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AULA 01 – 29/08/2008
Art. 1o Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da
União, das autarquias, inclusive as em regime especial, e das fundações
públicas federais.
Histórico:
1) CR/88:
A preocupação da CR/88 era de criar um único regime. No seu art. 39 original, previa que
aquele que trabalhasse para administração pública direta, autárquica ou fundacional teria
vinculação a um regime jurídico único, ao passo que aquele que trabalhasse em empresas
públicas e sociedades de economia mista seriam regidos pela CLT.
2) EC 19/98:
A Lei 9.986/00 transformou os quadros das agências reguladoras para celetistas. O STF,
na MC-ADI (capinha não pegou o n.), entendeu que não se poderia conferir ao servidor
celetista poder de polícia.
3) MC ADI 2135
O STF (INF. 474) constata que teria ocorrido afronta ao sistema bicameral (art. 60, §2º).
Assim, suspende a eficácia do art. 39 e volta o texto original. A decisão possuiu efeitos ex
nunc.
É uma espécie de agente público que mantém com a administração pública um vínculo
estatutário, sujeito a um regime jurídico único que no plano federal deve exercer suas
funções junto a administração pública direta, autárquica ou fundacional.
Veja que estes dois artigos se complementam, embora não conceituam efetivamente
cargo e servidor público.
STJ-RMS 16.923: entendeu que a regra da CR/88 que diz que os cargos, empregos e
funções acessíveis aos estrangeiros, na forma da lei, é de eficácia limitada, ou seja, deve
haver lei para que haja tal possibilidade.
Porque os cargos públicos são criados por lei? Por razões de ordem orçamentaria. O
principio do paralelismo das formas não é de aplicação absoluta aqui.
Existe aparente contradição entre os incisos. A doutrina entende que o PR pode extinguir
cargos por decreto quando vagos e por lei se providos. Para criá-los somente pode ser
feito por lei.
1) Provimento efetivo
2) Provimento em comissão
Ex1: O STF entende que a limitação de idade para policial militar é razoável.
Ex2: altura mínima para ocupar cargo público. Para cargos de atribuição burocrática (ex.
escrivão de policia) o STF afastou a necessidade de altura mínima.
Não é qualquer deficiência que vai justificar a esta reserva, a moléstia deve ser grave e
suficiente para garantir esta política afirmativa.
OBS: Todas as demais são formas de provimento derivado, porque em todas elas se
exige que a pessoa seja ou tenha sido servidor publico.
1) Concurso público
NEWS:
3) Posse
Investidura é o ato pelo qual se liga o servidor ao cargo. E isso ocorrerá com a
posse. Embora a nomeação já proveja o cargo, somente com a posse que o sujeito
adquire o status de servidor público.
Efeitos jurídicos:
Art. 169, § 4º, CF: Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem
suficientes para assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida
neste artigo, o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo
motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade
administrativa objeto da redução de pessoal.
OBS: Situação inusitada: O prazo para estabilidade (garantia menor) exige prazo maior
(03 anos). Por outro lado, o prazo para a vitaliciedade (garantia maior) exige prazo menor
(02 anos). É bom lembrar que existem magistrados que adquirem o a vitaliciedade
automaticamente: Os que ingressam em tribunais pelo quinto constitucional.
Art. 41 CF. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores
nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.
• Prazo de 3 anos.
A lei 8.112 ainda fala em dois anos. Pegar matéria marinela....
• Estágio probatório (art. 41, § 4º, CF)
Art. 41 CF:
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação
especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
AULA 02 – 01/09/2008
Em regra, os cargos efetivos são organizados em carreira. Isso faz com que por critérios
alternados (merecimento e antiguidade) os servidores passem de um grau na carreira
para outro. Esse deslocamento de um grau para outro recebe o nome de promoção.
V - READAPTAÇÃO;
Ex: João é policial federal e perde o dedo que atira. Ele não poderá ser curado. Por outro
lado, a sua diminuição da capacidade laboral não é absoluta (se fosse, deveria ser
aposentado por invalidez), sendo possível readaptá-lo para outro cargo, como por
exemplo, escrivão. Logo, readaptação é uma situação intermediária.
Obs: A lei permite que o servidor exerça a função do cargo, sem estar definitivamente
ocupando o respectivo cargo. Ele exercerá o cargo como excedente.
Até 2001 existia somente uma forma de reversão. Agora temos dois casos:
• Aposentadoria por invalidez: ex: a moléstia que ocasionou a aposentadoria
deixar de existir.
• Aposentadoria voluntária: servidor aposentado voluntariamente retorna a
atividade a seu pedido.
VII - APROVEITAMENTO;
Note-se que somente será reaproveitado o servidor estável. O servidor não estável
será exonerado, no caso de extinção do cargo.
Lei 8.112/90:
VIII - REINTEGRAÇÃO;
O servidor reintegrado terá direito à indenização pelo período que ficou injustamente fora
da administração.
a) A estabilidade é uma garantia funcional que liga o servidor ao seu cargo ou ao cargo
resultante de transformação, não sendo cabível o aproveitamento da estabilidade
adquirida em um cargo em outro cargo. Ex: pessoa já tem estabilidade no cargo de
agente da PF e é aprovado em concurso para delegado da PF. Neste caso, deve de novo
passar pelo período de estágio probatório.
b) Exoneração é desligamento não punitivo. Demissão é desligamento punitivo. Por isso
que é equivocada a sigla PDV: Plano de demissão voluntário. Ora, se é voluntário não
poderia ser punitivo.
STF MS 24.543:
FORMAS DE VACÂNCIA:
I - EXONERAÇÃO;
Forma de desligamento não punitivo. Não é voluntário simplesmente, pois, p. ex. quando
não se é aprovado no estágio probatório, ocorre exoneração.
II - DEMISSÃO;
III - PROMOÇÃO;
VI - READAPTAÇÃO;
VII - APOSENTADORIA;
IX - FALECIMENTO.
Os chamados agentes políticos (aqueles que desempenham função estatal típica: Chefe
de executivo de primeiro escalão, magistrados e membros do MP, legisladores em geral).
Estes recebem subsídio – Valor fixo, vedado qualquer acréscimo de vantagem.
ACUMULAÇÕES DE CARGOS
A regra geral é que não seja possível a acumulação de cargos ou empregos públicos. É
uma norma que pretende evitar a concentração de renda.
Todavia, existem casos em que o servidor na atividade pode acumular cargos públicos,
observadas as condições do art. 37, XVI e XVII, da CF/88:
• A soma dos cargos não poderá ultrapassar o teto remuneratório do Ministro do STF,
nos termos do art. 37, XI, CF.
• Compatibilidade de horários:
− Não colidência
− A acumulação não pode ultrapassar 60 horas semanais.
OBS: dedicação exclusiva impede a acumulação;
Existe, ainda o preceito restritivo do art. 117, XVIII , que veda “exercer quaisquer
atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o
horário de trabalho”; Como por exemplo, o servidor é sócio de construtora e
trabalha no setor de licitações da administração pública.
Art. 37 CF:
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria
decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo,
emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma
desta Constituição (na atividade – art. 37, XVI), os cargos eletivos e
os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e
exoneração.
A regra geral é que, o aposentado não pode acumular o seu provento com a
remuneração de um cargo, emprego ou função pública. Porém esta regra, admite
exceções:
Art.40 CF:
§ 6º - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos
acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de mais
de uma aposentadoria à conta do regime de previdência previsto neste artigo.
A regra geral, é que o servidor não pode receber proventos de duas aposentadorias
do art. 40, CF/88. Exceções:
STF: Terceiro lesado não pode demandar diretamente contra o agente. STF RE 327.904
EMENTA MS 24182
AULA 03 – 03/09/2008
Lei 8.112/90:
Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se,
sendo independentes entre si.
Lei 8.112/90:
Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso
de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria.
Além das responsabilidades acima, existem outras: por improbidade; fiscal; eleitoral etc.
I - ADVERTÊNCIA;
Conceito: É uma pena aplicada por escrito. Não se trata de admoestação verbal, mas tem
um efeito subjetivo de “chamar a atenção”. Tal anotação vai para o assentamento
individual (ficha funcional) do servidor (efeito objetivo). O servidor fica com a ficha suja.
Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos de violação de
proibição constante do art. 117, incisos I a VIII e XIX, e de inobservância de
dever funcional previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que não
justifique imposição de penalidade mais grave.
Art. 117:
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do
chefe imediato;
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer
documento ou objeto da repartição;
III - recusar fé a documentos públicos;
IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou
execução de serviço;
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição;
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o
desempenho de atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu
subordinado;
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação
profissional ou sindical, ou a partido político;
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança,
cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil;
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado.
II - SUSPENSÃO;
É uma pena pela qual o servidor ficará afastado de suas funções com total prejuízo de sua
condição funcional por um prazo não superior a 90 dias.
Obs: Quando o afastamento do servidor, além de prejudicá-lo, prejudicar a própria
administração, a lei prevê a conversão da suspensão em multa.
Obs2: As penas pecuniárias aplicadas pela administração não são executórias quando
decorrentes do poder de polícia. No entanto, quando decorrente do poder disciplinar, elas
serão auto-executórias, sendo executadas da folha de pagamento do servidor; Outra
exceção a não auto-executoriedade da pena pecuniária é no contrato administrativo.
Art. 117:
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa,
exceto em situações de emergência e transitórias;
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício
do cargo ou função e com o horário de trabalho;
III - DEMISSÃO;
II - abandono de cargo;
Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência intencional do servidor ao serviço
por mais de trinta dias consecutivos.
Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, nos casos dos incisos
IV, VIII, X e XI do art. 132, implica a indisponibilidade dos bens e o
ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível.
Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, por infringência do art.
117, incisos IX e XI, incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo
público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos.
Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público federal o servidor que for
demitido ou destituído do cargo em comissão por infringência do art. 132, incisos I,
IV, VIII, X e XI.
