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ESTUDO-VIDA

DE

JOEL

Witness Lee
ESTUDO-VIDA DE JOEL

CONTEÚDO

Sobre Joel (1) A Palavra Introdutória e o Dia do SENHOR

Sobre Joel (2) O Conteúdo (1)

Sobre Joel (3) O Conteúdo (2)

Sobre Joel (4) A Profecia Governante dos Quatro Gafanhotos no Livro de Joel

Sobre Joel (5) Os Quatro Fatores no Livro de Joel

Sobre Joel (6) A História Universal Segundo a Economia de Deus—a História Divina
dentro da História Humana

Sobre Joel (7) A História de Deus com o Homem e a História de Deus no Homem

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ESTUDO-VIDA DE JOEL
MENSAGEM UM

A PALAVRA INTRODUTÓRIA E O DIA DO SENHOR

Leitura bíblica: Joel 1:1, 15; 2:1, 11, 31, 3:14

O livro de Joel é curto, mas é excelente, maravilhoso e misterioso. Nesta mensagem nós
primeiramente daremos uma palavra introdutória e então consideraremos a questão do
dia do SENHOR, uma questão importante nas profecias da Bíblia.

I. A PALAVRA INTRODUTÓRIA

A. O Significado do Nome Joel

Em hebraico o nome de Joel quer dizer “Jeová é Deus.”

B. A Época do Ministério de Joel

A época do ministério de Joel foi aproximadamente 800 a.C., provávelmente depois do


profeta Elias.

C. O Tema do Ministério de Joel

O tema do ministério de Joel era sobre Judá, o reino do sul.

D. O Lugar do Ministério de Joel

O lugar do ministério de Joel também foi em Judá.

E. O Tema

O tema do livro de Joel é a devastação do governo humano sobre Israel em quatro estágios
e a destruição de Cristo sobre os devastadores e Seu reinado no meio de Israel na
restauração (Ap 20:4, 6; Mt 19:28).

F. O Pensamento Central

O pensamento central de Joel é que as nações, como gafanhotos, devastaram Israel


consecutivamente em quatro impérios, de Nabucodonosor, o primeiro rei de Babilônia, até
o Anticristo, o último César de Roma; eles serão vencidos e exterminados por Cristo, que
estabelecerá o reino e reinará no meio do Israel salvo na era da restauração. Os quatro
impérios que devastaram Israel e que serão vencidos e exterminados por Cristo são os
impérios babilônico, o império medo-persa, o império greco-macedônio e o império
romano. Esses quatro impérios são tipificados pela grande imagem humana em Daniel 2,

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uma imagem que será destruída por Cristo como a pedra cortada sem auxilio de mãos (vv.
34-35). De fato, essa pedra não representa o Cristo individual somente, mas também o
Cristo corporativo. O Cristo corporativo virá como uma pedra cortada sem auxilio de
mãos e esmagará o governo humano em pedaços.

G. A Revelação Concernente à Cristo

1. Em Sua Vinda com Seus Vencedores como os Valentes


para Derrotar o Anticristo e Seu Exército

No livro de Joel Cristo é revelado em Sua vinda com Seus vencedores como os valentes
para derrotar o Anticristo e seu exército (Jl 3:11).

2. No Seu Julgamento das Nações

Neste livro Cristo é revelado também no Seu julgamento das nações (3:2a, 12, 14). Esse é o
julgamento dos vivos (Mt 25:31-46; At 10:42; 17:31). Atos 10:42 nos diz que Cristo é Aquele
que por Deus foi constituído para ser Juiz dos vivos e dos mortos, e em 17:31 diz que Deus
“estabeleceu um dia em que Ele há de julgar o mundo com justiça pelo homem que
designou.” Cristo julgará os vivos logo antes o milênio e julgará os mortos depois do
milênio.

3. Em Sua Habitação no Santo Monte Sião


dentro de Jerusalém para Reinar no meio de Israel

Finalmente, em Joel Cristo é revelado em Sua habitação no monte Sião dentro de


Jerusalém para reinar no meio de Israel para ser o seu Deus, o refúgio do Seu povo e a sua
fortaleza (Jl 3:16-17, 21b).

H. As Seções

O livro de Joel tem cinco seções: a introdução (1:1), a praga dos gafanhotos (1:2-2:11), o
retorno do SENHOR para o Seu eleito, Israel (2:12-32), o julgamento de Cristo sobre as
nações (3:1-15), e a vitória de Cristo sobre as nações e o Seu reinado no meio de Israel (3:11,
16-21).

II. O DIA DO SENHOR

O livro de Joel fala do dia do SENHOR (1:15; 2:1, 11, 31; 3:14).

A. O Dia do SENHOR em Joel É o Dia do Senhor no Novo Testamento

O dia do SENHOR no livro de Joel é o dia do Senhor no Novo Testamento (2Pe 3:10).

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B. O Julgamento do Senhor para o Seu Tratamento Governamental

Nas expressões como “o dia do SENHOR” e “o dia do Senhor” a palavra “dia” é


principalmente usada no sentido do julgamento do Senhor para Seu tratamento
governamental (Ez 13:5; 30:3; Sf 1:8-9).

C. O Dia do Senhor É o Dia no Qual o Senhor Julga

Antes de o Senhor voltar, esse é o “dia do homem” no qual o homem julga (1Co 4:3-5). O
homem continuará julgando até que o Senhor venha. Após o Senhor vir, esse será “o dia
do Senhor” no qual o Senhor julgará. O dia do julgamento do homem é a presente era. Isso
está em contraste com o dia do Senhor que é a era vindoura, a era do reino, na qual o
julgamento será o julgamento do Senhor. Hoje no dia do homem, todo o mundo é um juiz.
Até mesmo as crianças julgam seus pais, e os estudantes julgam seus professores. Mas no
dia do Senhor, o Senhor suspenderá todo o julgamento humano e dará a palavra final.

D. O Dia Final do SENHOR (o Senhor) Começará no Sexto Selo


e Terminará no Julgamento do Grande Trono Branco

O dia final do Senhor (o Senhor) começará no sexto selo (Ap 6:12-17), terminará no
julgamento do grande trono branco (Ap 20:11-15), e inclui várias calamidades, pragas e
aflições, pois o julgamento da punição do Senhor e tratamentos governamentais sobre os
céus, o sol, a lua, as estrelas, a terra, os homens, Satanás e os demônios limpará a terra e
todo o universo, para o novo céu e a nova terra (Ap 21:1) para vir Seu reino eterno. Do
sexto selo até o começo do reino milenar será um pouco mais de três anos e meio. Esse será
principalmente o tempo da grande tribulação. O julgamento do grande trono branco acon-
tecerá depois do reino milenar. Assim, o dia do Senhor durará durante aproximadamente
mil e três anos e meio.

Vamos agora brevemente considerar as calamidades, pragas e aflições que consiste o dia
do Senhor.

1. As Calamidades Naturais do Sexto Selo

Primeiro, haverá as calamidades naturais do sexto selo sobre o sol, a lua, as estrelas, os
céus e a terra.

2. As Calamidades Severas das Primeiras Quatro Trombetas

Apocalipse 8:7-12 fala das calamidades severas das primeiras quatro trombetas sobre a
terra, o mar, os rios, o sol, a lua e as estrelas. De fato, as calamidades do sexto selo e as
primeiras quatro trombetas são um agrupamento relacionado ao julgamento do universo.

3. O Primeiro Ai, a Quinta Trombeta

O primeiro ai, a quinta trombeta, será por meio dos gafanhotos do abismo sob o domínio
do Anticristo como seu rei que também sairá do abismo (Ap 9:1-11).
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4. O Segundo Ai, a Sexta Trombeta

O segundo ai, a sexta trombeta, será por meio dos quatro anjos libertados do Eufrates com
os duzentos milhões de cavaleiros (Ap 9:12-19).

