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RADIOLOGIA DO TRATO

GASTROINTESTINAL
NOÇÕES QUE TODO MÉDICO DEVE SABER

DRA CAMILA SILVA BEZERRA


IMIP – HMA - RHP
INTRODUÇÃO

Semiologia “armada” x Semiologia “desarmada"


Os exames de imagem delineiam as possibilidades diagnósticas que
necessitam de confirmação ou esclarecimento
?
MÉTODOS DE EXAMES
VÍSCERAS OCAS X VÍSCERAS SÓLIDAS

▪ TIPOS:
- Estudo da deglutição
- Esofagograma
- Seriografia de esôfago e duodeno
- Trânsito intestinal
- Enema opaco
- Ultrassonografia (USG)
- Tomografia Computadorizada (TC)
- Ressonância Magnética (RM)
PREPARO – RX E CONTRASTADOS
▪ Radiografia simples: sem preparo
▪ Esofograma: sem preparo prévio
▪ Seriografia de estômago e duodeno: jejum de
6 a 12 horas.
▪ Trânsito intestinal: jejum de 6 a 12 horas
▪ Enema opaco: jejum de 12 horas.
PREPARO - USG
▪ Preparo prévio
- Jejum
- Ingesta de líquido
- Medicamentos
Reduzir conteúdo gasoso
Atuar no peristaltismo

▪ Sem preparo
Condições ideais para:
- Avaliar peristaltismo
- Conteúdo intestinal
- Espessura das paredes
PREPARO – TC e RM
▪ Preparo anti-alérgico com anti-histamínico e
corticóide (TC)
▪ Ingestão de líquido com contraste iodado
▪ Jejum de 4h na RM/ 6h na TC
▪ Uso de antiespasmódicos (RM)
▪ Avaliar clearance renal para possíveis
contra-indicações
MEIOS DE CONTRASTE
NATURAIS (ex: ar) x ARTIFICIAIS (ex: Ba, I, Gd)

NEGATIVOS (ex: ar) x POSITIVOS (ex: Ba, I)

VIA DE ADMINISTRAÇÃO: EV , VO
(atenção para possíveis contra-indicações)
Baritados
▪ Via oral (anterógrada)
ou
endorretal(retrógrada)

▪ Estudo da deglutição,
esofagograma, esôfago
técnica-padrão,
seriografia de estômago
e duodeno, trânsito
intestinal e enema
opaco (clister opaco)
Iodados
▪ Iônicos x Não iônicos
▪ Via endovenosa ou diluído para contraste oral
▪ Excreção principalmente renal, existindo alguns tipos que
podem ser excretados via hepática
ÚLCERA DUODENAL PERFURADA
Gadolínio
▪ Via EV
▪ Utilizado em menor volume
▪ Mais seguro no que diz respeito ao risco de
reação alérgica.
FÍSTULA ENTEROVESICAL (DOENÇA DE CROHN)
TRATO GASTROINTESTINAL
ESÔFAGO DISTAL
ESÔFAGO DISTAL
Radiologia convencional:
- Distúrbios da motilidade
▪ Distúrbios primários
1. Relaxamento inadequado do EEI (acalásia)
2. Contrações não coordenadas (espasmo
esofágico difuso)
3. Hipercontração (esôfago em quebra nozes)
4. Hipocontração
Acalásia

ESOFAGOGRAMA DEMONSTRANDO AFILAMENTO DA JUNÇÃO ESOFAGOGÁSTRICA


Acalásia

ASPECTO EM “BICO DE PÁSSARO"

ESOFAGOGRAMA DEMONSTRANDO AFILAMENTO DA JUNÇÃO ESOFAGOGÁSTRICA


Esôfago em quebra-nozes

ONDAS PERISTÁLTICAS TERCIÁRIAS POR DISCINESIA ESOFÁGICA EM IDOSO


Imagem da série CBR – GASTROINTESTINAL (2011)
ESÔFAGO DISTAL
▪ Distúrbios secundários
Esclerodermia, Doença de Chagas, esofagites
infecciosas
ESÔFAGO DISTAL
▪ Distúrbios secundários
Esclerodermia, Doença
de Chagas, esofagites
infecciosas

