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Dom I TQ (B)

I. O dilúvio do tempo de Noé é um símbolo bíblico do poder recriador de Deus e da Sua iniciativa livre e
amorosa de viver em Aliança com a Humanidade. Manifesta o Amor-Não Desistente de Deus, dito com uma linguagem
que a nós muitas vezes nos parece simplesmente de destruição e castigo. A revelação de Deus acontece sempre no
contexto próprio de cada cultura, lugar e tempo. A verdade que permanece é esta: Deus não abdica do Seu Projecto
Criador, que é o Homem “à Sua imagem e semelhança”, realizado e feliz na fidelidade à Sua Aliança.

II. O evangelista Marcos apresenta-nos Jesus como o realizador pleno da Recriação da Humanidade iniciada em
Noé, utilizando linguagem muito conhecida dos judeus do seu tempo: no Jardim primordial do Éden, Adão vivia em
harmonia com todos os animais, até os que depois se tornaram selvagens, e era servido e alimentado por anjos. Essa
harmonia convivial com a Criação e com o Criador foi destruída pelo pecado. Um símbolo desta ruptura com a Criação e
com o Criador é dizer que o Jardim primordial que Deus tinha dado ao Homem se tinha transformado em Deserto! Por
isso Jesus é conduzido ao Deserto pelo Espírito, para o recriar de novo em Jardim de harmonia convivial com a Criação e
com o Criador: “convivia com os animais selvagens e era servido pelos anjos…”
Em Jesus acontece a “plenitude do tempo” da Recriação da Humanidade, que está ao alcance de cada um que se
disponibilize a converter a sua Mente e o seu Coração segundo os critérios do Evangelho.

III. Esta conversão da Vida à Verdade do Evangelho de Jesus era assumida na Igreja primitiva pelos catecúmenos
de maneira muito séria. Os catecúmenos eram os que se preparavam para o Baptismo que se realizava na Vigília Pascal.
Adultos, claro! O catecumenado era uma caminhada de aprofundamento da Fé como seguimento de Jesus Ressuscitado,
aquele que “morreu segundo a carne mas foi vivificado pelo Espírito Santo e foi pregar aos espíritos que estavam na
prisão da morte”, isto é, também vivificou pelo Espírito todos os que o tinham precedido na passagem da morte. Chamar
a Jesus “Salvador” significa compreender o dom universal do Espírito Santo na sua morte-ressurreição que Diviniza a
Humanidade assumindo-a na própria Família Divina! Esta é a Nova e Eterna Aliança. O baptismo é o acolhimento-
compromisso pessoal com esta Boa Nova. Aproveitemos esta Quaresma para nos sentirmos também catecúmenos,
renovando a vivência do nosso Baptismo no Espírito e preparando jubilosamente o sabor da Salvação que já aconteceu
há 2000 anos! Vivamos esta Quaresma como gente salva, a Quaresma dos discípulos de um Senhor Ressuscitado!

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