O STF tratou dessa questão de forma obter dictum - de passagem -, afirmando sua
inconstitucionalidade, mas não houve análise direta. Pela presunção da
constitucionalidade, a regra continua válida. O professor acha que isso o parágrafo
único é inconstitucional por se tratar de uma pena de caráter perpétuo.
Ocorre quando estes servidores praticarem faltas punidas com demissão ou suspensão. É
necessário instauração de processo administrativo disciplinar, ainda que ele possa ser
exonerado ad nutum;
OBS: Prazo regular máximo do processo disciplinar: 140 dias [60 + prorrogáveis por mais
60 + 20 (prazo de julgamento)]. Se durar mais de 140 dias, o recomeço do prazo
prescricional ocorrerá no 141º dia. (STF- RMS 22.728):
APURAÇÃO DO PROCESSO
Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar a imposição de
penalidade de suspensão por mais de 30 (trinta) dias, de demissão, cassação
de aposentadoria ou disponibilidade, ou destituição de cargo em comissão,
será OBRIGATÓRIA a instauração de processo disciplinar.
STJ: A sindicância por si só, não precisa observar o contraditório, mas se quiser
se valer da sindicância para aplicar punições, mesmo que leves, deve-se
assegurar o contraditório e ampla defesa.
• Por PAD:
Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servidor não venha a influir
na apuração da irregularidade, a autoridade instauradora do processo
disciplinar poderá determinar o seu afastamento do exercício do
cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da
remuneração.
Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por igual prazo, findo o
qual cessarão os seus efeitos, ainda que não concluído o processo.
Fases do PAD:
Todavia, levada à questão ao STF, a suprema corte editou a súmula vinculante nº05: “A
falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo não ofende a
Constituição”. Isto é, se a lei facultou a defesa técnica e o servidor não usa dessa
prerrogativa, isso não provoca a nulidade do processo. Seria inconstitucional se a lei
proibisse a presença do advogado.
ESTATUTO DA CIDADE:
O estatuto da cidade, o qual possui como base constitucional nos art. 182 e art. 183 da
CR que traçam as bases de uma política habitacional urbana, a fim de trazer um
desenvolvimento racional e equilibrado da ocupação do solo urbano (cumprimento da
função social estabelecida no plano diretor). Para tanto, traz diversos institutos que serão
a seguir estudados.
Geraldo Ataliba: é por isso que no direito administrativo, em regra, Lei federal não é Lei
nacional. Ex. de exceção: art. 22, II, CR (competência da união para legislar sobre
desapropriação).
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.
• Fundamento imediato:
Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta
metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição,
utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde
que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à
mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2º - Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
§ 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
Lei 10.257/01
Art. 1º:
§1º:
Os municípios podem criar outros instrumentos ao meio ambiente artificial, mas a lei
estabelece uma espécie uma espécie de piso de garantias (é o mínimo que se deve
assegurar).
Art. 2º:
Diretrizes gerais:
• Clara relativização do direito de propriedade;
• O bem privado passa a ser relevante para a coletividade (“publiciza-se” os bens
privados e “privatiza-se” o bem público). Traz o particular para a gestão dos
bens públicos;
• Gestão democrática da cidade;
O poder público deve identificar o terreno e notificar o proprietário de que o terreno está
subutilizado. Após a notificação, o proprietário tem prazo de 1 ano para apresentar o
projeto. Em seguida o poder público autorizará a construção pelo proprietário, sendo que
esse início deverá ocorrer até 2 anos após a autorização. O não cumprimento não gera
sanção, somente passa-se para a próxima etapa (IPTU progressivo).
OBS: transmissão ou sucessão (mesmo que causa mortis) não suspende o prazo.
Art. 5o Lei municipal específica para área incluída no plano diretor poderá
determinar o parcelamento, a edificação ou a utilização compulsórios do solo
urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, devendo fixar as condições
e os prazos para implementação da referida obrigação.
§ 1o Considera-se subutilizado o imóvel:
I – cujo aproveitamento seja inferior ao mínimo definido no plano diretor ou em
legislação dele decorrente;
II – (VETADO)
§ 2o O proprietário será notificado pelo Poder Executivo municipal para o
cumprimento da obrigação, devendo a notificação ser averbada no cartório de
registro de imóveis.
§ 3o A notificação far-se-á:
I – por funcionário do órgão competente do Poder Público municipal, ao
proprietário do imóvel ou, no caso de este ser pessoa jurídica, a quem tenha
poderes de gerência geral ou administração;
II – por edital quando frustrada, por três vezes, a tentativa de notificação na
forma prevista pelo inciso I.
§ 4o Os prazos a que se refere o caput não poderão ser inferiores a:
I - um ano, a partir da notificação, para que seja protocolado o projeto no
órgão municipal competente;
II - dois anos, a partir da aprovação do projeto, para iniciar as obras do
empreendimento.
§ 5o Em empreendimentos de grande porte, em caráter excepcional, a lei
municipal específica a que se refere o caput poderá prever a conclusão em
etapas, assegurando-se que o projeto aprovado compreenda o empreendimento
como um todo.
Art. 6o A transmissão do imóvel, por ato inter vivos ou causa mortis, posterior à
data da notificação, transfere as obrigações de parcelamento, edificação ou
utilização previstas no art. 5o desta Lei, sem interrupção de quaisquer prazos.
Se alguém compra o imóvel depois de ocorrida a notificação, deverá cumprir o que havia
sido notificado para o antigo dono.
0 1 2 3 4 5
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OBS: a doutrina diz que o IPTU progressivo é um dever para o poder público.
Passados os cinco anos, o poder público municipal escolhe entre: manter a alíquota
máxima alcançada na majoração (§ 2°) OU efetuar uma Desapropriação Sanção.
OBS: Os IPTUs progressivos previstos no Estatuto da cidade são uma espécie de punição
ao proprietário, não podendo, portando, receber o benefício da anistia ou concessões de
isenções.
De acordo com o art. 33 do CTN a base de calculo do IPTU é o valor venal do imóvel.
• Indireta:
OBS: Essa desapropriação não se confunde com o confisco, posto que nesse inexiste
indenização.
A concessão de uso especial para fins de moradia era quase uma desapropriação de bens
públicos previstos no art. 15 ao art. 20 do Estatuto da Cidade. Foram vetados estes
artigos visto que não estavam tratadas de forma detalhada, fazendo pela MP 2220 de 4
de setembro de 2001. Esta MP foi editada alguns dias antes da edição da EC 32/2001 (art.
2º), em razão disso a MP continua em pleno vigor.
Se alguém estiver usando um bem de até 250 metros quadrados e a mais de 5 anos,
desde que seja até dia trinta de junho de 2001, terá direito a concessão de uso especial
para fins de moradia. Isso é quase uma usucapião, pois é gratuito, não tem prazo para a
concessão, somente perdendo se der outra destinação ao bem ou se adquirir outro bem e
também é possível alienar por causa inter vivos ou causa mortis.
Requisitos:
• Até 31 de junho de 2001
• Possuir como seu
• Por 5 anos ininterruptamente e sem oposição
• Até 250 metros quadrados
• De imóvel público situado em área urbana
• Utilizando para sua moradia ou de sua família
Características:
• Gratuita;
• Conferida ao homem, à mulher ou à ambos;
• Não pode ser conferido ao mesmo concessionário mais de uma vez;
• Não tem prazo determinado (art. 8º da MP 2022/2001);
• Só se extingue nos casos do art.8º da MP 2022/2001:
- O concessionário dá destinação diversa à moradia.
- Adquirir outra concessão especial para fins de moradia.
• Transferido por atos entre vivos ou causa mortis;
Art. 2º da MP: Traz a possibilidade da concessão de uso para fins de moradia coletiva.
Art. 5º da MP: temos aqui uma faculdade de reconhecer o direito em outro lugar, o que
nos faz perceber que seria possível manter a pessoa ou família no lugar que já ocupa por
mais de 5 anos e até 30 de junho de 2001.
Art. 9º da MP: quem usou a área para fins comerciais, recebe a autorização de uso do
local, que é muito precário, diferente da concessão de uso para fins de moradia.
Art. 25. O direito de preempção confere ao Poder Público municipal preferência para
aquisição de imóvel urbano objeto de alienação onerosa entre particulares.
Para a doutrina majoritária a permuta, dação em pagamento não é alienação onerosa. A
alienação onerosa tem recebido uma interpretação restritiva de modo que somente a
compra e venda seria esta alienação.
§ 1o Lei municipal, baseada no plano diretor, delimitará as áreas em que incidirá o
direito de preempção e fixará prazo de vigência, não superior a cinco anos, renovável
a partir de um ano após o decurso do prazo inicial de vigência.
Para haver a referida renovação, deve ser observado o período de um ano depois do
primeiro período de 5 anos em que houve o direito de preferência.
§ 2o O direito de preempção fica assegurado durante o prazo de vigência fixado na
forma do § 1o, independentemente do número de alienações referentes ao mesmo
imóvel.
Art. 26. O direito de preempção será exercido sempre que o Poder Público necessitar de
áreas para: OBS: a finalidade do direito de preempção
I – regularização fundiária;
II – execução de programas e projetos habitacionais de interesse social;
III – constituição de reserva fundiária;
IV – ordenamento e direcionamento da expansão urbana;
V – implantação de equipamentos urbanos e comunitários;
VI – criação de espaços públicos de lazer e áreas verdes;
VII – criação de unidades de conservação ou proteção de outras áreas de interesse
ambiental;
VIII – proteção de áreas de interesse histórico, cultural ou paisagístico;
IX – (VETADO)
Parágrafo único. A lei municipal prevista no § 1o do art. 25 desta Lei deverá enquadrar
cada área em que incidirá o direito de preempção em uma ou mais das finalidades
enumeradas por este artigo.
Procedimento:
Art. 27. O proprietário deverá notificar sua intenção de alienar o imóvel, para que o
Município, no prazo máximo de trinta dias, manifeste por escrito seu interesse em
comprá-lo.
§ 1o À notificação mencionada no caput será anexada proposta de compra assinada por
terceiro interessado na aquisição do imóvel, da qual constarão preço, condições de
pagamento e prazo de validade.