DOLICOESÔFAGO
Dilatação e redundância
ESÔFAGO DISTAL
• HÉRNIA GÁSTRICA HIATAL
- Por deslizamento (TGE acima do diafragma)
- Por rolamento (paraesofágica)
- Mistas
ESTÔMAGO
ESTÔMAGO
▪ Seriografia, USG, TC, e menos freqüentemente, pela
RM
▪ Seriografia já foi utilizada como primeiro exame na
pesquisa de doença péptica/úlcera, sendo que, com
o advento de novas técnicas de imagem,
principalmente endoscopia digestiva alta (EDA),
passou para segundo plano
ESTÔMAGO
▪ Nicho baritado ou imagem sacular de adição:
acúmulo de contraste em depressão na
parede gástrica (ulceração)
ESTÔMAGO
▪ Nicho baritado ou imagem sacular de adição:
acúmulo de contraste em depressão na
parede gástrica cujo significado é de ulceração
ESTÔMAGO
- TC não é o método inicial.

- DDX e complicações

PNEUMOPERITÔNIO DECORRENTE DE UPP


FONTE: HMA
ESTÔMAGO
▪ Adenocarcinoma gástrico
- Tumor gástrico + comum
- Disseminação comum por via linfática
Supraclavicular esquerdo (Virchow)
Ovários (Tu de Krukenberg) e parede retal
(prateleira de Blumer)
ESTÔMAGO
▪ POLIPÓIDE
- Falhas de enchimento
- Lobulada e confluente

http://www.dapi.com.br/medicos/centro-estudos/wp-co
ntent/uploads/2015/02/aparelho_digestivo.pdf
ESTÔMAGO

▪ ÚLCERADO/PENETRANTE
- 70%
- Bordas irregulares
- Mais larga do que
profunda
- Sinal do complexo menisco
de Carman-Kirkland

FALHA DE ENCHIMENTO (SETAS BRANCAS)


IMAGEM ULCERADA (ASTERISCO)
ESTÔMAGO

TC : DOENÇA DE BASE E ESTADIAMENTO


INTESTINO DELGADO
INTESTINO DELGADO
▪ Um dos principais exames por imagem para estudo do
intestino delgado é o trânsito intestinal

INDICAÇÕES
▪ Distúrbios de rotação
▪ sangramento intestinal
▪ diarréia ou esteatorréia;
▪ dor abdominal indeterminada;
▪ febre de origem indeterminada;
▪ retardo de desenvolvimento e crescimento;
INTESTINO DELGADO

DISTÚRBIO DE ROTAÇÃO : ALÇAS DE DUODENO E JEJUNO EXCLUSIVAMENTE À DIREITA


NÃO SE CARACTERIZANDO ANGULO DE TREITZ
INTESTINO DELGADO
“A ultrassonografia do TGI é frequentemente
frustrante e sempre um desafio”(Stephanie Wilson)

Fatores dificultantes:
- Gases intraluminais
- Líquido intraluminal e conteúdo fecal
(pseudotumores e artefatos)
INTESTINO DELGADO
USG PERMITE AVALIAR
▪ Mapeamento de conteúdo
- Gasoso e líquido
- Estômago/ delgado/ cólon
▪ Peristaltismo
- Hipo ou Hiper
▪ Espessamento parietal
- Com preservação ou não da estratificação
▪ Dilatações
▪ Alterações inflamatórias associadas
INTESTINO DELGADO
• ASSINATURA INTESTINAL

1. Interface mucosa
2. Mucosa
3. Submucosa
4. Muscular própria
5. Serosa (interface)

Reconhecimento de regiões específicas:


- Pregas gástricas
- Pregas circulares
- Haustrações do cólon
INTESTINO DELGADO

JEJUNO
INTESTINO DELGADO

ÍLEO
INTESTINO GROSSO
INTESTINO GROSSO
▪ Os exames por imagem indicados para o estudo do intestino
grosso são o enema opaco, a USG, a TC e a RM.

