pública


São manifestações de vontade da administração convergentes com a vontade de
terceiros, aptas a produzirem efeitos jurídicos.

Algumas espécies de negócios jurídicos da Administração Pública.


- Contratos da Administração Pública;
- Convênios;
- Consórcios.

CONTRATOS X CONVÊNIOS:

Critério subjetivo - No passado utilizava-se o critério subjetivo para diferir contratos


de convênios. A diferença estava nas partes celebrantes. Assim, se o negócio jurídico
envolvesse administração e particulares, denomina-se contratos, ao passo que, se
envolvesse administração e outra entidade/órgão da administração, denomina-se
convênios. (Corrente ultrapassada). Crítica: Existem casos que envolvem dois entes
da administração, mas que são casos de contratos, eis o que importa é o objeto.

Critério objetivo – Leva em conta, não quem celebra, mas a natureza do vínculo
negocial. Isto é, importa o que celebra. Assim, segundo essa definição, contratos são
negócios jurídicos em que há convergência de vontades, mas diferença de interesses.
O interesse da administração é diverso do interesse de quem ela celebra o contrato.
Por outro lado, os convênios são negócios jurídicos da administração em que há
convergência de vontade, mas também identidade/justaposição de interesses. Nos
convênios as pessoas são chamadas de partícipes.

OBS: Ainda que ambos os critérios coincidem na prática em muitos casos, adota-se
hoje o critério objetivo por ser mais completo, eis que o critério subjetivo é frágil. As
mesmas partes podem celebrar ora contrato, e outrora convênio, dependendo do
objeto.

Convênios

Art. 116, da Lei 8.666/93. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que


couber, aos convênios, acordos, ajustes e outros instrumentos congêneres
celebrados por órgãos e entidades da Administração.

Isto é, embora convênio e contratos não se confundirem, aplica-se aos convênios as


mesmas disposições dos contratos.
# Existe o dever de licitar nos convênios? A doutrina diz que, embora não seja
comum, sempre que houver mais de um interessado em celebrar o convênio, sem que
administração possa celebrar com todos, haverá a necessidade de licitação. Crítica: Se
houver mais de um interessado, é porque há algum interesse diverso da administração,
não se tratando mais de convênio, mas sim de contratos.

# Remuneração descaracteriza o convênio? Observado o conceito de convênio, a


remuneração, por si só, não é apta a descaracterizar o convênio.

§ 2o Assinado o convênio, a entidade ou órgão repassador dará ciência do mesmo à


Assembléia Legislativa ou à Câmara Municipal respectiva. (aqui o controle é posterior).
OBS: Existem várias constituições estaduais e várias leis orgânicas municipais que
condicionam a celebração do convênio à prévia aprovação da Assembléia Legislativa
ou Câmara dos vereadores. STF: Propôs a inconstitucionalidade dessas normas (ADI
462 e ADI 770). São inconstitucionais regras que condicionem celebração de
convênio à prévia aprovação legislativa. O argumento é a separação dos poderes.
Celebrar contrato é função precípua do executivo, não devendo interferir o
legislativo. O dever do legislativo é fiscalizar (função de controle).

Consórcios Públicos

Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão


por meio de lei (lei 11.107/05) os consórcios públicos e os convênios de
cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada de
serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos,
serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).

OBS: Observa-se que até 1998 não existiam mecanismos da constituição para
facilitar a união de dois entes federados para a gestão compartilhada de
serviços públicos. Nesta época, celebravam-se consórcios, mas sem marco
regulatório, como se tem hoje a lei 11.107/05.

Conceito: é negócio jurídico celebrado necessariamente por entes federados em que se


dá a criação de uma terceira pessoa jurídica de direito público (associação pública) ou de
direito privado para a gestão associada dos serviços públicos bem como para
transferência de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos
serviços transferidos.

A Natureza jurídica do consórcio público poderá ser de 02 espécies:


- Pessoa jurídica de direito privado (art. 6º, inciso II, §2): não pode receber o nome de
associação pública.

- Pessoa jurídica de direito público (art. 6º, inciso I, §1º): terá a denominação de
associação pública.

Ex: dois municípios precisam de um hospital, mas nenhum deles tem verba suficiente
para a construção;

OBS: O art. 41, IV, CC/02, foi alterado por conta da Lei nº 11.107/07.
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; (Redação dada pela Lei
nº 11.107, de 2005).
Obs: Assim, a interpretação que é dada é que as associações públicas se trata
de uma espécie de autarquia.

OBS: Os consórcios são necessariamente celebrados por entes federados; Os convênios


podem ser celebrados com administração direta, indireta e até com particulares. Assim, a
existência de lei que regulamenta o consórcio não elimina a existência dos convênios.

Parte dada por Marinella

Convênios e Consórcios são uma forma de descentralização para busca de interesses


comuns. Está no art. 116, da Lei nº 8.666/93.

Os participante dos convênios e consórcios são chamados de partícipes.

Não há constituição de uma nova pessoa jurídica. A responsabilidade é rateada de acordo


com sua cota de participação.
Há um plano de trabalho com descrição minuciosa da execução do convênio ou consórcio.
Deve haver prestação de contas mês a mês, sob pena de suspensão do repasse.
CONVÊNIO CONSÓRCIO VELHO
Entes de qualquer espécie (público ou Entes da mesma espécie (E x E ou M X M).
particular).
Não é possível a presença do Particular.

Lei 11.107/05 (Novos consórcios públicos).


Este é reunião de entes políticos (não precisa ser da mesma espécie). U, E, M, e DF. Pode
ser: U x E, E x M, U x M, etc.

É a reunião de esforços para uma gestão associativa. Esses entes constituem o “protocolo
de intenções”. É o objetivo do consórcio. Esse protocolo deve ser aprovado na casa
legislativa de cada ente político. Aprovado por cada casa, eles irão celebrar um “contrato
de consórcio”.

Esse novo consórcio público, na verdade, é uma nova espécie de contrato administrativo.
Aqui, nasce uma nova pessoa jurídica. Essa PJ é chamada de associação, que poderão
optar por regime público (espécie de autarquia). Se optarem por regime privado (regime
híbrido semelhante à SEM e EP).
Obs: Essa autarquia não é criada efetivamente por lei, mas há de certa forma, uma previsão
legal. Muitos doutrinadores entendem ser inconstitucional essa autarquia, eis que nasce de
contrato e não de lei.
Obs: A doutrina também critica o regime privado.

AULA 06 – 22/10/2008

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Livro Emerson Garcia e Rogério Pacheco (Improbidade Administrativa) – Livro para


consulta.
Lei Seca e Informativos – Para concurso.

# Probidade é o mesmo que moralidade? Não. Probidade administrativa é mais


ampla: correção de atitudes. Pensamos no administrador honesto, que busca o melhor
para a administração. A probidade está muito próxima do principio da moralidade
administrativa. Se o administrador pratica ato de improbidade ele pode violar vários
princípios, como publicidade, legalidade, etc., e não só a moralidade.

Probidade (honestidade, lealdade, boa-fé e moralidade). Logo, a probidade é mais ampla


que a moralidade, pois aquela abrange esta.

Conceito de improbidade administrativa: é o designativo técnico para falar


corrupção administrativa que promove o desvirtuamento da função pública (ex.
engavetamento de um processo) ou ainda desrespeitando a ordem jurídica (ex. não
publicar os atos da administração).
A improbidade, sinteticamente, revela:
• Vantagem indevida, patrimonial ou não. (Ex: Enriquecimento ilícito).
• Por tráfico de influência. (Ex:
• Favorecimento.
• Exercício nocivo da função pública. (Ex: O administrador que engaveta processo).

MP/GO: # O simples desrespeito à legalidade gera necessariamente improbidade


administrativa? NÃO. Pode gerar improbidade, mas não é automático.

Fonte constitucional da improbidade administrativa:

- art. 14, §9º, CR/88 (improbidade no período eleitoral):

§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos


de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade
para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a
normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder
econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na
administração direta ou indireta.

- art. 15, V, CR/88 (É causa de suspensão de direitos políticos):

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só


se dará nos casos de:
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º

- art. 85, V, CR/88 (É crime de responsabilidade do Presidente):

Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que


atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:
V - a probidade na administração
OBS: Se houver na mesma conduta, crime de responsabilidade e crime de
improbidade, prevalece o crime de responsabilidade. É o entendimento do STF
atualmente. Lembrar que a improbidade pode desencadear o processo de
impeachment.
OBS: Não obsta que o agente político responda por improbidade.

- art. 37, §4º, CR/88 (principal fonte constitucional):

§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos


direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da
ação penal cabível.

Lei 8.429/92 (Regula o art. 37, §4º): Lei do Colarinho Branco. É objeto da ADI 2182, que
questiona inconstitucionalidade formal da lei.

Competência para legislar sobre improbidade: Competência da União. A


Constituição não diz expressamente. O §4º do art. 37 fala em direitos políticos,
indisponibilidade de bens, que é de competência legislativa da União. Assim, se medidas
de improbidade são da competência da União (ao artigo 22, I, CR/88), conseqüentemente,
legislar sobre improbidade também é competência da União (assim entende a doutrina).
Trata-se de Lei de âmbito nacional.
OBS: Encontra-se na lei 8429/92 regras sobre declaração de bens de servidores
anualmente. Todavia, alguns doutrinadores dizem que nesse dispositivo a lei é apenas
federal. Ocorre isso especialmente quando a lei trata de procedimentos.
Natureza Jurídica do ato de improbidade não é penal (CP – Ação Penal) nem
administrativo (Lei 8.112/90 - PAD). Gera ilícito civil (ADI 2797). Possui natureza de
Ação Civil Pública.

OBS: Embora a conduta de improbidade não seja penal, se estiver prevista em lei
como crime, gerará ilícito penal. Da mesma forma, se a conduta de improbidade estiver
prevista em estatuto administrativo, poderá gerar ilícito administrativo.
# Todo crime é ato de improbidade? Não. Existem crimes que não estão ligados à
ação ou atos de improbidades. Todavia, todos os crimes contra a administração
também configuram atos de improbidade administrativa.
# Todo ato de improbidade é crime contra a administração? Não. Existem atos
de improbidade que não configuram crime contra a administração, como por exemplo,
não publicar ato administrativo.
OBS: Existe, ainda, doutrina minoritária que entende que o ato de improbidade possui
natureza política.

Independência das esferas civil, penal, e administrativa


Necessário esclarecer que a mesma conduta pode ser punida como crime (ação penal),
ilícito administrativo (processo administrativo disciplinar) e improbidade administrativa
(ação de improbidade). A regra é a incomunicabilidade das instâncias. Exceção – No caso
de absolvição penal que houver reconhecido a inexistência do fato ou negativa de autoria,
haverá necessariamente a vinculação no cível e administrativo.

Art. 126, Lei 8.112/90:

Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso


de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria

Art. 935, CCB:

Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo


questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor,
quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.

Art. 65 CPP:

Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o
ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito
cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

Havendo uma excludente penal (legítima defesa etc.), haverá coisa julgada no civil,
todavia, não significa que será automaticamente naquele juízo aproveitada, pois ele
poderia ser condenado ao ressarcimento de danos em razão de eventual exagero, p. ex.
Essa previsão do art. 65 é somente para o civil, e não para o administrativo.