5. O Terceiro Ai, a Sétima Trombeta

O terceiro ai, a sétima trombeta, será composto das sete taças (Ap 11:14-15a; 15:1, 5-8; 16:1).

a. A Ulcera Perniciosa e Maligna da Primeira Taça

A ulcera perniciosa e maligna da primeira taça virá sobre os homens que têm a marca da
besta e adoram sua imagem (Ap 16:2).

b. Na Segunda Taça o Mar Se Torna em Sangue


como Sangue de um Morto

Na segunda taça o mar se tornará em sangue como sangue de um morto, e toda alma
vivente que está no mar morrerá (Ap 16:3).

c. Na Terceira Taça os Rios e Fontes se Tornam em Sangue

Na terceira taça os rios e fontes se tornarão em sangue para ser a bebida daqueles que
derramaram o sangue dos santos e dos profetas (Ap 16:4-7).

d. Na Quarta Taça o Sol Queimará os Homens com Fogo

Na quarta taça o sol queimará os homens com fogo (Ap 16:8-9).

e. Na Quinta Taça o Reino do Anticristo Escurece

Na quinta taça o reino do Anticristo será escurecido, e as pessoas morderão suas línguas
de dor e blasfemarão contra o Deus do céu por causa das suas dores e ulceras (Ap 16:10-
11).

f. Na Sexta Taça Haverá a Guerra do Armagedom

Na sexta taça haverá a guerra do Armagedom no qual o Anticristo e os seus exércitos


lutarão contra Cristo com Seus vencedores. Cristo destruirá o Anticristo e todos os seus
exércitos malignos, e serão lançados o Anticristo e o falso profeta no lago de fogo (Ap
16:12-16; 17:14; 19:19-21). Em Apocalipse 14:17-20, o derrotar de Cristo do Anticristo e
todos os seus exércitos malignos é comparado ao Seu pisar do grande lagar da cólera de
Deus.

g. O Terremoto Sem precedente da Sétima Taça

Na sétima taça haverá um terremoto sem precedente. A grande cidade de Jerusalém será
dividida em três partes, as cidades das nações cairão, e a Babilônia política será destruída

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sob a ira de Deus. Todas as ilhas fugirão, e os montes desaparecerão. Além disso, forte
granizo descerá do céu sobre os homens (Ap 16:17-21).

6. Todas as Calamidades, Pragas, e Ais do Sexto Selo até a Sétima


Taça Constitui a Grande Tribulação, a Hora do Julgamento

Todas as calamidades, flagelos e ais do sexto selo até a sétima taça constituem a grande
tribulação (Mt 24:21), a hora do julgamento para afligir todas as pessoas que habitam sobre
a terra (Ap 3:10). A grande tribulação durará três anos e meio (Ap 11:2; 12:14; 13:5; 12:6).

a. A Grande Babilônia Religiosa É Destruída

Provavelmente no começo da grande tribulação, a Grande Babilônia religiosa, a Igreja


Católica Romana, será destruída pelo Anticristo (Ap 14:8; 17:16). Ao término da grande
tribulação, a Grande Babilônia política, o império romano reavivado, será destruído pelo
Senhor.

b. As Duas Testemunhas

Na grande tribulação as duas testemunhas cuspirão fogo da sua boca para devorar seus
inimigos, fecharão os céus para que não chova, terão autoridade para transformar as águas
em sangue, e ferirão a terra com toda sorte de flagelos (Ap 11:3-6).

c. O Anticristo Blasfema contra Deus e Faz


Guerra contra os Santos e Os Vence

Nos três anos e meio da grande tribulação, o Anticristo, instigado por Satanás e fortalecido
pelo falso profeta, blasfemará contra Deus e fará guerra contra os santos e os vencerão.
Será dada autoridade satânica a ele sobre toda tribo e nação (Ap 13:4-7; 12:13-17; 2 Ts 2:3b-
4; Dn 11:36-39; Mt 24:15).

7. Satanás É Preso por Mil Anos e Lançado no Abismo

O Satanás será aprisionado por mil anos e lançado no abismo (Ap 20:1-3). Isso acontecerá
depois que Cristo lidar com o Anticristo e os seus exércitos.

8. Cristo Apascentará as Nações com uma Vara de Ferro por Mil Anos

Cristo apascentará as nações com uma vara de ferro durante mil anos e as quebrarão em
pedaços como vasos de cerâmica (Ap 2:27).

9. O Queimar das Pessoas Rebeldes e


o Lançar do Diabo no Lago de Fogo

Ao término do milênio, as nações, enganadas pelo diabo, se rebelarão contra Cristo, mas
do céu descerá fogo e as devorará. Então, o diabo será lançado no lago de fogo (Ap 20:7-
10).

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10. O Julgamento do Grande Trono Branco

Ao término do dia do Senhor, haverá o julgamento do grande trono branco (Ap 20:11-15)
por Cristo sobre os mortos, os demônios, e provavelmente os anjos caídos (2Pe 2:4).

E. Os Céus e a Terra Serão Renovados

Finalmente, os céus e a terra serão renovados com intenso calor ardente para ser o novo
céu e nova terra para a Nova Jerusalém (2Pe 3:10-13; Ap 21:1-2). O dia do Senhor termina
com esse calor ardente. Os céus e a terra, a velha criação, foram poluídos e contaminados
pela rebelião de Satanás e pela queda do homem e, portanto precisam ser renovados.

O dia do Senhor com todos os Seus julgamentos é para a manifestação de Cristo. Quando
estudamos a Bíblia, precisamos perceber que a revelação na Bíblia está centrada em Cristo
que é a centralidade e a universalidade da economia de Deus. Todos os julgamentos do
dia do Senhor, incluindo todas as calamidades, pragas, e ais, têm uma meta, e essa meta é
trazer a manifestação de Cristo.

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ESTUDO-VIDA DE JOEL
MENSAGEM DOIS
O CONTEÚDO

(1)

Leitura bíblica: Joel 1:2—2:11

O livro de Joel contém três pontos principais. O primeiro ponto principal é a praga dos
quatro tipos de gafanhotos (as nações) ou de um tipo de gafanhoto em quatro etapas. O
segundo ponto principal é o derramamento do Espírito consumado. Esse derramamento
deu inicio à vida da igreja que é o conteúdo da era do mistério. O terceiro ponto principal
é a restauração não somente de Israel, mas de todo o universo. Essa restauração se
consumará no novo céu e nova terra com a Nova Jerusalém. Nesta mensagem
consideraremos o primeiro desses três pontos principais.

I. A PRAGA DOS GAFANHOTOS (AS NAÇÕES)

A praga dos gafanhotos (as nações) é abordada em 1:2-2:11.

A. A Seriedade da Profecia

Joel 1:2-4 nos mostra a seriedade da profecia.

1. Uma Mensagem para os Anciãos entre as Pessoas


e para Todos os Habitantes da Terra

Os anciões entre as pessoas devem ouvir esta mensagem, e todos os habitantes da terra
devem dar atenção a ela. Eles devem falar aos seus filhos sobre ela, os seus filhos devem
falar aos seus filhos, e os seus filhos devem contar para a próxima geração (vv. 2-3; Sl 78:6).

2. O Gafanhoto Cortador, o Gafanhoto Migrador, o


Gafanhoto Devorador e o Gafanhoto Destruidor

Joel 1:4 diz que o que deixou o gafanhoto cortador, comeu-o o gafanhoto migrador; o que
deixou o migrador, comeu-o o gafanhoto devorador; o que deixou o devorador, comeu-o o
gafanhoto destruidor. Quatro palavras são usadas para gafanhoto neste versículo,
provavelmente referindo a um tipo de gafanhoto em vários estágios de crescimento. Como
veremos, essa espécie de gafanhoto em quatro estágios corresponde às quatro seções da
grande imagem humana em Daniel 2, às quatro bestas em Daniel 7, e aos quatro chifres
em Zacarias 1. O gafanhoto cortador refere-se ao império babilônico; o gafanhoto
migrador, ao império medo-persa, o gafanhoto devorador, ao império grego e o gafanhoto
destruidor, ao império romano.

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B. A Vinda de uma Nação, Forte e Inumerável, contra a Terra do SENHOR

Joel 1:6a fala da vinda de uma nação, forte e inumerável, contra a terra do SENHOR.

1. Comparado a Um Tipo de Gafanhoto em Quatro Estágios

A vinda de tal nação é comparada a um tipo de gafanhoto em quatro estágios: o gafanhoto


cortador, o gafanhoto migrador, o gafanhoto devorador e o gafanhoto destruidor (v. 4; 2:2,
4-11). Os quatro tipos sucessivos de gafanhotos se referem às nações que devastaram Israel
em quatro impérios consecutivos: Babilônia, Média-Pérsia, Grécia e Roma.

2. Comparado Também à Grande Imagem


Humana em Quatro Seções

Essa nação poderosa é comparada também à grande imagem humana em quatro seções: a
cabeça de ouro—Babilônia; o peito de prata e os braços—Média-Pérsia; o abdômen e a
coxa de bronze—Grécia; e as pernas de ferro com os pés—Roma (Dn 2:31-33).

3. Comparado Também às Quatro Bestas

A vinda de uma nação, poderosa e inumerável, é comparada também às quatro bestas: um


leão, um urso, um leopardo e aquele que é a totalidade dos primeiros três (Dn 7:2-8; Ap
13:2a).

4. Por Fim Comparado a Quatro Chifres

Essa nação por fim é comparada a quatro chifres (Zc 1:18-21). Os quatro chifres, as quatro
bestas, as quatro seções da grande imagem e os quatro tipos de gafanhotos, tudo se refere
aos mesmos quatro impérios. Ao longo da história humana, no tratamento de Deus com
Israel e no Seu castigo dos gentios, esses quatro impérios tem sido e ainda são o centro.