§ 2o O Município fará publicar, em órgão oficial e em pelo menos um jornal local ou
regional de grande circulação, edital de aviso da notificação recebida nos termos do
caput e da intenção de aquisição do imóvel nas condições da proposta apresentada.
§ 3o Transcorrido o prazo mencionado no caput sem manifestação, fica o proprietário
autorizado a realizar a alienação para terceiros, nas condições da proposta
apresentada.
§ 4o Concretizada a venda a terceiro, o proprietário fica obrigado a apresentar
ao Município, no prazo de trinta dias, cópia do instrumento público de
alienação do imóvel.
§ 5o A alienação processada em condições diversas da proposta apresentada é
nula de pleno direito.
§ 6o Ocorrida a hipótese prevista no § 5o o Município poderá adquirir o imóvel pelo valor
da base de cálculo do IPTU ou pelo valor indicado na proposta apresentada, se este for
inferior àquele.
Cada local tem um coeficiente de aproveitamento, que varia p. ex. pelo número de
andares a serem construídos. Pode a legislação municipal estabelecer que acima do
coeficiente de aproveitamento se possa construir mais, desde que se pague por isso. Ex:
até 10 andares está dentro do coeficiente, se desejar construir mais que isso deverá
pagar mais por isso (outorga onerosa do direito de construir). A razão da cobrança disso é
que até tal limite a pessoa não paga nada, pois seria uma construção normal,
ultrapassando o coeficiente o município terá um custo maior para fiscalizar a obra, terão
mais conseqüências viárias para o local da construção etc.
A cobrança deste instituto seria uma tributação não prevista na CF, segundo parte da
doutrina. Todavia, para o professor Eros Grau entende que esta tese está errada, pois não
podemos confundir dever (tributo) com ônus (a pessoa se quiser usufruir de uma situação
de vantagem ela deverá suportar o ônus). Logo, a construtora somente paga este ônus se
quiser passar o coeficiente básico. Diante disso, decidiu o STF que esta cobrança não é
tributo e é constitucional (março de 2008).
OBS: para construir acima do coeficiente, o particular deve pagar a diferença (é uma
outorga onerosa). No caso de PPP, essa diferença é abatida na contraprestação estatal.
Art. 28. O plano diretor poderá fixar áreas nas quais o direito de construir poderá ser
exercido acima do coeficiente de aproveitamento básico adotado, mediante
contrapartida a ser prestada pelo beneficiário.
§ 1o Para os efeitos desta Lei, coeficiente de aproveitamento é a relação entre a
área edificável e a área do terreno.
§ 2o O plano diretor poderá fixar coeficiente de aproveitamento básico único para toda a
zona urbana ou diferenciado para áreas específicas dentro da zona urbana.
§ 3o O plano diretor definirá os limites máximos a serem atingidos pelos coeficientes de
aproveitamento, considerando a proporcionalidade entre a infra-estrutura existente e o
aumento de densidade esperado em cada área.
Art. 29. O plano diretor poderá fixar áreas nas quais poderá ser permitida
alteração de uso do solo, mediante contrapartida a ser prestada pelo
beneficiário.
Ex: se alguém desejar num bairro comercial mudar a destinação do imóvel para fins
comercias, poderá fazer desde que suporte o ônus;
Art. 30. Lei municipal específica estabelecerá as condições a serem observadas para a
outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso, determinando:
I – a fórmula de cálculo para a cobrança;
II – os casos passíveis de isenção do pagamento da outorga;
III – a contrapartida do beneficiário.
Art. 31. Os recursos auferidos com a adoção da outorga onerosa do direito de construir
e de alteração de uso serão aplicados com as finalidades previstas nos incisos I a IX do
art. 26 desta Lei.
Art. 32. Lei municipal específica, baseada no plano diretor, poderá delimitar área para
aplicação de operações consorciadas.
§ 1o Considera-se operação urbana consorciada o conjunto de intervenções e
medidas coordenadas pelo Poder Público municipal, com a participação dos
proprietários, moradores, usuários permanentes e investidores privados, com
o objetivo de alcançar em uma área transformações urbanísticas estruturais,
melhorias sociais e a valorização ambiental.
§ 2o Poderão ser previstas nas operações urbanas consorciadas, entre outras medidas:
I – a modificação de índices e características de parcelamento, uso e ocupação do solo e
subsolo, bem como alterações das normas edilícias, considerado o impacto ambiental
delas decorrente;
II – a regularização de construções, reformas ou ampliações executadas em desacordo
com a legislação vigente.
Art. 33. Da lei específica que aprovar a operação urbana consorciada constará o plano
de operação urbana consorciada, contendo, no mínimo:
I – definição da área a ser atingida;
II – programa básico de ocupação da área;
III – programa de atendimento econômico e social para a população diretamente afetada
pela operação;
IV – finalidades da operação;
V – estudo prévio de impacto de vizinhança;
VI – contrapartida a ser exigida dos proprietários, usuários permanentes e investidores
privados em função da utilização dos benefícios previstos nos incisos I e II do § 2o do art.
32 desta Lei;
VII – forma de controle da operação, obrigatoriamente compartilhado com
representação da sociedade civil.
§ 1o Os recursos obtidos pelo Poder Público municipal na forma do inciso VI deste artigo
serão aplicados exclusivamente na própria operação urbana consorciada.
§ 2o A partir da aprovação da lei específica de que trata o caput, são nulas as
licenças e autorizações a cargo do Poder Público municipal expedidas em
desacordo com o plano de operação urbana consorciada.
Art. 34. A lei específica que aprovar a operação urbana consorciada poderá prever a
emissão pelo Município de quantidade determinada de certificados de potencial
adicional de construção, que serão alienados em leilão ou utilizados diretamente no
pagamento das obras necessárias à própria operação.
§ 1o Os certificados de potencial adicional de construção serão livremente negociados,
mas conversíveis em direito de construir unicamente na área objeto da operação.
§ 2o Apresentado pedido de licença para construir, o certificado de potencial
adicional será utilizado no pagamento da área de construção que supere os
padrões estabelecidos pela legislação de uso e ocupação do solo, até o limite
fixado pela lei específica que aprovar a operação urbana consorciada.
Art. 37. O EIV será executado de forma a contemplar os efeitos positivos e negativos do
empreendimento ou atividade quanto à qualidade de vida da população residente na
área e suas proximidades, incluindo a análise, no mínimo, das seguintes questões:
I – adensamento populacional;
II – equipamentos urbanos e comunitários;
III – uso e ocupação do solo;
IV – valorização imobiliária;
V – geração de tráfego e demanda por transporte público;
VI – ventilação e iluminação;
VII – paisagem urbana e patrimônio natural e cultural.
Parágrafo único. Dar-se-á publicidade aos documentos integrantes do EIV, que ficarão
disponíveis para consulta, no órgão competente do Poder Público municipal, por
qualquer interessado.
Art. 38. A elaboração do EIV não substitui a elaboração e a aprovação de estudo prévio
de impacto ambiental (EIA), requeridas nos termos da legislação ambiental.
Art. 39. A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências
fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor, assegurando o
atendimento das necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, à justiça social
e ao desenvolvimento das atividades econômicas, respeitadas as diretrizes previstas no
art. 2o desta Lei.
Art. 40. O plano diretor, aprovado por lei municipal, é o instrumento básico da política
de desenvolvimento e expansão urbana.
§ 1o O plano diretor é parte integrante do processo de planejamento municipal, devendo
o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual incorporar as
diretrizes e as prioridades nele contidas.
§ 2o O plano diretor deverá englobar o território do Município como um todo.
§ 3o A lei que instituir o plano diretor deverá ser revista, pelo menos, a cada dez anos.
§ 4o No processo de elaboração do plano diretor e na fiscalização de sua implementação,
os Poderes Legislativo e Executivo municipais garantirão:
I – a promoção de audiências públicas e debates com a participação da população e de
associações representativas dos vários segmentos da comunidade;
II – a publicidade quanto aos documentos e informações produzidos;
III – o acesso de qualquer interessado aos documentos e informações produzidos.
§ 5o (VETADO)
Art. 41. O plano diretor é obrigatório para cidades:
I – com mais de vinte mil habitantes;
II – integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas;
III – onde o Poder Público municipal pretenda utilizar os instrumentos
previstos no § 4o do art. 182 da Constituição Federal;
IV – integrantes de áreas de especial interesse turístico;
V – inseridas na área de influência de empreendimentos ou atividades com
significativo impacto ambiental de âmbito regional ou nacional.
§ 1o No caso da realização de empreendimentos ou atividades enquadrados no inciso V
do caput, os recursos técnicos e financeiros para a elaboração do plano diretor estarão
inseridos entre as medidas de compensação adotadas.
§ 2o No caso de cidades com mais de quinhentos mil habitantes, deverá ser elaborado
um plano de transporte urbano integrado, compatível com o plano diretor ou nele
inserido.
Art. 42. O plano diretor deverá conter no mínimo:
I – a delimitação das áreas urbanas onde poderá ser aplicado o parcelamento, edificação
ou utilização compulsórios, considerando a existência de infra-estrutura e de demanda
para utilização, na forma do art. 5o desta Lei;
II – disposições requeridas pelos arts. 25, 28, 29, 32 e 35 desta Lei;
III – sistema de acompanhamento e controle.
Isso é chamado na Europa de administração publica dialógica, pois para gerir a coisa
publica é preciso a participação da sociedade.
BENS PÚBLICOS
DOMÍNIO PÚBLICO (gênero):
Conceito: Embora o art. 65, CC/16 tivesse definido bens públicos como sendo tão
somente os bens da União, dos Estados e dos Municípios, a doutrina e jurisprudência
promoveram a extensão do conceito de bem público para nele incluir os bens do DF, das
autarquias, das Fundações públicas, das sociedades de economia mista e das empresas
públicas e, num sentido amplo, até mesmo os bens das concessionárias.