Art. 66, CPP:

Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil
poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a
inexistência material do fato.

A absolvição no processo penal por insuficiência de provas não impede a condenação no


civil e no administrativo.
OBS: Não há previsão expressa, mas a jurisprudência é no sentido de que o processo
administrativo deve ficar suspenso até o julgamento do processo penal. A razão é evitar
razões contraditórias.

Elementos constitutivos do ato de improbidade:

a) sujeito passivo do ato de improbidade: Necessita primeiramente um cenário


público (dinheiro público).

OBS: O sujeito passivo do ato de improbidade é o sujeito ativo da ação de


improbidade. (e vice-versa).

Art. 1º, Lei 8.429/92. Quem pode sofrer ato de improbidade:

- Pessoa jurídica da administração direta (U, E, M, DF);


- Territórios;
- Administração indireta (autarquias, fundações, SEM, EP);
- Pessoas privadas: em que o poder público tenha participado ou participe com mais de
50% do patrimônio ou receita anual.

O parágrafo único ainda abrange entidades que recebam subvenção, benefício fiscal ou
creditício ou empresas em que o Estado participe com menos de 50% do patrimônio ou
receita anual. Estas ficam limitadas a sanção patrimonial que repercute aos cofres
públicos.

Ex: pessoa privada com menos 50% de participação do Estado.


1 milhão: 700 mil é privado e 300 mil é público. Sendo o desvio de 500 mil reais, o
valor discutido na ação de improbidade ficará limitado ao prejuízo aos cofres públicos,
ou seja, 300 mil reais. Se a empresa tivesse participação de mais de 50% do Estado,
pode-se discutir todo o prejuízo, independentemente se for superior ao prejuízo dos
cofres públicos.

OBS: Se a participação for de 50% exatamente a lei é omissa. Prova do MP, coloca no
caput, mas a doutrina majoritária coloca no p.ú.
- Sindicatos e conselhos de classe: cobram contribuição, por isso estão sujeitos à
improbidade. A OAB não está sujeita, pois sua contribuição não é tributo.

- Partido político: está sujeito à lei de improbidade, pois participam do fundo especial
de assistência aos partidos políticos.

- Terceiro setor: são os entes de cooperação e recebem dinheiro público, sendo sujeitos
à lei de improbidade (organização social, OSCIP, serviço social autônomo).

# Qual a diferença entre a ação popular e a ação de improbidade?A diferença


da ação popular é que esta visa à anulação do ato, podendo inclusive ser reconhecida
as perdas e danos. Já na ação de improbidade o que se visa é a punição do servidor,
havendo também anulação do ato e o ressarcimento ao erário.

b) sujeito ativo do ato de improbidade: aquele que pratica o ato de improbidade.


Será sujeito passivo na ação.

Art. 2º, Lei 8.429/92:

- Aquele que exerce função pública, independente do tipo de vínculo. É o agente


público (mais abrangente);

Art. 3º, Lei 8.429/92:


- Terceiros: que induzem, concorram ou se beneficiem do ato de improbidade. O
terceiros apenas responde com as penas que possam ser imputadas a ele (p. ex. ele
não pode perder a função, pois ele não tem função). OBS: O terceiro nunca pratica
improbidade sozinho. Normalmente, o terceiro fica restrito à sanções patrimoniais e
proibição de contratar.

OBS: Lembrando que a Pessoa Jurídica pode praticar ato de improbidade


administrativa.
OBS: A ação do terceiro não tipifica o ato de improbidade. Quem define o ato de
improbidade, bem como a correspondente sanção é a ação do agente. O terceiro
responde com a ação do agente.

- Agente de fato (possui um defeito na sua designação): pode ser necessário (são
aquelas designações em razão de situações excepcionais, como a guerra) ou putativo
(agente nomeado sem concurso ou com fraude). A doutrina entende que ambos estão
sujeitos à Lei de Improbidade.

- Agentes políticos:
Reclamação 2138. Questiona o fato de que se o agente político está sujeito ao crime de
responsabilidade seria bis in idem puni-lo também por improbidade administrativa.

Improbidade Crime de Responsabilidade


- lei 8.429; - lei 1.079;
- Várias sanções; - DL 201;
- Julgado pelo poder judiciário. - julgado pelo poder legislativo;
- sanções: perda de função e
suspensão de direitos políticos.

O agente político vai estar sujeito à ação de improbidade, todavia, se a mesma conduta
for também crime de responsabilidade, esta prevalece, pois senão estaríamos diante de
um bis in idem. Se a conduta não é descrita como crime de responsabilidade, pode-se
punir como improbidade.

Tomar cuidado, pois se trata de uma reclamação, que não possui efeito vinculante, mas
sim inter partes. A Min. Ellen Gracie ressalvou expressamente isto ao final.

Reclamações: 5389, 5391 e 5393. Na reclamação 5378 foi decidido que não é qualquer
um que pode ajuizar reclamação.

A ADI 2182 busca a declaração de inconstitucionalidade de toda a lei de improbidade.

 Herdeiros e a lei de improbidade: vai se responsabilizado pelas questões patrimoniais,


até o limite da herança (art. 8º, Lei 8.429).

 Pessoa jurídica: pode ser sujeito ativo do ato de improbidade, se induziu, concorreu ou
se beneficiou.

 Árbitro: não responde pela lei de improbidade. Todavia, quando for a arbitragem da Lei
de Concessões, para a professora Marinela, seria possível responder por improbidade (não
existe manifestações da doutrina ou jurisprudência neste caso).

# Ato de improbidade precisa ser ato administrativo? NÃO. Pode ser mera conduta
administrativa ativa (servidor pega o dinheiro, coloca na bolsa e leva embora) ou omissiva
(não cobrar tributos. Ex: isenção de IPTU em ano eleitoral). Todavia, também se pode ter
ato de improbidade em ato administrativo.

AULA 07 – 19/11/2008
MODALIDADES DE ATOS DE IMPROBIDADE:

Enriquecimento Danos ao Erário (art. Violação aos


Ilícito (art.9º) 10º) Princípios da
administração
(art.11)
- rol exemplificativo; - rol exemplificativo; - rol exemplificativo;
- conduta dolosa - conduta dolosa ou - conduta dolosa
- Atos mais graves culposa

*** Art. 21 da lei 8.429/92: para responder por improbidade não depende:
• Dano patrimonial; ou
• Controle pelo tribunal de contas com a rejeição ou aprovação das contas.

OBS: O ato vai ser definido de acordo com a conduta do agente, não importando a
conduta do terceiro.

Alguns casos de improbidade:

Receber presente: vai depender de bom senso. Não é valor do presente que vai
marcar o ato de improbidade. (orientação da jurisprudência).

Fraude à licitação: pode ser qualquer um dos atos de improbidade.

Acréscimo patrimonial: Quando o servidor entra e durante todos os anos o agente


tem que apresentar uma declaração dos bens para que se possa verificar a evolução
de bens do sujeito. Havendo a incompatibilidade demonstrada pelo MP, haverá a
inversão do ônus da prova, devendo o agente provar que a evolução patrimonial se
deu de forma lícita.

Arrecadação de tributos: A negligência na arrecadação de tributos também


caracteriza ato de improbidade. Pode configurar dano erário, sem prejuízo da ação
penal por crime contra a ordem tributária.

Desvio de finalidade: Desvio de finalidade é ato de improbidade com base no art.


11, pois viola principio da administração. Trata-se de vício ideológico/subjetivo. É o
defeito na finalidade do ato.

Promoção pessoal: Símbolos, ou menções ao agente público. Quando a promoção


pessoal gera prejuízos aos cofres públicos, configura dano ao erário. Por outro lado,
a promoção pessoal pode aparecer sem a utilização de recursos públicos. Assim, se
ele usa o próprio dinheiro, valendo-se da função pública, ocorrerá a violação de
princípios.

Doação de bem público: Em caráter excepcional é possível a doação de bens


públicos, conforme art. 17, da Lei nº 8.666/93. Todavia, o administrador que doa o
bem sem as exigências legais, gerará dano ao erário. Se, de alguma forma a questão
não demonstrar dano ao erário, poderá o caso configurar violação à princípios, como
p. ex., o da legalidade.

Outros casos: Contratar sem concurso, não publicar os atos administrativos


também são exemplos de atos de improbidade previstos no art. 11.

c) elemento subjetivo:
Art. 9º: Enriquecimento ilícito (Alta gravidade)
Dolo. A lei é silente, por isso só pune a título de dolo.

Art. 10: Dano ao erário (média gravidade).


Dolo ou culpa.
Só se configura dano ao erário quando o agente não recebeu nada.

Art. 11: Violação à princípios. (Atos mais leves).


Dolo. A lei é silente, por isso só se pune a título de dolo.

OBS: O MP critica a punição somente por dolo nos casos do art. 9º e 11, pois isso gera
a impunidade do agente que age com culpa. Ex. administrador paga a compra de ar
condicionado sem observar a formalidade (sem nota de empenho), ferindo o principio
da legalidade, fazendo com culpa. Assim, a conduta dele não será punida por ter agido
com culpa. A justificativa é de que, se o legislador não colocou a culpa é porque não
quis punir a conduta culposa.

Enriquecimento Danos ao Erário (art. Violação aos


Ilícito (art.9º) 10º) Princípios da
administração
(art.11)
- rol exemplificativo; - rol exemplificativo; - rol exemplificativo;
- conduta dolosa; - conduta dolosa ou - conduta dolosa
- sanções: culposa
i) devolução do que foi
acrescido ilicitamente;
ii) ressarcimento dos
danos;
iii) perda de função;
iv) suspensão dos
direito políticos de 8 a
10 anos;
v) multa civil até 3X
aquilo que foi acrescido
ilicitamente.
vi) proibição de
contratar, receber
benefícios e incentivos
fiscais pelo prazo de 10
anos.

OBS: Da esquerda para direita, temos uma redução do grau da sanção. Parte-se de uma
sanção mais intensa para uma sanção mais branda.

“Pena em bloco”: não prevalece mais o entendimento da necessidade de se ter que


aplicar todas as sanções do dispositivo violado.

SANÇÕES APLICÁVEIS POR ATO DE IMPROBIDADE: o rol da lei (artigo 12) é mais
extenso do que o previsto pela CF/88.

OBS: Para cada ato existe uma sanção. O juiz analisa a gravidade do ato e escolhe uma,
todas ou algumas das penas sempre da mesma lista.

OBS: O que define o tipo de improbidade é a ação do agente. Ex: Se o agente violou
princípios e isso facilitou que o terceiro causasse danos ao erário, o agente responderá
pelo art. 11 e o terceiro ressarcirá os danos.
Sanções do artigo 9º são as sanções mais graves, devendo ser aplicada:

 Ressarcimento do ilícito;
 Devolução do acrescido ilicitamente,
 Perda da função pública,
 Suspensão dos direitos políticos de 8 a 10 anos
 Multa civil que vai depender da modalidade do ato praticado, devendo
ser de até três vezes que foi acrescido ilicitamente;
 Proibição de contratar e receber benefícios fiscais por 10 anos.

