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Envia-nos Profetas, Senhor!

Senhor, com que força os profetas de todos os tempos sentem dentro de si o apelo à Libertação dos seus irmãos. Os grandes
apaixonados pela Tua Fidelidade acabam sempre por perceber que a Tua Glória consiste no Ser Humano Vivo, Feliz, de Pé, e a
Tua Santidade não Te põe a girar permanentemente à volta de Ti mesmo mas consiste no Poder de nos amares para além dos
nosso méritos com um Amor que cura, cuida e salva. A Tua Vontade manifesta-se na procura de uma Justiça sólida, que dê
dignidade aos mais débeis entre o Povo… A Tua Palavra rasga Caminhos novos de libertação, anuncia um futuro para todos e
denuncia aqueles que, em Teu Nome, oprimem e empobrecem os Teus filhos…

Por isso, os Profetas tornam-se sempre um incómodo para quase toda a gente… Os líderes do Teu Povo trataram sempre de
arranjar outros melhores. Os reis e os sacerdotes do Templo recorriam aos “Profetas”, instituídos por eles, que lhes diziam sempre
o que precisavam de ouvir… Deleitavam-se a ouvir estes Profetas falarem em nome de “Deus” contra os pagãos, contra as nações
infiéis… Mas aqueles Profetas que nasciam da Tua Vontade e não da vontade dos poderosos de turno, apontavam a infidelidade no
centro da liderança do seu Povo, na hierarquia que controlava e oprimia usando o Teu Nome e nunca levavam em conta que em
Teu Nome só se pode legitimamente Servir, Amar e Dar a Vida, não oprimir ou vigiar…

Também de João Baptista tiveram medo, Senhor… Claro que tiveram. Têm sempre! Geração após geração, o que há para defender
é sempre o mesmo… por isso, o que há a temer também. Foram procurá-lo, a pregar assim daquela maneira no deserto, tão
diferente dos sermões que e faziam nas sinagogas e no Templo… “Quem és tu?! O que dizes de ti mesmo?”

“Eu não sou o Messias”, disse João… “És Elias? És o Profeta?”, continuaram, referindo-se à esperança que corria há uns séculos
entre o Povo de que um Profeta como Elias, ou Elias mesmo, viria anteceder o Messias…

A resposta de João não os deixou serenos. Fala de si mesmo como “a Voz”, entende a sua missão como preparação da chegada da
Luz que vem Baptizar no Espírito e aponta-o como presente… “Está no meio de vós, e não o conheceis”…

Eles diziam que não havia mais Profetas, o tempo da Profecia tinha acabado porque Deus agora tinha-os deixado sob a tutela da
Lei, da qual eram eles os responsáveis. Mas Tu, Senhor, desobedeces àqueles que falam tantas vezes em Teu Nome para fazerem de
Ti o que não és, e continuas a suscitar Profetas verdadeiros, servidores do Espírito que dá a Vida e não escravos da letra da Lei
que mata… “Está entre vós o que não conheceis”… e dificilmente poderiam conhecer aquele que era a Luz, como lhe chama João,
com medo que ficassem “às claras” as suas próprias escuridões… Dificilmente poderiam reconhecer aquele que, não sabendo ainda
quem é e como vem, já provoca neles tantas cautelas e labor para se defenderem… Eles também estavam sempre “preparados”,
como os Profetas anunciam, mas preparados para se defenderem, para se fecharem e para condenarem se for preciso.

Senhor, não consigo deixar de pensar neste Teu Povo que amas e ao qual pertenço… e que às vezes parece que voltou a ter medo
da profecia… Prefere que não haja Profetas, ou então apenas aqueles que estão “investidos” como tal, e que passam o tempo
dizendo que o mal está fora de nós, nos “novos paganismos” que chamamos de sociedade de consumo, superficialidade,
relativismo, e outras coisas… Mas Tu continuas a suscitar no meio de nós Profetas que toquem na ferida da nossa própria
infidelidade para reconhecermos que as nossas doutrinas cansam mas não convertem porque nos falta um rosto mais livre, cara de
gente salva e gestos de quem vive na Esperança do tal Reino que dizemos estar no meio de nós…

Senhor, crava no nosso íntimo o apelo do Teu Paulo: “Irmãos, vivei sempre alegres, orai sem cessar, dai graças em todas as
circunstancias, pois essa é a vontade de Deus a vosso respeito em Jesus, o Cristo!”

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