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EME505P – Laboratório de Resistência dos Materiais II

Turma: T03 Data: 28/05/2018

Objetivo
Busca-se, além de explanar sobre conceitos envolvendo fluência em metais e
polímeros, determinar a velocidade de fluência estacionária de uma liga de Alumínio
submetida a ensaio de fluência sob tensão de 2,75 MPa, à temperatura de 480ºC,
comparando-a à superliga Inconel 718.
Introdução
Pensando em temperaturas elevadas, a clássica curva tensão-deformação não pode
ser tomada como orientação. A variação desse parâmetro é atribuída ao fenômeno da
fluência, que modifica o comportamento de um corpo submetido à tensão constante.
Pequenas variações na temperatura proporcionam significativa mudança nesse
comportamento, sendo também influenciado pela temperatura de fusão do material, o
módulo de elasticidade e o tamanho de grão, sendo que quanto maiores seus valores,
maior a resistência do material [1].
Uma curva típica de fluência apresenta três estágios. O primeiro caracteriza-se
pelo encruamento, que dificulta a deformação plástica, fazendo com que a inclinação da
curva diminua com o tempo. No segundo estágio ocorre o equilíbrio entre o encruamento
e a recuperação do material, proporcionando taxa de fluência constante e trazendo aspecto
linear à curva. O último estágio culmina com o rompimento do corpo de prova, ocorrendo
sob altas cargas e temperaturas.
São parâmetros característicos do ensaio a taxa mínima de fluência, calculada a
partir da inclinação da curva do segundo estágio e o tempo de ruptura, importante para
componentes de vida relativamente curta [1].
O ensaio de resistência à fluência não segue até a ruptura do corpo de prova,
visando estimar a vida útil do material. Nesse caso a carga aplicada é variável e a
temperatura constante. O ensaio de ruptura por fluência segue até que o corpo se rompa,
mantendo as características do ensaio anterior. Já o ensaio de relaxação tem deformação
constante, fornecendo informações sobre a redução de carga aplicada no corpo de prova
[1].
Ao longo do tempo, a fluência também altera as propriedades dos polímeros,
fazendo-o se deformar além de seu limite de escoamento atingindo um estado de
deformação irrecuperável e comprometendo o desempenho da peça [4]. O aumento da
temperatura leva a uma redução do limite de resistência à tração e uma melhoria na
ductilidade [3]. Temperatura, taxa de deformação, peso molecular, pré-deformação,
tratamento térmico e grau de cristalinidade são fatores que influenciam na fluência de
polímeros [5]. São largamente utilizados na indústria automobilística, seja na carenagem,
em acessórios, na caixa de bateria, caixa elétrica central, refrigeradores, etc [6].

Justificativa
O comportamento de materiais durante deformação a altas temperaturas é
complexo e muda com parâmetros de processamento e com as condições de trabalho [2]
sendo grande fonte de falhas dos materiais, fazendo necessário um estudo prévio de sua
resistência sob essas condições.
Materiais e Métodos
Na realização do ensaio, o corpo de prova, dentro de um forno elétrico, é
submetido a uma carga de tração constante de 2,75 MPa e temperatura também constante
de 480ºC. A deformação é medida por um extensômetro ligado à peça por meio de hastes
de extensão. A duração usual de um ensaio de fluência é superior a 1000 horas [3],
contudo, para que pudesse ser exposto em laboratório, utilizou-se de maior temperatura
em menor período até o rompimento do corpo de prova. Este ensaio, diferentemente do
de relaxação, envolve elevado número de equipamentos e milhares de horas de ensaio
para obtenção de resultados confiáveis.
Resultados
Tomando os dados fornecidos abaixo, podemos observar o comportamento
apresentado pela liga.

Tempo
Extensão
(min)
0 0,01
2 0,22
4 0,34 ENSAIO DE FLUÊNCIA - ALUMÍNIO
6 0,41 2
8 0,48 1.8
1.6
10 0,55
1.4
12 0,62
EXTENSÃO

1.2
14 0,68 1
16 0,75 0.8
18 0,82 0.6
20 0,88 0.4
0.2
22 0,95
0
24 1,03 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34
26 1,12 TEMPO (MIN)
28 1,22
30 1,36
32 1,53
34 1,77
O material apresenta curva típica de fluência, sendo
possível considerar sua fase secundária entre 8 e 24 minutos. Dessa forma, a partir da
fórmula da inclinação da linha de regressão, 𝜀 = ∑(𝑥 − 𝑥 ′ )(𝑦 − 𝑦 ′ )/ ∑(𝑥 − 𝑥 ′ )², pode-
se obter a velocidade de fluência estacionária 𝜀 = 0,000564 ℎ−1 .
Conclusão
Comparando a velocidade de fluência estacionária da liga Inconel 718, observa-
se claramente que a mesma apresenta maior resistência à fluência do que a alumínio,
suportando maiores tensões à maiores temperaturas por mais tempo, falhando mais
rapidamente somente quando submetida à tensões 300 vezes maiores do que a utilizada
no alumínio.
Embora na prática esses ensaios se restrinjam às atividades de pesquisa e
desenvolvimento de novos materiais e ligas metálicas, é evidente sua importância para
determinar as condições seguras de uso de diversos produtos [3].
Referências Bibliográficas
[1] SANTOS, F, A. Ensaios de Fluência. Slides de aula. Universidade Estadual Paulista.
[2] SUGAHARA, T. et al. Estudo do Comportamento em Fluência da Superliga Inconel
718. Anais do 15º Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação do ITA. Instituto
Tecnológico de Aeronáutica, São José dos Campos, SP, Brasil, Outubro, 19 a 22, 2009.
[3] MARQUES, A. C.; MALDONADO, Y. Tema: Fluência. Princípio das Ciências dos
Materiais Aplicados aos Materiais de Construção Civil. Departamento de Engenharia de
Construção Civil. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
[4] WASILKOSKI, C. M. Comportamento Mecânico dos Materiais Poliméricos.
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2006.
[5] MIRANDA, P. E. V. Estruturas Poliméricas. Características, Aplicações e
Processamento de Polímeros. Universidade Federal do Rio de Janeiro.
[6] WIEBECK, H. et al. Materiais Poliméricos Para Aplicações Especiais e de Altíssimo
Desempenho.1º Evento de Integração dos Laboratórios da Rede de Transformados
Plásticos.

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