Sanções do artigo 10, medidas a serem adotadas:

 Ressarcimento do ilícito;
 Devolução do acrescido ilicitamente; neste caso quem vai devolver o
acrescido vai ser o terceiro.
 Perda da função pública;
 Suspensão dos direitos políticos de 5 a 8 anos;
 Multa civil de até duas vezes o valor do dano causado a
administração;
 Proibição de contratar e receber benefícios fiscais por 5 anos.

Sanções do artigo 11, medidas a serem adotadas:

 Ressarcimento do ilícito; neste caso o ressarcimento dos prejuízos


poderá ser pelo terceiro
 Não há a pena de devolução do acrescido ilicitamente (O legislador
não quis).
 Perda da função pública;
 Suspensão dos direitos políticos de 3 a 5 anos;
 Multa civil de até 100 vezes a remuneração mensal do servidor;
 Proibição de contratar e receber benefícios fiscais por 3 anos.

OBS: As penas de perda de função e suspensão dos direitos políticos só serão aplicáveis
a partir do trânsito em julgado da decisão.

Havia uma discussão logo que saiu a lei de improbidade sobre a aplicação da pena em
bloco. Alguns membros MP defendiam que as penas deveriam ser aplicadas em bloco.
Hoje não se aplica mais a teoria da pena em bloco, devendo ser aplicada as penas da
mesma lista, não pode ser misturada as penas de um artigo com outro.

Procedimento na lei de improbidade: ela traz duas regras de procedimento:


• Administrativo
• Judicial (este que cai)

Em caso de conhecimento é possível representar a autoridade superior sobre o ato.

Obs.: Numa prova se tiver que fazer uma ação, colocar o nome ação de improbidade, pois
existe uma discussão na doutrina se realmente é uma ação civil pública.

AÇÃO DE IMPROBIDADE - PROCEDIMENTO JUDICIAL:

Natureza jurídica da ação de improbidade: a maioria da doutrina reconhece que a


natureza jurídica é de ação civil pública. # Qual lei deve ser aplicada? A lei 7347/95
somente é aplicada em caso de silêncio da lei de improbidade.
Já que é ação civil pública, então é cabível a instauração de inquérito civil para se
conseguir novas provas. Normalmente o MP faz a investigação em silencio, por isso deixa
de instaurar inquérito para evitar a publicidade.

Legitimidade da ação de improbidade: tem legitimidade o MP e a pessoa jurídica


lesada (é aquela do artigo 1º da lei de improbidade – é vítima do ato de improbidade).
Esta legitimidade do MP foi muito criticada quando do surgimento da lei, pois o MP estava
atuando como procurador da pessoa jurídica, eis que o dinheiro vai pra ela. Hoje, não
existe mais esta discussão, sendo o MP um ente com legitimidade indiscutível, eis que
este atua no papel de representante da sociedade. Entende-se que o interesse é maior
que o da PJ, mas sim de toda a coletividade.

OBS: A associação privada somente pode ajuizar ação civil pública, não podendo ajuizar
ação de improbidade.

# Se a pessoa jurídica lesada ajuizar a AC ão, o MP deve participar deste processo?


SIM, pois de acordo com a lei a presença do MP é obrigatória como custos legis. A ausência do
MP causa nulidade do processo.

# Quando o MP ajuíza a ação, deve a pessoa jurídica participar da ação?


Ex. O MP ajuíza ação em face de um prefeito que está no exercício do mandato, será que a
pessoa jurídica na pessoa do prefeito seria obrigada a produzir prova contra si mesmo? NÃO.

# Qual a opção neste caso para a pessoa jurídica? (art. 6º da lei 4717/65)
a) Pode ficar em silêncio, não participando em nada do processo; ou
b) Pode a pessoa jurídica ajudar o MP na produção de prova, p. ex. quando o agente público
que praticou o ato de improbidade já não estiver no cargo;
c) Se for interesse público (não pode em caso de interesse do agente) a doutrina admite que
a pessoa jurídica fique do lado do administrador, tendo como fundamento no artigo 47 do
CPC.

Vedação de acordo – Na lei de improbidade é vedado qualquer tipo de acordo,


transação ou composição. A lei diz este nome para evitar que se altere o nome e se faça
um acordo. O motivo para tal vedação é o principio da indisponibilidade do interesse
público e pela relevância do patrimônio que se protege.

Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Público
ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida
cautelar.
§ 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações de que trata o caput.

OBS: Lembrando que na ACP há a possibilidade do TAC.

Competência e Foro privilegiado: o texto originário não previa foro privilegiado e o


julgamento era feito pela primeira instancia. A lei 10.628/02 alterou o CPP no artigo 84, de
modo que a ação de improbidade passou a ser julgado pelo mesmo juízo que julgava o
crime comum. Com esta mudança surgiu à seguintes indagações: o que a ação de
improbidade de natureza cível está fazendo dentro do CPP? Se o privilégio para foro está
na constituição como pode uma lei ordinária (CPP) trazer este privilégio? Se o constituinte
nada falou não pode uma lei ordinária fazer isso. Foram ajuizadas duas ADIs (2797 e
2860) para discutir a constitucionalidade desta lei que alterou o CPP, que foi declarada
inconstitucionalidade. Assim, voltamos a ter o julgamento dos atos de improbidade em
primeira instância. A grande preocupação dos processos nos tribunais foi com impunidade
e com a produção de provas.

Medidas cautelares na ação de improbidade:


• Indisponibilidade de bens (artigo 37, inciso IV): Visa proteger os bens
necessários para aplicação da sanção. O administrador ímprobo vai ter que
ressarcir os prejuízos, vai ter que devolver o acrescido e pagar a multa civil. Tais
medidas são todas judiciais;
• Seqüestro de bens determinados. A doutrina diz que na verdade a hipótese é
de arresto. A doutrina lembra que a hipótese é de bens indeterminados, por isso
seria arresto. Mas a lei diz seqüestro.
• Investigação, exame e bloqueio de bens e contas bancárias, inclusive
investimentos no exterior (respeitada as regras internacionais);
• Afastamento temporário do administrador, (mais importante) não tem
prazo, não tendo o administrador prejuízo com relação a sua remuneração. Esta
medida visa garantir a investigação, pois estando o administrador no cargo ocorre
prejuízo para a investigação. O afastamento depende de decisão judicial.
Obs.: O afastamento administrativo da lei 8.112 é de 60 dias.

# Para quem vai o dinheiro resultante da ação de improbidade? Esse dinheiro resultante
da ação de improbidade de acordo com o artigo 18 da lei vai para a pessoa jurídica lesada.

Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de reparação de dano ou decretar a
perda dos bens havidos ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão dos bens,
conforme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.

Prazo Prescricional: Quanto prazo prescricional da ação de improbidade, temos três


regras diferentes quanto a este prazo:

1 - Para mandato eletivo, cargo em comissão e função de confiança: o prazo é de 5


anos contados de quando a pessoa tenha deixado o cargo. Começa a contar
deste fato para que fique mais fácil a produção das provas;

2- Demais agentes: aplica-se o mesmo prazo para se punir por demissão no estatuto
dos servidores; a maioria dos estatutos estabelecem também um prazo de 5 anos
a contar do conhecimento;

3- É imprescritível a pena de ressarcimento do dano ao patrimônio público,


devendo ser cobrado o ressarcimento por uma ação autônoma (art. 37 §5º, CF).
Aqui, já ocorreu a prescrição da ação de improbidade.

OBS: Não pode o agente acusado de improbidade usar o advogado público para defendê-
lo, devendo contratar um advogado particular para sua defesa.

Na lei de Responsabilidade fiscal, artigo 71 (ver).

Doutrina indicada: Rogério Pacheco e Emerson Nogueira – membros do MP (lúmen júris)

PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL

Processo administrativo: é o conjunto de atos que leva a uma decisão final (ato
administrativo).

Procedimento: são as formalidades para se realizar o processo.


OBS: A doutrina não faz esta diferença, usando muitas vezes estas expressões como
sinônimas.

Por que razão o administrador tem que fazer processo administrativo? Quais os
objetivos?

• Serve como mecanismo de documentação; na administração não temos papeis


soltos, devendo os atos estar ligados a um processo; dentro do processo que
vamos fundamentar o ato, servindo, então,
• Serve como instrumento de legitimação do administrador, ex. Processo de
justificação de dispensa e inexigibilidade de licitação para justificar os motivos da
não realização da licitação;
• Serve para demonstrar a transparência da conduta do administrador, pois ele
exerce uma atividade em nome do povo;
• Seve como mecanismo de defesa, p. ex. no processo administrativo disciplinar
para evitar o abuso do administrador; hoje não se admite mais a chamada
“verdade sabida” (ocorria quando o chefe via o servidor praticando uma infração,
podendo puni-lo sem processo); na multa de trânsito também se dá o direito de
defesa; no processo administrativo tributário temos o direito de defesa exercido no
processo administrativo etc.;

O cumprimento dos preceitos da lei é uma conseqüência de um Estado de direito, ou seja,


é fazer conforme disciplina à lei.

Princípios do processo:
• Gerais: aplicáveis a todos os atos da administração, inclusive ao processo
administrativo;
• Específicos: são aqueles que se aplicam especificamente ao processo
administrativo. São eles:

o Principio do devido processo legal: o processo tem que realizado de


acordo com o que diz a lei; está de acordo com a idéia de legalidade para o
direito público; é um principio norteador de nosso ordenamento jurídico; tem
previsão no artigo 5º, inciso LIV da CF; um processo para ser justo e
igualitário, ele tem que garantir participação igualitária entre as partes (ex.
se uma parte recorre, a outra parte tem o direito de responder a este recurso
no mesmo prazo do recurso); mesmo que não tenho lei especifica para o ato,
temos que observar este princípio, pois se trata de um principio
constitucional que deve ser observado sempre sem exceção;

o Princípios do contraditório e da ampla defesa (artigo 5º LV da CF):


estes princípios são novidades na CF/88 para o processo administrativo. O
contraditório significa bilateralidade da relação processual jurídica, é dar
ciência da existência do processo. A comunicação vem da idéia de que
ninguém pode ser processado ou condenado sem ao menos ter
conhecimento do processo. Como conseqüência do contraditório surge à
ampla defesa, que o direito de a parte se defenda. Se a pessoa vai ou não se
defender, o que é necessário é dar a chance de a pessoa se defender; os
dois princípios são conseqüência do devido processo legal; a ampla defesa é
exigência de um Estado democrático;

