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Desperta-nos, Senhor!

Hoje, o próprio tempo volta ao princípio, Senhor, como que introduzindo-nos no permanente
mandamento de Jesus: “Tens de nascer de novo”!

Começa um novo ano litúrgico para saborearmos que Tu não te repetes, nem o gosto do Teu Projecto
salvador. Andamos habituados demais, tão habituados que parece que esvaziamos o Evangelho de Jesus
do seu encanto e a Tua Palavra da sua força… É bom dizer que o ano anterior acabou. Acabou, pronto! É
altura de começar de novo! Precisamos disto, Senhor, para marcarmos ritmos de renascimento ao nosso
próprio Coração.

Em cada Advento revivemos o anseio de Israel pelo Teu Ungido (Messias), o clamor de todos os povos da
história por um Amor maior que os liberte. É a história inteira, Senhor, que clama “Maranatha, Vem
Senhor”, que espera libertação e cura…

É a história inteira que espera que haja um Deus que seja Deus de verdade, capaz de vencer-nos sem nos
destruir… E eis que chegas, sempre, agindo no mais íntimo do Coração do ser humano, sem rumor, sem
violência… Vens sempre, o Deus que é Deus mesmo, comprometido em que o ser humano seja cada vez
mais Humano! A Tua acção na história, aparece-nos em forma de humanidade nos gestos, nas palavras, no
cuidado de todos, na descoberta dos valores comuns e dos direitos universais…

É assim que chegas, permanentemente, a responder aos nossos gritos e ultimatos, como um Deus que nos
humaniza e nos torna capazes de vencermos os ritmos negativos do pecado que nós mesmos vamos
gerando. Mas ainda nos sentimos tão sós e distantes da plenitude do Teu Projecto Salvador, Bom Deus…

Acreditamos que o Céu se rasgou, sim, que o Amor que nos dedicas te deixou tão desprevenido que caíste
desamparado aos nossos pés, mas ainda hoje chamamos por Ti e Te procuramos como se estivesses
longe…

Acreditamos que Jesus é o Rosto Humano do teu Amor, a revelação plena que divindade e humanidade
falam a mesma linguagem, que é o Amor, e por isso se dizem mutuamente numa Aliança que nele chega à
unidade perfeita…

Acreditamos que o Deus que está para vir sempre é o que já está connosco, mas está sempre a chegar de
maneiras novas… A Tua Vinda, Senhor, não tem a ver com a transposição de uma distância, mas com o
acolhimento do Teu Amor.

“Oh, se rasgasses os céus e descesses!” – dizia o profeta Isaías – “Diante da Tua face até os montes
estremeceriam! E Tu desceste, Senhor, e perante a Tua face estremeceram os montes”… mas nós não… A
maior parte de nós, ainda não! Continuamos a pedir-te que venhas como se esse pedido Te implicasse a Ti
e não a nós… mas é a nós que implica, à nossa Vigilância e atenção aos tantos sinais da Tua permanente
chegada. Continuamos a rezar-te que Venha a nós o Teu Reino como se isso Te implicasse a Ti e não a
nós… mas é a nossa fidelidade ao Evangelho de Jesus que estamos nós mesmos a pedir.

“Estais despertos – diz Jesus – acordados, não vos deixeis dormir, vigilantes…”

Sabemos, Senhor, que Jesus não nos diz isto para que fiquemos com medo de nada! Foram outros
“pregadores” que nos meteram esses medos na cabeça… Jesus não diz que quando o Senhor daquela casa
chegar quer encontrar os seus servos com medo. Não é nada disso! Quer encontrá-los acordados,
despertos, vigilantes!

Porque Tu estás continuamente a chegar, e é preciso estar de olhos bem abertos e coração desperto para
olharmos para o Céu e, ao vê-lo rasgado, percebermos que Tu andas por aí livre, solto e simples, na brisa
do Espírito que Te leva para todo o lado e nas palavras de Jesus que Te dão um rosto… E quando Jesus
mesmo nos disser para estarmos atentos, vigilantes, despertos, talvez já não precisemos de lhe perguntar o
mesmo que perguntaram os outros: “Mas quando é que te vimos com fome e te demos de comer ou com
sede e te demos de beber ou com frio e te vestimos ou imigrante e te acolhemos?…” Talvez tenhamos
vivido suficientemente atentos e acordados para termos visto a tempo!

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