INDICAÇÕES
▪ Carcinoma colorretal
▪ Alterações congênitas (Hirschprung)
▪ Doenças inflamatórias/ infecciosas
▪ Abdome obstrutivo
INTESTINO GROSSO

CÓLON
INTESTINO GROSSO
ESPESSAMENTO PARIETAL
Espessamento simétrico ou assimétrico
INTESTINO GROSSO
Padrões sonográficos:
▪ em alvo
▪ em “pseudo-rim"
INTESTINO GROSSO
INTESTINO GROSSO
INTESTINO GROSSO
INTESTINO GROSSO
Doenças inflamatórias relacionadas ao
TGI
APENDICITE AGUDA
- Emergência abdominal mais comum
- Adolescentes e adultos jovens
- Complicações: perfuração e abscesso
- USG: compressão graduada apresenta
sensibilidade de 85% e especificidade de 92%

TC: apêndices retrocecais, pacientes obesos, avaliar


complicações
APENDICITE

> 6mm
APENDICITE
APENDICITE
APENDICITE
APENDICITE
DIVERTICULITE
- Espessamento focal dos divertículos
- Fecalitos
- Complicações
DIVERTICULITE
DIVERTICULITE
APENDAGITE EPIPLÓICA
- Torção espontânea, isquemia ou inflamação por
provável oclusão venosa
- Resolução espontânea

ACHADOS:
- Lesão sólida hiperecogênica ovalada (enluvada)
- Incompressível ao USG
- Adjacente ao cólon (anterior ou ântero-lateral)
APENDAGITE
APENDAGITE
APENDAGITE
DOENÇAS INFLAMATÓRIAS
RCU:
- Acentuado acometimento mucoso com edema
- USG: espessamento difuso (geralmente menos acentuado e
de contornos menos definidos do que na Crohn).

CROHN
- Pode acometer QUALQUER PARTE DO TUBO DIGESTIVO,
COM PREDILEÇÃO PELO ÍLEO TERMINAL.
- Espessamento moderado
- USG: imagem “em alvo” ou “pseudorim”. Acometimento
salteado. Predomínio da submucosa.
- CARACTERÍSTICA TRANSMURAL = EDEMA, FIBROSE, E
ESPESSAMENTO DO MESENTÉRIO ADJACENTE
CROHN
CROHN

SINAL DO PENTE
Aparência hipervascular do mesentério na
Doença em atividade
CROHN
ENTERO - TC

Realce mural é o achado mais sensível para inflamação e pode ser difícil de perceber
em pacientes sem distensão adequada das alças.
CHRON
▪ O principal objetivo da enteroTC é diferenciar
estreitamentos por processo inflamatório ativo e
estreitamentos fibróticos, de modo a guiar a terapia.

▪ É uma técnica especial de tomografia


computadorizada realizada com a injeção de contraste
iodado intra-venoso após a ingestão de um líquido que
auxilie a aquisição de imagens em alta resolução do
intestino delgado.
https://www.radiologyinfo.org/en/info.cfm?pg=ctenterography
ABDOME OBSTRUTIVO
▪ Radiografia simples geralmente é o primeiro
exame
▪ Achados radiológicos:
- Alças distendidas
- Níveis hidroaéreos
- Aspecto em “pilha de moedas” do delgado
ABDOME OBSTRUTIVO
ABDOME OBSTRUTIVO
• A TC é o exame de melhor acurácia e
especificidade para avaliar a causa da
obstrução
ABDOME OBSTRUTIVO
INTUSSUCEPÇÃO
- Crianças: meninos de 2-5 anos
- Alça proximal (intussusceptum) penetra na
distal (intussuscipiens)
INTUSSUCEPÇÃO INTESTINAL
DOENÇA VASCULAR
• Isquemia e infarto intestinais constituem um
grupo heterogêneo de doenças que têm como
hipóxia o tema central unificador do intestino
delgado ou cólon.

• Pneumatose intestinal é achado comum em


isquemia/infarto intestinal, embora possa ser
encontrada em outras condições (ex: sepse)
DOENÇA VASCULAR
PNEUMATOSE X PSEUDO-PNEUMATOSE
DOENÇA VASCULAR
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O OBJETIVO DESTA AULA FOI:
- Permitir a aquisição de novos conhecimentos
- Revisar conceitos já previamente
estabelecidos na propedêutica diagnóstica
- Visão geral acerca do arsenal de exames de
imagens do mais simples ao mais complexo,
como auxílio ao raciocínio clínico.
REFERÊNCIAS
• Fundamentos da Radiologia - Diagnóstico por
imagem - Brant & Helms.
• CBR – Série gastrointestinal – 2011 (Vários
autores).
• Interpretação Radiológica – Paul & Juhl.
• Gastroenterologia Essencial – Renato Dani.
• Tratado de Posicionamento Radiográfico e
Anatomia Associada - Bontrager.
• Radiopaedia
Obrigada!

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