# Quais são os desdobramentos ou condições para o exercício da


ampla defesa?
a) tem que ser uma defesa em caráter prévio, devendo ser pré-determinado
o procedimento e sanções. Ex.: num processo administrativo disciplinar
foi condenado ao final do processo sem tomar conhecimento que era réu
no processo; não podendo ser defender de maneira adequada;
b) Garantia de informação do processo; como garantia de informação a
pessoa tem direito de cópia do processo? Segunda a jurisprudência a
pessoa tem que viabilizar a cópia do processo somente não tendo que
arcar com a custa da cópia.
c) A pessoa tem direito de garantia de certidão do processo; Lembrar que
direito de vista dos autos deve ser na própria repartição. O mesmo ocorre
com processo de licitação (não gera direito à carga).
d) A presença de defesa técnica realizada pelo advogado não é obrigatória
em regra. Todavia, não há duvida de que o advogado colabora com a
legalidade do processo. A jurisprudência entende que a presença do
advogado não é obrigatória, mas sua presença é benéfica para o
processo. A súmula 343 do STJ diz que a presença do advogado no
processo administrativo disciplinar é obrigatória em todas as suas fases.
Se a parte não tiver dinheiro tiver pagar advogado, pode ser defendido
por um defensor público. Esta súmula foi derrubada pela súmula
vinculante nº 5 do STF, que não exige mais a presença de advogado no
processo administrativo. Todavia, o administrador deve viabilizar a
presença do advogado.
e) Publicidade significa garantia do processo constitucional, mas há a
possibilidade de sigilo para resguardar a produção da prova, bem como
para resguardar a carreira do servidor que está sendo investigado
(presunção de inocência).
f) Direito de produzir prova, que seja usada no convencimento do juiz; Obs:
O direito de produzir provas não é absoluto. A autoridade pode indeferir
sempre avaliando bom senso, razoabilidade e proporcionalidade. (STJ no
MS 7.464 e MS 8858).
g) Direito de recurso (art. 5º, LV da CF) como elemento do contraditório e da
ampla defesa; toda decisão administrativa deve dar direito de recurso;
muitas vezes se estipulam como prazo para recorrer em concurso público
o prazo de 24 horas ou 12 horas, o que é uma forma de inviabilizá-lo,
sendo isso muito discutido pela doutrina. O recurso deve ser viabilizado
mesmo que não haja previsão específica.
OBS: Hoje não existe mais a exigência de depósito prévio para
apresentar recurso administrativo. O STF diz ser inconstitucional em
razão do direito de ampla defesa, bem como fere o princípio da isonomia.
(RE 388.359) e (REsp 943.116).
OBS: Processo administrativo não gera custas para a parte. Obs: Na lei
8.112/90, é o servidor investigado que recebe o valor da diária para
deslocar e prestar depoimento.

# Se administração vai anular um ato administrativo ela tem que dar


contraditório e a ampla defesa? Se a anulação é um ato administrativo,
então depende de processo prévio com contraditório e a ampla defesa.
# Se a administração resolve anular um concurso público ela precisa
dar contraditório e a ampla defesa? Agora com a decisão do STJ de que a
nomeação passou a ser direito subjetivo, para anular um concurso é preciso
conferir o contraditório e a ampla defesa, pois estará atingindo a órbita do
direito da pessoa que tem o direito de nomeação se ela passou dentro do
número de vagas previstas no edital que regeu concurso. Agora, com este
entendimento, caiu por terra a doutrina que defendia que a nomeação era mera
expectativa de direito, o que não dava o direito de contraditório e a ampla
defesa para a pessoa aprovada em concurso no caso de anulação do concurso.

Súmula vinculante nº 3: Acontecia muito de administração praticar um ato


“X” e enviava o processo ao Tribunal de Contas para uma análise; nesta análise
podia ocorrer de o tribunal anular ou revogar o ato sem que a outra parte fosse
notificada para se defender, somente sendo notificada da decisão.

OBS: Esta súmula traz o contraditório e a ampla defesa nos processos


administrativos junto ao tribunal de contas, ressalvado o ato de aposentadoria,
reforma ou pensão feita pelo tribunal de contas. Quando se fala em
aposentadoria, o tribunal de contas faz parte da convalidação do ato de
aposentadoria, ratificando o ato de concessão da aposentadoria feita pelo
administrador. A doutrina se divide se ato composto ou complexo (maioria).

o Principio da verdade real ou material (aplica-se também ao processo penal): é


aquilo que realmente aconteceu, ou seja, a verdade absoluta, ao passo que a verdade
formal (processo civil) é aquilo que se apresenta no processo. A doutrina critica bastante
este principio com relação a busca da verdade real, pois é quase que impossível se
chegar a verdade absoluta, devendo se buscar a verdade que mais se aproxima da
realidade, ou seja, a verossimilhança. Então esta dicotomia verdade real e verdade
formal não tem aplicação prática, mas em concurso isso pode aparecer ainda, pois Hely
Lopes falava em verdade real. Logo, marcar verdade real.

o Princípio da Oficialidade: traz dois elementos importantes: i) impulso oficial: o


administrador pode impulsionar o processo administrativo, o que não ocorre no processo
judicial; o administrador pode produzir provas dentro desse processo (investigação); ii)
informalismo: o processo é formal para a administrador (principio da solenidade) e
informal para o particular;

o Principio da motivação: existe diferença para o motivo (é o fato e o fundamento que


leva a pratica do ato. Ex. se dissolvo uma passeata, o motivo é o tumulto) da motivação
que significa a explicação do ato, é a correlação lógica entre os diversos elementos do ato
administrativo e a lei; percebe-se que a motivação é mais que o motivo. Existe
divergência entre a obrigatoriedade ou facultatividade da motivação. Carvalhinho
(doutrina tradicional) – é como regra facultativa, somente sendo obrigatória nos casos do
art. 93, IX da CF e outro fundamento é o art. 50 da lei 9784/99 diz que neste caso é
obrigatório, sendo nos outros casos facultativas. Nas provas de concurso entender que a
motivação é obrigatória, tendo como base os artigos 1º, inciso I (cidadania), parágrafo
único (poder emana do povo – o titular do direito deve ser comunicada das jusficativas da
prática do ato); para se controlar as contas do administrador é preciso ter ciência das
justificativas dadas pelo administrador. Outro fundamento é o art. 5, XXXIII (garantia de
informação); outro fundamento está no art. 5, XXXV, CF (lesão ou ameaça de lesão pode
ser revisto pelo judiciário) para o judiciário verificar a razoabilidade, proporcionalidade e
eficiente o ato é necessário a motivação do ato; o art. 93, IX (quando o judiciário pratica
ato administrativo deve motivar, sendo isso função atípica do judiciário, então se o
judiciário deve fazer agindo de forma atípica, por mais razão deve o administrador
motivar, pois atua dentro de sua função típica; art. 50 da lei 9784/99 é também usado
como obrigatoriedade de motivação, pois ele traz um rol muito amplo de modo a
abranger todos os atos administrativos. A motivação pode vir antes ou durante a prática
do ato, não se admitindo a motivação posterior. A motivação deve ocorrer no ato
vinculado como nos discricionários;

o Principio da celeridade: o processo tem que ser o mais rápido possível, para que o
processo seja o mais eficaz possível. No processo administrativo os prazos são mais
curtos, devendo durar o processo por 60 dias prorrogáveis por mais 60 dias. Se for
respeitado este prazo (60 mais 60) haverá nulidade do processo? Para o STJ não gera
nulidade, já que a administração tem o prazo de 5 anos para punir o servidor. Apesar de
não gerar nulidade pode gerar responsabilidade para o administrador caso não cumpra
este prazo. Os princípios da informalidade, da oficialidade, da economia processual e a
decadência qüinqüenal ajudam bastante este princípio. Com a emenda 45/04, surgiu o
art. 5º inciso LXXVIII da constituição que garante a duração do processo judicial dentro de
um prazo razoável. Para o direito administrativo o prazo razoável é aquele previsto na lei.
AULA 08 - 10/12/2008

PROCESSO ADMINISTRATIVO NA LEI 9784/99

Trouxe como novidade a súmula vinculante. Para se tornar vinculante, a súmula deve
passar por um procedimento administrativo previsto na lei 9784/99.

# Esta lei é de âmbito nacional ou federal? É uma lei de âmbito federal aplicada para
a União que representa uma norma geral de processo administrativo no âmbito federal. A
competência para legislar sobre processo administrativo é de cada ente da federação,
tendo cada ente federado sua própria lei.

Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a reger-se por lei


própria, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei.

Ex. se tenho o processo administrativo tributário, somente aplico a lei 9.784 se houver
omissão da lei específica que regula aquele processo.

Aspectos da lei de processo administrativo da lei 9784/99:

Garantia de publicidade: os atos devem ser publicados. Os processos são públicos,


salvo os casos de sigilo previstos em lei.

Custas no processo administrativo: em regra, não há despesas processuais (custas),


salvo quando a lei determinar. É o princípio da gratuidade.

Provas ilícitas: não são admitidas as provas conseguidas por meios ilícitos para
condenar. Todavia, pode ser usada como fundamento para a causa da conduta, pois pode
servir como uma pista para que o administrador possa estar produzindo novas provas
licitas. Cabe ressaltar que a ilegalidade pode ser revista de oficio.

Contagem dos prazos administrativos: são contados da mesma forma do prazo


judicial, excluindo dia do começo e incluindo o dia final. O prazo só começa e termina em
dia útil. Ex. se a intimação ocorrer na sexta, o prazo começa a correr na segunda.

Ato no processo: não tem grandes formalidades, devendo as formalidades previstas na


lei serem observadas. Ato de processo deve ser praticado na hora de expediente (não se
pratica atos aos sábado e domingo) e na repartição (é possível fora da repartição em
casos excepcionais, p. ex. quando a administração não tiver ). Excepcionalmente se
admite atos fora do horário de expediente.

OBS: No silêncio da norma específica se aplica o prazo de 5 dias corridos.

OBS: A lei 9.784/99 apesar de ser uma lei de processo ela não traz regras sobre provas,
sobre notificação etc. Então podemos utilizar todos os meios previstos em lei. Não há
diferença entre intimação e notificação, salvo em alguns processos em que se utiliza a
expressão notificação.

OBS: É possível utilizar qualquer forma de notificação autorizada pela lei. A intimação de
comparecimento deve ocorrer com pelo menos três dias de antecedência. Se a pessoa
não foi intimada validamente comparecimento supre a nulidade se houve nulidade na
intimação. É possível Tb condução coercitiva.
Funcionamento do processo administrativo:

1ª fase: instauração  pode ser instaurado pela própria administração por portaria
(alguém fica sabendo de uma infração e diz para a administração que instaura, por auto
de infração, por requerimento de um servidor pedindo), por representação (ato de
improbidade deve ser representado a autoridade superior), por um simples despacho e
por provocação do particular (licença para construir pedida pelo particular via petição
inicial ou requerimento).
OBS: O servidor tem o dever de representar.
OBS: O PAD não pode ser instaurado denúncia anônima.
OBS: O Administrador deve fazer um juízo de admissibilidade.
OBS: Instaurado o processo, ocorre a nomeação da comissão processante, formada por
servidores estáveis. O presidente deve ocupar um cargo superior ao do servidor que está
sendo processado ou ter um nível de escolaridade maior.

2ª fase: instrução  Temos a produção de provas. Quais são as provas permitidas? São
todas as autorizadas em direito (testemunhal, acareação de testemunhas, pericial,
depoimento pessoal etc.).

3ª fase: defesa  O prazo de defesa na lei 9784/99 é de 10 dias.

4ª fase: relatório do processo  tem que ser conclusivo pela absolvição, pela condenação,
ou pela cominação, ou seja, tem que sugerir um resultado. # Ele vincula a autoridade
superior? A regra é que não tem vinculação, salvo no processo administrativo disciplinar
em que há vinculação da autoridade superior. O relatório é feito pela comissão
processante.