Hoje nós temos o conceito no art. 98 do CC/02: São públicos somente os bens
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno (previstas no art. 41 do CC).
IMPORTANTE: Com o CC/02 os bens das Sociedades de Economia Mista, Empresa Pública
e as Concessionárias não são mais bens públicos.
Há autores que também defendem que mesmo após o CC/02 os bens das Sociedades
de Economia Mista e Empresa Pública são públicos (atualizadores do livro do Hely Lopes
Meireles).
Ainda hoje após 2002 temos quem defenda que os bens das concessionárias são
públicos.
AULA 04 – 13/09/2008
CLASSIFICAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS:
a) Quanto ao titular:
• Federais (art. 20 da CF c/c decreto-lei 9.760/46 e lei 9.636/98)
Grilagem: é a fraude que incide sobre uma terra devoluta. “colocar grilo no
papel para o documento ficar com aparência de velho”.
As terras devolutas são, em regra, dos Estados (art. 26, IV da CF). Somente
serão da União estas deste inciso. Poderá o Estado doar ou outorgar aos
municípios se desejarem fazer na forma da Constituição do Estado.
Cespe - AGU (v): Em tese todos os entes federados podem ter terras devolutas.
• Estaduais
• Municipais
• Distritais
b) Quanto à destinação:
• Bens de uso comum do povo (art. 99, inciso I, do CC): São aqueles bens afetados à
utilização sem restrições extraordinárias, respeitada a essência do bem (ex. numa
rua não posso trafegar na contramão; não posso usar uma praça como moradia). O
uso destes bens pode ser gratuito ou retribuído (art. 103 do CC).
Art. 103, CC. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído,
conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração
pertencerem.
• Bens de uso especial (art. 99, inciso II, do CC): Se divide em três subespécies:
• Bens dominicais ou dominial ou disponíveis: são aqueles bens não afetados (pode
ser um bem que já foi afetado e foi desafetado ou um bem que nunca foi afetado).
Cessão de uso: É a transferência de bem público para outro órgão público, ou para
particulares que desempenham a satisfação de interesses gerais e legítimos. A cessão de
uso é destinada ao 3º Setor.
1º Setor: Governo (Poder Público)
2º Setor: Sociedade (empresas)
3º Setor: Não integram o poder público, mas desempenham as atividades
relevantes ao Estado. Ex: APAE.
4º Setor: É o mercado informal.
5º Setor: Crime organizado.
Enfiteuse: É também uma concessão de bem público que continua existindo com relação
aos bens públicos (art. 2.038, §2º CC). As enfiteuses de terreno de marinha ainda existem
(DL 9760/46 e Lei 9636/98).
a) Inalienabilidade
Trata-se de uma característica relativa, pois somente os bens de uso comum do povo e os
de uso especial possuem esta característica. Se eles perderem essa qualidade
(desafetação), eles passarão a ser dominicais, e poderão ser alienados, observadas as
exigências dos artigos 17 e 19 da Lei de Licitações.
Art. 100, CC. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são
inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei
determinar.
Art. 101, CC. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as
exigências da lei (art. 17 e 19 da lei 8.666/93).
Existem dois casos de inalienabilidade absolutas previstas na CF: art. 225, § 5º e art.
231,§ 4º.
Art. 191, Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por
usucapião.
Lei 6969/81: admitiu a usucapião de terra devoluta (bem dominical), não mais tal
possibilidade em virtude da CF/88, que não recepcionou o dispositivo da lei. Todavia,
entre 81 e 88 foi possível usucapir terras devolutas.
Primeiro: Não podem sofrer constrição judicial para garantir as futuras execuções, em
razão da sistemática de cobrança em face do Poder Público, que por sua vez, possui
presunção de solvibilidade.
A execução contra o poder público se dará por precatório previsto no art. 100 da CF. Em
razão desta garantia que um dia irá pagar não se admite a penhora de bens públicos.
OBS: Mesmo não sendo bens públicos, os bens afetados à prestação de serviço
público são impenhoráveis. Eles não são bens públicos, mas possuem característica
de um bem público, decorrente do princípio da continuidade. Além disso, pode a lei
atribuir a impenhorabilidade à bens que por definição não são bens públicos. STF no
RE 220.906
d) não oneração: Os bens públicos não podem ser objeto de direitos reais de garantia
(hipoteca, penhor e anticrese). Exceção: bens dominicais.
Essa característica tem direta relação com a inalienabilidade, por isso que os bens
dominicais podem ser objeto de direito real de garantia.
Art. 1.420 CC. Só aquele que pode alienar poderá empenhar, hipotecar ou dar
em anticrese; só os bens que se podem alienar poderão ser dados em penhor,
anticrese ou hipoteca.
§ 1o A propriedade superveniente torna eficaz, desde o registro, as garantias
reais estabelecidas por quem não era dono.
§ 2o A coisa comum a dois ou mais proprietários não pode ser dada em garantia
real, na sua totalidade, sem o consentimento de todos; mas cada um pode
individualmente dar em garantia real a parte que tiver.
A regra geral é que as terras devolutas sejam dos Estados. Só serão da União as terras
devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras...
Terrenos de Marinha – A definição está no art. 2º, do Decreto Lei 9.760/46: São
terrenos de marinha, em uma profundidade de 33 metros, medidos horizontalmente, para
a parte da terra, da posição da linha do preamar-médio de 1831.
Linha do preamar-médio de 1831 é a média entre a mais alta maré de 1831 e a mais
baixa maré de 1831
DESAPROPRIAÇÕES
Espécies de desapropriações
Direta
Desapropriações Ordinárias –
Não possuem caráter de sanção ou pena;
Indenização justa, prévia e em dinheiro;
Não há restrição quanto aos entes federados que podem promovê-las.
Estão no artigo 5º, XXIV, CF: “a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação
por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia
indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição”.
São três tipos:
Desapropriação por Necessidade Pública: Tem a ver com sobrevivência.
Desapropriação por Utilidade Pública: Tem a ver com qualidade de vida. Em
ambas se aplica o DL 3365/41. Já se decidiu que não há desvio de finalidade
entres esses dois tipos de desapropriação.
Desapropriação por interesse social (geral): Lei 4.132/62
Desapropriações Extraordinárias –
Possuem caráter sancionatório (Pune o descumprimento da função social da
propriedade).
Indenização justa, prévia e em títulos.
Há restrição quanto aos entes que podem promovê-los. (Só União ou Municípios).
São dois tipos:
Desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária. Art. 184 a 186,
CF.
Desapropriação por interesse social para fins de reforma urbana. Art. 182, §4º, III,
CF.
Desapropriação confisco –
Possui caráter sancionatório.
Não há indenização
Art. 243, CF: “As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas
ilegais de plantas psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e
especificamente destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos
alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indenização ao proprietário e sem
prejuízo de outras sanções previstas em lei”.
AULA 05 – 14/09/2008
Art. 5º, XXIV, CF:a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade
ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição
Utilidade pública: Tem a ver com a qualidade de vida dos administrados. Ex:
Desapropriação para construir escola, monumentos, etc.
Necessidade pública: Tem a ver com a sobrevivência dos administrados.
OBS: Essa diferença não é muito importante, eis que ambos os institutos são
regrados pelo mesmo decreto. Já houve decisão no sentido de que não há que se
falar em tresdestinação ou desvio de finalidade nesse caso.
OBS: Construção de hospital seria necessidade ou utilidade? É muito discutido,
todavia, a discussão é irrelevante.
FASE DECLARATÓRIA
Regra nacional. Art. 1o A desapropriação por utilidade pública regular-se-á por esta lei,
em todo o território nacional.
Art. 2º, § 2o Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios
poderão ser desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados, mas, em
qualquer caso, ao ato deverá preceder autorização legislativa.
OBS: A União pode desapropriar bens dos Estados, dos Territórios (se houver), dos
Municípios e do DF. Os Estados podem desapropriar bens dos Municípios. Em todos os
casos, deve observar a precedência de autorização legislativa.
OBS: A maior parte da doutrina entende que os municípios além de não poder
desapropriar bens dos estados e da união, não podem também desapropriar suas
autarquias, fundações, etc.
OBS: O decreto lei 3365/41 nasceu na vigência da Constituição Polaca de 1937, que
admitia a hierarquização dos entes federados. Existe discussão nesse sentido:
Qual é a razão pela qual, não havendo hierarquização entre os entes federados com a
CF/88, a União poder desapropriar bens dos Estados, e os Estados não pode
desapropriar bens da União? (Discutir em prova discursiva).
OBS: Aqui se tem a denominada desapropriação por zona. O Poder Público pode
desapropriar área maior que a necessária no momento. Ocorre quando o Poder Público
ao realizar uma obra, que há perspectiva iminente de ampliá-la em breve, para que o
poder público não precise indenizar mais no futuro pelo resto da área (pois a área que
ele desapropriou anteriormente valorizou muito), ele poderá desapropriar área maior.
Parágrafo único. Extingue-se em cinco anos o direito de propor ação que vise a
indenização por restrições decorrentes de atos do Poder Público.
AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO
Exceção: Direito de extensão – Art. 37. “Aquele cujo bem for prejudicado
extraordinariamente em sua destinação econômica pela desapropriação de áreas
contíguas terá direito a reclamar perdas e danos do expropriante”. OBS: O direito de
extensão pode ser discutido na própria ação de desapropriação, eis que diz respeito
à indenização. Ex: Eu tenho 03 terrenos que juntos valem 50 mil, e que
separadamente cada um vale 10 mil. Assim, se o Poder Público quiser desapropriar
apenas dois terrenos, eu posso contestar para que ele desaproprie os três.
Réu – É o proprietário.
Petição inicial – Art. 13. A petição inicial, além dos requisitos previstos no Código de
Processo Civil, conterá a oferta do preço e será instruída com um exemplar do
contrato, ou do jornal oficial que houver publicado o decreto de desapropriação, ou cópia
autenticada dos mesmos, e a planta ou descrição dos bens e suas confrontações.