5. Para Devastar a Terra do SENHOR

A nação mencionada em Joel 1:6a veio devastar a terra do SENHOR, devorando e


destroçando as pessoas em pedaços e fazendo da terra uma desolação (vv. 6b-7a; 2:3; Dn
7:7; Is 10:3; Jr 25:11). Por causa dessa desolação, não havia alimento para alimentar as
pessoas nem vinho para alegrá-las (Joel 1:5, 7, 10-12, 16a, 17), nem ofertas de manjares nem
oferta de libação para os sacerdotes oferecerem a Deus no Seu templo (vv. 9, 13, 16b), não
havia pastos para os animais, para os rebanhos de gado e os rebanhos de ovelhas (vv. 18-
20).

6. De Nabucodonosor, o Primeiro Rei do Império Babilônico,


ao Último César do Império Romano

Os impérios que devastaram a terra do SENHOR incluem os impérios de Nabucodonosor, o


primeiro rei do império babilônico, por meio do império medo-persa e o império
macedônio e o império grego, ao último César (o Anticristo) do império romano (Dn 7:2-8;

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8:3-14; 11:2-45; Ap 13:1-18; 17:11-14; 19:19-21). A Babilônia na verdade começou com Babel
que foi fundada por Ninrode (Gn 10:8-10), o primeiro tipo de Anticristo.

A Bíblia compara esses quatro impérios a gafanhotos. Uma praga de gafanhotos é terrível.
Em um só dia pode ser consumida uma colheita inteira; nada pode parar os gafanhotos
vorazes. Os exércitos de Babilônia, a Média-Pérsia, Grécia e Roma eram como gafanhotos
vindo para devastar Israel completamente, devorando seu povo, a terra, os campos, os
produto, a comida e a bebida e cortando suas ofertas.

Aparentemente, esses quatro impérios são humanos como a grande imagem humana que
representa a totalidade do governo humano. Porém, aos olhos de Deus elas são bestas. A
Babilônia é o leão; a Média-Pérsia é o urso; a Grécia é o leopardo; e Roma, sendo a
totalidade dos primeiro três, é a besta mais selvagem e devastadora de todas. Por fim,
esses quatro impérios são quatro chifres usados por Satanás para devastar o povo
escolhido de Deus. As profecias a respeito disso são agora história.

Daniel 7:12 diz, “Quanto aos outros animais, foi-lhes tirado o domínio; todavia, foi-lhes
dada prolongação de vida por um prazo e um tempo.” Isso indica como cada império foi
derrotado, embora seu domínio tenha sido tirado, sua cultura foi adotada por cada
império que o sucedeu. Assim cada império continuou vivo. A cultura de Babilônia foi
adotada pela Média-Pérsia; a cultura da Média-Pérsia foi adotada pela Grécia; e a cultura
da Grécia foi adotada por Roma. Disso vemos que o império romano herdou as culturas
dos três impérios que o precedeu. O domínio do império romano acabou, mas sua “vida”,
sua cultura, continua. De certo modo, todos nós somos cidadãos romanos, porque estamos
debaixo da influência do espírito do império romano, especialmente nas questões de
políticas e leis. Hoje a cultura do mundo é romana, contudo, sendo uma cultura
acumulada, ela contém as culturas dos babilônicos, dos persas e dos gregos.

A Bíblia aborda quatro coisas: A disciplina de Deus sobre Seu povo eleito, o castigo de
Deus das nações, a manifestação de Cristo e a restauração. Estes quatro assuntos são
abordados em Joel, um livro curto de três capítulos. Primeiramente, Deus enviou os
gafanhotos para devastar Israel. Essa foi Sua disciplina pelos grandes males de Israel.
Segundo, este livro revela que Deus castigará e julgará as nações gentias. Terceiro, Joel fala
a respeito do derramamento do Espírito composto, processado e consumado, o Espírito de
Deus composto com a humanidade de Cristo, a morte de Cristo e sua eficácia, e a
ressurreição de Cristo com seu poder. Esse é o Espírito Santo que foi derramado no dia de
Pentecostes, e esse Espírito é o Cristo consumado para a manifestação de Cristo. Essa
manifestação começou com a encarnação de Cristo e foi confirmada e fortalecida pelo
derramamento do Espírito porque, através desse derramamento, o Cristo individual se
tornou o Cristo corporativo iniciando a vida de igreja e a era da igreja. A igreja é o grande
mistério da piedade, Deus manifestado na carne (1Tm 3:15-16). Por essa razão, somos a
manifestação de Cristo. Agora estamos esperando a quarta questão revelada no livro de

11
Joel—o glorioso dia da restauração que se consumará na Nova Jerusalém no novo céu e
nova terra. Essa é a revelação da Bíblia, e essa é a história do universo.

Os quatro impérios tipificados pelos gafanhotos são muito mundanos, mas eles serão
usados pelo Artesão de Deus (Cristo—Dn 2:34-35) como Seu instrumento para disciplinar
Israel e castigar as nações. Dessa maneira Deus realizará tudo que for necessário para
Cristo para ser manifestado de maneira plena, para que todo o universo possa ser
restaurado completamente.

12
ESTUDO-VIDA DE JOEL
MENSAGEM TRÊS
O CONTEÚDO

(2)

Leitura bíblica: Joel 2:12-3:21

Joel é um livro curto de três capítulos, mas ele abrange a história humana de 606 a.C. até o
milênio. Uma grande revelação em Joel é que Deus levantou quatro impérios
representados por quatro tipos de gafanhotos, começando com a Babilônia e continuando
com a Média-Pérsia, Grécia e o império romano, para devastar a pequena nação de Israel,
o eleito de Deus. Hoje essa devastação ainda continua. Ao longo do caminho, enquanto tal
história estava prosseguindo, Deus se derramou como o Encarnado, Crucificado,
Ressurreto e Ascendido, o Deus Triúno processado e consumado como o Espírito, nos
crentes de Cristo. Esse derramamento produziu a igreja e começou a era do mistério. Tudo
relacionado à igreja é um mistério, e esse mistério é a manifestação de Cristo. Sendo assim,
estamos aqui na igreja fazendo coisas de maneira misteriosa para antecipar a aparição
final de Cristo para introduzir a era da restauração, o reino milenar que é o prelúdio para
o novo céu e a nova terra com a Nova Jerusalém. Essa é a revelação no livro de Joel.

Vamos agora continuar considerando mais além o conteúdo de Joel em 2:12-3:21. Nesta
porção temos o retorno do SENHOR ao Seu eleito, Israel (2:12-32), o julgamento de Cristo
sobre as nações (3:1-15), e a vitória de Cristo com Seus vencedores sobre as nações e Seu
reinado no meio de Israel na era da restauração (3:9-13, 16-21).

II. A VOLTA DO SENHOR AO SEU ELEITO, ISRAEL

A. Aguardando Se Voltarem ao SENHOR Seu Deus

O SENHOR desejava que Seu eleito se voltasse a Ele. Os versículos de 12 a 17 do capítulo


dois revelam de que maneira eles deveriam se voltar ao seu Deus.

1. Com Todo Seu Coração

O SENHOR desejava que Seu eleito se voltasse a Ele com todo seu coração (v. 12a).

2. Com Jejuns, Choro e Pranto

Ele desejava que eles se voltassem também a Ele com jejuns, choro e pranto (v. 12b).

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3. Rasgando Seus Corações e Não Suas Vestes

Ao se voltarem ao seu Deus, o eleito do SENHOR deveria rasgar seus corações e não suas
vestes (v. 13). Eles deveriam fazer isso de forma que Deus se voltasse, se arrependesse e
deixasse uma bênção após Si—uma oferta de manjares e libação (v. 14).

A oferta de manjares e a oferta de libação são bênçãos para Israel. Quando Nabucodonosor
destruiu Jerusalém e o templo, Israel perdeu o lugar designado por Deus onde podia fazer
suas ofertas a Deus (Dt 12:5-6). Também, o exército de Deus de gafanhotos destruiu o
produto da terra, não deixando nenhum grão para fazer a oferta de manjares nem uvas
para fazer vinho para a oferta de libação. Assim, Israel perdeu tanto a terra quanto os
produtos para oferecer a oferta de manjares para alimentar a Deus e a oferta de libação
para alegrar a Deus. Hoje Deus e Israel ainda estão sofrendo a perda desta bênção.

4. Soando a Trombeta em Sião

Em Joel 2:15a o SENHOR diz, “Soe a trombeta em Sião.” Soar a trombeta é fazer uma
declaração num espírito triunfante.