Normalmente a pessoa que instaura o processo instala uma comissão processante,


fazendo a instrução, defesa e relatório, voltando o processo ao final para julgamento pela
autoridade que instaurou o processo.

Se estivéssemos num processo disciplinar (instrução, defesa e o relatório) formam o


inquérito administrativo, que não é investigação prévia, mas sim o miolo do processo
administrativo.

A sindicância que prepara o processo administrativo. (É o mesmo do IP no processo penal)

5ª fase: julgamento  será feita pelo chefe administrativo, normalmente de 20 dias, mas
vai depender da lei específica.

6ª fase: recurso (gênero)  depois de publicada a decisão cabe primeiro o pedido de


reconsideração para que a autoridade reconsidere a sua decisão. Ele é endereçado a
própria autoridade que julgou o processo. A autoridade tem um prazo de 5 dias para
decidir se reconsidere a decisão. Não sendo reconsiderado, o processo é encaminhado
para autoridade superior, havendo a conversão do pedido de reconsideração em recurso
hierárquico. É um ato único (faz o pedido de reconsideração e caso não ser reconsidere
pede para converter o pedido em recurso hierárquico).

Normalmente o prazo para recorrer é de 10 dias, tendo a autoridade o prazo de 30 dias


para julgar. Em regra o recurso não tem efeito suspensivo, mas pode excepcionalmente
pode ter efeito suspensivo (ex. recurso em habilitação de licitação; recurso de
classificação na licitação).

O recurso não será conhecido quando:


• For interposto fora do prazo;
• A parte for ilegítima, pois não interesse no processo;
• Estiver esgotada a esfera administrativa;
Quando o recurso for interposto diante de autoridade incompetente, a lei diz que a
autoridade deve indicar a competente e reiterar o prazo para a parte recorrer
corretamente diante da autoridade competente

Recurso hierárquico pode ser:


• Próprio: Quando o recurso é encaminhado para autoridade superior dentro do
mesmo órgão.
• Impróprio: Quando o recurso é encaminhado para autoridade superior para outro
órgão diverso.

É possível reformatio in pejus no processo administrativo?


É possível, podendo a parte recorrer até 3 instâncias administrativas.

A revisão no processo administrativo depende um fato novo, pois é como se fosse


uma rescisória no processo administrativo. Não há prazo. A revisão pode ser apresentada
a qualquer tempo. Neste caso, não cabe reformatio in pejus.

Anulação e revogação de processo administrativo:

Na anulação sempre vai existir uma ilegalidade. A anulação é um ato administrativo,


devendo observar todas as formalidade aplicáveis ao ato (ex. existência de processo
administrativo com contraditória e ampla defesa).

Quem pode anular ato administrativo? No exercício da autotutela a administração do ato


administrativo. O poder judiciário pode anular o ato, pois é controle de legalidade. A
administração tem um prazo de 5 anos para fazer a revisão no que tange a legalidade do
ato.

Se um ato é ilegal ele deve ser anulado, podendo em alguns atos com defeitos sanáveis a
convalidação. Os defeitos insanáveis não podem ser convalidados.

A revogação é uma análise de conveniência e oportunidade da administração. O poder


judiciário pode fazer a revogação de seus próprios atos.

A revogação não tem limite temporal, mas tem limites materiais (p. ex. uma ato vinculado
não pode ser revogado, ato que já produziu direito adquirido, ato que não está na orbita
de competência; atos que já exauriu seus efeitos, atos enunciativos (certifica, atestam,
confere uma opinião – Ex. certidão, atestado – não possuem poder decisório).

A revelia não produz confissão ficta. Se o sujeito for intimado e não comparecer, isso não
gera a confissão ficta.

PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR (ESTATUTO DOS SERVIDORES)

O PAD está disciplinado na lei nº 8.112/90.

O processo serve como mecanismo para produzir prova e de defesa. A autoridade


tomando ciência da infração disciplinar, autoridade deve (atividade vinculada) instaurar o
processo.

Revelia: Se o réu não comparece no PAD não produz os efeitos da confissão ficta, apenas
há a desnecessidade de intimá-lo.

Instaurado o processo, a lei prevê hipótese de afastamento do servidor do servidor pela


via administrativa, o que é diferente da ação de improbidade administrativa, que somente
pode ocorrer por decisão judicial, por tempo indeterminado e a pessoa não deixa de
receber a remuneração. Nesse afastamento administrativo, a pessoa somente pode ficar
afastada pelo prazo de 60 dias admitida uma prorrogação por mais 60 dias, também sem
o prejuízo da remuneração.

Em processo administrativo disciplinar temos dois tipos de processo:


• Sumário: é o mais rápido (mais resumido), que se divide em dois:
o Sindicância: pode aparecer como investigação prévia (neste caso, não tem
preocupação com contraditório e a ampla defesa, podendo ser inquisitiva) ou
pode ser o próprio processo (neste caso, tem preocupação com contraditório
e a ampla defesa, não podendo ser inquisitiva); quando for o próprio
processo será sempre para apurar infrações leves; instaurada a sindicância
pode resultar três conseqüências: i) instaurada para investigar, verificada
que a infração não existiu, ocorre o arquivamento do processo; ii) se a
sindicância for o processo sumário serve para aplicação de pena leve
(advertência ou suspensão de até 30 dias); iii) se a infração for grave, não
posso punir somente pela sindicância, que servirá somente como
investigação, devendo ser iniciado o processo administrativo propriamente
dito (chamado de processo ordinário, pois é mais longo/demorado); a
sindicância deve ser feito em 30 dias prorrogáveis por mais 30 dias;

o Sumário de acumulação ilegal (art. 133 lei 8112/9): o prazo duração deste
processo é de 30 dias prorrogáveis por mais 15 dias. Antes de punir o
servidor, é dado ao servidor a opção por qual cargo vai optar ficar, devendo
fazer esta escolha em 10 dias, sob pena de ser instaurado no prazo de 10
dias. Instaurado o processo, é feito a instrução (inquérito administrativo),
defesa (em 5 dias) e relatório. Até o último dia defesa é possível escolher de
novo com qual cargo queira ficar, pois caracteriza boa-fé, havendo neste
caso exoneração. Não fazendo a escolha, ao final do processo se ficar
provado que a pessoa realmente fazia cumulação ilegal, ocorrerá à demissão
do servidor.

# O que significa a verdade sabida? Antigamente era uma espécie de processo


sumario. Hoje não existe mais. Ocorria de autoridade competente presenciava o
cometimento da infração e já aplicava a punição ao servidor sem abrir processo
administrativo para o servidor se defender antes de ser punido.

• Procedimento ordinário ou PAD propriamente dito: é mais extenso. Tem duração de


60 dias prorrogáveis por mais 60 dias. É quando há a possibilidade de sanção mais
grave que advertência ou suspensão por 30 dias. Aí é obrigatório o procedimento
ordinário.
OBS: 1ª Fase: Instauração (Portaria + Nomeação da Comissão); 2ª Fase: Inquérito
Administrativo (Instrução, Defesa e Relatório); 3ª Fase: Julgamento; 5ª Fase: Recurso.
OBS: Há a possibilidade de afastamento do servidor por 60 dias, prorrogáveis por mais
60 dias, sem prejuízo da remuneração.

# E-mail institucional serve de prova no PAD? O email corporativo/institucional não


tem inviolabilidade. Ele pode ser lido, fiscalizado e utilizado como prova contra ou a favor
do servidor.

OBS: Enquanto o servidor está sendo processado administrativamente (PAD), ele não
pode se exonerar, nem pedir aposentadoria voluntária. Ele tem que responder o PAD no
serviço público.

# E se quando descobrir a infração o servidor já estiver aposentado? Neste caso,


a punição será a cassação de aposentadoria.

OBS: O art. 127, da Lei nº 8.112/90 enumera as seguintes sanções:


- Advertência
- Suspensão: (geralmente, em caso de reincidência da advertência).
- Demissão (as condutas estão no art. 132).
- Cassação de aposentadoria e disponibilidade (nas mesmas infrações do art. 132, quando o
servidor está aposentado).
OBS: No caso de cargo em comissão ou função de confiança, a pena grave não será
demissão, mas sim pena de destituição de cargo em comissão ou função de confiança. Essa
pena também é aplicada no caso de suspensão.

AULA 09 - 11/12/2008

CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Controle: Significa fiscalização, vigilância, orientação e correção de medidas. Em 1890,


foi criado no Brasil o primeiro Tribunal de Contas.

Controle político: Os poderes são independentes e harmônicos entre si, todavia, vigora
em nosso Estado Democrático a fiscalização mútua entre os Poderes. É o sistema do
check and balance. Não é objeto do estudo nesse capítulo.

Controle administrativo: Tem como idéia o controle de uma atividade administrativa,


não importando quem o realize, seja o Poder Executivo, Legislativo ou Judiciário.

Controle interno da Administração: é feito pela própria administração pública.


Quando o poder judiciário, legislativo e o MP desempenham atipicamente a função de
administração pública eles estão também realizando o controle interno da administração.

Existem duas bases do controle administrativo:


Princípio da Legalidade: O administrador só pode fazer o que a lei autoriza e determina.
Políticas Públicas: O administrador para resolver o que é conveniente e oportuno, ele
analisa a política pública adotada por aquele governo.

CNJ: não é órgão de controle externo do Poder Judiciário. Ele é órgão interno do Poder
Judiciário. É instrumento de controle administrativo. Isto é, é o próprio Poder Judiciário
controlando suas atividades administrativas. Competência do CNJ: art. 103-B, § 4º da
CF. é um órgão de controle administrativo e financeiro do poder judiciário. A natureza
das decisões do CNJ é administrativa.

§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder


Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de
outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:

OBS: O mesmo se aplica ao CNMP.

Poder ou Principio de autotutela administrativa: é prerrogativa que tem a


administração de se manter permanentemente controlada. Alguns autores entendem que
o principio da autotutela estaria fundamentado no art. 74, caput, CF.
Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada,
sistema de controle interno com a finalidade de:

# O que pode ser controlado? O mérito administrativo (conveniência e oportunidade).


Além do controle do mérito, ocorre também um controle de legalidade. Lembrar que o
poder discricionário do administrador está limitado aos princípios constitucionais, como
por exemplo, o princípio da proporcionalidade. Aí o Poder Judiciário pode controlar. (Ler
ADPF 45).
OBS: Quando se fala em política pública, o Estado tem liberdade para decidir, mas
respeitando os parâmetros constitucionais. Se não for razoável e constitucional, o Judiciário
irá rever o mérito. Ademais, o Estado só pode dar ou fazer aquilo que está dentro do
orçamento (p. da reserva do possível). Todavia, o Estado não pode escapar o mínimo
existencial (bloco mínimo de saúde, educação e segurança).

A legalidade que nos interessa é a legalidade lato sensu (amplo) que vem recebendo o
nome de controle de “jurisdicidade” ou “bloco de legalidade”.

Até 88 a legalidade era exclusivamente legal (estrita), bastava a obediência matemática


da lei, pois esta era o vetor da legalidade. É desta época que se dizia que o judiciário não
analisa o mérito administrativo.