Art. 14. Ao despachar a inicial, o juiz designará um perito de sua livre escolha,
sempre que possivel, técnico, para proceder à avaliação dos bens.
Parágrafo único. O autor e o réu poderão indicar assistente técnico do perito.
A indenização não pode ser totalmente justa, e ao mesmo tempo, totalmente prévia. A
justiça pressupõe ampla discussão, e a brevidade dispensa discussão. Trata-se de um
paradoxo. Logo, a lei trouxe mecanismos de mitigar a justiça e a brevidade da
indenização.
Súmula 652, STF: “não contraria a constituição o art. 15, § 1º, do decreto-lei 3365/1941
(lei da desapropriação por utilidade pública)”.
Os juros são devidos desde a imissão na posse. Súmula 69, STJ: “Na desapropriação
direta, os juros compensatórios são devidos desde a antecipada imissão na posse e, na
desapropriação indireta a partir da efetiva ocupação do imóvel”.
Súmula 561, STF: “Em desapropriação, é devida a correção monetária até a data do
efetivo pagamento da indenização, devendo proceder-se à atualização do cálculo, ainda
que por mais de uma vez”.
Art. 15-B Nas ações a que se refere o art. 15-A, os juros moratórios destinam-se
a recompor a perda decorrente do atraso no efetivo pagamento da indenização
fixada na decisão final de mérito, e somente serão devidos à razão de até seis
por cento ao ano, a partir de 1o de janeiro do exercício seguinte àquele em
que o pagamento deveria ser feito, nos termos do art. 100 da Constituição.
Parte Processual
Art. 16. A citação far-se-á por mandado na pessoa do proprietário dos bens; a do marido
dispensa a dá mulher; a de um sócio, ou administrador, a dos demais, quando o bem
pertencer a sociedade; a do administrador da coisa no caso de condomínio, exceto o de
edificio de apartamento constituindo cada um propriedade autonôma, a dos demais
condôminos e a do inventariante, e, se não houver, a do cônjuge, herdeiro, ou legatário,
detentor da herança, a dos demais interessados, quando o bem pertencer a espólio.
Parágrafo único. Quando não encontrar o citando, mas ciente de que se encontra no
território da jurisdição do juiz, o oficial portador do mandado marcará desde logo hora
certa para a citação, ao fim de 48 horas, independentemente de nova diligência ou
despacho.
Art. 17. Quando a ação não for proposta no foro do domicilio ou da residência do réu, a
citação far-se-á por precatória, se ó mesmo estiver em lugar certo, fora do território da
jurisdição do juiz.
Art. 18. A citação far-se-á por edital se o citando não for conhecido, ou estiver em lugar
ignorado, incerto ou inacessível, ou, ainda, no estrangeiro, o que dois oficiais do juizo
certificarão.
Art. 19. Feita a citação, a causa seguirá com o rito ordinário.
Art. 20. A contestação só poderá versar sobre vício do processo judicial ou impugnação do
preço; qualquer outra questão deverá ser decidida por ação direta.
Art. 21. A instância não se interrompe. No caso de falecimento do réu, ou perda de sua
capacidade civil, o juiz, logo que disso tenha conhecimento, nomeará curador à lide, ate
que se lhe habilite o interessado.
Parágrafo único. Os atos praticados da data do falecimento ou perda da capacidade à
investidura do curador à lide poderão ser ratificados ou impugnados por ele, ou pelo
representante do espólio, ou do incapaz.
Art. 22. Havendo concordância sobre o preço, o juiz o homologará por sentença no
despacho saneador.
Art. 23. Findo o prazo para a contestação e não havendo concordância expressa quanto
ao preço, o perito apresentará o laudo em cartório até cinco dias, pelo menos, antes da
audiência de instrução e julgamento.
§ 1o O perito poderá requisitar das autoridades públicas os esclarecimentos ou
documentos que se tornarem necessários à elaboração do laudo, e deverá indicar nele,
entre outras circunstâncias atendiveis para a fixação da indenização, as enumeradas no
art. 27.
Ser-lhe-ão abonadas, como custas, as despesas com certidões e, a arbítrio do juiz, as de
outros documentos que juntar ao laudo.
§ 2o Antes de proferido o despacho saneador, poderá o perito solicitar prazo especial para
apresentação do laudo.
Art. 24. Na audiência de instrução e julgamento proceder-se-á na conformidade do
Código de Processo Civil. Encerrado o debate, o juiz proferirá sentença fixando o preço da
indenização.
Parágrafo único. Se não se julgar habilitado a decidir, o juiz designará desde logo outra
audiência que se realizará dentro de 10 dias afim de publicar a sentença.
Art. 25. O principal e os acessórios serão computados em parcelas autônomas.
Parágrafo único. O juiz poderá arbitrar quantia módica para desmonte e transporte de
maquinismos instalados e em funcionamento.
Art. 26. No valor da indenização, que será contemporâneo da avaliação, não se incluirão
os direitos de terceiros contra o expropriado. (Redação dada pela Lei nº 2.786, de 1956)
§ 1º Serão atendidas as benfeitorias necessárias feitas após a desapropriação; as úteis,
quando feitas com autorização do expropriante. (Renumerado do Parágrafo Único pela Lei
nº 4.686, de 1965)
§ 2º Decorrido prazo superior a um ano a partir da avaliação, o Juiz ou Tribunal, antes da
decisão final, determinará a correção monetária do valor apurado, conforme índice que
será fixado, trimestralmente, pela Secretaria de Planejamento da Presidência da
República.
Honorários advocatícios
Art. 27. O juiz indicará na sentença os fatos que motivaram o seu convencimento e
deverá atender, especialmente, à estimação dos bens para efeitos fiscais; ao preço de
aquisição e interesse que deles aufere o proprietário; à sua situação, estado de
conservação e segurança; ao valor venal dos da mesma espécie, nos últimos cinco anos,
e à valorização ou depreciação de área remanescente, pertencente ao réu.
§ 1o A sentença que fixar o valor da indenização quando este for superior ao preço
oferecido condenará o desapropriante a pagar honorários do advogado, que serão fixados
entre meio e cinco por cento do valor da diferença, observado o disposto no § 4 o do art.
20 do Código de Processo Civil, não podendo os honorários ultrapassar R$ 151.000,00
(cento e cinqüenta e um mil reais).
Exceção: Se o particular consegue anular a desapropriação, para ele reaver o bem, por
desvio de finalidade, por exemplo, incide o ITBI, nos termos da Súmula 111, STF:
Art. 35. Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não
podem ser objeto de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de
desapropriação. Qualquer ação, julgada procedente, resolver-se-á em perdas e
danos. (Esse dispositivo é excepcionado com a retrocessão, que se trata de
direito real de reaver o bem).
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma
agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia
e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do
valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua
emissão, e cuja utilização será definida em lei.
§ 1º - As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.
§ 2º - O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma
agrária, autoriza a União a propor a ação de desapropriação.
§ 3º - Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de
rito sumário, para o processo judicial de desapropriação.
§ 4º - O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária,
assim como o montante de recursos para atender ao programa de reforma agrária
no exercício.
§ 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de
transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.
Essas regras da CF são esmiuçadas em dois diplomas legais: LC 76/93 (rito da ação
judicial) e Lei nº 8.629/93 (direito material).
Lei 8.629/93
Art. 1º Esta lei regulamenta e disciplina disposições relativas à reforma agrária, previstas
no Capítulo III, Título VII, da Constituição Federal.
STF no SS 2217
STJ RMS 16627 e RMS 13359
Pelo STF e STJ, hoje existem duas espécies de desapropriações voltadas à reforma
agrária:
1- (Art. 184 e ss da CF, LC 76/93 e Lei 8629/93) – Só a União pode promover. É a de
caráter punitivo e sancionatório (vistoria do INCRA, avaliação de produtividade,
etc).
2- (Art. 5º, XXIV, CF e art. 2º, III, lei 4.132/62) – Todos os entes federados podem
promover. Não tem caráter de sanção. É indenização justa, prévia e em dinheiro.
AULA 07 – 06/11/2008
Motivo – Art. 2º A propriedade rural que não cumprir a função social prevista no art. 9º é
passível de desapropriação, nos termos desta lei, respeitados os dispositivos
constitucionais.
§ 4o Não será considerada, para os fins desta Lei, qualquer modificação, quanto ao
domínio, à dimensão e às condições de uso do imóvel, introduzida ou ocorrida até seis
meses após a data da comunicação para levantamento de dados e informações de que
tratam os §§ 2o e 3o.
OBS: Da notificação em diante, até 06 meses depois, qualquer modificação da terra não
será considerada, para evitar fraude aos modos de avaliação do INCRA.
Indenização – Quanto maior a área do imóvel rural, mais tempo demorará o resgate dos
títulos:
Art. 3º - A ação judicial deve ser proposta no prazo de 02 anos contados da publicação
do decreto expropriatório. Trata-se de prazo decadencial. # O decreto expropriatório,
uma vez decaído o prazo para a ação judicial, pode ser renovado o decreto? O
DL 3365 diz que é possível. Assim, se interpretar que o referido decreto-lei aplica-se
subsidiariamente à LC 76/93, pode sim, aguardando o prazo de 01 ano. Por outro lado, se
entender que não se aplica subsidiariamente, não há que falar em renovação do decreto
expropriatório. Logo, embora com muita polêmica, a doutrina majoritária é no sentido de
que se aplica subsidiariamente o DL 3365. Alguns doutrinadores denominam esse decreto
lei de Lei Geral das Desapropriações.
Art. 4º - É o chamado direito de extensão. É a mesma regra do art. 35, do DL 3365. Visa
aproveitar toda a área, para não causar prejuízo ao proprietário.
Art. 5º - Estabelece as condições da petição inicial: Deve haver a oferta do preço e vários
documentos.
Art. 6º - Estabelece as regras de condução da petição inicial pelo juiz: Mandará imitir o
autor na posse do imóvel; determinará a citação do expropriando para contestar o pedido,
etc.