5. Santificando um Jejum

O versículo 15b continua, “Santificai um jejum.” Esse jejum não era para ser comum; antes,
seria santificado, separado para Deus.

6. Convocando uma Assembléia Solene

O SENHOR também queria que Seu eleito convocasse uma assembléia solene: ajuntando o
povo, ajuntando os anciões, deixando o noivo sair da sua recâmara e a noiva do seu
aposento (vv. 15c-16). Tal assembléia é uma grande bênção, algo que não deveria ser
perdido.

7. Deixando os Sacerdotes Chorarem entre o Átrio e o Altar

O versículo 17 diz, “Chorem os sacerdotes, ministros do SENHOR, entre o átrio e o altar, e


digam: Poupa a teu povo, ó SENHOR, e não entregues a tua herança ao opróbrio, para que
os gentios o dominem; porque diriam entre os povos: Onde está o seu Deus?” O átrio e o
altar estavam fora do templo, e entre o átrio e o altar os sacerdotes estavam chorando por
Israel ter perdido a bênção. Contudo, o povo, tinha sido trazido de volta a Deus, e tinha
base para desfrutar a bênção. Eles tinham o altar, ordenado por Deus, onde poderiam
oferecer o que Deus desejava para Sua satisfação.

B. Desejando Abençoar Sua Própria Terra

Nos versículos 18 a 27 vemos que Deus deseja abençoar Sua própria terra. A terra santa,
uma área particular de terra, é a terra de Deus.

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1. Com os Ricos Produtos da Terra

Deus deseja abençoar Sua própria terra com o rico produto da terra (vv. 19, 21-22, 25-27).

2. Através das Chuvas

Deus também deseja abençoar Sua terra através das chuvas: a chuva temporã e a serôdia
(v. 23).

3. Removendo para Longe do Povo os Inimigos Enviados


por Deus como o Seu Grande Exército

Por fim, Deus deseja abençoar a Sua terra removendo para longe do povo os inimigos
enviados por Ele como o gafanhoto cortador, o gafanhoto migrador, o gafanhoto
devorador e o gafanhoto destruidor como o Seu grande exército (vv. 20, 25).

C. Desejando Salvá-Los

Os versículos de 28 a 32 revelam que Deus está disposto a salvar Seu eleito, Israel.

1. Derramando Seu Espírito Sobre Eles

O SENHOR está disposto a salvar Israel derramando seu Espírito (como a chuva temporã)
sobre eles (vv. 28-29). Esta profecia foi cumprida como um antegozo no dia de Pentecostes
(At 2:1-4, 16-21), e será cumprida como um gozo pleno antes da grande tribulação para a
salvação e regeneração de muitos dos israelitas que retornarem. Esse derramamento é
diferente do derramamento do Espírito no último dia da tribulação (Zc 12:10) para a
salvação do remanescente dos judeus sob a perseguição do Anticristo.

O Espírito derramado no dia de Pentecostes era o Espírito de Deus composto com a


humanidade, morte, ressurreição e ascensão de Cristo. Esse Espírito composto que foi
derramado é a realização de Cristo e a consumação do Deus Triúno. Deus Se derramou
sobre aqueles que invocaram o nome do Senhor. Esse derramamento produziu a igreja.
Antigamente, havia somente os judeus e os gentios, mas agora há a igreja como uma
terceira entidade (1Co 10:32). A igreja é misteriosa, pois é na igreja que Cristo é
manifestado.

O derramamento do Espírito consumado é a vinda de Cristo. Cristo passou pela


encarnação. Por fim, Ele morreu e foi ressuscitado, e, de certo modo, Ele foi embora. Mas
pelo derramamento do Espírito Ele voltou a ser manifestado. Através desse derramamento
todos os discípulos e as pessoas salvas no dia de Pentecostes se tornaram partes do Cristo
corporativo. O Cristo individual se tornou o Cristo corporativo, estendido, aumentado que
é a igreja como a manifestação de Deus na carne (1Tm 3:15-16).

Do que abordamos até aqui neste estudo-vida de Joel, podemos ver que este livro se trata
da história mundial. Nosso texto para estudo da história é a Bíblia, em particular o curto
livro de Joel. Neste livro vemos as nações como os gafanhotos e a devastação de Israel por
15
esses gafanhotos. Aqui também vemos um grande derramamento do Espírito como o
Deus Triúno consumado sobre esses judeus que invocaram o nome do SENHOR e que
assim foram regenerados para se tornarem parte da igreja para a manifestação de Cristo.

2. Por meio do Seu Invocar o Nome do SENHOR

Joel 2:32 indica que o povo eleito de Deus será salvo por meio do seu invocar o nome do
SENHOR. O equivalente disso no Novo Testamento é invocar o nome do Senhor Jesus.

3. Acompanhado pelas Calamidades Naturais do


Sexto Selo e das Primeiras Quatro Trombetas

A salvação de Deus de Israel ao derramar Seu Espírito sobre eles será acompanhada pelas
calamidades naturais do sexto selo e das primeiras quatro trombetas (Ap 6:12-17; 8:7-12)
nos céus, o sol, a lua, as estrelas e a terra (Joel 2:30-31a) como um prelúdio para a grande
tribulação (Mt 24:21).

4. Antes da Quinta Trombeta, o Primeiro dos Três Ais

O segundo derramamento do Espírito para a salvação dos judeus que retornarem


acontecerá antes da quinta trombeta, o primeiro dos três ais (Ap 8:13-9:19; 11:14; 15:5-
16:21), que são a estrutura principal da grande tribulação, no grande e terrível dia do
SENHOR (Jl 2:31b). Porém, muitos dos judeus que retornarem não crerão, mas continuarão
sendo teimosos. Por fim, durante a tribulação, Jerusalém será cercada pelos exércitos
gentios sob o domínio do Anticristo cuja intenção será destruir Israel completamente.
Nessa conjuntura o Senhor Jesus Cristo descerá com Seus vencedores. Além disso, de
acordo com Zacarias 12, naquele momento o Espírito consumado será derramado
novamente, e o remanescente dos filhos de Israel será salvo.

Portanto, há três derramamentos do Espírito Santo: primeiro, o derramamento no dia de


Pentecostes; segundo, o derramamento logo antes a grande tribulação sobre os judeus; e
terceiro, o derramamento sobre judeus sitiados que não terão como escapar a perseguição
do Anticristo. Esses três derramamentos trabalham juntos para a salvação de Israel.

III. O JULGAMENTO DE CRISTO SOBRE AS NAÇÕES

Joel 3:1-15 fala a respeito do julgamento de Cristo sobre as nações—o julgamento sobre os
vivos (At 10:42; 17:31).

A. No Vale de Josafá

Esse julgamento acontecerá no vale de Josafá que é o vale da Decisão (Jl 3:2, 12, 14).

16
B. Retribuindo os Maus Tratos das Nações
a Israel durante a Grande Tribulação

O propósito do julgamento de Cristo sobre os vivos será para retribuir os maus tratos das
nações a Israel durante a grande tribulação (vv. 2b-8; Ap 12:17; 13:7, 10; Mt 25:41-46a).
Depois que Cristo lançar o Anticristo e o falso profeta no lago de fogo, Ele estabelecerá o
Seu trono em Jerusalém, e todos os vivos como os bodes e as ovelhas serão reunidos diante
Dele para serem julgados por Ele. Os bodes serão os maus, aqueles que perseguiram os
judeus, e as ovelhas serão os bons, aqueles que ajudaram os judeus perseguidos durante a
tribulação.

IV. A VITÓRIA DE CRISTO COM SEUS VENCEDORES SOBRE AS NAÇÕES


E O SEU REINADO NO MEIO DE ISRAEL NA ERA DA RESTAURAÇÃO

Finalmente, Joel fala a respeito da vitória de Cristo com Seus vencedores sobre as nações e
seu reinado no meio de Israel na era da restauração (3:9-13, 16-21).

A. Cristo com Seus Vencedores Derrotando o


Anticristo e Seus Exércitos no Armagedom

Primeiro, de acordo com os versículos de 9 a 13, Cristo com seus vencedores (Ap 17:14;
19:11-14) como os valentes derrotarão o Anticristo e seus exércitos (as nações) no
Armagedom.

B. Cristo Reinando no meio de Israel no Santo


Monte de Sião dentro de Jerusalém

Depois da derrota do Anticristo, Cristo reinará no meio de Israel no santo monte de Sião
dentro de Jerusalém (Jl 3:16a, 17, 21b).

C. Cristo É um Abrigo e um Lugar Seguro para os Filhos de Israel

Assim como Cristo reina em Jerusalém, Ele será um abrigo e um lugar seguro para os
filhos de Israel (v. 16b). Por causa disso, ninguém mais poderá prejudicar Israel.