Com a CF/88 surgiu princípios (moralidade, legalidade...) o que se verificou que a


legalidade estrita não era suficiente, ou seja, ao lado da lei existe uma serie de princípios
que devem ser obedecidos. A legalidade precisa ser de acordo com a lei e com o direito
como um todo.

Ex. Se pratico um ato previsto em lei, mas irrazoável ou com desvio de finalidade este ato
é invalido.

A validade da ação administrativa não apega a estrita legalidade.

(F) O controle da administração pública se restringe a legalidade restrita.

Art. 2º da lei 9.784/99:


Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,
finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa,
contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os
critérios de:
I - atuação conforme a lei e o Direito;

O STJ que não tiverem a lei própria devem aplicar a lei geral de processo administrativo.

Súmula 473: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios
que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo
de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em
todos os casos, a apreciação judicial.

O controle interno da administração não se restringe a revogação e anulação dos atos. Os


principais modos são estes, mas não são os únicos que existem. Ex. possibilidade de
rescindir um contrato; possibilidade encampar uma concessão; possibilidade de caducar
uma concessão etc.

CLASSIFICAÇÃO

Quanto ao órgão controlador:

1) CONTROLE LEGISLATIVO
É o Poder Legislativo realizando o controle da atividade administrativa. Ele realiza
controle sobre seus atos administrativos e atos administrativos dos demais poderes.

O seu principal mecanismo de controle é o Tribunal de Contas.

Tribunal de Contas
(Ler art. 71, CF).
É o “longa manos” do legislativo. É auxiliar.
O TC controla tanto a administração direta quando a administração indireta.
Até o ano de 2005, o TC não tinha o controle da SEM. Ao mesmo tempo ela tinha privilégio do
regime público. Hoje, a SEM também está sujeita ao controle do TC, eis que tem dinheiro
público.

STF: Há uma discussão se a Petrobrás seguirá a lei 8666/93 ou a licitação simplificada da Lei
tal. O TC disse que a lei é inconstitucional. A matéria chegou no STF, e a corte disse que a
súmula 347 não pode realizar controle concentrado e usurpar a função do STF. Segundo a
corte, o TC pode declarar inconstitucionalidade de atos específicos.
Súmula 347, STF: “O tribunal de contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a
constitucionalidade das leis e dos atos do poder público”.

CPI
Também é auxiliar de controle administrativo.

2) CONTROLE JUDICIÁRIO

É o Poder Judiciário realizando o controle da atividade administrativa. Ele realiza


controle sobre seus atos administrativos e atos administrativos dos demais poderes.

Mandado de Segurança
Ação de Improbidade – Tem duas forças: Rever o ato e punir o administrador.
Ação Popular.
Ação Civil Pública.

Se o controle judicial é de seus atos administrativos, ele pode fazer legalidade e mérito. Aqui
ele é o próprio administrador controlando. Todavia, o Controle judicial dos atos
administrativos dos outros poderes é chamado de Controle de legalidade, eis que ele não
pode rever o mérito dos outros poderes.

Quanto à extensão – O controle feito pela Administração pode ser:

1) CONTROLE EXTERNO
Lembrar o controle popular. Ex: Impugnando licitação, fiscalizando contas públicas, etc.

2) CONTROLE INTERNO

Quanto à natureza

1) CONTROLE DE LEGALIDADE

2) CONTROLE DE MÉRITO

De acordo com o momento (oportunidade)

1) CONTROLE PRÉVIO OU PREVENTIVO – Ocorre antes que o evento aconteça.

2) CONTROLE CONCOMITANTE – Pode acontecer por avocação, ou por determinação legal.


3) CONTROLE POSTERIOR OU À POSTERIORI – É o mais rigoroso e eficaz. É chamado
também de controle superveniente, repressivo, corretivo.

Quanto à hierarquia

1) CONTROLE HIERÁRQUICO – Tem a base na hierarquia e envolve os elementos do Poder


Hierárquico. O principal instrumento é a fiscalização hierárquica. É o chefe controlando os
subordinados. Ex: o recurso administrativo.

Recurso hierárquico próprio Recurso hierárquico impróprio


- é o recurso que será apreciado por - é aquele recurso que será apreciado
autoridade administrativa ligada a por autoridade administrativa que não
autoridade recorrida por um vínculo de tem vinculação hierárquica com a
hierarquia. Para ser possível não é autoridade recorrida. Para haver este
necessária regra legal específica, pois é recurso deve haver previsão legal
da natureza do poder hierárquico que o específica.
chefe hierárquico possa rever os atos de Ex: Decisão de presidente do BACEN
seus subordinados. que prevê recurso para Min. da Fazenda.

Novidades sobre o tema:


• Toda vez que a administração pública for extinguir uma conduta administrativa,
que produza efeitos favoráveis ao destinatário deverá assegurar a este o
contraditório e a ampla defesa. Ex. vai extinguir um contrato administrativo, uma
licitação etc.

Art. 49, § 3º e art. 78 , parágrafo único da lei 8666/93:


Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do procedimento somente poderá
revogar a licitação por razões de interesse público decorrente de fato superveniente
devidamente comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, devendo
anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros, mediante parecer
escrito e devidamente fundamentado.
3o No caso de desfazimento do processo licitatório, fica assegurado o contraditório e a
ampla defesa.
Art. 78: Parágrafo único. Os casos de rescisão contratual serão formalmente motivados
nos autos do processo, assegurado o contraditório e a ampla defesa.

Isso é o que se chama de “administração dialógica”.

MS 24268 RS e MS 25440: Deram origem a súmula vinculante nº 3º.

Art. 71 CF. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a
qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em
comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões,
ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato
concessório;

MS 24448: O STF seguiu uma linha diversa ao entendimento da súmula vinculante.


Concedido reforma, pensão ou aposentadoria devem ser remetidas ao TCU para fins de
registro, que a principio não tem contraditório, salvo se processo durar mais de 5 anos, o
que será obrigatório o oferecimento do contraditório.

Acompanhar o MS 25.116 STF para verificar se o STF está mudando o entendimento


quanto a súmula vinculante.

• 07-04-08 (decisão do STF): MS 26085: o STF seguiu o entendimento do STJ no REsp


488905).
Costuma-se dizer que a anulação de contratos produz efeitos ex tunc, salvo em relação
aos terceiros de boa-fé. Ex. a nomeação de um professor foi invalidade porque fraudou
um concurso,os alunos não serão prejudicados por este ato.

Em relação aos destinatários de boa-fé (novidade STJ REsp 488905): servidores do RS


que receberam verbas durante um período com boa-fé, ocorreu a anulação do ato, mas
não tiveram que devolver o dinheiro recebido por terem agido de boa-fé, ou seja, apesar
da anulação o efeito do ato foi ex nunc e não a regra (ex tunc). A doutrina moderna
chama isso de estabilização de efeitos.

# Quem pode iniciar o controle interno?


• Por provocação (Art. 5º, XXXIV, alínea “a” da CF) – é o direito constitucional de
petição.

Principio do formalismo relativizado: Ex: quando um concurso público não exige


formalidade no momento do recurso.

# Reformatio in pejus é cabível? É possível, salvo disposição legal em contrário.

Art. 69, lei 9.784/94.

Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a reger-se por lei


própria, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei.

Não confundir recurso com pedido de revisão.

Recurso Pedido de Revisão


- aqui é possível reformatio in pejus - aqui não há reformatio in pejus.
(art. 64) (art. 65, p. ú)

Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar, modificar, anular
ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua
competência.
Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder decorrer gravame à
situação do recorrente, este deverá ser cientificado para que formule suas alegações
antes da decisão.

Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções poderão ser revistos, a
qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias
relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada.
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento da sanção.

# Por que pode haver reformatio in pejus pela administração no recurso? Já que
pode a própria administração pública agir de oficio para piorar a situação do agente, nada
impede que administração quando provocada possa também piorar a situação do agente.

Art. 51, §2º: é o mesmo fundamento utilizado para possibilidade de reformatio in pejus e
caso de recurso administrativo.

Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação escrita, desistir total ou


parcialmente do pedido formulado ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis.
§ 1o Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia atinge somente quem a
tenha formulado.
§ 2o A desistência ou renúncia do interessado, conforme o caso, não prejudica o
prosseguimento do processo, se a Administração considerar que o interesse público
assim o exige.
# O controle pode ocorrer de forma preventiva? SIM. a doutrina chama isso de
controle preventivo ou “a priori”.

# O controle pode ser concomitante a realização do ato? SIM. ex. durante a


execução de um contrato de concessão o poder público tem que fiscalizar a execução dos
serviços prestados pela concessionária.

O mais comum é o controle repressivo ou sucessivo ou a “posteriore”.

Controle Jurisdicional: feita pelo Poder Judiciário.

Art. 5º, IIIV, CF: Principio da inafastabilidade do controle judicial em caso de lesão ou
ameaça a direito.

Legalidade latu sensu ou de jurisdicidade: é controle feito pelo Judiciário dentro de


sua função típica.

Legalidade administrativa (reserva legal): quem define o que a administração irá fazer
ou deixar de fazer é a lei.

Modos de agir da administração:


• Vinculado: a lei prevê uma hipótese em que se uma única forma de agir. Ex. o tipo
legal traz o verbos da seguinte forma: deverá, será etc. ex: licensa gestante.

• Discricionário: a lei prevê uma hipótese para cuja concretização a lei possibilita
mais de uma forma de agir. Veja que a discricionariedade decorre da própria lei e
não da falta dela Ex: licença para interesse particular. A lei diz: poderá ser
concedida a licença.

Mérito administrativo: É o critério de concretização de regras discricionárias pelo qual


o administrador elege dentre as soluções legais qual é a melhor ao interesse público
(conveniência) a partir da valoração do caso concreto contido na hipótese.

# É possível o judiciário controlar o mérito administrativo?


O judiciário não pode controlar o mérito administrativo no sentido de não poder rever
decisões válidas de conveniência e oportunidade.
Para aqueles autores que sustentam que o judiciário controla o mérito administrativo, tal
controle representaria a análise da juridicidade latu sensu ou de validade da decisão
administrativa.

Atos interna corporis: O judiciário, via de regra, não pode controlar atos “internas
corpori”, todavia, se o ato for inválido por algum vicio (cassação de mandato de
parlamentar sem observar o contraditório) poderá o judiciário analisar a jurisdicidade do
ato.

Conceito jurídico indeterminado: Ex. urgência, relevância, interesse público, mulher


honesta, notório saber jurídico etc.
Existe uma orientação doutrinária minoritária (Celso Antonio, Di Pietro etc) que entendem
que a previsão de um conceito jurídico indeterminado significaria espécie de
discricionariedade.

Todavia, a orientação majoritária (RE 24699 e 167137 - STF) é de que o conceito jurídico
indeterminado é de interpretação e não de discricionariedade trazida pela lei. Logo, o
controle sobre a interpretação é maior do que o controle exercido sobre a
discricionariedade.
Ex: nomeação de um dentista para conselheiro do TCE, só que este dentista já foi
governador de um Estado por vários anos, portanto, detentor de ampla experiência. O TJ
de um estado disse que este ato é discricionário que não pode ser revisto pelo Judiciário.
A questão chegou ao STF que disse que a questão era de interpretação e não de
discricionariedade, o que permite a análise pelo judiciário, que inclusive foi revisto pelo
STF.

