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Universidade de Évora

Departamento de Artes Visuais e Design


Mestrado (2º Ciclo) em Design
Disciplina: Seminários de Investigação em Design
Aluno: João Vitor Laureano dos Santos (39372)

Seminário número: 5

Data: 09/11/2018

Tema: Color Add – The Color Alphabet

Oradores: Miguel Neiva

Sinopse:

O seminário apresentado durante a aula de Seminário de Investigação em Design do dia 9 de


novembro de 2018, apresentado por Miguel Neiva sobre o sistema de identificação de cores que
desenvolveu para ajudar daltônicos a identificar as cores chamado Color add. O seminário
mostrou a necessidade desse código, como ele funciona e as aplicações em que ele já foi
adotado além de como ele é mantido, distribuído e aplicado no mundo todo.

Relatório crítico

O seminário foi apresentado a partir do dado de que existem no mundo cerca de 350 milhões
de daltônicos, desse modo justificando a criação do código de cores para facilitar a vida dessa
grande parte da população. Quando se desenvolve algo para utilizadores com alguma
incapacidade existe uma discussão sobre a questão do que é ajudar, já que por muito tempo a
ótica médica determinou que esse grupo de pessoas precisavam ser beneficiadas por específicas
curas. Com o tempo foi percebido que determinadas “curas” atrapalhavam a adaptação daquela
pessoa ao meio em que vivia e observado que o meio influenciava mais na deficiência do que a
própria deficiência. Partindo desse princípio é interessante destacar a forma orgânica como o
projeto foi desenvolvido, primeiro pelo termo Add, de adição, explicado pelo orador como uma
adição a rotina dos utilizadores.

O orador Miguel Neiva em determinado falou sobre um médico que lhe disse que esse alfabeto
fora o primeiro remédio desenvolvido por um Designer, apesar de ser uma solução que dá uma
resposta a uma necessidade, o ColorAdd não é um remédio ele é um mecanismo social de
adequação e inclusão. Se fosse pensado em uma sociedade onde todos fossem daltônicos as
cores teriam outro nome, seguiriam outra escala, teriam outras simbologias e nenhuma delas
seria chamada de remédio. Apesar de o daltonismo ser uma anomalia genética, uma
incapacidade que vem do nascimento, e não é adquirida como outras deficiências são, e que
portanto tem uma relação maior com a questão de uma causa da ótica médica pode e/ou deve
ser tratada pela ótica médica, a partir do momento em que se coloca a solução como um meio
de inclusão, uma nova maneira da sociedade se agrupar, da sociedade se relacionar esse método
se torna mais interessante e orgânico.

Miguel Neiva deixou claro a necessidade desse método se espalhar de forma orgânica, desde o
principio seu projeto se baseia na percepção natural das pessoas para que o código fosse
intuitivo. Desse modo ele é contra a visão de transformar esse projeto em lei, e não porque ele
seria necessariamente uma obrigação, mas provavelmente a visão dele do projeto seja mais
relacionada a percepção das pessoas, quando se cria uma lei e obriga as pessoas, elas tentam
cumprir a lei de alguma forma, e muitas vezes ela se torna mecânica e forçada, exemplos são
rampas de acesso a prédios, muitas vezes elas existem, mas elas são curtas, elas dependem de
um degrau para ter acesso, e no final, a construtora do prédio colocou uma rampa de acesso ao
prédio seguindo a legislação, mas como era uma obrigação e não uma preocupação foi feita de
forma a não resultar em acessibilidade alguma.

Desse modo é importante que cada órgão, empresa, ou governo que busque a implantação do
projeto o faça por preocupação, por perceber a real necessidade do tal e desse modo
valorizando o ColorAdd e o público alvo do mesmo. Interessante salientar, também a proposta
de levar isso a todos, o treinamento feito em escolas que identifica crianças daltônicas, mas
aproveita para ensinar a todos os alunos. Isso é mais um exemplo de como isso deve ser levado,
pois apesar de considerar a todos, um pensamento de uma sociedade universal e inclusiva a
todos, ela é levada pela ótica da necessidade de identificar crianças daltônicas para ajuda-las em
seu desenvolvimento. Se o ColorAdd fosse uma obrigação, ele poderia ser tomado pela
sociedade como um bem comum, o que não seria ruim, mas com o tempo ele deixaria de
mostrar que ele foi um código desenvolvido para um determinado grupo da sociedade, e que o
código seria deles antes de ser dos outros, e desse modo, com o tempo o ColorAdd deixaria de
ser instrumento de informação para a sociedade do que é o daltonismo.

Um exemplo dado durante a palestra foi o caso da empresa norte americana de brinquedos a
Mattel que buscou no ColorAdd uma maneira de chegar a um público que ela não conseguia
alcançar com um dos seus produtos de maior vendagem, o jogo de cartas UNO. Ao lançar uma
versão do jogo com o código ela não só incluiu uma parte da sociedade antes marginalizada
como também mostrou para todos que existia uma lacuna, mesmo que fosse de simples
entretenimento, que ninguém havia prestado atenção. Foi uma maneira de perceber que aquele
produto já completamente resolvido, sucesso de vendas, espalhado por casas do mundo todo,
tinha uma falha grave e que a solução era simples. O ColorAdd ali foi uma adição que promoveu
um redesign de um produto que passou anos sem que alguém percebesse que não só havia uma
maneira de refazê-lo como havia uma necessidade para tal.

Desse modo, o ColorAdd é uma inspiração e caso de estudo para desenvolvimento de novos
projetos inclusivos para qualquer deficiência, mostrando como se deve desenvolver uma
solução para a sociedade perceber a importância que ela tem na inclusão e na qualidade de
vida de todos.

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