D. Na Restauração

O reinado de Cristo no meio de Israel no santo monte de Sião dentro de Jerusalém será na
restauração (v. 18; Mt 19:28).

1. Os Montes Destilarão Vinho Fresco e os Outeiros Manarão Leite

Joel 3:18a nos fala que na restauração os montes destilarão vinho fresco e os outeiros
manarão leite. Isso indica quão rica será a situação.

17
2. Todos os Rios de Judá Fluirão Água

Na restauração não haverá escassez de água, pois todos os rios de Judá fluirão água (v.
18b). Onde quer que haja um curso de água, haverá um rio cheio de água.

3. Uma Fonte Sairá da Casa do SENHOR para Regar a Terra

Uma fonte sairá da casa do SENHOR, o templo, para regar toda a terra santa (v. 18c). Isso
aponta para a situação na Nova Jerusalém onde um rio fluirá do trono de Deus e do
Cordeiro para regar a cidade santa.

E. Todos os Inimigos Vizinhos de Israel Serão Castigados

Joel 3:19-21a nos fala que todos os inimigos vizinhos de Israel serão castigados. Então, as
nações serão castigadas, Israel será restabelecido e Cristo será manifestado. Esse será um
prelúdio para o novo céu e nova terra com a Nova Jerusalém.

18
ESTUDO-VIDA DE JOEL
MENSAGEM QUATRO
A PROFECIA MAIS DIRECIONADA DOS QUATRO
GAFANHOTOS NO LIVRO DE JOEL

Leitura bíblica: Joel 1:4; 2:28-32; 3:9-21

Nesta mensagem tenho o encargo de dar uma palavra adicional sobre a profecia com
respeito aos quatro tipos de gafanhotos no livro de Joel.

A DIFERENÇA ENTRE DANIEL E JOEL

Na interpretação das profecias da Bíblia, a profecia de Joel é mais direcionada do que


Daniel. É correto dizer que as profecias de Daniel são o fator determinante para
entendermos e interpretarmos as profecias na Bíblia. Porém, os fatores determinantes em
Daniel estão na superfície, ao passo que os fatores em Joel estão escondidos, ocultos, de
maneira misteriosa. Por isso, se quisermos entender o livro de Joel, temos que ter
discernimento.

OS QUATRO TIPOS DE GAFANHOTOS DENOTAM


AS QUATRO SEÇÕES DO GOVERNO HUMANO

O primeiro fator em Joel são os gafanhotos em quatro fases: o gafanhoto cortador,


simbolizando a Babilônia; o gafanhoto migrador, simbolizando a Média-Pérsia; o
gafanhoto devorador, simbolizando a Grécia; e o gafanhoto destruidor, simbolizando o
império romano (1:4). Esses quatro tipos de gafanhotos denotam as quatro seções de todo
o governo humano na terra representada pela grande imagem humana em Daniel 2.
Depois dessas quatro seções do governo humano que terminará com o Anticristo o último
César do império romano, o governo humano chegará ao fim.

OS QUATRO TIPOS DE GAFANHOTOS CONSUMINDO A NAÇÃO DE ISRAEL

Esses quatro tipos de gafanhotos estão relacionados à pequena nação de Israel. De certo
modo, Deus enviou as quatro seções do governo humano como gafanhotos para consumir
Israel.

Os quatro tipos de gafanhotos, correspondendo às quatro seções do governo humano,


ocupará um longo período de tempo na história humana, desde a época de
Nabucodonosor até a época do Anticristo. Esse período durará pelo menos vinte e sete
séculos. Entre as épocas de Nabucodonosor e o Anticristo, haverá um longo período no
qual os judeus não terão uma nação, nem rei, nem sacerdote, nem profeta, nem templo
como o centro ordenado por Deus onde eles possam adorá-Lo. Hoje os judeus ainda estão
sendo consumidos pelos gafanhotos do governo humano gentio.

19
ATRAVÉS DOS GAFANHOTOS ROMANOS A REDENÇÃO DE DEUS
E A PREGAÇÃO DO EVANGELHO FORAM LEVADAS A CABO

O estágio final do enviar de Deus dos gafanhotos é o império romano. Enquanto o império
romano estava castigando o Israel rebelde, Deus fez algo de maneira silenciosa e
misteriosa. Deus usou o império romano para preservar a região ao redor do Mar
Mediterrâneo—o centro da habitação humana—de maneira pacifica. Rodovias foram
construídas, rotas de navegação foram estabelecidas no mar, e um idioma comum, o
grego, era falado por todos os povos. Foi nesse momento que Deus veio para Se encarnar e
nascer de uma virgem numa pequena cidade, Belém, e por fim, morar em Nazaré. Durante
trinta e três anos e meio o Deus de amor eterno viveu na terra em Sua humanidade como
um homem. Depois disso Ele foi para a cruz e morreu a morte de um criminoso sob o
sistema romano de pena de morte. Embora as pessoas mundanas não percebessem isso,
Cristo morreu uma morte vicária, todo-inclusiva. Depois de três dias Ele ressuscitou. No
mesmo dia, na manhã de Sua ressurreição, Ele ascendeu ao Pai e desceu novamente para a
terra para reunir com Seus discípulos. Quarenta dias depois, na presença de Seus
discípulos, Ele ascendeu aos céus. Após mais dez dias, no dia de Pentecostes, Ele desceu
novamente ao Ser derramado como o Espírito sobre três mil de Seus crentes, fazendo de
cada um dos três mil iguais a Ele em vida e natureza. O resultado desse derramamento do
Espírito foi um Cristo corporativo, o qual é a manifestação de Cristo.

Disso vemos que foi por meio dos gafanhotos romanos que tanto a redenção de Deus
quanto a pregação do evangelho foram levadas a cabo. Primeiro, o evangelho foi
propagado ao longo do império romano e então, como resultado do imperialismo romano,
para outras partes do mundo. Os romanos inventaram o imperialismo, e todos os poderes
Ocidentais são partes do império romano. Depois que a Inglaterra derrotou a Espanha
para se tornar o poder mundial, por mais de dois séculos o evangelho foi propagado a
todo canto da terra por causa do imperialismo romano.

AS TRÊS COISAS QUE ESTÃO ACONTECENDO NA TERRA HOJE

Hoje três coisas estão acontecendo na terra: a destruição pelo gafanhoto romano, o
sofrimento de Israel e a manifestação de Cristo. Nós não estamos ligados ao gafanhoto
destruidor romano nem ao sofrimento de Israel, mas a manifestação de Cristo. Pouco de
Cristo é manifestado na Igreja Católica Romana e nas denominações, mas Cristo é
manifestado na Sua restauração. Hoje estamos na linha na qual Cristo está sendo
manifestado. A linha da manifestação de Cristo nos levará finalmente a manifestação mais
plena de Cristo na era da restauração. Essa manifestação mais plena de Cristo consumará
na Nova Jerusalém no novo céu e nova terra. Essa é escatologia adequada. Essa é a melhor,
a mais clara e mais abrangente escatologia.

20
TANTO DEUS QUANTO A BÍBLIA SÃO REAIS

Deus é real. Se Deus não fosse real, não poderia haver tal livro como a Bíblia. A Bíblia nos
fala de antemão a respeito da história mundial. A Bíblia é o único livro que prediz a
história humana com tamanha precisão e abrangência. Portanto, cremos não somente que
nosso Deus é real, mas também que a Bíblia é real.

A NECESSIDADE DE UMA VISÃO CLARA


COM RESPEITO A TRÊS QUESTÕES

Todos nós precisamos ter uma visão clara da era na qual estamos vivendo, de onde
estamos e de qual deve ser a nossa meta.

A Presente Era

Estamos vivendo numa era, a continuação das eras precedentes, nas quais nosso Deus
ainda está se movendo. Ele está trabalhando entre os judeus e pelas nações para executar
Sua economia na edificação do organismo do Corpo de Cristo.

Onde Estamos

Precisamos ver que hoje nós, os crentes em Cristo, estamos no Corpo de Cristo. Todos nós
somos membros do Corpo de Cristo que é o organismo do Deus Triúno. Como membros
do Corpo, devemos aspirar ser vencedores, os valentes (Joel 3:11) que voltarão com Cristo
para lidar com o Anticristo na batalha do Armagedom e que serão os Seus co-reis no
milênio.

Nossa Meta como Membros do Corpo de Cristo

Além disso, devemos ter clareza quanto a nossa meta como membros do Corpo. Nossa
meta é aumentar a manifestação de Cristo intrinsecamente. Não queremos um mero
aumento exterior. Não apreciamos uma boa aparência exterior, e não queremos qualquer
tipo de aparência. Pelo contrário, desejamos ver o aumento intrínseco da manifestação de
Cristo no Espírito do Deus Triúno processado e por meio da vida do nosso Pai, o Ser
divino eterno, todo-poderoso.