O controle jurisdicional deve ser provocado.

O controle jurisdicional é em regra repressivo ou “a posteriore”, podendo ser em alguns


casos ser preventivo (MS preventivo, HC preventivo etc.) desde que se possa fazer prova
de uma ilegalidade que está prestes a acontecer.

Não existe a possibilidade de controle concomitante pelo poder judiciário.

Controle legislativo:
a) Tribunais de contas (art. 70 a 75 da CF)

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer
prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores
públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e
mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou
outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer
título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das
concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que
não alterem o fundamento legal do ato concessório;
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão
técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União
participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio,
acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou
por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as
sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano
causado ao erário;
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos
Deputados e ao Senado Federal;
XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.
§ 1º - No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional,
que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.
§ 2º - Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as
medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.
§ 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título
executivo.
§ 4º - O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas
atividades.

Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante
controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da
lei.
§ 1º - O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de
Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios,
onde houver.
b) CPI: Possui poderes instrutórios de juiz penal, devendo os atos ser motivados todos
os atos.

Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias,
constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que
resultar sua criação.
§ 3º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios
das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão
criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente,
mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e
por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para
que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.

c) Solicitação de esclarecimentos (art. 50 CF)


d) Art. 52, VII, VII e VIII:

e) Art. 49, V, CF: sustar os atos normativos que exorbitem o poder regulamentar.
f) Art. 52, I e II, CF.
g) Art. 49, I, IV, XII, XIV, XVI e XVII e art. 52, III, IV, V e XI.
LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL (LC 101/00)

Histórico: aparece num momento em que havia muito desequilíbrio entre as receitas e
despesas. Quando faltava dinheiro o governo precisa de dinheiro, simplesmente emitia
moeda, provocando uma grande crise na economia pública.

O administrador não se preocupava com a emissão de moeda e títulos. A grande solução


para o governo estadual e municipal era o governo federal que sempre ajudava estes
governos com suas dividas. A lei veio para que cada ente federado se preocupasse com
seu dinheiro.

A lei serviu para que os entes políticos começassem a se planejar, sob pena de não ter
repasse, ou seja, ela cria limites e penalidades para o ente e administrador que não
respeitar.

Fundamento constitucional: art. 165 e segts.

É chamada de código de conduta do administrador público. Ela visa compromisso do


administrador com as leis orçamentárias. Ela não visa punir, ela na verdade quer prevenir
uma sanção. Todavia, prevê sanção na própria lei ou determina a aplicação do código
penal, da lei de improbidade, lei de crime de responsabilidade.

Visa uma ação planejada e transparente na atuação administrativa. Visa evitar riscos para
que o administrador de hoje não deixe riscos para o administrador do amanhã. O
administrador deve tomar cuidado com as despesas e com as receitas, devendo planejar
por meio de uma gestão fiscal.

Ela não apenas define com será gasto, mas também como será arrecadado, ou seja, um
equilíbrio entre as despesas e receitas. Ex. antes da lei existiam municípios que gastava
120% da receita com pagamento de pessoal, pois não existíamos limites existentes hoje
na lei.

Conclusão das finalidades da LRF:


• Ação planejada;
• Ação transparente;
• Evitar riscos
• Ter cuidado com as arrecadação para que se ocorrer falta corrigir de imediato, para
evitar riscos maiores;
• Garantia de equilíbrio das contas (receitas e despesas)

Pessoas jurídicas sujeitas a estas leis:


• Administração direta (U, E, M, DF), todos os poderes (PE, PL (também os tribunais
de contas da União, dos Estados e dos Municípios onde existir), PJ) estão sujeitos a
fiscalização, inclusive o MP; o DF é tratado como Estado para efeito de limites
de gastos da LRF (Art. 1º da LRF) – ADI 3756 - decidiu que o DF deve mesmo
seguir os limites dos Estados. O DF teve o prazo de 8 meses para se igualar aos
estados a partir da publicação da lei (art. 23 da lei)
• Administração indireta (autarquias e fundações públicas) e empresas estatais
(empresa pública e sociedade de economia mista) dependentes; para ser
dependente precisa ser controlada, que significa a maioria do capital votante nas
mãos do poder público e receber recursos financeiros do poder público para
despesas com pessoal e para as custeio em geral (despesas de
manutenção/sobrevivência). Se o repasse for para aumento da participação
orçamentária não será considerada empresa estatal dependente.
Art. 1o Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças públicas
voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no Capítulo II do
Título VI da Constituição.
§ 1o A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e
transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar
o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de
resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no
que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da
seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de
crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição
em Restos a Pagar.
§ 2o As disposições desta Lei Complementar obrigam a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios.
§ 3o Nas referências:
I - à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, estão
compreendidos:
a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os Tribunais de
Contas, o Poder Judiciário e o Ministério Público;
b) as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias, fundações e
empresas estatais dependentes;
II - a Estados entende-se considerado o Distrito Federal;
III - a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Contas da União, Tribunal
de Contas do Estado e, quando houver, Tribunal de Contas dos Municípios e
Tribunal de Contas do Município.

Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão referido no art. 20,
ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo, sem prejuízo das medidas
previstas no art. 22, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois
quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro, adotando-se,
entre outras, as providências previstas nos §§ 3o e 4o do art. 169 da
Constituição.
§ 1o No caso do inciso I do § 3o do art. 169 da Constituição, o objetivo poderá ser
alcançado tanto pela extinção de cargos e funções quanto pela redução dos
valores a eles atribuídos. (Vide ADIN 2.238-5)
§ 2o É facultada a redução temporária da jornada de trabalho com adequação
dos vencimentos à nova carga horária.(Vide ADIN 2.238-5)
§ 3o Não alcançada a redução no prazo estabelecido, e enquanto perdurar o
excesso, o ente não poderá:
I - receber transferências voluntárias;
II - obter garantia, direta ou indireta, de outro ente;
III - contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao
refinanciamento da dívida mobiliária e as que visem à redução das despesas
com pessoal.
§ 4o As restrições do § 3o aplicam-se imediatamente se a despesa total com
pessoal exceder o limite no primeiro quadrimestre do último ano do mandato
dos titulares de Poder ou órgão referidos no art. 20.

Aspectos da LRF:

Conceitos importantes (art. 2º LRF):

Planejamento (ART. 4º a 10 LRF):


• 1º passo: PPA (4 anos): previsão para União na CF, para os estados vai depender da
CE e para os municípios da lei orgânica. Visa definir as metas e planos de governo
no prazo de 4 anos. O prazo de 4 anos não é coincidente com o mandato do chefe
do dirigente. Ex. se o mandato começa em 2007, o PPA começa em 2008 e termina
e 2011, pois no primeiro ano do mandato se prepara o plano. O projeto de lei é
feito pelo poder executivo, sendo enviado para o Poder legislativo até o dia 31 de
agosto do ano seguinte ao primeiro ano do mandato para apresentar o projeto. O
legislativo tem até o dia 31 de dezembro para devolver ao presidente da República
para sancionar ou vetar o projeto.
• 2º passo: LDO (1 ano): define as metas e ações para cada ano da PPA. Ela também
orienta a LOA.
• 3º passo: LOA (1 ano): quantifica de forma detalhada o quanto será gasto em cada
uma das ações definidas na LDO. Cada poder deve apresentar a estimativa de
quanto vai gastar até o dia 31 de julho de cada ano. O chefe do executivo compila
tudo isso e faz um projeto de lei apresenta ao Congresso Nacional até o dia 31 de
agosto de cada ano, devendo o CN devolver o projeto até o dia 31 de dezembro de
cada ano.

A LDO e LOA são a repartição da PPA nos 4 anos para cada ano da gestão.

A LDO e LOA andam juntas, devendo primeiro ser aprovada a LDO para depois se aprovar
a LOA. A LDO deve ser enviada pelo PE para o PL até o dia 15 abril de cada ano e tem o
PL que devolver ao PE até o dia 30 de junho de cada ano, sob pena de o congresso não
entrar em recesso (fica em sessão extraordinária até entregar a LDO ao poder executivo).
O PE que tem que o dever de compilar todos os projetos que são enviados pelos demais
poderes, o que não significa que o PE manda nos projetos dos demais poderes.

A cada ano teremos uma LDO e uma LOA.

A LDO precisa de algumas informações complementares, que são chamadas de anexos,


são os seguintes:
• Anexo de metas fiscais: traz todas as definições das metas fiscais;
• Anexo de riscos fiscais: serão definidos os riscos de não arrecadação, que pode
causar possíveis prejuízos para a administração;
• Anexo específico: define as políticas monetária, creditícia e cambial. Ex metas para
reduzir a inflação etc.

Feito isso já se sabe quais será as ações do ano seguinte.

Depois de aprovada a LOA é feita uma programação financeira de desembolso, que é


quanto será gasto em cada mês. Publicada a LOA tem 30 dias para fazer esta
programação financeira de desembolso. Esta programação está vinculada à entrada de
recurso (crédito orçamentário).

A LOA além da receitas e despesas, ela também compreende:


• Todo o orçamento fiscal;
• Tudo que será investido em empresas;
• O orçamento da seguridade social;

A LOA também possui anexos, que define a sua compatibilidade com a LDO (1º anexo). O
2º anexo trata de quanto será gasto em cada região (saúde, educação etc). O 3º anexo é
o de reserva de contingência, que define um valor X (poupança ) que será usado em caso
de situação de risco.

Proibições da LOA:

• Não pode tratar de elementos estranhos à receita e despesa; todavia, é possível


tratar de créditos suplementares e de contratação de operação de crédito;
• Não posso definir finalidades imprecisas, devendo ser previamente definido em que
área o dinheiro será gasto;
• É necessária uma dotação limitada; a LOA não pode ser ilimitada;
• Não posso prever recursos ou dotações em longo prazo (superior a um ano) se não
estiver prevista na PPA;
Relatórios:

Na execução da LOA é muito importante a presença dos relatórios. Os relatórios são


prestações de contas daquilo que já foi executado. Ex. o que foi planejado para estes dois
meses já foi cumprido. É a confirmação dos resultados obtidos.

Os relatórios também servem para explicitar que não existe tarefa acumulada, ou seja,
nada do que foi programado ficou sem fazer.

Conclusão:
• Prestação de contas;
• Define o que foi cumprido dentro das etapas previstas;
• Define todos os impedimentos e os desvios, ou seja, o que ficou sem fazer. Quando
surge desvios, algumas medidas devem ser tomadas. Ex. com o fim da CPMF teve
que ser feita algumas medidas para compensar este desvio.

Existe um projeto de uniformização destes relatórios, para que se facilite a linguagem e


ajude na compilação feita pelo poder executivo.

Espécies de relatórios:
• Relatório de execução orçamentária: vai definir os resultados do que foi cumprido
em cada etapa. O PE vai entregar ao PL, para em seguida ser publicado. É feito
bimestralmente, sendo que vencido o bimestre, o administrador tem 30 dias para
entregar o relatório. O relatório traz futuros comprometimentos caso se ultrasse os
valores de gastos no bimestre anterior.