CONTRATOS X CONVÊNIOS:
Critério objetivo – Leva em conta, não quem celebra, mas a natureza do vínculo
negocial. Isto é, importa o que celebra. Assim, segundo essa definição, contratos são
negócios jurídicos em que há convergência de vontades, mas diferença de interesses.
O interesse da administração é diverso do interesse de quem ela celebra o contrato.
Por outro lado, os convênios são negócios jurídicos da administração em que há
convergência de vontade, mas também identidade/justaposição de interesses. Nos
convênios as pessoas são chamadas de partícipes.
OBS: Ainda que ambos os critérios coincidem na prática em muitos casos, adota-se
hoje o critério objetivo por ser mais completo, eis que o critério subjetivo é frágil. As
mesmas partes podem celebrar ora contrato, e outrora convênio, dependendo do
objeto.
Convênios
Consórcios Públicos
OBS: Observa-se que até 1998 não existiam mecanismos da constituição para
facilitar a união de dois entes federados para a gestão compartilhada de
serviços públicos. Nesta época, celebravam-se consórcios, mas sem marco
regulatório, como se tem hoje a lei 11.107/05.
- Pessoa jurídica de direito público (art. 6º, inciso I, §1º): terá a denominação de
associação pública.
Ex: dois municípios precisam de um hospital, mas nenhum deles tem verba suficiente
para a construção;
OBS: O art. 41, IV, CC/02, foi alterado por conta da Lei nº 11.107/07.
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; (Redação dada pela Lei
nº 11.107, de 2005).
Obs: Assim, a interpretação que é dada é que as associações públicas se trata
de uma espécie de autarquia.
É a reunião de esforços para uma gestão associativa. Esses entes constituem o “protocolo
de intenções”. É o objetivo do consórcio. Esse protocolo deve ser aprovado na casa
legislativa de cada ente político. Aprovado por cada casa, eles irão celebrar um “contrato
de consórcio”.
Esse novo consórcio público, na verdade, é uma nova espécie de contrato administrativo.
Aqui, nasce uma nova pessoa jurídica. Essa PJ é chamada de associação, que poderão
optar por regime público (espécie de autarquia). Se optarem por regime privado (regime
híbrido semelhante à SEM e EP).
Obs: Essa autarquia não é criada efetivamente por lei, mas há de certa forma, uma previsão
legal. Muitos doutrinadores entendem ser inconstitucional essa autarquia, eis que nasce de
contrato e não de lei.
Obs: A doutrina também critica o regime privado.
AULA 06 – 22/10/2008
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Lei 8.429/92 (Regula o art. 37, §4º): Lei do Colarinho Branco. É objeto da ADI 2182, que
questiona inconstitucionalidade formal da lei.
OBS: Embora a conduta de improbidade não seja penal, se estiver prevista em lei
como crime, gerará ilícito penal. Da mesma forma, se a conduta de improbidade estiver
prevista em estatuto administrativo, poderá gerar ilícito administrativo.
# Todo crime é ato de improbidade? Não. Existem crimes que não estão ligados à
ação ou atos de improbidades. Todavia, todos os crimes contra a administração
também configuram atos de improbidade administrativa.
# Todo ato de improbidade é crime contra a administração? Não. Existem atos
de improbidade que não configuram crime contra a administração, como por exemplo,
não publicar ato administrativo.
OBS: Existe, ainda, doutrina minoritária que entende que o ato de improbidade possui
natureza política.
Art. 65 CPP:
Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o
ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito
cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Havendo uma excludente penal (legítima defesa etc.), haverá coisa julgada no civil,
todavia, não significa que será automaticamente naquele juízo aproveitada, pois ele
poderia ser condenado ao ressarcimento de danos em razão de eventual exagero, p. ex.
Essa previsão do art. 65 é somente para o civil, e não para o administrativo.
Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil
poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a
inexistência material do fato.
O parágrafo único ainda abrange entidades que recebam subvenção, benefício fiscal ou
creditício ou empresas em que o Estado participe com menos de 50% do patrimônio ou
receita anual. Estas ficam limitadas a sanção patrimonial que repercute aos cofres
públicos.
OBS: Se a participação for de 50% exatamente a lei é omissa. Prova do MP, coloca no
caput, mas a doutrina majoritária coloca no p.ú.
- Sindicatos e conselhos de classe: cobram contribuição, por isso estão sujeitos à
improbidade. A OAB não está sujeita, pois sua contribuição não é tributo.
- Partido político: está sujeito à lei de improbidade, pois participam do fundo especial
de assistência aos partidos políticos.
- Terceiro setor: são os entes de cooperação e recebem dinheiro público, sendo sujeitos
à lei de improbidade (organização social, OSCIP, serviço social autônomo).
- Agente de fato (possui um defeito na sua designação): pode ser necessário (são
aquelas designações em razão de situações excepcionais, como a guerra) ou putativo
(agente nomeado sem concurso ou com fraude). A doutrina entende que ambos estão
sujeitos à Lei de Improbidade.
- Agentes políticos:
Reclamação 2138. Questiona o fato de que se o agente político está sujeito ao crime de
responsabilidade seria bis in idem puni-lo também por improbidade administrativa.
O agente político vai estar sujeito à ação de improbidade, todavia, se a mesma conduta
for também crime de responsabilidade, esta prevalece, pois senão estaríamos diante de
um bis in idem. Se a conduta não é descrita como crime de responsabilidade, pode-se
punir como improbidade.
Tomar cuidado, pois se trata de uma reclamação, que não possui efeito vinculante, mas
sim inter partes. A Min. Ellen Gracie ressalvou expressamente isto ao final.
Reclamações: 5389, 5391 e 5393. Na reclamação 5378 foi decidido que não é qualquer
um que pode ajuizar reclamação.
Pessoa jurídica: pode ser sujeito ativo do ato de improbidade, se induziu, concorreu ou
se beneficiou.
Árbitro: não responde pela lei de improbidade. Todavia, quando for a arbitragem da Lei
de Concessões, para a professora Marinela, seria possível responder por improbidade (não
existe manifestações da doutrina ou jurisprudência neste caso).
# Ato de improbidade precisa ser ato administrativo? NÃO. Pode ser mera conduta
administrativa ativa (servidor pega o dinheiro, coloca na bolsa e leva embora) ou omissiva
(não cobrar tributos. Ex: isenção de IPTU em ano eleitoral). Todavia, também se pode ter
ato de improbidade em ato administrativo.
AULA 07 – 19/11/2008
MODALIDADES DE ATOS DE IMPROBIDADE:
*** Art. 21 da lei 8.429/92: para responder por improbidade não depende:
• Dano patrimonial; ou
• Controle pelo tribunal de contas com a rejeição ou aprovação das contas.
OBS: O ato vai ser definido de acordo com a conduta do agente, não importando a
conduta do terceiro.
Receber presente: vai depender de bom senso. Não é valor do presente que vai
marcar o ato de improbidade. (orientação da jurisprudência).
c) elemento subjetivo:
Art. 9º: Enriquecimento ilícito (Alta gravidade)
Dolo. A lei é silente, por isso só pune a título de dolo.
OBS: O MP critica a punição somente por dolo nos casos do art. 9º e 11, pois isso gera
a impunidade do agente que age com culpa. Ex. administrador paga a compra de ar
condicionado sem observar a formalidade (sem nota de empenho), ferindo o principio
da legalidade, fazendo com culpa. Assim, a conduta dele não será punida por ter agido
com culpa. A justificativa é de que, se o legislador não colocou a culpa é porque não
quis punir a conduta culposa.
OBS: Da esquerda para direita, temos uma redução do grau da sanção. Parte-se de uma
sanção mais intensa para uma sanção mais branda.
SANÇÕES APLICÁVEIS POR ATO DE IMPROBIDADE: o rol da lei (artigo 12) é mais
extenso do que o previsto pela CF/88.
OBS: Para cada ato existe uma sanção. O juiz analisa a gravidade do ato e escolhe uma,
todas ou algumas das penas sempre da mesma lista.
OBS: O que define o tipo de improbidade é a ação do agente. Ex: Se o agente violou
princípios e isso facilitou que o terceiro causasse danos ao erário, o agente responderá
pelo art. 11 e o terceiro ressarcirá os danos.
Sanções do artigo 9º são as sanções mais graves, devendo ser aplicada:
Ressarcimento do ilícito;
Devolução do acrescido ilicitamente,
Perda da função pública,
Suspensão dos direitos políticos de 8 a 10 anos
Multa civil que vai depender da modalidade do ato praticado, devendo
ser de até três vezes que foi acrescido ilicitamente;
Proibição de contratar e receber benefícios fiscais por 10 anos.
Ressarcimento do ilícito;
Devolução do acrescido ilicitamente; neste caso quem vai devolver o
acrescido vai ser o terceiro.
Perda da função pública;
Suspensão dos direitos políticos de 5 a 8 anos;
Multa civil de até duas vezes o valor do dano causado a
administração;
Proibição de contratar e receber benefícios fiscais por 5 anos.
OBS: As penas de perda de função e suspensão dos direitos políticos só serão aplicáveis
a partir do trânsito em julgado da decisão.
Havia uma discussão logo que saiu a lei de improbidade sobre a aplicação da pena em
bloco. Alguns membros MP defendiam que as penas deveriam ser aplicadas em bloco.
Hoje não se aplica mais a teoria da pena em bloco, devendo ser aplicada as penas da
mesma lista, não pode ser misturada as penas de um artigo com outro.
Obs.: Numa prova se tiver que fazer uma ação, colocar o nome ação de improbidade, pois
existe uma discussão na doutrina se realmente é uma ação civil pública.
OBS: A associação privada somente pode ajuizar ação civil pública, não podendo ajuizar
ação de improbidade.
# Qual a opção neste caso para a pessoa jurídica? (art. 6º da lei 4717/65)
a) Pode ficar em silêncio, não participando em nada do processo; ou
b) Pode a pessoa jurídica ajudar o MP na produção de prova, p. ex. quando o agente público
que praticou o ato de improbidade já não estiver no cargo;
c) Se for interesse público (não pode em caso de interesse do agente) a doutrina admite que
a pessoa jurídica fique do lado do administrador, tendo como fundamento no artigo 47 do
CPC.
Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Público
ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida
cautelar.
§ 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações de que trata o caput.
# Para quem vai o dinheiro resultante da ação de improbidade? Esse dinheiro resultante
da ação de improbidade de acordo com o artigo 18 da lei vai para a pessoa jurídica lesada.
Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de reparação de dano ou decretar a
perda dos bens havidos ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão dos bens,
conforme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.
2- Demais agentes: aplica-se o mesmo prazo para se punir por demissão no estatuto
dos servidores; a maioria dos estatutos estabelecem também um prazo de 5 anos
a contar do conhecimento;
OBS: Não pode o agente acusado de improbidade usar o advogado público para defendê-
lo, devendo contratar um advogado particular para sua defesa.
Processo administrativo: é o conjunto de atos que leva a uma decisão final (ato
administrativo).
Por que razão o administrador tem que fazer processo administrativo? Quais os
objetivos?
Princípios do processo:
• Gerais: aplicáveis a todos os atos da administração, inclusive ao processo
administrativo;
• Específicos: são aqueles que se aplicam especificamente ao processo
administrativo. São eles:
o Principio da celeridade: o processo tem que ser o mais rápido possível, para que o
processo seja o mais eficaz possível. No processo administrativo os prazos são mais
curtos, devendo durar o processo por 60 dias prorrogáveis por mais 60 dias. Se for
respeitado este prazo (60 mais 60) haverá nulidade do processo? Para o STJ não gera
nulidade, já que a administração tem o prazo de 5 anos para punir o servidor. Apesar de
não gerar nulidade pode gerar responsabilidade para o administrador caso não cumpra
este prazo. Os princípios da informalidade, da oficialidade, da economia processual e a
decadência qüinqüenal ajudam bastante este princípio. Com a emenda 45/04, surgiu o
art. 5º inciso LXXVIII da constituição que garante a duração do processo judicial dentro de
um prazo razoável. Para o direito administrativo o prazo razoável é aquele previsto na lei.
AULA 08 - 10/12/2008
Trouxe como novidade a súmula vinculante. Para se tornar vinculante, a súmula deve
passar por um procedimento administrativo previsto na lei 9784/99.
# Esta lei é de âmbito nacional ou federal? É uma lei de âmbito federal aplicada para
a União que representa uma norma geral de processo administrativo no âmbito federal. A
competência para legislar sobre processo administrativo é de cada ente da federação,
tendo cada ente federado sua própria lei.
Ex. se tenho o processo administrativo tributário, somente aplico a lei 9.784 se houver
omissão da lei específica que regula aquele processo.
Provas ilícitas: não são admitidas as provas conseguidas por meios ilícitos para
condenar. Todavia, pode ser usada como fundamento para a causa da conduta, pois pode
servir como uma pista para que o administrador possa estar produzindo novas provas
licitas. Cabe ressaltar que a ilegalidade pode ser revista de oficio.
OBS: A lei 9.784/99 apesar de ser uma lei de processo ela não traz regras sobre provas,
sobre notificação etc. Então podemos utilizar todos os meios previstos em lei. Não há
diferença entre intimação e notificação, salvo em alguns processos em que se utiliza a
expressão notificação.
OBS: É possível utilizar qualquer forma de notificação autorizada pela lei. A intimação de
comparecimento deve ocorrer com pelo menos três dias de antecedência. Se a pessoa
não foi intimada validamente comparecimento supre a nulidade se houve nulidade na
intimação. É possível Tb condução coercitiva.
Funcionamento do processo administrativo:
1ª fase: instauração pode ser instaurado pela própria administração por portaria
(alguém fica sabendo de uma infração e diz para a administração que instaura, por auto
de infração, por requerimento de um servidor pedindo), por representação (ato de
improbidade deve ser representado a autoridade superior), por um simples despacho e
por provocação do particular (licença para construir pedida pelo particular via petição
inicial ou requerimento).
OBS: O servidor tem o dever de representar.
OBS: O PAD não pode ser instaurado denúncia anônima.
OBS: O Administrador deve fazer um juízo de admissibilidade.
OBS: Instaurado o processo, ocorre a nomeação da comissão processante, formada por
servidores estáveis. O presidente deve ocupar um cargo superior ao do servidor que está
sendo processado ou ter um nível de escolaridade maior.
2ª fase: instrução Temos a produção de provas. Quais são as provas permitidas? São
todas as autorizadas em direito (testemunhal, acareação de testemunhas, pericial,
depoimento pessoal etc.).
4ª fase: relatório do processo tem que ser conclusivo pela absolvição, pela condenação,
ou pela cominação, ou seja, tem que sugerir um resultado. # Ele vincula a autoridade
superior? A regra é que não tem vinculação, salvo no processo administrativo disciplinar
em que há vinculação da autoridade superior. O relatório é feito pela comissão
processante.
5ª fase: julgamento será feita pelo chefe administrativo, normalmente de 20 dias, mas
vai depender da lei específica.
Se um ato é ilegal ele deve ser anulado, podendo em alguns atos com defeitos sanáveis a
convalidação. Os defeitos insanáveis não podem ser convalidados.
A revogação não tem limite temporal, mas tem limites materiais (p. ex. uma ato vinculado
não pode ser revogado, ato que já produziu direito adquirido, ato que não está na orbita
de competência; atos que já exauriu seus efeitos, atos enunciativos (certifica, atestam,
confere uma opinião – Ex. certidão, atestado – não possuem poder decisório).
A revelia não produz confissão ficta. Se o sujeito for intimado e não comparecer, isso não
gera a confissão ficta.
Revelia: Se o réu não comparece no PAD não produz os efeitos da confissão ficta, apenas
há a desnecessidade de intimá-lo.
o Sumário de acumulação ilegal (art. 133 lei 8112/9): o prazo duração deste
processo é de 30 dias prorrogáveis por mais 15 dias. Antes de punir o
servidor, é dado ao servidor a opção por qual cargo vai optar ficar, devendo
fazer esta escolha em 10 dias, sob pena de ser instaurado no prazo de 10
dias. Instaurado o processo, é feito a instrução (inquérito administrativo),
defesa (em 5 dias) e relatório. Até o último dia defesa é possível escolher de
novo com qual cargo queira ficar, pois caracteriza boa-fé, havendo neste
caso exoneração. Não fazendo a escolha, ao final do processo se ficar
provado que a pessoa realmente fazia cumulação ilegal, ocorrerá à demissão
do servidor.
OBS: Enquanto o servidor está sendo processado administrativamente (PAD), ele não
pode se exonerar, nem pedir aposentadoria voluntária. Ele tem que responder o PAD no
serviço público.
AULA 09 - 11/12/2008
Controle político: Os poderes são independentes e harmônicos entre si, todavia, vigora
em nosso Estado Democrático a fiscalização mútua entre os Poderes. É o sistema do
check and balance. Não é objeto do estudo nesse capítulo.
CNJ: não é órgão de controle externo do Poder Judiciário. Ele é órgão interno do Poder
Judiciário. É instrumento de controle administrativo. Isto é, é o próprio Poder Judiciário
controlando suas atividades administrativas. Competência do CNJ: art. 103-B, § 4º da
CF. é um órgão de controle administrativo e financeiro do poder judiciário. A natureza
das decisões do CNJ é administrativa.
A legalidade que nos interessa é a legalidade lato sensu (amplo) que vem recebendo o
nome de controle de “jurisdicidade” ou “bloco de legalidade”.
Ex. Se pratico um ato previsto em lei, mas irrazoável ou com desvio de finalidade este ato
é invalido.
O STJ que não tiverem a lei própria devem aplicar a lei geral de processo administrativo.
Súmula 473: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios
que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo
de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em
todos os casos, a apreciação judicial.
CLASSIFICAÇÃO
1) CONTROLE LEGISLATIVO
É o Poder Legislativo realizando o controle da atividade administrativa. Ele realiza
controle sobre seus atos administrativos e atos administrativos dos demais poderes.
Tribunal de Contas
(Ler art. 71, CF).
É o “longa manos” do legislativo. É auxiliar.
O TC controla tanto a administração direta quando a administração indireta.
Até o ano de 2005, o TC não tinha o controle da SEM. Ao mesmo tempo ela tinha privilégio do
regime público. Hoje, a SEM também está sujeita ao controle do TC, eis que tem dinheiro
público.
STF: Há uma discussão se a Petrobrás seguirá a lei 8666/93 ou a licitação simplificada da Lei
tal. O TC disse que a lei é inconstitucional. A matéria chegou no STF, e a corte disse que a
súmula 347 não pode realizar controle concentrado e usurpar a função do STF. Segundo a
corte, o TC pode declarar inconstitucionalidade de atos específicos.
Súmula 347, STF: “O tribunal de contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a
constitucionalidade das leis e dos atos do poder público”.
CPI
Também é auxiliar de controle administrativo.
2) CONTROLE JUDICIÁRIO
Mandado de Segurança
Ação de Improbidade – Tem duas forças: Rever o ato e punir o administrador.
Ação Popular.
Ação Civil Pública.
Se o controle judicial é de seus atos administrativos, ele pode fazer legalidade e mérito. Aqui
ele é o próprio administrador controlando. Todavia, o Controle judicial dos atos
administrativos dos outros poderes é chamado de Controle de legalidade, eis que ele não
pode rever o mérito dos outros poderes.
1) CONTROLE EXTERNO
Lembrar o controle popular. Ex: Impugnando licitação, fiscalizando contas públicas, etc.
2) CONTROLE INTERNO
Quanto à natureza
1) CONTROLE DE LEGALIDADE
2) CONTROLE DE MÉRITO
Quanto à hierarquia
Art. 71 CF. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a
qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em
comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões,
ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato
concessório;
Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar, modificar, anular
ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua
competência.
Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder decorrer gravame à
situação do recorrente, este deverá ser cientificado para que formule suas alegações
antes da decisão.
Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções poderão ser revistos, a
qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias
relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada.
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento da sanção.
# Por que pode haver reformatio in pejus pela administração no recurso? Já que
pode a própria administração pública agir de oficio para piorar a situação do agente, nada
impede que administração quando provocada possa também piorar a situação do agente.
Art. 51, §2º: é o mesmo fundamento utilizado para possibilidade de reformatio in pejus e
caso de recurso administrativo.
Art. 5º, IIIV, CF: Principio da inafastabilidade do controle judicial em caso de lesão ou
ameaça a direito.
Legalidade administrativa (reserva legal): quem define o que a administração irá fazer
ou deixar de fazer é a lei.
• Discricionário: a lei prevê uma hipótese para cuja concretização a lei possibilita
mais de uma forma de agir. Veja que a discricionariedade decorre da própria lei e
não da falta dela Ex: licença para interesse particular. A lei diz: poderá ser
concedida a licença.
Atos interna corporis: O judiciário, via de regra, não pode controlar atos “internas
corpori”, todavia, se o ato for inválido por algum vicio (cassação de mandato de
parlamentar sem observar o contraditório) poderá o judiciário analisar a jurisdicidade do
ato.
Todavia, a orientação majoritária (RE 24699 e 167137 - STF) é de que o conceito jurídico
indeterminado é de interpretação e não de discricionariedade trazida pela lei. Logo, o
controle sobre a interpretação é maior do que o controle exercido sobre a
discricionariedade.
Ex: nomeação de um dentista para conselheiro do TCE, só que este dentista já foi
governador de um Estado por vários anos, portanto, detentor de ampla experiência. O TJ
de um estado disse que este ato é discricionário que não pode ser revisto pelo Judiciário.
A questão chegou ao STF que disse que a questão era de interpretação e não de
discricionariedade, o que permite a análise pelo judiciário, que inclusive foi revisto pelo
STF.
Controle legislativo:
a) Tribunais de contas (art. 70 a 75 da CF)
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer
prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores
públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e
mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou
outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer
título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das
concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que
não alterem o fundamento legal do ato concessório;
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão
técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União
participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio,
acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou
por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as
sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano
causado ao erário;
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos
Deputados e ao Senado Federal;
XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.
§ 1º - No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional,
que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.
§ 2º - Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as
medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.
§ 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título
executivo.
§ 4º - O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas
atividades.
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante
controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da
lei.
§ 1º - O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de
Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios,
onde houver.
b) CPI: Possui poderes instrutórios de juiz penal, devendo os atos ser motivados todos
os atos.
Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias,
constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que
resultar sua criação.
§ 3º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios
das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão
criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente,
mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e
por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para
que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
e) Art. 49, V, CF: sustar os atos normativos que exorbitem o poder regulamentar.
f) Art. 52, I e II, CF.
g) Art. 49, I, IV, XII, XIV, XVI e XVII e art. 52, III, IV, V e XI.
LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL (LC 101/00)
Histórico: aparece num momento em que havia muito desequilíbrio entre as receitas e
despesas. Quando faltava dinheiro o governo precisa de dinheiro, simplesmente emitia
moeda, provocando uma grande crise na economia pública.
A lei serviu para que os entes políticos começassem a se planejar, sob pena de não ter
repasse, ou seja, ela cria limites e penalidades para o ente e administrador que não
respeitar.
Visa uma ação planejada e transparente na atuação administrativa. Visa evitar riscos para
que o administrador de hoje não deixe riscos para o administrador do amanhã. O
administrador deve tomar cuidado com as despesas e com as receitas, devendo planejar
por meio de uma gestão fiscal.
Ela não apenas define com será gasto, mas também como será arrecadado, ou seja, um
equilíbrio entre as despesas e receitas. Ex. antes da lei existiam municípios que gastava
120% da receita com pagamento de pessoal, pois não existíamos limites existentes hoje
na lei.
Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão referido no art. 20,
ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo, sem prejuízo das medidas
previstas no art. 22, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois
quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro, adotando-se,
entre outras, as providências previstas nos §§ 3o e 4o do art. 169 da
Constituição.
§ 1o No caso do inciso I do § 3o do art. 169 da Constituição, o objetivo poderá ser
alcançado tanto pela extinção de cargos e funções quanto pela redução dos
valores a eles atribuídos. (Vide ADIN 2.238-5)
§ 2o É facultada a redução temporária da jornada de trabalho com adequação
dos vencimentos à nova carga horária.(Vide ADIN 2.238-5)
§ 3o Não alcançada a redução no prazo estabelecido, e enquanto perdurar o
excesso, o ente não poderá:
I - receber transferências voluntárias;
II - obter garantia, direta ou indireta, de outro ente;
III - contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao
refinanciamento da dívida mobiliária e as que visem à redução das despesas
com pessoal.
§ 4o As restrições do § 3o aplicam-se imediatamente se a despesa total com
pessoal exceder o limite no primeiro quadrimestre do último ano do mandato
dos titulares de Poder ou órgão referidos no art. 20.
Aspectos da LRF:
A LDO e LOA são a repartição da PPA nos 4 anos para cada ano da gestão.
A LDO e LOA andam juntas, devendo primeiro ser aprovada a LDO para depois se aprovar
a LOA. A LDO deve ser enviada pelo PE para o PL até o dia 15 abril de cada ano e tem o
PL que devolver ao PE até o dia 30 de junho de cada ano, sob pena de o congresso não
entrar em recesso (fica em sessão extraordinária até entregar a LDO ao poder executivo).
O PE que tem que o dever de compilar todos os projetos que são enviados pelos demais
poderes, o que não significa que o PE manda nos projetos dos demais poderes.
A LOA também possui anexos, que define a sua compatibilidade com a LDO (1º anexo). O
2º anexo trata de quanto será gasto em cada região (saúde, educação etc). O 3º anexo é
o de reserva de contingência, que define um valor X (poupança ) que será usado em caso
de situação de risco.
Proibições da LOA:
Os relatórios também servem para explicitar que não existe tarefa acumulada, ou seja,
nada do que foi programado ficou sem fazer.
Conclusão:
• Prestação de contas;
• Define o que foi cumprido dentro das etapas previstas;
• Define todos os impedimentos e os desvios, ou seja, o que ficou sem fazer. Quando
surge desvios, algumas medidas devem ser tomadas. Ex. com o fim da CPMF teve
que ser feita algumas medidas para compensar este desvio.
Espécies de relatórios:
• Relatório de execução orçamentária: vai definir os resultados do que foi cumprido
em cada etapa. O PE vai entregar ao PL, para em seguida ser publicado. É feito
bimestralmente, sendo que vencido o bimestre, o administrador tem 30 dias para
entregar o relatório. O relatório traz futuros comprometimentos caso se ultrasse os
valores de gastos no bimestre anterior.
Prestação de Contas:
O tribunal de contas desempenha um papel muito importante, pois controla as contas de
todos os poderes. Os poderes apresentam as contas para o chefe do executivo, que
compila e envia para o tribunal de contas.
Tribunais de contas:
• TCU
• TCE
• TCM: Município capital: tem tribunal de contas. E se tiver mais de 200 mil
habitantes.
O Tribunal de contas vai entregar o parecer prévio dentro de 60 dias, que será enviada
para o poder legislativo, que aprovará ou não estas contas. Se o município não tem
tribunal de contas próprio o prazo do parecer prévio será de 180 dias.
Quando se fala em receita corrente liquida como é feita esta apuração? Sempre se soma
as receitas apuradas no mês de referência mais os 11 meses anteriores. (ex. mês de
janeiro (mês de referencia) mais os 11 meses anteriores).
Quando o gasto com pessoal exceder a 95%, o ente fica proibido de:
• Mexer com vantagem remuneratória (ex. aumentar remunerações), salvo em caso
de decisão judicial;
• Não pode criar cargo, emprego e função, pois são casos de acréscimo de despesa;
• Não pode alterar o plano de carreira que crie despesas;
• Não pode fazer provimento de cargo que esteja vago;
• Não pode fazer a contratação de horário extraordinário;
Regras de transição para que os entes cumprissem os limites foi de 2 anos (50%).
A dívida pública é comprometer aquilo que não estava programado. Não significa o
mesmo que despesa.
Art. 29. Para os efeitos desta Lei Complementar, são adotadas as seguintes
definições:
I - dívida pública consolidada ou fundada: montante total, apurado sem
duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Federação, assumidas em
virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações
de crédito, para amortização em prazo superior a doze meses;
Mecanismos de controle:
A LRF traz muito a idéia de transparência. Qual tipo de providência a lei traz como
mecanismos de controle?
• Relatórios de gestão fiscal e de execução orçamentária;
• Balanços simplificados das finanças (é o resumo das contas bancárias);
• Havendo dúvida, deve ser realizada a audiência pública;
• Prestação de contas feitas ao poder legislativo e ao tribunal de contas;
• Controle popular, pois as contas ficam à disposição da população por um período.
Penalidades na LRF:
Já vimos que esta lei não visa para punir, mas sim para prevenir. Todavia, ela traz
algumas penalidades:
• Penas institucionais: são as medidas que atingem o ente político e não para o
administrador. Quando o ente ultrassa o limite pessoal já vimos que tem um monte
de deveres a cumprir. Se o ente tem um prazo para se adequar e se não se fizer no
prazo estará sujeito a penas institucionais. Estas penas têm a características com
intuito de fazer pressão para se cumprir os limites.
• Penas pessoais: neste caso atinge a pessoa do administrador. A LRF não atinge
diretamente o administrador, ela somente faz remissão de que será punida de
acordo com alguma lei (p. ex. lei de improbidade, crime de responsabilidade (lei
1079/50 ou decreto-lei 201/67 (prefeito e vereador), lei penal etc.)
Além da lei de responsabilidade fiscal, o senado federal também traça algumas proibições
e o fez por meio da resolução 43/2001.
Existem algumas outras proibições na legislação eleitoral que visam evitar que os
candidatos consigam votos.