TOMANDO O CAMINHO DOS VENCEDORES

Espero que todos nós não tomemos o caminho cristão comum, mas o caminho dos
vencedores para sermos os valentes para que sejamos como o Valente. Cristo está agora no
trono nos céus, nos esperando para sermos aperfeiçoados e amadurecidos. Consequen-
temente, o momento será oportuno para Ele voltar e lidar com as nações, salvar o
remanescente de Israel e completar a economia de Deus conosco. Então a era da
restauração será introduzida. Essa era se consumará na Nova Jerusalém como a última
consumação da expressão de Deus em Cristo.

21
ESTUDO-VIDA DE JOEL
MENSAGEM CINCO
OS QUATRO FATORES NO LIVRO DE JOEL

Leitura bíblica: Joel 1:4; 2:28-32; 3:16-21

Nesta mensagem gostaria de dar uma palavra adicional sobre os quatro fatores, os quatro
principais princípios, no livro de Joel.

O PRIMEIRO FATOR — A DESTRUIÇÃO DOS GAFANHOTOS

O primeiro fator, ou princípio, é a destruição dos gafanhotos, o fator destruidor. “O que o


gafanhoto cortador deixou, o gafanhoto migrador comeu; e o que o gafanhoto migrador
deixou, o gafanhoto devorador comeu; e o que o gafanhoto devorador deixou, o gafanhoto
destruidor comeu” (1:4). Esses gafanhotos denotam o governo humano que tem existido
durante vinte e sete séculos e que continuam existindo. Os governos das nações foram e
ainda têm sido usados por Deus para consumir Israel. Hoje na terra há tal fator destruidor
que envolve as nações.

O SEGUNDO FATOR — O SOFRIMENTO DE ISRAEL

O segundo fator, o segundo princípio, é o fator de sofrimento, o sofrimento de Israel em


sujeição aos gafanhotos. Israel tem sofrido a destruição dos gafanhotos durante quase
vinte e sete séculos. Ao considerarmos o sofrimento de Israel, podemos nos perguntar por
que Deus permitido isso durar tanto tempo. Podemos questionar por que Deus tem
permitido Seus eleitos sofrerem sob a destruição dos gafanhotos. Por um lado, Deus
permite que esse sofrimento continue; por outro, Ele não permite que Israel seja
totalmente destruído. Israel é a única nação que tem sofrido a destruição dos gafanhotos
por tanto tempo. Contudo, Israel continua suportando até o fim.

Esses dois fatores—o fator destruidor envolvendo as nações em quatro estágios e o fator
de sofrimento envolvendo Israel—tem estado presente na maior parte da história humana.
Muitos livros foram escritos sobre a história mundial, mas eles não tratam desses fatores,
esses princípios, como estamos fazendo aqui.

O PROPÓSITO DE DEUS CONCERNENTE


AO FATOR DE SOFRIMENTO

Chegamos agora à questão crucial do propósito de Deus concernente ao fator de


sofrimento. O fator de sofrimento é o fator que produziu a encarnação. Por meio da
encarnação o Deus todo-poderoso, infinito e eterno, foi introduzido na humanidade e
mesclado com a humanidade. Nada, nem mesmo a criação do universo, poderia ser maior
do que isso! O propósito de Deus ao permitir Israel sofrer em sujeição aos gafanhotos era

22
produzir um casal, Maria José, de forma que Deus pudesse nascer no homem, do homem,
e sair do homem para se tornar não mais apenas Deus, mas um homem-Deus. Por isso, o
fator de sofrimento era o fator para consumar a encarnação divina; o sofrimento dos
judeus era o fator para produzir a encarnação. Como resultado de Deus entrar na
humanidade e o Seu mesclar com a humanidade, há agora uma única pessoa—Jesus—que
é o Deus completo e um homem perfeito. Deus se tornou um homem, o homem Jesus, e
viveu nesta terra, fazendo Sua morada em Nazaré durante trinta anos. Certamente, esse é
o maior milagre em todo o universo!

O USO DE DEUS DO FATOR CONSUMINDOR

Temos visto que Israel foi usado por Deus por sofrer tanto pelo Seu propósito para que
Deus pudesse nascer do homem para ser um homem-Deus. Agora precisamos ver como
Deus usou o fator destruidor e ainda tem usado esse fator.

Ele é o primeiro fator, o fator destruidor, que proporcionou todos os recursos necessários
no ambiente para que propósito de Deus fosse levado a cabo. O império romano, o
agregado dos quatro impérios, proporcionou tudo o que foi necessário para o Deus
encarnado viver, mover e trabalhar na terra. Além disso, o império romano proporcionou
os meios para Cristo ser crucificado, pois ele tinha a autoridade governamental,
preparando uma cruz, e até mesmo providenciando os soldados para crucificarem o
Senhor Jesus.

Tanto o fator destruidor quanto o fator de sofrimento foram úteis a Deus. Os judeus
tinham perdido sua nação e tinham sido espalhados por todos os lugares, vagando
durante séculos. Humanamente falando, isso foi uma tragédia. Mas no dia de Pentecostes,
após Deus ter consumado Seu longo processo de encarnação, viver humano, crucificação,
ressurreição e ascensão, Ele precisava se derramar em toda a raça humana, não só em uma
pessoa, mas em todas as pessoas. Para esse derramamento foi exigido uma ocasião
particular, e o império romano tornou isso possível. Primeiro, o império romano tinha
espalhado os judeus por entre todos os povos. Então, no dia exato, no momento oportuno,
o império romano providenciou a maneira para o povo que estava espalhado voltar para
Jerusalém para desfrutar da festa. Naquele momento de alegria, Deus desceu de repente
sobre as pessoas. Disso vemos que por meio do Israel sofredor, e por todos os recursos
providenciados pelo gafanhoto destruidor, o governo romano, Deus se derramou sobre
toda a carne. Hoje nós, como a igreja, somos a manifestação de Cristo, produzida pelo
derramamento do Deus Triúno processado e consumado sobre toda a carne.

Os gafanhotos de hoje também são úteis a Deus e a nós, os membros da igreja, o Corpo de
Cristo. Por causa dos gafanhotos nós temos tais coisas como o telefone, o microfone, o
gravador, o avião, o computador e o aparelho de fax. Por causa dos gafanhotos nós nos
Estados Unidos desfrutamos a liberdade de expressão e a liberdade para nos reunir como
igreja. Os recursos providenciados pelos gafanhotos também nos salvam na maioria das
vezes. Portanto, somos gratos ao governo “gafanhoto” e ao “gafanhoto” das companhias
23
telefônicas e de computadores. Num sentido muito real, todos os gafanhotos estão
trabalhando para nós. Os milhões de enxames de gafanhotos sobre a terra hoje estão nos
servindo de maneira que possamos estar aqui para a manifestação de Cristo.

O TERCEIRO FATOR — OS BENEFICIÁRIOS

A destruição dos gafanhotos e o sofrimento de Israel ambos são para nós. Isso significa
que nós na vida da igreja hoje somos os beneficiários dos judeus e das nações. Esse é o
terceiro fator, o terceiro princípio. Paulo diz que todas as coisas cooperaram para o nosso
bem (Rm 8:28). Consequentemente, nós somos o terceiro fator—os beneficiários. Como os
beneficiários, devemos agradecer ao Senhor por tudo aquilo que Ele tem feito a nós por
meio da destruição dos gafanhotos e o sofrimento dos judeus.

O QUARTO FATOR — O PRINCÍPIO DA RESTAURAÇÃO

O quarto fator no livro de Joel é o princípio da restauração. No futuro haverá uma


restauração verdadeira, prática e vigente, mas nós hoje, o terceiro fator, estamos
experienciando a restauração, o quarto fator, quando participamos e desfrutamos a
manifestação de Cristo, a qual vem através dos dois primeiros fatores, a destruição dos
gafanhotos e o sofrimento de Israel.

24
ESTUDO-VIDA DE JOEL
MENSAGEM SEIS
A HISTÓRIA UNIVERSAL SEGUNDO A ECONOMIA DE DEUS—
A HISTÓRIA DIVINA DENTRO DA HISTÓRIA HUMANA

Leitura bíblica: Joel 1:4; 2:28-29; 3:11-21

Em Joel nós vemos a história de Deus, do homem e da economia de Deus. Foi segundo a
economia de Deus que os quatro tipos de gafanhotos foram levantados para devorar Israel
durante tantos anos para que Deus pudesse cumprir Sua economia ao ser encarnado na
humanidade através de Israel. Então com a ajuda do império romano, Cristo viveu na
terra, foi crucificado, e foi ressuscitado para ser aumentado, para produzir a igreja. Tudo
isso foi por meio desses dois fatores—a destruição dos gafanhotos e o sofrimento de
Israel—que Deus pode cumprir Sua economia para ter uma expressão, o Corpo orgânico
de Cristo. Nós somos este Corpo, essa expressão. Esta é a história universal segundo a
economia de Deus. Nesta mensagem gostaria de dar uma palavra adicional sobre esta
história universal.