• Relatório de gestão fiscal: estabelece as informações sobre aquilo que estava


previsto para execução. Este relatório é quadrimestral, devendo ser entregue em
maio, setembro e fevereiro. Vencido o quadrimestre tem 30 dias para entregar.

Estabelecido o relatório e se houver algum comprometimento, deve haver limitação no


próximo bimestre para conseguir cumprir a meta.

Art. 9o Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita


poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou
nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério
Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta
dias subseqüentes, limitação de empenho e movimentação financeira, segundo
os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.
§ 1o No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda que parcial, a
recomposição das dotações cujos empenhos foram limitados dar-se-á de forma
proporcional às reduções efetivadas.
§ 2o Não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações
constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do
serviço da dívida, e as ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias.
§ 3o No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público
não promoverem a limitação no prazo estabelecido no caput, é o Poder
Executivo autorizado a limitar os valores financeiros segundo os critérios
fixados pela lei de diretrizes orçamentárias. (Vide ADIN 2.238-5)
§ 4o Até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro, o Poder
Executivo demonstrará e avaliará o cumprimento das metas fiscais de cada
quadrimestre, em audiência pública na comissão referida no § 1 o do art. 166 da
Constituição ou equivalente nas Casas Legislativas estaduais e municipais.
§ 5o No prazo de noventa dias após o encerramento de cada semestre, o
Banco Central do Brasil apresentará, em reunião conjunta das comissões
temáticas pertinentes do Congresso Nacional, avaliação do cumprimento dos
objetivos e metas das políticas monetária, creditícia e cambial, evidenciando o
impacto e o custo fiscal de suas operações e os resultados demonstrados nos
balanços.

Prestação de Contas:
O tribunal de contas desempenha um papel muito importante, pois controla as contas de
todos os poderes. Os poderes apresentam as contas para o chefe do executivo, que
compila e envia para o tribunal de contas.

Tribunais de contas:
• TCU
• TCE
• TCM: Município capital: tem tribunal de contas. E se tiver mais de 200 mil
habitantes.

O Tribunal de contas vai entregar o parecer prévio dentro de 60 dias, que será enviada
para o poder legislativo, que aprovará ou não estas contas. Se o município não tem
tribunal de contas próprio o prazo do parecer prévio será de 180 dias.

Estudar atuação do tribunal de contas na CF.

Receitas (art. 11 a 14 da LRF):


Receita corrente liquida: é aquilo que entra e está disponível para utilização. É o
somatório de algumas receitas, devendo ser deduzidas algumas verbas:
• Para União os valores transferidos aos Estados e Municípios em razão de repartição
constitucional e também a contribuição paga pelo empregador (art. 195, inciso I,
“a” CF) e a contribuição do programa de integração social;
• Para o Estado os valores transferidos aos Municípios em razão de repartição
constitucional;
• Para a União, Estado e Município os valores pagos ao regime próprio de previdência
de previdência.

Art. 2o Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como:


IV - receita corrente líquida: somatório das receitas tributárias, de
contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços,
transferências correntes e outras receitas também correntes, deduzidos:
a) na União, os valores transferidos aos Estados e Municípios por determinação
constitucional ou legal, e as contribuições mencionadas na alínea a do inciso I e
no inciso II do art. 195, e no art. 239 da Constituição;
b) nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação
constitucional;
c) na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos servidores para o
custeio do seu sistema de previdência e assistência social e as receitas
provenientes da compensação financeira citada no § 9o do art. 201 da
Constituição.

Quando se fala em receita corrente liquida como é feita esta apuração? Sempre se soma
as receitas apuradas no mês de referência mais os 11 meses anteriores. (ex. mês de
janeiro (mês de referencia) mais os 11 meses anteriores).

O que vem de cobrança judicial e administrativa é computado como receitas.

Renúncia de receita: é importante e feita de forma condicionada. É um tratamento


diferenciado que depende de algumas condições:
• Deve ser feito um estudo de impacto orçamentário;
• Verificar se os recursos estão compatíveis com LDO;
• Verificar se estão sendo comprometidas as metas traçadas, devendo ser instituída
medidas de compensação. Ex. com o fim da CPMF foram feitas medidas para
compensar a renúncia de receita.
Despesas (Art. 15 a 24 da LRF)

Temos três seções de despesas:

• Despesa obrigatória de caráter continuado: são despesas que comprometem


pelo menos dois exercícios. Este tipo de despesa depende de um ato formal (lei,
medida provisória, ato administrativo de caráter normativo).
• Despesa de pessoal: o artigo 169 da CF foi alterado pela EC 19/98 que remete
aos limites LRF. Quando nos falamos de limites com pessoal, isso serve para os três
poderes, sendo computado naquilo que se arrecada. Para se chegar a este limite
deve somar todas as remunerações pagas para o pessoal (o que é pago para os
servidores na atividade, os inativos, os pensionistas, cargo em comissão, cargo,
emprego, terceirização de mão de obra, ou seja, qualquer tipo de gasto com
pessoal).

Para a União o limite de receita é de 50% devendo ser repartido entre o PE


(37,9%), PL e TCU (2,5%), PJ (6%), e MPU (0,6%), sendo que a lei define um
percentual para cada um. Não podemos esquecer que a União ajuda o DF e os
territórios e ex territórios, sendo reservado um percentual de 3% da sua receita
para arcar com as despesas do PJ, MPDF e policia. A legislação também os ex
territórios para ajudar no crescimento destas regiões.

Nos estados o percentual é de 60% dividido da seguinte forma: o PE (49%), o PL e


TCE (3%), PJ (6%) e para o MP (2%).

No município temos também 60% o percentual, dividido da seguinte forma: PE


(54%) e PL (6%).

Algumas verbas não se incluem no limite com pessoal:


• Verbas indenizatórias em caso de demissão;
• Valores pagos em pedido de demissão voluntária (ex. trabalhadores do
banco do Brasil foram incentivados ao PDV);
• Pagamentos das sessões extraordinárias ao Congresso Nacional (a EC 50);
• Decisão judicial;
• Despesas de pessoal com o DF, Amapá e Roraima;
• Despesas com inativo entra em regra, salvo exceções do artigo 19, §1 da
LRF.

Quando ocorrer desvio da regra do orçamento, haverá dois quadrimestre para se


enquadrar, não podendo deixar para o ultimo quadrimestre. Deve haver 1/3 de redução
no primeiro quadrimestre, podendo o resto ocorrer o resto no segundo quadrimestre.

Medidas de reenquadramento das despesas com pessoal:


• Cargo em comissão ou função de confiança pelo menos 20%;
• Não estáveis o quanto for necessário;
• Estáveis com direito a indenização;
• Extinção de cargo, somente podendo ser recriado 4 anos depois da extinção;

A lei também complementa que alem da redução do numero de cargos, existe a


possibilidade de redução temporária de jornada de trabalho para reduzir os custos.

Quando o gasto com pessoal exceder a 95%, o ente fica proibido de:
• Mexer com vantagem remuneratória (ex. aumentar remunerações), salvo em caso
de decisão judicial;
• Não pode criar cargo, emprego e função, pois são casos de acréscimo de despesa;
• Não pode alterar o plano de carreira que crie despesas;
• Não pode fazer provimento de cargo que esteja vago;
• Não pode fazer a contratação de horário extraordinário;

Regras de transição para que os entes cumprissem os limites foi de 2 anos (50%).

Transferência voluntaria: é feita a titulo de cooperação/assistência financeira entre os


entes federados. Ex. em caso de calamidade, segurança pública etc.

Fica fora da transferência voluntária:


• Repartição constitucional de tributos (é obrigação);
• Transferência feita pelo SUS (é obrigação);

Investir dinheiro público no setor privado tem alguns limites:


Pode ser para pessoa física ou jurídica, sendo necessária:
o Autorização legislativa específica;
o Atender a LDO;
o Previsão no orçamento ou em créditos adicionais;

Qualquer desrespeito as essas exigências haverá transferencia ilegal.

• Despesa com seguridade social: é estudo do direito previdenciário.

Dívida pública consolidada ou fundada (art. 29 da LRF):

A dívida pública é comprometer aquilo que não estava programado. Não significa o
mesmo que despesa.

A dívida fundada é aquela com o prazo de amortização superior a 12 meses. Os limites


são definidos pelo senado federal com proposta feita pelo Presidente da República. O
endividamento deve ser feito dentro de um percentual previsto na receita. O
endividamento é diferente de despesa diária, pois aquela não está nos planos de gasto.
Se ocorrer de ultrapassar o limite de endividamento, o ente tem o prazo de 12 meses
para se reenquadrar. Nos primeiros 4 meses é necessário pelo menos 25%. Isso é feito de
forma não drástica, devendo ser feito de maneira paulatina.

Art. 29. Para os efeitos desta Lei Complementar, são adotadas as seguintes
definições:
I - dívida pública consolidada ou fundada: montante total, apurado sem
duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Federação, assumidas em
virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações
de crédito, para amortização em prazo superior a doze meses;

Mecanismos de controle:
A LRF traz muito a idéia de transparência. Qual tipo de providência a lei traz como
mecanismos de controle?
• Relatórios de gestão fiscal e de execução orçamentária;
• Balanços simplificados das finanças (é o resumo das contas bancárias);
• Havendo dúvida, deve ser realizada a audiência pública;
• Prestação de contas feitas ao poder legislativo e ao tribunal de contas;
• Controle popular, pois as contas ficam à disposição da população por um período.

Penalidades na LRF:

Já vimos que esta lei não visa para punir, mas sim para prevenir. Todavia, ela traz
algumas penalidades:
• Penas institucionais: são as medidas que atingem o ente político e não para o
administrador. Quando o ente ultrassa o limite pessoal já vimos que tem um monte
de deveres a cumprir. Se o ente tem um prazo para se adequar e se não se fizer no
prazo estará sujeito a penas institucionais. Estas penas têm a características com
intuito de fazer pressão para se cumprir os limites.

• Penas pessoais: neste caso atinge a pessoa do administrador. A LRF não atinge
diretamente o administrador, ela somente faz remissão de que será punida de
acordo com alguma lei (p. ex. lei de improbidade, crime de responsabilidade (lei
1079/50 ou decreto-lei 201/67 (prefeito e vereador), lei penal etc.)

Meses que antecedem a eleição (ultimo ano do mandato):

Além da lei de responsabilidade fiscal, o senado federal também traça algumas proibições
e o fez por meio da resolução 43/2001.

Qual tipo de proibição acontece nestes períodos?


• Operação de credito que caracterize antecipação de receita: não posso no
ano da eleição realizar contratação que gera antecipação de credito do ano
seguinte, pois a lei quer que o administrador de hoje não comprometa o
administrador do amanhã;
• Contrair despesa que não possa ser paga no exercício financeiro;
• Não pode qualquer contratação de pessoal que gere aumento de despesa
no prazo de 180 dias anteriores que antecedam o fim da legislatura. (a
nomeação, fazer concurso até que podem ser feitos desde que não haja aumento
de despesa).

Existem algumas outras proibições na legislação eleitoral que visam evitar que os
candidatos consigam votos.

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