DUAS HISTÓRIAS—A HISTÓRIA DO HOMEM


E A HISTÓRIA DE DEUS

Não devemos pensar que o homem tem uma história e que Deus não tem uma. Neste
universo há duas histórias: a história do homem, a história humana, e a história de Deus, a
história divina. Podemos comparar a história do homem à casca de uma noz e a história de
Deus ao conteúdo dentro da casca. Nos Profetas Menores a “casca” está claramente
definida, e o “conteúdo” é revelado em algum detalhe. Porém, infelizmente a maioria dos
leitores da Bíblia presta atenção apenas à casca e não ao conteúdo.

A casca, a história do homem, é vista facilmente. Em Daniel 2 essa história é tipificada por
uma grande imagem humana, com as quatro seções dessa imagem que corresponde
respectivamente ao império babilônico, o império Medo-Persa, o império grego e o
império romano. Embora seja fácil vermos a casca que é algo externo e físico, devemos ter
uma espécie de discernimento intrínseco de modo a ver o conteúdo dentro da casca,
conhecer a história divina dentro da história humana.

A HISTÓRIA DIVINA DENTRO DA HISTÓRIA HUMANA

A Intenção de Deus em Sua Economia

Se quisermos conhecer a história divina que acontece dentro da história humana,


precisamos perceber primeiro que o Deus Triúno é eterno. O fato de Deus ser eterno
significa que com Ele não há início. Dentro de Si mesmo, esse Ser eterno fez uma
economia. De acordo com Sua economia, Deus deseja trabalhar a Si mesmo no homem
25
para ser um com o homem, ser a vida do homem, suprimento de vida, e tudo, e ter o
homem como Sua expressão. A intenção de Deus em Sua economia é ter uma entidade
corporativa, composta de Deus e o homem, para ser Sua expressão pela eternidade. Esta
história divina começou com o Deus eterno e Sua economia.

A Continuação da História Divina da Encarnação de Cristo e o Viver Humano

A história divina continuou com a encarnação e o viver humano de Cristo. Um dia o


mesmo Deus que criou o universo se encarnou, foi concebido do Espírito Santo dentro do
útero de uma virgem humana e então nasceu dessa virgem para ser o homem-Deus,
Aquele que é o Deus completo e um homem perfeito. É maravilhoso que Deus tenha se
tornado um homem chamado Jesus e que esse homem viveu em Nazaré, trabalhando
como um carpinteiro, até a idade de trinta anos. A encarnação de Cristo e Seu viver
humano ambos são partes da história divina, a história de Deus dentro da história do
homem.

A Crucificação e a Ressurreição de Cristo

No final de Sua vida e ministério na terra, o Senhor Jesus foi resolutamente para a cruz.
Sua crucificação foi uma morte vicária, uma morte todo-inclusiva que pôs fim a velha
criação e resolveu todos os problemas. Sua morte O introduziu para dentro da
ressurreição. Por um lado, em Sua ressurreição Ele foi gerado para ser o primogênito Filho
de Deus (At 13:33; Rm 1:4; 8:29). Por outro, em e por meio da Sua ressurreição Ele se
tornou o Espírito que dá vida (1Co 5:45b).

Além disso, através da ressurreição de Cristo milhões foram gerados, regenerados por
Deus (1Pe 1:3) para ser os filhos de Deus e ser os membros do Corpo de Cristo, a igreja. O
Cristo que foi encarnado, crucificado e ressuscitado, o Cristo que ascendeu aos céus e
então desceu como o Espírito, produziu a igreja como a expressão corporativa do Deus
Triúno. A igreja hoje é o aumento da manifestação de Cristo. Portanto, a igreja também é
parte da história divina, a história intrínseca do mistério divino dentro da história externa,
humana. Esta parte da história de Deus tem durado por mais de dezenove séculos, e ainda
continuará.

A Vinda de Cristo, o Reino e a Nova Jerusalém

Ao término dessa parte da história divina, Cristo voltará, descendo com Seus vencedores
como Seu exército (Jl 3:11) para derrotar o Anticristo e seu exército. Haverá a reunião de
duas figuras—o Anticristo, uma figura externa na história humana, e Cristo com Seus
vencedores, a Figura na história divina intrínseca. A Figura na história divina derrotará a
figura na história humana e então o lançará no lago de fogo (Ap 19:20). Seguindo isso, o
reino milenar virá. Por fim, esse reino se consumará na Nova Jerusalém no novo céu e
nova terra. A Nova Jerusalém será o último e completo passo da história de Deus.

26
A NECESSIDADE DE UMA VISÃO CLARA DAS DUAS HISTÓRIAS

Precisamos ter uma visão clara dessas duas histórias—a história humana física e a história
misteriosa divina—e espero que todos nós tenhamos tal visão. A história do homem, a
história do mundo, é externa. A história divina, a história de Deus na e com a
humanidade, é interior. Essa história é uma questão do mistério divino do Deus Triúno na
humanidade.

NASCIDO NA HISTÓRIA HUMANA E RENASCIDO NA HISTÓRIA DIVINA


PARA VIVER NA HISTÓRIA DIVINA NA VIDA DA IGREJA

Todos nós nascemos na história humana, mas renascemos, fomos regenerados, na história
divina. Agora precisamos nos perguntar: Estamos vivendo na história divina, ou estamos
somente vivendo na história humana? Se nosso viver é no mundo, estamos vivendo na
história humana. Mas se estivermos vivendo na igreja, estamos vivendo na história divina.
Na vida da igreja a história de Deus é nossa história. Agora as duas partes—Deus e nós—
temos uma história, a história divina. Isso é a vida da igreja.

Com a história divina há a nova criação—o novo homem com um novo coração, um novo
espírito, uma nova vida, uma nova natureza, uma nova história e uma nova consumação.
Louvamos ao Senhor por estarmos na história divina, experienciando e desfrutando as
coisas misteriosas e divinas.

27
ESTUDO-VIDA DE JOEL
MENSAGEM SETE

A HISTÓRIA DE DEUS COM O HOMEM E A


HISTÓRIA DE DEUS NO HOMEM

Leitura bíblica: Joel 1:4; 2:28-29; 3:11-21

A Bíblia é um livro maravilhoso. Porque a Bíblia é maravilhosa, ela é misteriosa. Apesar de


uma grande quantidade de pessoas tenham lido e continuam lendo a Bíblia, poucos sabem
sobre o que ela fala. A Bíblia tem muito a dizer sobre Deus, Cristo, Israel e muitas outras
coisas, mas na verdade, sobre o que a Bíblia fala? Se quisermos responder a essa pergunta,
precisamos estudar os Profetas Menores.

OS PROFETAS MENORES — UMA CHAVE PARA ENTENDER A BÍBLIA

Os Profetas Menores são uma chave para entendermos a Bíblia. Em nosso estudo dos
Profetas Menores, temos enfatizado quatro pontos: A disciplina de Deus de Israel, o
castigo de Deus sobre as nações, a manifestação de Cristo e a restauração de todas as
coisas. Por meio da disciplina de Deus de Israel e o Seu castigo sobre as nações, é
produzida a manifestação de Cristo, e a manifestação de Cristo trará a restauração. Essa
restauração não só incluirá Israel, mas toda a raça humana, a terra e todo o universo. O
novo céu e nova terra com a Nova Jerusalém serão a restauração eterna de todas as coisas.
Estes quatro assuntos são revelados na Bíblia, em particular nos Profetas Menores.

A BÍBLIA É A HISTÓRIA DE DEUS EM DUAS PORÇÕES

A Bíblia pode ser considerada a história de Deus. Se nós os seres humanos temos uma
história, não só como uma raça, mas até mesmo como indivíduos, então seguramente a
pessoa única, universal e maravilhosa de Deus tem que ter também uma história. Onde
encontramos a história de Deus? A história de Deus, a história divina, está registrada na
Bíblia.

A história de Deus tem duas porções—a história de Deus com o homem, encontrada no
Antigo Testamento, e a história de Deus no homem, encontrada no Novo Testamento. No
Antigo Testamento a história de Deus era uma história com o homem. No Novo
Testamento a história de Deus é uma história no homem, pois essa história envolve Deus
sendo um com o homem. Portanto, a história de Deus no Novo Testamento é uma história
divina na humanidade.

28
A História de Deus com o Homem

Deus criou o homem de acordo com Ele mesmo, isto é, conforme a Sua imagem e
semelhança (Gn 1:26-27). Podemos dizer que o homem criado à imagem de Deus era uma
“fotografia” de Deus. Como a fotografia de uma pessoa mostra-nos algo a respeito dela até
certo ponto, assim o homem criado por Deus como uma fotografia de Deus pode mostrar
Deus apenas a um certo ponto limitado. Após Deus criar o homem, Ele estava com o
homem, mas ainda estava fora do homem. Consequentemente, no Antigo Testamento nós
não vemos Deus no homem ou um com o homem, mas simplesmente com o homem. Em
Gênesis, Êxodo, os Salmos e todo o Antigo Testamento, Deus estava com o homem, mas
não no homem nem era um com o homem.

O Antigo Testamento não fala principalmente acerca do homem; antes, fala


principalmente acerca de Deus. Deus tem o papel primário, e o homem tem o papel
secundário. A história no Antigo Testamento, então, é a história de Deus, a história de
Deus com o homem.

A História de Deus no Homem

A história de Deus no Novo Testamento é muito diferente. Começando com o primeiro


capítulo de Mateus e continuando até o último capítulo de Apocalipse, temos Deus
entrando no homem e sendo um com o homem. O Novo Testamento revela que Deus
agora está no homem e é um com o homem. Portanto, a história de Deus no Novo
Testamento é a história de Deus no homem.

A Encarnação Realiza Duas Coisas ao Trazer Deus para dentro do Homem

Acerca da história de Deus no homem, a encarnação de Cristo realizou duas coisas.


Primeiro, a encarnação introduziu Deus no homem. Antes da encarnação, como revela o
Antigo Testamento, Deus somente estava com o homem; Ele estava fora do homem. Mas
através da encarnação Deus entrou no homem, e daquele momento em diante a história de
Deus foi diferente. Considerando que no passado Deus estava com o homem, e Sua
história era uma história com o homem, agora Deus estava no homem, e a Sua história
começou a ser uma história no homem.

Fazendo Deus Um com o Homem

Segundo, a encarnação fez Deus um com o homem. Como resultado da encarnação, houve
uma pessoa maravilhosa—uma pessoa que é a mescla de Deus com o homem. Essa pessoa,
Jesus, não era somente Deus, e Ele não era meramente um homem. Ele é o Deus completo
e o homem perfeito. Além do mais, Ele não somente é Deus no homem—Ele é Deus
mesclado com o homem.

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Disso vemos que a encarnação foi um evento sem precedente. Antes da encarnação, não
havia tal pessoa, uma pessoa que é Deus e homem. Mas agora, como resultado da
encarnação, há uma pessoa maravilhosa que é o mesclar de Deus com o homem.

Nosso Envolvimento com o homem-Deus

Como crentes, todos nós estamos envolvido com esta pessoa maravilhosa, esta Pessoa que
é tanto Deus quanto homem. Um versículo que fala deste envolvimento é Apocalipse
22:17a que diz que “O Espírito e a noiva dizem, Vem!” O Espírito é o Deus Triúno
consumado, e a noiva é o homem tripartido transformado. Como revela este versículo,
esses dois, o Espírito e a noiva se casarão, unindo para se tornar uma só entidade, uma
pessoa corporativa. Essa é uma forte indicação que, no Novo Testamento, Deus está no
homem e é um com o homem. A Nova Jerusalém é um sinal maravilhoso que demonstra
como Deus está no homem e é um com o homem.

O HOMEM NÃO TOMOU A MANEIRA DE DEUS

A história de Deus com o homem e de Deus no homem não é uma questão simples. Deus
estava com o homem com a intenção de entrar nele ser um com ele. O homem foi criado
por Deus para esse propósito. Mas embora Deus tivesse tal propósito ao criar o homem, o
homem tem outro propósito sutil, e esses dois propósitos não estão de acordo. Deus tem a
Sua maneira, e o homem tem a sua. Por causa disso, até mesmo quando o homem coopera
com Deus, ele não faz isso por meio da maneira de Deus, mas por meio da sua própria
maneira. Portanto, há duas linhas—a linha de Deus e a linha do homem. Deus quer entrar
no homem e ser um com o homem. Porém, o homem não toma a maneira de Deus, mas
insiste na sua própria maneira. Essa insistência causou, e continua causando, grande
fracasso. Como resultado, aos olhos de Deus o homem se tornou pecador, corrompido e
abominável.

DEUS VINDO PARA DISCIPLINAR SEU POVO


ESCOLHIDO E CASTIGAR AS NAÇÕES

Porque o homem, incluindo Israel, tomou a sua própria maneira e se tornou pecador e
corrompido, Deus veio para disciplinar Israel, Seu povo escolhido, e castigar as nações.
Quando Deus disciplina Seu povo Israel, Ele não tem intenção de destruí-lo totalmente.
Por um lado, Deus disciplina Israel; por outro, Ele prometeu não destruí-lo
completamente.

Para disciplinar Israel Deus precisa de uma “vara”, um meio de disciplina, e essa vara são
as nações. Em Joel 1:4 as nações são comparadas a gafanhotos em quatro fases: o
gafanhoto cortador (o império babilônico), o gafanhoto migrador (o império Medo-Persa),
o gafanhoto devorador (os macedônios - império grego), e o gafanhoto destruidor (o
império romano). Desses quatro tipos de gafanhoto—babilônico, persa, grego e romano—
os gafanhotos romanos ainda estão conosco hoje.

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Apesar de Deus permitir os gafanhotos cortar, migrar, devorar e destruir, Ele não lhes
permitem destruir Seu povo totalmente. Sempre que os gafanhotos vão longe demais,
agindo sem consideração à justiça, Deus vem para castigá-los. Considerando que Deus usa
as nações para disciplinar Israel, Ele também castiga as nações quando elas passam do
limite.

A DISCIPLINA DE DEUS DE ISRAEL E O SEU CASTIGO DAS NAÇÕES


PROPORCIONA UM CAMINHO PARA CRISTO SER MANIFESTADO
PARA A RESTAURAÇÃO DO UNIVERSO CAÍDO

A disciplina de Deus de Israel e o Seu castigo das nações proporcionam um caminho para
Cristo ser manifestado. Portanto, os Profetas Menores não só falam da disciplina de Israel
e o castigo das nações, mas também do resultado dessa disciplina e castigo—a manifes-
tação de Cristo.

A manifestação de Cristo tem uma meta, e essa meta é restabelecer o universo caído. A
queda do universo foi causada por causa de duas rebeliões. A primeira rebelião foi a
rebelião de Satanás e os anjos que o seguiram; a segunda foi a rebelião do homem. Essas
duas rebeliões—o angélico e o humano—corromperam e poluíram o universo, desse modo
o universo criado por Deus precisa de uma restauração.

Essa restauração só pode ser trazida pela manifestação de Cristo. A manifestação de Cristo
implica Sua encarnação, redenção e muitas outras questões. A manifestação de Cristo tem
avançado por um longo tempo, e continuará até que o universo caído seja restabelecido
completamente. Consequentemente, na consumação da restauração, haverá o novo céu e
nova terra com a Nova Jerusalém como o centro. Na Nova Jerusalém todos nós
desfrutaremos Cristo e expressaremos Cristo pela eternidade. Esta é a história de Deus
com o homem e no homem revelada na Bíblia.

UMA LIÇÃO PARA NÓS HOJE

Nosso Fracasso

A história de Deus na Bíblia proporciona uma lição para nós hoje. Deus nos criou com a
intenção de nos ganhar de forma que Ele pudesse entrar em nós e pudesse ser um conosco.
Porém, ou nós não queremos Deus ou nós O queremos de acordo com a nossa própria
maneira. O resultado é sempre um fracasso total. Paulo confessou seu fracasso quando
disse: “Miserável homem que sou!” (Rm 7:24a).

Nossa Necessidade da Correção de Deus

Porque nós somos um fracasso e porque nossa situação é miserável, terrível e desprezível,
precisamos da correção de Deus. Por isso, nossa vida humana como cristãos é uma vida de
correção pelos sofrimentos causados por diferentes tipos de “gafanhotos.” Nosso marido
ou esposa, nossos filhos, nosso trabalho, nosso desejo de cultura elevada, nossas tentativas

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de ganhar mais dinheiro—todos esses são gafanhotos que nos cortam, que se aglomeram
sobre nós, que nos devora e que nos destroem. Esses “gafanhotos” fazem de nossa vida
uma vida de sofrimentos e nossos dias, dias de correção de Deus. A meta, o propósito,
dessa correção é que Cristo possa ser manifestado em nós para a restauração do universo.
Por fim, a manifestação de Cristo que é o resultado do sofrimento e correção consumará na
restauração de todo o universo.

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